LIZANIL MIGUEL BARBOSA DE CASTRO UNIFICAÇÃO DAS POLÍCIAS ESTADUAIS: SOLUÇÃO PARA SEGURANÇA PÚBLICA UM ESTUDO COMPARADO



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Transcrição:

LIZANIL MIGUEL BARBOSA DE CASTRO UNIFICAÇÃO DAS POLÍCIAS ESTADUAIS: SOLUÇÃO PARA SEGURANÇA PÚBLICA UM ESTUDO COMPARADO CURITIBA 2014

LIZANIL MIGUEL BARBOSA DE CASTRO UNIFICAÇÃO DAS POLÍCIAS ESTADUAIS: SOLUÇÃO PARA SEGURANÇA PÚBLICA UM ESTUDO COMPARADO Artigo apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Especialização em Gestão e Planejamento em Políticas Publicas para a Segurança ministrado na Universidade Tuiuti do Paraná. Orientador Jairo Amodio Estorilio- Mestre CURITIBA 2014

RESUMO Vive-se nos dias atuais com a assustadora alta da criminalidade em nosso país, num total clima de insegurança, com destaque diário na mídia, tema que vem sendo discutido amplamente no Congresso Nacional, através da apresentação de projetos por parlamentares, que visam discutir uma nova estrutura de organização policial, basicamente com a extinção das estruturas policiais estaduais existentes que, segundo alguns filósofos e congressistas, seria uma forma para resolver o problema da criminalidade no Brasil, trazendo a discussão de que a unificação das polícias seria a forma mais eficiente e eficaz no combate da criminalidade, impedindo dessa forma a sobreposição de esforços, o que ocorre nas duas instituições existentes. Discute, ainda, que com a criação de uma polícia única, teríamos essa instituição realizando o ciclo completo de polícia sob o enfoque da eficiência e da eficácia. Desta forma, este tudo traz à tona a discussão de que, com a unificação das polícias estaduais, o país alcançaria os resultados pretendidos pelos governantes e também para a nossa sociedade que clama cada vez mais por segurança. O objetivo é fazer um comparativo das estruturas policiais existentes no modelo brasileiro, utilizando os modelos adotados em outros países, tentando identificar um modelo a qual se adaptaria a nossa realidade e cultura, ou também, se esse estudo apresenta outra visão, de que a unificação não seria a solução ideal para a solução dos problemas de criminalidade, ou também, se a manutenção da atual estrutura com a atribuição do ciclo completo em ambas as Instituições seria o ideal. O atual estudo busca detalhar o funcionamento atual do modelo brasileiro com suas nuances, problemas e dificuldades, além das experiências de outros países, isto é, o modo como é tratada a questão em outros lugares do mundo. Palavras-Chave: Unificação. Polícias Estaduais. Discussão. Ciclo Completo de Polícia.

ABSTRACT We live in the present day with the daunting high crime in our country, a total climate of insecurity, especially in the media daily, this issue has been widely discussed in Congress, through the presentation of projects by lawmakers, aimed discuss a new structure of the police organization, basically with the extinction of state police structures that, according to some philosophers and lawmakers would be one way to solve the problem of crime in Brazil, bringing the discussion of the unification of the police would be more efficiently and effective in combating crime, thereby preventing overlapping efforts, which occurs in the two existing institutions. Argues further that with the creation of a single police, would this institution performing the complete cycle of police with a focus on efficiency and effectiveness. Thus, this all brings up the discussion of that with the unification of the state police, the country would achieve the results desired by the rulers and also for our society that increasingly calls for security. The goal is to make a comparison of existing police structures in the Brazilian model, using the models adopted in other countries, trying to identify a model which would fit our reality and culture, and also, if this study presents another view of the unification would not be the ideal solution to the problems of crime, and also solution to maintaining the current structure with the attribution of full cycle at both institutions would be ideal. The current study aims to detail the current functioning of the Brazilian model with its nuances, problems and difficulties and the experiences of other countries, how the issue is dealt with elsewhere in the world. Keywords: Unification. State Police. Discussion. Full cycle of Police.

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 6 2 SISTEMA BRASILEIRO ATUAL: DIVISÃO DE ATRIBUIÇÕES... 8 2.1 Policia Civil do Brasil... 8 2.2 Policia Militar do Brasil... 10 2.2.1 Origens... 10 2.2.2 Estrutura Operacional... 12 2.2.3 Uniformes... 12 2.2.4 Hierarquia... 13 2.2.5 Modalidades de Policiamento... 13 3 ESTUDO COMPARADO... 14 3.1 As Polícias Norte Americanas... 14 3.1.1 Formação Profissional... 15 3.1.2 Estrutura e Organização... 15 3.1.3 Polícias Estaduais... 16 3.1.4 Emprego do Efetivo Policial... 16 3.2 Polícia Nacional (França)... 16 3.2.1 Missões da Polícia Nacional... 16 3.2.2 Organização da Polícia Nacional... 17 3.2.3 Desvios Funcionais e Controle da Polícia... 17 3.3 Real Polícia Montada do Canadá... 17 3.3.1 Estrutura Interna... 18 3.3.2 Membros Civis... 18 4 PEC 51... 19 4.1 Proposta... 19 4.2 Críticas... 20 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 25 REFERÊNCIAS... 27

6 1 INTRODUÇÃO que diz: A Constituição da República Federativa do Brasil 1 no seu capitulo III traz o Art. 144...A segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I- Polícia Federal II- Polícia Rodoviária Federal III- Policias Civis; IV- Polícia Militares e corpos de bombeiros militares. & 1 o A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuserem lei; I - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; II - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras. III - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. 2 A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. 3 A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. 4 - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbe ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. 5 - à s polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil, 6 - A s polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. 7 - A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantira eficiência de suas atividades. 8 - O s Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. 9 A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados o neste artigo será fixada na forma do 4 do art. 3 9... Como dito acima, a própria Constituição Federal secciona a atividade de segurança pública, definindo missões e responsabilidades a diferentes órgãos do Estado. Entre eles estão: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. Tais atribuições serão vistas de modo mais aprofundado no decorrer deste estudo. 1 BRASIL. Constituição (1988). Constituição: República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

7 Na Constituição Estadual do Paraná no capitulo que trata da Segurança Pública nos remete ao capitulo IV artigo 46, sendo exercida pelos seguintes órgãos: Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Científica. Cabendo a estes órgãos as seguintes competências legais: cabe a Polícia Civil exercer a Polícia Judiciária e apuração das Infrações Penais, exceto aos militares, e a Polícia Militar cabendo a missão de Polícia Ostensiva a preservação da Ordem Publica, a execução das atividades de Defesa Civil, prevenção e combate incêndios, buscas, salvamentos e socorros Públicos, policiamento Urbano e Rodoviário, de florestas e mananciais, além de outras formas e funções definidas em lei. Como vemos as missões de ambas as Polícias estaduais tanto na Constituição Federal bem como na Constituição Estadual do Paraná, com as definições de suas competências o que veremos neste estudo além de uma comparação com outros Órgãos Policiais de outros Países, uma análise da unificação dos órgãos policiais com a implantação do ciclo completo de Polícia a essa nova Instituição. Isto posto, o objetivo desse estudo é verificar a melhor estrutura policial, comparando com modelos de outros países se o modelo brasileiro é o modo mais adequado de tratar o assunto em questão, ou se a criação de uma nova estrutura unificando as já existentes, isto é, se a unificação das policias estaduais é a solução para os problemas que o sistema brasileiro vem enfrentando. Desta forma, será apresentado o funcionamento atual do modelo brasileiro com suas nuances, problemas e dificuldades. Ademais, serão colocados modelos de estruturas policiais em outros países. Sendo assim, verifica-se que existe um vasto campo de discussão a respeito do assunto em questão, portanto, este estudo procurará esmiuçar os prós e os contras das estruturas Policiais existente, analisando se, realmente, a unificação das polícias estaduais é a solução para a solução dos problemas enfrentados pela segurança pública em nosso país, sendo que esta nova Instituição alcançara resultados mais eficientes e eficazes no combate da criminalidade.

8 2 SISTEMA BRASILEIRO ATUAL: DIVISÃO DE ATRIBUIÇÕES Como citado anteriormente, a atribuição da Segurança Pública no âmbito Estadual é de atribuição das Polícias Civis e Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. Abaixo será apresentado individualmente cada órgão, bem como serão descritas suas funções. Nos Estados da Federação, as Polícias Civis são dirigidas por delegados de polícia de carreira, sendo responsáveis, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. Também a nível estadual, as Polícias Militares tem por missão precípua o exercício da polícia ostensiva e a preservação da ordem pública. Já aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. Tanto as polícias militares quantos os corpos de bombeiros militares são consideradas forças auxiliares e reserva do Exército, subordinando-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. 2.1 Polícia Civil do Brasil As polícias civis são instituições que exercem funções de polícia judiciária, nas unidades federativas do Brasil. As polícias civis dão subordinadas aos Governadores do Estado ou do Distrito federal e Territórios e dirigidas por delegados de carreira. São Funções Institucionais das polícias civis: exercer, com exclusividade, as atividades de polícia judiciária;realizar as investigações indispensáveis aos atos de polícia judiciária; proteger direitos e garantias individuais;reprimir as infrações penais; participar dos sistemas nacionais de Identificação criminal, de armas e explosivos, de roubos e furtos de veículos automotores, informação e inteligência, e de outros, no âmbito da segurança pública;promover a identificação civil e criminal; colaborar com o Poder Judiciário, com o Ministério Público e demais autoridades constituídas;custodiar provisoriamente pessoas presas nos limites da sua competência;estabelecer o controle estatístico das incidências criminais no Estado, do desempenho das suas unidades policiais e dos demais dados de suas atividades.

9 O termo civil origina-se do Decreto Imperial n 3.598 de 27 de janeiro de 1866, que criou a guarda Urbana no Município da Corte e dividiu a polícia em Civil e militar. O ramo militar era constituído pelo Corpo Militar de polícia da Corte, atual Polícia Militar, órgão policial com organização castrense e o ramo civil era constituído pela Guarda Urbana, subordinada aos delegados do chefe de Polícia de Corte e extinta após a proclamação da república, quando foi sucedida pela Guarda Civil do distrito Federal. Atualmente, as polícias civis, originárias de 1808, continuam integradas por servidores públicos com estatuto civil, com funções a instituídas no art.144 4 da Constituição Federal. As Polícias civis são dirigidas por delegado de polícia de carreira, mas a denominação do cargo designativo da direção geral pode variar de um estado brasileiro para outro. Dentro da estrutura da polícia civil temos a distribuição por departamentos que são os seguintes: Departamento de Policia da capital ou metropolitana; Direção e coordenação das delegacias da capital do estado; Departamento de Polícia do interior; Departamento de Polícia especializada; Direção e coordenação das delegacias e órgãos policiais especializados na repressão de determinadas infrações penais ou determinados tipos de delinqüência, como por exemplo:delegacia anti-seqüestro; Delegacia de atendimento a mulher; Delegacia de Atendimento a terceira idade; Delegacia de Polícia fazendária; Delegacia de proteção ao meio ambiente; Delegacia de Homicídios; Delegacia de Crimes de informática; Delegacia de crimes contra a saúde pública; Delegacia de furtos e roubos; Delegacia de proteção à infância e adolescência; Grupos ou núcleos de operações especiais. Problemas encontrados nas polícias civis em boa parte das dos estados federados, que podemos elencar alguns de maior evidência:efetivo defasados, ao longo de mais de três décadas, onde a maioria dos estados possuem os efetivos da década de 80, totalmente desproporcional ao crescimento populacional; os baixos salários, e falta de uma autonomia funcional, que atrelam as autoridades policiais a agentes e fatos políticos. Não existindo estudos que digam quantos policiais civis necessários para a população, e falta de investimentos em viaturas, armamento e edificações.

10 2.2 Polícia Militar do Brasil No Brasil, as Polícias Militares estaduais são as 27 forças de segurança pública que tem por função a polícia ostensiva e a preservação da Ordem pública, com exclusividade no policiamento ostensivo, no âmbito dos estados e do Distrito Federal. Subordinam-se administrativamente aos Governadores e são para fins de organização, forças auxiliares do exército, e integram o sistema de segurança pública e defesa social do Brasil, ficando subordinadas às secretarias de estado da Segurança, em nível operacional. Seus integrantes são denominados militares estaduais, assim como os membros de bombeiros militares,sendo dessa forma subordinados, quando em serviço, á Justiça Militar Estadual. 2.2.1 Origens Até o início do século XIX não existiam instituições militarizadas em Portugal, e a coroa portuguesa fazia uso de unidades do exército quando necessário. A primeira corporação com essas características foi a Guarda Real de Polícia de Lisboa,criada pelo Príncipe Regente D. João em 1801,tomando-se por modelo a Gendarmeria Nacional da França,instituída em 1791. O conceito de uma gendarmeria nacional surgiu após a revolução francesa, em consequência da declaração dos Direitos do Homem e do cidadão, na qual se prescrevia que a segurança era um dos direitos naturais e imprescindíveis; contrapondo-se á concepção vigente, de uma força de segurança voltada unicamente aos interesses do Estado e dos governantes. Com a vinda da família real para o Brasil, a Guarda Real de Polícia permaneceu em Portugal; sendo criada outra equivalente no Rio de Janeiro, com denominação de Divisão Militar da guarda Real de Polícia do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1809. A legislação imperial registra a criação de outros corpos de policias nas províncias. Em 1811 em Minas Gerais, 1818 no Pará, 1820 no Maranhão, e 1825 na Bahia e Pernambuco. Com abdicação de D. Pedro I em abril de 1831, a regência realizou uma grande reformulação nas forças armadas brasileiras. As Milícias e as ordenanças foram extintas, e substituídas por uma Guarda Nacional. A Guarda Real da Polícia do Rio de Janeiro foi também extinta; em seu lugar foi autorizado a formação de um Corpo de Guardas

11 Municipais voluntários, sendo igualmente permitido ás províncias criarem corporações assemelhadas. Pela formação e estrutura, os corpos policiais são os que mais se aproximam das atuais policias militares; legítimos antecessores, com quais possuem ligação direta e ininterrupta. Durante e após a Guerra do Paraguai, os Corpos de Policiais por muito pouco não sofreram completa extinção, inicialmente por falta de efetivos, enviados para a guerra como parte dos voluntários da Pátria,e posteriormente pela carência de recursos financeiros. Entretanto, foi justamente a guerra que lhes deu uma relativa homogeneidade nacional, fortaleceu o espírito de corpo, e estabeleceu os fortes vínculos com o Exército que duram até os dias de hoje. Com a Proclamação da República foi acrescentada a designação militar aos corpos de polícias, os quais passaram a denominarem-se Corpos Militares de Polícia. Em 1891 foi promulgada a Constituição Republicana que inspirada na federalista estadunidense, passou a dar grande autonomia aos Estados. Pela nova Constituição os Corpos Militares de Polícia deveriam subordinarem-se aos Estados de forma autônoma e independente ; os quais passaram então receber diversificadas nomenclaturas regionais( Batalhão de Polícia, regimento de segurança,brigada Militar,etc.) Em 1915, as dificuldades apresentadas no conflito do Contestado (1913) e a eclosão da primeira Guerra Mundial(1914), despertaram no Exército a urgente necessidade de uma reformulação nas forças armadas brasileiras. Nesse ano a legislação federal passou a permitir que as forças militarizadas dos Estados pudessem ser incorporadas ao Exército Brasileiro, em caso de mobilização Nacional. Em 1917 a Brigada policial e o Corpo de Bombeiros da Capital Federal tomaram-se oficialmente Reservas do Exército, condição essa a seguir estendida aos Estados. Com a queda do governo ditatorial de Getúlio Vargas, as polícias militares retomaram ao completo controle dos Estados. A designação como Polícia Militar já era usada de forma extra-oficial desde o início da República. A denominação oficializou-se após a Segunda guerra mundial, devido à divulgação e prestígio do termo ao final do conflito. A partir dessa época foi dado um novo direcionamento no emprego das policias militares, sendo diversificadas suas atividades e criados novos serviços especializados; progressivamente, desenvolvendo a configuração que possuem atualmente. Novas modificações foram inseridas com a instituição de o Governo Militar de

1964. Em 1967 foi criada a Inspetoria Geral das Polícias Militares(IGPM) subordinada ao 11

12 exército. O policiamento fardado passou a ser considerado exclusividade das polícias militares, e foram extintas as Guardas Civis e outras organizações similares. Na década de setenta ocorreu um acirramento da resistência ao Governo Militar, e a maioria das polícias militares sofreu intervenções, tendo sido nomeados oficiais do exército para comandá-las. Nessa época novamente ocorreu uma homogeneização, na qual foi regulamentada uma classificação hierárquica única, e até tentou estabelecer um uniforme padronizado para todo país. Na atualidade, com o fim do governo Militar na década de oitenta,as polícias militares voltaram-se para o objetivo de recompor suas próprias identidades, fortemente marcadas pela imagem da repressão dos dois longos períodos de regime de exceção ( de 1930 a 1945, e de 1964 a 1988). Passou-se a investir numa reaproximação com a sociedade; tentando- se recuperar antigas modalidades de policiamento, e desenvolver outras novas.atualmente dois programas tem merecido especial atenção nas policias militares, o Policiamento Comunitário e o PROERD. 2.2.2 Estrutura Operacional As polícias militares estão estruturadas operacionalmente de maneira similar ao Exercito, organizadas em comandos intermediários, batalhões, companhias e pelotões. Os batalhões são baseados nos grandes centros urbanos e suas companhias e pelotões são distribuídos de acordo com a densidade populacional. Normalmente os pelotões são subdivididos em destacamentos ou postos de policiamento. A polícia montada está organizada em regimentos. Existem ainda outras denominações intermediárias, tais com: Grupamentos Especiais, guarnições e também Companhias independentes de Polícia Militar, que estão no mesmo nível de autonomia administrativa dos batalhões, tendo entretanto, efetivo e áreas de policiamento menores. 2.2.3 Uniformes As forças armadas brasileiras herdaram muitas das tradições militares portuguesas, e durante o período do Império e parte da República, com poucas exceções, as polícias militares utilizaram uniformes azuis (azul ferrete).

13 Em 1903 o Exército brasileiro adotou o uniforme cáqui, sendo copiado pelas PMs. Em 1934 o Ministério da Guerra determinou obrigatoriamente, a cor cáqui para todas as forças de reserva militar (PMs e Tiros de guerra). Após a segunda guerra mundial as polícias militares adquiriram autonomia para escolher as cores de seus próprios uniformes, entretanto, a maioria optou em permanecer com a cor cáqui. Durante o regime militar, em 1976, a IGPM sugeriu que as PMS adotassem a cor azul petróleo, cor do fardamento da Polícia Militar do distrito Federal. 2.2.4 Hierarquia As polícias militares possuem, em regra, a mesma classificação hierárquica do Exercito Brasileiro, com modelos diferenciados de insígnias. Porém, algumas corporações promoveram a supressão legal de alguns graus hierárquicos. 2.2.5 Modalidades de Policiamento Policiamento Aéreo com helicópteros. Atua nas seguintes áreas: salvamentos e resgate; acompanhamento tático e policiamento ostensivo geral. Com aviões: patrulhamento ambiental; transporte de emergência. Policiamento Ambiental-prevenção e repressão a crimes ambientais Com cães - combate ao tráfico de drogas; controle de distúrbios civis; resgate de pessoas perdidas, soterradas, etc. De Choque- restabelecimento da ordem social De guarda -segurança a presídios, consulados, prédios públicos, etc. Escolar-segurança às escolas e universidades. Escolta-proteção especial a pessoas e bens. Fluvial, lacustres e marítimos-patrulhamento com embarcações. Motorizado- patrulhamento com veículos automóveis e motocicletas. Ostensivo a pé- patrulhamento básico, em geral com uso de radiotransmissores. Rodoviário- controle de trânsito em estradas rodoviárias. Montado- destinado principalmente a patrulhamento de parques, áreas rurais, regiões de acesso restrito, etc.,controle de distúrbios civis. De trânsito- policiamento e controle do trânsito urbano e em vias estaduais. Velado - desuniformizado, descaracterizado, para a preservação da ordem pública.

14 3 ESTUDO COMPARADO Para fins de estudo neste artigo, torna-se relevante apresentar um estudo comparado entre alguns exemplos utilizados por outros países, não apenas o modelo brasileiro. 3.1 As Polícias Norte Americanas É bastante significativo o número de instituições e indivíduos atuando, em prol da manutenção da lei e da ordem nos Estados Unidos da América, em todos os níveis municipal, condado, estado e federação, existem organizações de natureza policial, existem nos USA mais de 17.000 agências policiais, servidas por um contingente de recursos humanos superior a 900 mil indivíduos, com recursos financeiros estimados superior a 44 bilhões de dólares anuais, sendo que nos últimos 20 anos as despesas com segurança em todos os níveis quadriplicaram. O princípio político que dá sustentação à segurança pública norte americana vem sendo de controle locais, através do uso formal e informal de mecanismos de prevenção e repressão de desvios de conduta. Existem no EUA 1.600 agências policiais federais e autônomas, 12.300 departamentos de polícia municipal e de condado e 3.100 xerifados. Os xerifados são um tipo específico de polícia de condado ou município, prestando serviços de apoio ao judiciário local, seus pressupostos executam tarefas semelhantes às dos oficiais de justiça brasileiros, compartilhando o restante de suas atribuições policiais com as polícias do município. As polícias locais são o espinho dorsal do sistema de segurança pública nos EUA, são mais de 15.400 organizações, existem mais policias de pequeno porte efetivo variando de 01 até 100 policiais, em tomo de 91% possui menos de 50 policiais e 90% dessas instituições servem comunidades de população inferior a 25.000 habitantes. Em grandes municípios os efetivos podem variar de 100 a milhares de policiais, como exemplo as de nova Iorque 36.500 policiais e Chicago 13.282 policiais. As polícias locais são ponto focal para tentar compreender os diferentes aspectos da organização e operação policial norte-americana, estão visíveis os problemas clássicos de segurança pública nos EUA, entre os principais problemas enfrentados três grandes áreas temáticas concentram a maioria deles: administração, operações e questões políticas

15 sociais. Dentro dos problemas, podemos elencar alguns na área administrativa, isto é, questões relativas ao orçamento e a despesa. Na área operacional o combate efetivo da criminalidade, visando com isto preservar a qualidade de vida do cidadão. Na área político-social a polícia americana enfrenta variadas situações de alto impacto, mudanças no perfil demográfico, mendicância ativa e agressiva, desemprego, tráfico de drogas, alcoolismo, abuso de menores e violência familiar, com implicações diretas na segurança pública e defesa social. Os departamentos sediados em zonas rurais lidam com fenômenos diferenciados da delinquência norte-americana, nas grandes metrópoles vem ocorrendo uma grande epidemia de uso do crack, nas zonas rurais predominam as anfetaminas. 3.1.1 Formação Profissional Em muitos departamentos a inclusão à carreira policial esta restrita aos residentes daquela localidade, como regra a maioria das policias municipais e de condado exigem que o futuro policial esteja residindo por algum tempo na local, e portanto conheça a área de jurisdição que ira atuar.tendo a sua formação uma carga horária de 640 horas/aula, em tomo de 04 meses em tempo integral. 3.1.2 Estrutura e Organização Serviços administrativos tais saúde e manutenção de materiais( viaturas) são terceirizados,as estruturas administrativas são ocupadas por civis. No departamento de Polícia de DadeCounty Condado de Dade, cidade de Miami, que todo o serviço de despacho de viaturas e atendimento telefônico de emergência é realizado por funcionários civis. A aplicação do princípio tático da massa em relação ao efetivo por viatura, os departamentos norte americanos aplicam o princípio da massa/manobra em relação ao número de patrulheiros/viaturas, isso acontece com através de múltiplas viaturas( massa de equipamento), guarnecidas com um único patrulheiro cada, diferente do tipo empregado no Brasil.

16 3.1.3 Polícias Estaduais A criação das organizações policiais estaduais também foi inspirada na tentativa de desvincular a segurança pública da política local dos municípios e condados. 3.1.4 Emprego do Efetivo Policial A aplicação da polícia estadual é generalista, faz o policiamento de manutenção da ordem pública (policiamento ostensivo) de ciclo completo em toda a área de jurisdição do Estado. A polícia estadual coordena sua atuação com as polícias locais, de maneira a complementar as atividades de segurança pública dos municípios e condados, sempre que os recursos locais não sejam suficientes. As polícias estaduais fazem o patrulhamento das rodovias estaduais, executam atividades de policiamento ostensivo geral em pequenas localidades e funcionam também como polícia judiciária de jurisdição exclusiva nos delitos tipificados na legislação penal estadual. Apóiam as polícias locais de condados e xerifados, nas áreas de formação e treinamento nas academias estaduais e serviços de perícia criminal e identificação. 3.2 Polícia Nacional (França) A Polícia Nacional é uma corporação policial civil da França. Está ligada ao Ministério do Interior, os policiais são servidores do estado. A criação desta corporação decorre da declaração dos direitos do homem e do cidadão de 1789, que tem força de dispositivo constitucional. 3.2.1 Missões da Polícia Nacional As missões da Polícia Nacional foram reguladas pela lei de 21 de janeiro de 1995 que no seu art.4 enumera: o combate à violência urbana, a pequena delinquência e a insegurança das ruas;o controle da imigração irregular e o combate ao emprego clandestino; a repressão às drogas, ao crime organizado e à grande delinquência econômica e financeira; a proteção do país contra o terrorismo e as agressões aos direitos fundamentais da nação; a manutenção da ordem pública.

17 3.2.2 Organização da Polícia Nacional A Polícia Nacional está subordinada ao Ministério do Interior, do qual se constitui numa de suas diretorias, a DGNP- Direção Geral da Polícia Nacional, sendo uma exceção em Paris, onde está subordinada à chefia de Polícia de Paris. Na França desde 1995, a distinção entre polícia uniformizada e a polícia a paisana foi atenuada através da unificação dos quadros funcionais. São quatro categorias de funcionários em exercício na Polícia Nacional:130.000 policiais; 12.000 administrativos; 1.100 científicos e 2.700 técnicos. 3.2.3 Desvios Funcionais e Controle da Polícia Os servidores da Polícia Nacional podem cometer erros, faltas administrativas ou até mesmo infrações penais, estes comportamentos são apurados por meios legais. Existem dois serviços de controle para apurar os casos de desvios de conduta dos policiais tanto nos casos de faltas disciplinares como de infrações penais: Inspetoria geral dos serviços, com competência sobre Paris e arredores; Inspetoria geral da Polícia nacional, competente sobre o território francês restante. 3.3 Real Polícia Montada do Canadá A Royal Canadian Mounted Police (RCMP) em francês: Gendarmerie royale du Canada (GRC), também conhecida nos países de língua portuguesa pela sua tradução Real Polícia Montada do Canadá, é a organização policial do Canadá, constituindo a maior força de segurança do país, e é a mais conhecida como Mounties. A corporação canadense é a única do mundo em manter um policiamento federal, estadual e municipal numa só organização em todo o Canadá. A Polícia Montada do Canadá fornece o serviço de policiamento federal para todo o Canadá e serviços de policiamento sob contrato para os três territórios, oito províncias, mais de 190 municípios, 184 comunidades aborígenes e três aeroportos internacionais. Como uma força nacional de Polícia do Canadá a RCMP é a principal responsável pelo cumprimento das leis federais em todo Canadá, enquanto a lei geral e da ordem a aplicação do Código penal e das legislações provinciais é constitucionalmente de responsabilidade das províncias e territórios, essa responsabilidade é as vezes delegados

18 para os municípios que podem formar seus próprios departamentos de polícia municipal, sendo isso comum nas maiores e principais cidades do Canadá. As duas províncias mais populosas do Canadá (Ontário e Quebec) mantém suas próprias forças provinciais as demais províncias optaram em contratar os serviços da RCMP, a qual fornece o policiamento para as províncias sob a direção dos governos provinciais em matéria de aplicação de leis municipais e provinciais. A RCMP é responsável por uma grande amplitude de deveres, sob jurisdição federal prevê o policiamento em todo o Canadá, incluindo Ontário e Quebec que possuem suas próprias polícias, operações federais para o cumprimento da lei, incluindo assim o combate ao crime comercial, falsificação, tráfico de drogas, crime organizado e outros. No âmbito provincial os contratos permitem que os policiais da RCMP possam fazer o policiamento em todas as áreas fora de Ontário e Quebec que não possuem uma força policial estabelecida. No âmbito do seu ramo de serviço como polícia nacional, a RCMP presta apoio a todas as forças policiais no Canadá através de operação de serviços de apoio, como o Centro de informação da Polícia canadense, o serviço de inteligências Criminal do Canadá, Serviço de Identificação e de Ciência forense, Programa de Armas de fogo canadenses e o Colégio Canadense. 3.3.1 Estrutura Interna A organização da RCMP, além do uniforme e ações oriundas do Exército Britânico, também herdou desta a organização a administração civil e hierarquia, boa parte da contratação de pessoal é feita através de concursos, sendo os mais expressivos para os cargos de policiais e sargentos, onde na maioria das vezes são cargos para atuação regional. Além de recursos para policiamento, a RCMP contrata sob esses métodos policiais especiais, membros civis e agentes. Cargos acima de inspetor são preenchidos por nomeação pelo Governador geral do Conselho de Ministros do Canadá. 3.3.2 Membros Civis Os membros civis são contratados para dar assistência a RCMP em investigação e na administração, a RCMP direciona os civis para os seguintes cargos, Ciência Forense, Técnicas e Administração.

19 4 PEC 51 4.1 A Proposta A PEC - Proposta de Emenda à Constituição nº 51 de 2013, de autoria do Senador Lindbergh Farias, tem como ementa alterar os arts. 21, 24 e 144 da Constituição; acrescenta os arts. 143-A 144-A e 144-B, reestruturando o modelo de segurança pública a partir da desmilitarização do modelo policial. A explicação da ementa da PEC nº 51 traz o seguinte texto: Altera a Constituição Federal para estabelecer que compete à União estabelecer princípios e diretrizes para a segurança pública, inclusive quanto à produção de dados criminais e prisionais, à gestão do conhecimento e à formação dos profissionais, e para a criação e o funcionamento, nos órgãos de segurança pública, de mecanismos de participação social e promoção da transparência; e apoiar os Estados e municípios na provisão da segurança pública; determina que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: organização dos órgãos de segurança pública; e garantias, direitos e deveres dos servidores da segurança pública; acresce art. 143-A à Constituição Federal dispondo que a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, seja exercida para a preservação da ordem pública democrática e para a garantia dos direitos dos cidadãos, inclusive a incolumidade das pessoas e do patrimônio; determina que a fim de prover segurança pública, o Estado deverá organizar polícias, órgãos de natureza civil, cuja função é garantir os direitos dos cidadãos, e que poderão recorrer ao uso comedido da força, segundo a proporcionalidade e a razoabilidade, devendo atuar ostensiva e preventivamente, investigando e realizando a persecução criminal; altera o art. 144 da Constituição dispondo que a segurança pública será provida, no âmbito da União, por meio dos seguintes órgãos, além daqueles previstos em lei: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; e IH - polícia ferroviária federal; dispõe que a polícia federal seja instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira única; dispõe que a polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira única, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais; a polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira única, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais; a lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades; a remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados será remunerada exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória; dispõe que a União deverá avaliar e autorizar o funcionamento e estabelecer parâmetros para instituições de ensino que realizem a formação de profissionais de segurança pública; acresce arts. 144-A e 144-B na Constituição dispondo que a segurança pública será provida, no âmbito dos Estados e Distrito Federal e dos municípios, por meio de polícias e corpos de bombeiros; todo órgão policial deverá se organizar em ciclo completo, responsabilizando-se cumulativamente pelas tarefas ostensivas, preventivas, investigativas e de persecução criminal; todo órgão policial deverá se organizar por carreira única; os Estados e o Distrito Federal terão autonomia para estruturar seus órgãos de segurança pública, inclusive quanto à definição da responsabilidade do município, observado o disposto nesta Constituição, podendo organizar suas polícias a partir da definição de responsabilidades sobre territórios ou sobre infrações penais; conforme o caso, as polícias estaduais, os corpos de

20 bombeiros, as polícias metropolitanas e as polícias regionais subordinam-se aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; as polícias municipais e as polícias submunicipais subordinam-se ao Prefeito do município; aos corpos de bombeiros, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil; dispõe que o controle externo da atividade policial será exercido, paralelamente ao disposto no art. 129, VII, por meio de Ouvidoria Externa, constituída no âmbito de cada órgão policial previsto nos arts. 144 e 144-A, dotada de autonomia orçamentária e funcional, incumbida do controle da atuação do órgão policial e do cumprimento dos deveres funcionais de seus profissionais e das seguintes atribuições, além daquelas previstas em lei: I requisitar esclarecimentos do órgão policial e dos demais órgãos de segurança pública; II - avaliar a atuação do órgão policial, propondo providências administrativas ou medidas necessárias ao aperfeiçoamento de suas atividades; IH - zelar pela integração e compartilhamento de informações entre os órgãos de segurança pública e pela ênfase no caráter preventivo da atividade policial; IV - suspender a prática, pelo órgão policial, de procedimentos comprovadamente incompatíveis com uma atuação humanizada e democrática dos órgãos policiais; V - receber e conhecer das reclamações contra profissionais integrantes do órgão policial, sem prejuízo da competência disciplinar e correcional das instâncias internas, podendo aplicar sanções administrativas, inclusive a remoção, a disponibilidade ou a demissão do cargo, assegurada ampla defesa; VI - representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade; e VII - elaborar anualmente relatório sobre a situação da segurança pública em sua região, a atuação do órgão policial de sua competência e dos demais órgãos de segurança pública, bem como sobre as atividades que desenvolver, incluindo as denúncias recebidas e as decisões proferidas; determina que a Ouvidoria Externa será dirigida por Ouvidor- Geral, nomeado, entre cidadãos de reputação ilibada e notória atuação na área de segurança pública, não integrante de carreira policial, para mandato de 02 (dois) anos, vedada qualquer recondução, pelo Governador do Estado ou do Distrito Federal, ou pelo Prefeito do município, conforme o caso, a partir de consulta pública, garantida a participação da sociedade civil inclusive na apresentação de candidaturas, nos termos da lei; preserva todos os direitos, inclusive aqueles de caráter remuneratório e previdenciário, dos profissionais de segurança pública, civis ou militares, integrantes dos órgãos de segurança pública objeto da presente Emenda à Constituição à época de sua promulgação; dispõe que o município poderá converter sua guarda municipal, constituída até a data de promulgação da presente Emenda à Constituição, em polícia municipal, mediante ampla reestruturação e adequado processo de qualificação de seus profissionais, conforme parâmetros estabelecidos em lei; determina que o Estado ou Distrito Federal poderá definir a responsabilidade das polícias: I - sobre o território, considerando a divisão de atribuições pelo conjunto do Estado, regiões metropolitanas, outras regiões do Estado, municípios ou áreas submunicipais; e H - sobre grupos de infração penal, tais como infrações de menor potencial ofensivo ou crimes praticados por organizações criminosas, sendo vedada a repetição de infrações penais entre as polícias; os servidores integrantes dos órgãos que forem objeto da exigência de carreira única, prevista na presente Emenda à Constituição, poderão ingressar na referida carreira, mediante concurso interno de provas e títulos, na forma da lei; determina que a União, os Estados e o Distrito Federal e os municípios terão o prazo de máximo de seis anos para implementar o disposto na presente Emenda à Constituição. 4.2 Críticas Com relação à PEC 51, o antropólogo e professor da UERJ, Luiz Eduardo Soares 2, redigiu um artigo publicado em sua página da internet, afirmando que essa proposta seria uma revolução na arquitetura institucional da segurança pública. 2 SOARES, Luiz Eduardo. PEC-51: revolução na arquitetura institucional da segurança pública. Disponível em: <http://www.luizeduardosoares.com/?p=1185>. Acesso em: 2 set. 2014.

21 Ele comenta que o foco do novo modelo de segurança proposto pela PEC em questão parte do pressuposto da desmilitarização das polícias estaduais. Cita ainda que o fato da militarização das polícias impediu a democratização e a modernização da segurança pública, haja vista que seria um legado da ditadura. Ele resume as propostas da PEC em 10 (dez) pontos principais, quais sejam: - desmilitarização das polícias militares; - carreira policial única, deixando de existir a classe de oficiais e praças, delegados e não delegados; - realização do ciclo completo de polícia, que engloba o serviço preventivo, ostensivo e investigativo, dando continuidade ao trabalho desde a origem do problema; - liberdade de cada Estado organizar suas polícias, tendo como base apenas dois critérios e suas combinações: territorial e criminal, isto é, as polícias se organizarão segundo tipos criminais e/ou circunscrições espaciais. Nesse ínterim, em seu artigo, Soares cita o seguinte exemplo:...um estado poderia criar polícias (sempre de ciclo completo) municipais nos maiores municípios, as quais focalizariam os crimes de pequeno potencial ofensivo (previstos na Lei 9.099); uma polícia estadual dedicada a prevenir e investigar a criminalidade correspondente aos demais tipos penais, salvo onde não houvesse polícia municipal; e uma polícia estadual destinada a trabalhar exclusivamente contra o crime organizado. Há muitas outras possibilidades autorizadas pela PEC, evidentemente, porque são vários os formatos que derivam da combinação dos critérios referidos. - na dependência das decisões de cada Estado da União, os municípios também poderão gerenciar as responsabilidades no campo da segurança pública, inclusive de forma integral, se assim fosse o formato escolhido. Soares acrescenta que, atualmente, a Constituição Federal é omissa em relação ao município, autorizando apenas a criação de guardas municipais, as quais somente podem agir como vigias dos próprios municipais, não como agentes da segurança pública; - expansão das responsabilidades do Estado Federativo em várias áreas, atuando na supervisão e regulamentação da formação policial, de forma a possibilitar uma base comum a fim de atender os pressupostos da Constituição; - proposição de progressos na participação da sociedade em todo o processo, agindo como um controle externo, o que seria fundamental para modificar a forma de relacionamento entre as instituições e as populações menos favorecidas, no intuito da valorização dos policiais pelos governos, pelas instituições da qual fazem parte e, principalmente, pela sociedade;

22 - e, por fim, a prudência de forma metódica, gradual e planejada de maneira rigorosa, transparente da transição do modelo atual para o proposto pela PEC. O professor entende que a PEC é decisiva para o futuro do país e, para isso, apóia-se na seguinte tese:...o crescimento vertiginoso da população penitenciária no Brasil, a partir de 2002 e 2003, seu perfil social e de cor tão marcado, assim como a perversa seleção dos crimes privilegiados pelo foco repressivo, devem-se, prioritariamente, à arquitetura institucional da segurança pública, em especial à forma de organização das polícias, que dividem entre si o ciclo de trabalho, e ao caráter militar da polícia ostensiva. Devem-se também às políticas de segurança adotadas e não seria possível, no modo em que transcorre, se não vigorasse a desastrosa lei de drogas. Observe-se que a arquitetura institucional inscreve-se no campo mais abrangente da justiça criminal, o que, por sua vez, significa que o funcionamento das polícias, estruturadas nos termos ditados pelo modelo constitucionalmente estipulado, produz resultados na dupla interação: com as políticas criminais e com a linha de montagem que conecta polícia civil, Ministério Público, Justiça e sistema penitenciário. Pretendo demonstrar que a falência do sistema investigativo e a inépcia preventiva entre cujos efeitos incluem-se a explosão de encarceramentos e seu viés racista e classista são também os principais responsáveis pela insegurança, em suas duas manifestações mais dramáticas, a explosão de homicídios dolosos e da brutalidade policial letal... Para demonstrar sua tese, Soares aborda um percurso argumentativo nos seguintes tópicos: voracidade encarceradora enviesada e os circuitos da violência letal; e as estruturas organizacionais e práticas seletivas. No tocante ao primeiro argumento, argumenta que o Brasil, além de não evitar as mortes violentas intencionais e de não as investigar, prende muito e mal.acredita que a vida não é valorizada e se abusa do encarceramento. Trata a privação de liberdade como um atestado de falência civilizatória, porém concorda que ainda não se dispõem de outra alternativa hábil, mas que deveria ser utilizado apenas como o último recurso, exclusivamente para casos violentos, em crimes contra a pessoa. Para corroborar com isso cita os seguintes dados: entre os 550 mil presos, apenas cerca de 12% cumprem pena por crimes letais; 40% são provisórios; e dois terços dessa população, aproximadamente 36 mil, foram presos sob acusação de tráfico de drogas ou crimes contra o patrimônio. Conclui que os crimes contra a vida, assim como as armas, não constituem prioridade. Os focos são outros: patrimônio e drogas. No segundo argumento utilizado para sustentar a tese de Soares das estruturas organizacionais e práticas seletivas, há uma crítica grande a respeito do modelo organizacional concebido à semelhança do Exército, de forma verticalizada e rígida. Afirma que a missão das polícias no Estado democrático de direito é inteiramente diferente daquela que cabe ao Exército.As polícias não podem encarar sua missão como uma

23 guerra, pois, para isso existem as Forças Armadas. E por causa da estrutura atual dessas forças de segurança pública, o servidor acredita que está em guerra com o povo, sendo que o correto seria defendê-lo e protegê-lo. Por fim, Soares defende que as questões da militarização e da ruptura do ciclo do trabalho policial são determinantes nos problemas de segurança pública atuais, bem como as políticas criminais e de segurança. Afirma, ainda, que a divisão do ciclo cria uma polícia exclusivamente ostensiva, cuja natureza militar inibe o pensamento na ponta, obsta a valorização do policial e de sua autonomia profissional. Portanto, para Soares, a aprovação da PEC-51 não resolverá todos os problemas, mas constitui condição sine qua non para que eles comecem a ser enfrentados. No enfoque oposto, o jornalista e colunista da revista Veja, Felipe Moura Brasil 3, publicou um artigo em seu blog, em data de 22 de abril de 2014, com o título O perigo e a falácia da desmilitarização da polícia, onde defende que a assustadora quantidade de assassinatos no Brasil é resultado de um governo e de pensadores que legitimam moralmente os crimes e atacam as forças policiais, sobretudo as militares, projetando contra as instituições os erros, excessos e, sim, crimes que eventualmente cometem, como em qualquer outra instituição humana, alguns de seus homens. O colunista Brasil defende que, com a aprovação da PEC, onde as polícias estariam sendo controladas pelo governo federal, a população brasileira estaria totalmente desprotegida frente à inoculação de uma ideologia infinitamente mais perniciosa que os valores militares na formação dos novos policiais. No artigo, apresenta vários exemplos em que a vidas dos policiais são muito menos valoradas do que da dos criminosos, os quais são protegidos amplamente e incondicionalmente pelos Direitos Humanos. Afirma que a Polícia Militar não é necessariamente pior do que as demais instituições humanas. O colunista relembra uma máxima do economista Albert Hirschman: Sob qualquer sistema econômico, social ou político, indivíduos, firmas e organizações, em geral estão sujeitas a falhas de eficiência, racionalidade, legalidade, ética ou outros tipos de comportamento funcional. Não importa quão bem estabelecidas as instituições básicas de uma sociedade; alguns agentes, ao tentarem assumir o comportamento que deles se espera, estão fadados ao fracasso, ainda que por razões acidentais de quaisquer tipos. 3 BRASIL, Felipe Moura. O perigo e a falácia da desmilitarização da polícia. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/2014/04/22/o-perigo-e-a-falacia-da-desmilitarizacaoda-policia/>. Acesso em: 25 ago. 2014.