Discurso proferido pelo deputado GERALDO RESENDE (PMDB/MS), em sessão no dia 29/03/2012. ÁLCOOL: UM MAL Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Foi aprovado na última terça-feira, dia 27, o relatoria final dos trabalhos desenvolvidos pela Comissão Especial, que presidi, para Efetuar Estudos sobre as Causas e Consequências do Consumo Abusivo de Álcool entre Cidadãos Brasileiros, a chamada C. Álcool. O relatório é de autoria do deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) e evidencia a riqueza dos encontros técnicos e palestras realizadas, em 2011. Com todo este estudo, ficamos com a certeza de que a bebida alcoólica é um mal, está capilarizada como uma epidemia e sua dependência é uma patologia de responsabilidade do Estado. Também ficou evidente em nossos levantamentos que, o combate ao consumo de bebidas alcoólicas, por menores de idade, deve ser prioridade, além de que temos de aperfeiçoar os instrumentos de
fiscalização de posse do Poder Público, no que tange a venda, o consumo e a propagando de bebidas, Acredito que a C. Álcool tem que continuar os estudos e debates sobre o tema, como também, cumprir um importante papel legislativo de encaminhar a votação do PL 2.788/2011, que altera o artigo 306 da Lei n 9.503, de 23 de setembro de 1997, o Código de Trânsito Brasileiro, para tornar crime a condução de veículos automotores sob a influência de álcool e de substancias psicoativas, possibilitando outras formas de prova, e corrigindo a distorção proporcionada pela possibilidade do condutor alcoolizado se recusar a realizar o teste de alcoolemia. Outra ação legislativa é a formulação de um Projeto de Lei que proíba as propagandas de álcool na televisão, em horários anteriores às 23 horas, bem como a venda de bebidas em postos de gasolina a menos de 100 metros de instituições de ensino. Também temos de proibir taxativamente a venda de bebidas alcoólicas em eventos esportivos. Defendemos que, o montante do recolhimento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), referente as bebidas alcoólicas sirvam para custear internações médicas com causas ligadas as patologias provocados por este consumo. Outra destinação para este
valor seria em campanhas para diminuir a ingestão de bebidas alcoólicas nas aldeias. As recomendações propostas no relatório identificam que, estamos indo na contramão do interesse público, quando flexibilizamos o Estatuto do Torcedor, no que se refere a proibição de venda de bebidas alcoólicas nas imediações dos estádios, para atender exigências da Federação Internacional de Futebol, a FIFA. O que recomendamos, é justamente o contrário. O Governo Federal tem de implementar políticas públicas para enfrentar o alcoolismo, suas causas e consequências. É imperativo a ampliação da rede de Centros de Atenção Psicossocial, voltados para dependentes de Álcool e Drogas, os chamados CAPS-AD. Também acreditamos que deve haver maior dotação orçamentária, no Ministério da Saúde para o tratamento de dependentes, bem como a criação de leitos especializados, semelhante ao o que aconteceu no Programa Crack, é possível vencer. Uma outra recomendação que propomos, agora para os governos estaduais, é a adoção de leis, aos moldes da Lei Estadual n 14.592, de 19 de outubro de 2011, do Estado de São Paulo, que proíbe a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos e
responsabiliza os estabelecimentos, punindo-os com multas e a possibilidade de fechamento. Foram 12 reuniões deliberativas, sete audiências públicas, dentre elas três regionais, e a construção de um arcabouço de experienciais, dados técnicos, histórias tristes e a conclusão de um aumento preocupante do consumo de bebidas alcoólicas e doenças correlatas a esta dependência. Segundo estudos apresentados pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, realizados em 2007, 11% da população brasileira, bebe todos os dias e 28% até quatro vezes por semana. Os maiores consumidores são os jovens de 18 a 24 anos, dentre estes 25% dos universitários, quando questionados, responderam que beberam pesado, pelo menos uma vez, nos 30 dias anteriores. No ensino fundamental e médio, 42,4% dos entrevistados confirmaram o uso de bebidas alcoólicas. Um outro levantamento, realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, demonstrou que 22,4% dos entrevistados confirmaram já ter ingerido bebida alcoólica antes de dirigir. O número de vítimas de acidentes de trânsito nas vias federais associados ao consumo de álcool quadruplicou de 2004 para 2007, passando para 1.909.
Segundo a Coordenação Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, do Ministério da Saúde: nas capitais, 71% de nossos adolescentes com até 15 anos, já experimentou bebidas alcoólicas. Outra importante problemática evidenciada pela Comissão foi a venda e consumo de bebidas alcoólicas, além de outras drogas nas aldeias indígenas. Como exemplo e pela gravidade da situação, foi citado os casos das aldeias Jaguapirú e Bororó, que ficam na cidade de Dourados, no sul do Estado de Mato Grosso do Sul. A região é tida como uma das mais perigosas do mundo, se os dados estatísticos de violência, assassinatos e suicídios forem isolados. Representantes da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) e da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde foram categóricos em responsabilizar, dentre outras variáveis, o consumo do álcool para índices tão alarmantes. No que tange a saúde da mulher, o aumento do consumo do álcool por elas, se caracteriza como uma tragédia futura. O fenômeno do aumento do número de mulheres alcoólatras é recente, mas o efeito será ainda mais devastador que para os homens. Por especificidades orgânicas, as mulheres, por terem quatro vezes mais gordura que o homem, dissolvem o álcool de
maneira mais lenta, expondo-as aos mais nocivos perigos da bebida. Realizados estes apontamentos e parabenizando os trabalhos da C. Álcool, reitero que somos contra a qualquer tipo manobra para o retrocesso da venda de bebidas alcoólicas nos estádios e que estamos, por meio do relatório, apresentando alternativas para o combate a este mal. A bebida alcoólica vem vitimando pessoas, estraçalhando famílias e já pode ser considerada uma epidemia a ser tratada imediatamente. Muito obrigado pela atenção. Deputado GERALDO RESENDE (PMDB/MS)