MÉTODO DE CULTIVO NA PRODUÇÃO DE ALEVINOS DE TILÁPIA DO NILO REVERTIDOS

Revista Educação Agrícola Superior Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEAS - v.29, n.2, p.142-146, 2014. ISSN - 0101-756X - DOI: http://dx.doi.org/10.12722/0101-756x.v29n02a19 MÉTODO DE CULTIVO NA PRODUÇÃO DE ALEVINOS DE TILÁPIA DO NILO REVERTIDOS Daniele Ferreira de Melo 1, Rafaela Félix Basílio da Silva 2, Mayra Gislayne Melo de Lima 3, Francislaine Suelia dos Santos 4 & Carlos Minor Tomiyoshi 5 RESUMO A aquicultura tem garantido cada vez mais a presença do peixe na mesa do consumidor. Enquanto muitos estoques pesqueiros naturais já se encontram em seu limite máximo de exploração, a produção de pescado pela aquicultura tem aumentado muito nos últimos anos. Por este motivo foi analisado os métodos de cultivos do principal insumo, para a produção em tanques redes, no Brasil, os alevinos de tilápia do Nilo. Os dados dos métodos de cultivos foram coletados e analisados em um Estágio no Centro de Pesquisa em Aquicultura Rodolpho von Lhering Pentecoste/CE. Onde baseados nas Considerações resultantes dos estudos e das atividades realizadas durante o Estágio, pode-se concluir que a tilápia tem um grande potencial de mercado, por este motivo o processo de produção de alevinos revertidos, em viveiros e em tanque-rede, só tende a crescer. PALAVRAS-CHAVE: técnicas, desenvolvimento, comercialização METHOD OF CULTIVATION ON THE PRODUCTION OF NILE TILAPIA REVERSED ABSTRACT Aquaculture has secured increasing the presence of fish in the customer table. While many natural fish stocks are already at their limit of exploitation, fish production through aquaculture has increased greatly in recent years. For this reason the methods of cultivation of the main input was analyzed for production networks in tanks, in Brazil, the Nile tilapia. The methods of cultivation data were collected and analyzed in an internship at the Research Center for Aquaculture Rodolpho von Lhering - Pentecoste-CE. Where based on considerations resulting from the studies and activities undertaken during the internship, it can be concluded that Nile tilapia has a large potential market for this reason the production process reversed fingerlings in nurseries and cages, only tends to grow. KEY WORDS: techniques, development, commercialization 1 Graduanda em Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande; (83) 9102-5045, danime.ufcg@hotmail.com 2 Graduanda em Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande; (83) 8883-8129, rafaellafelix_@hotmail.com 3 Graduanda em Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande; (83) 8812-8552, mayramelo.ufcg@live.com 4 Graduanda em Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande; (83) 8730-4872, suelia_santos@hotmail.com 5 Dr. Em Engenharia Agrícola, UFCG, Campina Grande; (83) 9148-5036, carlosminort0@gmail.com

Método de cultivo na produção de alevinos de tilápia do Nilo revertidos INTRODUÇÃO Segundo o Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura 2010 do Ministério da Pesca e Aquicultura MPA a Produção da Aquicultura Continental por Espécie - Produção aquícola continental discriminada por espécie - Período 2008 e 2010, seguindo o padrão dos anos anteriores, a tilápia foi à espécie mais cultivada, representando 39% da produção nacional de pescado desta modalidade. Observa-se, ainda que, a produção de tilápia passou de 111.145 toneladas em 2008 para 155.450 toneladas em 2010, equivalendo um aumento na produção de 40 %. O Crescimento da Produção de Tilápia 1994 a 2009 mostra que a produção de tilápia no Brasil apresenta um padrão de crescimento contínuo desde 1994. Entre os anos de 2003 a 2009, a produção de tilápia cresceu 105%, saindo de 64.857,5 toneladas para 132.957,8 toneladas, respectivamente. Os maiores aumentos de produção foram em 2002, quando houve um acréscimo de 59% em relação a 2001 e, em 2007, quando a produção aumentou 32% em relação ao ano anterior. Entre 2006 e 2009, a produção aumentou 86%, chegando a ultrapassar 130 mil toneladas. Ressalta-se que do ano de 2007 para 2008 houve crescimento de 17%, saindo de 95.091,0 t para 111.145,3 t. Do ano de 2008 para 2009 houve crescimento de 20% da produção, chegando a 132.957,8 t. A produção de tilápia representa 39% do total pescado proveniente da piscicultura continental. O Brasil por ser um país tropical, tem o clima perfeito para a produção de tilápia, com temperatura média anual de 27,60C, baixa amplitude térmica, insolações variando de 7,6 a 9,7 horas diárias, umidade relativa do ar variando de 56% a 74% e velocidade do vento variando de 2,0 a 3,3 m/s Na Região Nordeste do Brasil o cultivo de tilápias em tanquesrede é considerada uma atividade em pleno desenvolvimento. Na Paraíba, esta atividade está em crescimento graças às ações como da Superintendência da Pesca e Aquicultura da Paraíba SPA/PB, do Programa COOPERAR do Governo do Estado da Paraíba através empreendimentos produtivos que utilizam a tilápia nilótica, linhagem Chitralada. A tilápia Tailandesa ou Chitralada tem demonstrado uma capacidade de crescimento e apresenta ótimos índices de conversão alimentar, o que confere a este peixe, uma comprovada qualidade e fácil aceitação entre os produtores e os consumidores. Essa preferência deve-se, principalmente, às suas características biológicas e ecológicas. Assim, com base em KUBITZA, (2000) e CARVALHO et al. (2006), podemos elencar os seguintes caracteres: 1) rápido crescimento; 2) boa taxa de conversão alimentar; 3) capacidade de sobreviver em ambientes com altas densidades populacionais; e, 4) tolerância a condições ambientais adversas, como níveis baixos de oxigênio dissolvido, altos níveis de amônia e salinidade (até 350/00).2) ampla variação do ph - entre 6 e 8,5 e altas temperaturas (sendo a ideal entre 26 e 280 C). Outra característica que confere vantagem adaptativa é possuir hábitos alimentares diversificados, ingerindo primariamente fitoplâncton e zooplâncton. Pode, também, alimentar-se de animais bentônicos, de detritos e de outros resíduos orgânicos, por exemplo, estrume, que complementam sua dieta. Na 143 questão da comercialização e consumo, apresenta ótima aceitação de mercado, pois a sua carne é muito saborosa, suave e com pouca gordura. Em termos zootécnicos, as vantagens da utilização de cultivo em tanques-rede têm se mostrado insuperável, pois nessas gaiolas a biomassa pode atingir entre 200 a 300 peixes/m3 inicialmente, dependendo do local de cultivo (ZIMMERMANN, 2000), com ótimas taxas de sobrevivência e produção (TILÁPIAS EM TANQUES-REDE, 2004). Adotando algumas técnicas de manejo, como a de classificação dos peixes por lotes de tamanho, ao longo do cultivo, pode-se comercializar lotes com peso médio acima de 800 g a partir de 200 dias de cultivo nos meses mais quentes do ano. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi localizado em Pentecoste município brasileiro de estado do Ceará, possui uma área de 1.378,331 km² e população de 35.400 hab. e estimativa para 2013 de 36.442 hab., com uma densidade demográfica de 25,68 Hab./Km² (IBGE CIDADES, 2014). A cidade esta situada a 89 km da capital Fortaleza - CE. Pentecoste pertence à mesorregião do Norte Cearense e microrregião vale do Médio Curu (IBGE, 2008). Os municípios que o limita são ao Norte, Umirim, São Luís do Curu e São Gonçalo de Amarante, ao Leste, Caucaia e Maranguape, ao Sul, Caridade e a Oeste, Apuiarés e Itapajé. O clima é tropical quente semi-árido brando na maior parte do território e tropical quente subúmido no extremo sul. O Centro de Pesquisas em Aquicultura Rodolpho von Ihering - Pentecoste/Ceará, ilustrdo nas Figuras 1, foi criado em 1972 e instalado em 1973. Fica a jusante do açude "Pereira de Miranda" tem como capacidade de 395,6 milhões de m³ e de inundação de 5.500 ha., a 84 km de Fortaleza, capital do Ceará. Sua sede, inaugurada em 1985, conta com, Campi - Os campi I e II possuem 12 hectares de viveiros escavados, 1 laboratório de propagação artificial de peixes, 1 unidade de reversão sexual de tilápia do Nilo, 1 laboratório de Genética, 1 laboratório de Limnologia, 1 laboratório de produção de microalgas, 1 laboratório de tecnologia de pescado, 2 câmaras frigoríficas, 1 fábrica de gelo, 1 fabrica de ração, 1 auditório, 1 sala de aula, 1 biblioteca, 1 depósito, 1 almoxarifado, 1 restaurante, 2 alojamento, 1 sala de técnicos, 1 sala de administração, 17 residências de funcionários, 1 oficina, 1 garagem, 1 campo de futebol, dentre outros. A estrutura abriga também o Centro de Figura 1. Vista do prédio sede do Centro de Pesquisa de Pentecoste-CE

144 Daniele F. de Melo et al. Aquicultura (Carcinicultura), que há mais de 20 anos realiza estudos e pesquisas com espécies de camarão. O Centro de Pescas é abastecido por gravidade pelas águas do açude "Pereira de Miranda" do DNOCS, ilustrado na Figura 2, com capacidade 395,6 milhões de m³ e inundando 5.500 há. Para obtenção dos dados deste trabalho, os técnicos responsáveis pelas atividades direcionadas ao pirarucu nos acompanharam e nos orientou sobre todos os métodos de utilizados quanto ao manejo do pirarucu em viveiros de terra, do DNOCS. Figura 4. Tanques de alvenaria para descanso das matrizes e reprodutores do Centro de Pesquisa de Pentecoste-CE Figura 2. Açude Pereira de Miranda, Pentecoste-CE RESULTADOS E DISCUSSÃO A estrutura física necessária em uma estação de produção de alevinos deverá ser constituída das seguintes instalações: viveiros para, repouso de matrizes e reprodutores; acasalamento e produção de pós-larvas, laboratório de hipofisação; tanques para a produção de alevinos revertidos; depuração e comercialização. Etapas da produção de alevinos revertidos: 1 Etapa: O período destinado é de 14 dias, na qual é realizado em viveiro de terra dividido por hapas (área de procriação de alevinos) Figura 3, na qual posteriormente fazse a despesca que consiste em separar os machos das fêmeas, por um período de dez dias (descanso) Figura 4. No momento em que se faz o processo de separação dos machos das fêmeas, ainda, são encontradas, algumas fêmeas, com ovos de alevinos em sua boca Figura 5. Figura 3. Hapas instaladas nos viveiros do Centro de Pesquisa de Pentecoste-CE Figura 5. Tilápia fêmea com pós-larvas dentro da boca do Centro de Pesquisa de Pentecoste-CE Os mesmo são retirados e colocados em incubadoras (Figura 6 e 7) onde, somente, com o movimento da água, eles eclodem produzindo as pós-larvar. Para a coleta das pós-larvas nas apas utiliza-se peneira, com malha de 1.0 mm. Essa técnica é denominada de coleta em nuvens Figura 8. 2 Etapa: Após serem retiradas das hapas e das incubadoras as larvas passam por uma rede com malhas de 2,5 mm. Aquelas que não passaram, nessa malha, são destinadas a formarem o lote de alevinos mistos. As outras larvas são, novamente, selecionadas, numa rede com malhas de 1,5 mm, onde são separadas por tamanho e destinadas a tanques de alvenaria revestida de cerâmica e com tela de proteção, onde os mesmo serão submetidos à reversão sexual. Uma das razões dessa seleção deve-se ao fato de que aquelas que não passaram na malha 2,5 mm já estão sexualmente definidas. Esses são armazenados em tanques e alimentados com ração balanceados e após, 28 (vinte e oito) dias estão aptas para o povoamento de açudes na qual não tem a finalidade comercial. 3 Etapa: Por outro lado os demais passaram pelo processo de reversão, onde são destinados aos tanques de alvenaria revestido de cerâmica (3.0x1.0x0.80 m3), abastecidos com água renovável e protegidos por tela, para impedir a entrada de inimigos (predadores, invasores e competidores), onde permanecerão, também, durante 28 (vinte e oito) dias

Método de cultivo na produção de alevinos de tilápia do Nilo revertidos Figura 6. Prédio onde estão instaladas as incubadoras, Pentecoste-CE 145 relacionado com índice de reversão do alevino. Os alevinos machos tem um índice de conversão alimentar melhor que as fêmeas e estas, ainda, podem reproduzir, gerando um superpovoamento, aumentando a competição pela ração acarretando uma redução no desempenho do criatório. No 28 dia, final do período de estocagem, os alevinos são novamente selecionados de acordo com o tamanho. Normalmente, o peso médio varia de 0,5 g a 1,5 gramas. Onde os alevinos que estiverem nessa faixa, são destinados a um tanque de alvenaria na qual já poderão ser comercializados ou serem destinados à engorda. A densidade de estocagem de alevinos recomendada, por m², é de 20 (vinte) alevinos, quando destinado para engorda. A quantidade diária de ração deverá ser de 3 a 5% da biomassa dos alevinos. 4 Etapa: É feito o teste de eficiência, na qual avalia a porcentagem de alevinos revertidos, após o 28 dia da reversão. Para a execução do teste é utilizando um microscópio de lente A40, placa de petri, estilete bem amolado, acetato de carmim e água destilada. O teste consiste na retirada das duas glândulas do peixe, colocados em um ocular de lente A40, em seguida acrescenta-se acetato de carmim, anteriormente dissolvido em uma proporção de 1:2 de água destilada. O teste de eficiência é feito em 200 peixes a cada 100 mil alevinos e a porcentagem aceitável de eficiência tem que ser entre 98 à 99% de reversão. CONCLUSÕES Figura 7. Incubadora de ovos de tilápia, Pentecoste-CE De acordo com os métodos de produção aplicados pode-se analisar que são ideais para este procedimento, pois o índice de mortalidade dos alevinos tende a zero e a qualidade da reversão é excelente, cerca de 99% de reversão, por fim os alevinos produzidos no Centro de Pesquisa em Aquicultura Rodolpho von Lhering Pentecoste/CE, são insumos de alta qualidade à serem consumidos pelos empreendedores da piscicultura. LITERATURA CITADA Figura 8. Retirada das larva de uma hapa, Pentecoste-CE recebendo a ração balanceada acrescida do hormônio de reversão. O inversor químico utilizado na ração balanceada própria para alevinos é o 17 alfa-metiltestosterona, em forma de pó, na qual é diluído em álcool 96 etanol na proporção de 1 grama para 2 litros de álcool e misturado em 17 kg de ração em pó até ficar homogêneo. Consideram-se alevinos revertidos de boa qualidade quando o índice de reversão está acima de 98%. Para os empreendimentos aquícolas de criação intensiva de peixes, os povoamentos dos tanques-rede devem ser feitos, exclusivamente, com alevinos revertidos. Um dos fatores que influi no sucesso financeiro do empreendimento está BORGHETTI, N.R.B.; OSTRENSKY, A.; BORGHETTI, J. R. Aquicultura: uma visão geral sobre a produção de organismos aquáticos no Brasil e no mundo. Curitiba: Grupo Integrado de Aquicultura e estudos ambientais (GIA), 2003. 128 p. CARVALHO, E.D. Linhagens triplóides de Pacu Piaractusmesopotamicus (Holmberg, 1887) (= Colossoma mitrei, Berg, 18950 e de Tambaqui Colossomamacropomum (Curvier, 1818): indução artificial e estudos de sobrevivência e desempenho em condições de tanques de cultivo. 1992. 212f. Tese (Doutorado). DNOCS-Departamento de Obras Contra a Seca, 2014. Fortaleza-CE.http://www.dnocs.gov.br/php/comunicacao. php?f_registro=878&f_opcao=imprimir&p_ view=short&f_header+1.21 junho 2014. IBAMA. Estatística da pesca Brasil Grandes regiões e unidades da federação. Brasília, 2002. 17p. IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Cidade. 2010 e 2008. MPA, Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura Brasil 2010 Brasília.DF, 2012.

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