RESUMO ABSTRACT. Larissa Silva Cordeiro Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Maranhão.

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Transcrição:

Larissa Silva Cordeiro Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Maranhão. E-mail: larissacordeiro31.lc@gmail.com Cassia Cordeiro Furtado Professora do Departamento de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão e do Programa de Pós-graduação em Design da Universidade do Pará. Doutora em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais pela Universidade de Aveiro. E-mail: cassia.furtado@ufma.br RESUMO Destaca-se a organização da biblioteca escolar mediante ao sistema de classificação por cores, utilizando como campo de estudo a biblioteca escolar. Faz-se questionamento se os usuários da biblioteca conseguem compreender o elo desenvolvido, a partir do sistema de classificação por cores, entre o material disponível e as cores que o representam. O estudo tem por objetivo verificar a compreensão dos usuários da biblioteca escolar, em relação à organização do acervo pelo sistema de classificação por cores. Emprega-se metodologia com abordagem qualitativa e quantitativa e para obtenção dos dados usa pesquisa campo. Como instrumento de coleta usou-se entrevista estruturada e observação, aplicadas aos alunos do 3º ao 6º do Ensino Fundamental, da Educação Básica. Ao fim da investigação, conclui-se que a maioria dos usuários não conseguem compreender a organização do acervo pelo sistema de classificação por cores. Com base na análise dos resultados, recomenda-se a realização de estudo de usuário prévio, a fim de que as necessidades dos utilizadores seja o ponto central de toda a organização das unidades de informação, especialmente nas bibliotecas escolares. Uma vez que, as complexidades dos sistemas de classificação podem ser obstáculos à pesquisa escolar dos alunos. Palavras-chave: Estudo de Usuários da Informação. Usuários da Informação. Biblioteca Escolar. Sistema de Classificação por Cores. ABSTRACT This study highlights the organization of the school library through the system of color classification, using a school library as a field of study. It questions whether library users can understand the link developed from the color sorting system among the available material and the colors that Página860

represents it. The study aims to verify the understanding of users of the school library, in relation to the organization of the collection by color-coded sorting system. The methodology has qualitative and quantitative approach, and to obtain the data it uses field research. As a collection instrument, it was used a structured interview applied to students in grades 3 to 6 of Basic Education. At the end of the investigation, it is concluded that the majority of users can t understand the organization by the color classification system of the collection. Based on the analysis of the results, it is recommended to carry out a prior user study so that users' needs are the focal point of the whole organization of information units, especially school libraries. For the complexities of classification systems may be obstacles to students' school research. Keywords: Information Users Study. Information Users. School Library. Color Sorting System. 1 INTRODUÇÃO O estudo de usuário da informação busca identificar as necessidades informacionais dos usuários de um determinado sistema de informação, tendo em vista aspectos como interesses, hábitos e satisfação dos mesmos, ocasionando a otimização e o aperfeiçoamento do sistema. Assim, trata-se de recurso imprescindível para qualquer unidade de informação, já que demonstra o comportamento informacional do usuário, bem como, certifica o grau de satisfação e quais as modificações que precisam ser realizadas para melhor o desempenho do dos serviços da biblioteca. No contexto da biblioteca escolar não é diferente, dado que o público trabalhado está em fase de aprendizagem, agregando constantemente novos conhecimentos, o que exige uma demanda maior por informação. E, igualmente, cuidado na organização do acervo e, notadamente na seleção do sistema de classificação a ser usado, visto que impacta diretamente no comportamento informacional do usuário. Assim, torna-se tempestivo realizar estudo de usuários a fim de obter opiniões sobre a organização, processamento técnico e recuperação das informações nas bibliotecas. Nas bibliotecas de escolas, além dos sistemas de classificação tradicionais, Página861

costuma-se encontrar a classificação por cores. A associação de cores às disciplinas do conhecimento é considerada uma grande estratégia na recuperação da informação no contexto escolar, como afirma Pinheiro (2009, p. 4) [...] a classificação em cores tem sido considerada a melhor metodologia, sendo um fator importantíssimo na recuperação da informação por construir um elo entre a linguagem visual e a busca do material nas estantes. Assim, a escolha do sistema de classificação por cores para a biblioteca escolar tornou-se algo comum, uma vez que [...] as cores chamariam atenção da clientela da biblioteca pela sua ludicidade que na sua maioria são crianças, e para os alunos maiores pela sua simplicidade na sua usabilidade (ANDRADE et al., 2013, p. 77). Apesar de ser considerada uma metodologia eficaz pela literatura científica são poucos os trabalhos empíricos que têm como tema central a classificação por cores. Neste sentido, esta investigação realizou estudo de usuários da biblioteca de escola da Educação Básica vinculada à uma rede de instituições paraestatais brasileiras e de atuação em âmbito nacional, com uma representante em São Luís, capital do estado do Maranhão. A escola possui turmas do Ensino Infantil ao Ensino Médio e localiza-se na zona urbana da cidade. Como problema de pesquisa tem-se: os usuários da biblioteca escolar, compreendem o elo desenvolvido, a partir do sistema de classificação por cores, entre o material disponível e as cores que o representam? Os alunos do Ensino Fundamental tem agenda de visitas à biblioteca, em horários predeterminados, com duração de vinte minutos, divididos por grupos do 1º ao 3º ano, 4º e 5º ano, e em seguida do 6º ao 9º ano. Destaca-se que a escolha do Ensino Fundamental como objeto da pesquisa, teve como argumento ser o público que mais frequenta a biblioteca, de modo espontâneo. Assim sendo, o objetivo geral deste estudo foi verificar a compreensão dos usuários da biblioteca escolar, em relação à organização do acervo pelo sistema de classificação por cores. Os objetivos específicos foram aferir se o usuário associa as cores ao conteúdo do acervo, identificar como o sistema de cores contribui para a recuperação da informação e recolher a opinião dos alunos em relação ao sistema de cores. Página862

2 SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO POR CORES EM BIBLIOTECA ESCOLAR As bibliotecas escolares são organismos vivos dentro das instituições de ensino, Keiser e Fachin ([s.n.], p.3), a descrevem como um elemento integrador e indispensável entre o ambiente escolar e o desenvolvimento das crianças. O processo de ensino e aprendizagem supõe uma dinâmica de atos que ocorrem para a formação de hábitos e habilidades que o educando vai adquirindo no decorrer de sua vida escolar. Logo, a biblioteca passa a ser um recurso imprescindível (BEZERRA, 2008, p. 5). O espaço físico destinado a biblioteca escolar deve ser integrado a escola, com aportes necessários para seu funcionamento e bom desempenho. [...] cabe ao arquiteto de construções escolares planejarem, o local destinado a biblioteca, seguindo requisitos básicos, como acessibilidade a professores, alunos e também para estudantes com necessidades especiais, sempre obedecendo a legislação especifica. De preferência longe de ruídos, iluminado, sem incidência de raios solares no acervo sua proteção extensiva também de bibliotecários, funcionários e usuários. É importante que circule ar fresco no ambiente, as janelas permitem essa ventilação (CRUZ, 2013, p. 16). Considera-se como função da biblioteca escolar a sua atuação complementar à escola, ou seja, deve ser uma extensão da sala de aula, proporcionando aos alunos um espaço de orientação e apoio aos estudos e às pesquisas escolares, ampliando os horizontes do conhecimento dos seus usuários. Cruz (2013, p. 14) afirma que a biblioteca escolar para atingir seus objetivos deve dispor [...] aos alunos um lugar propício a aprendizagem, assim como oferece material aos professores para auxiliar suas propostas de classe de aula e enriquece os currículos escolares. Tendo em vista a função que a biblioteca escolar desempenha, pondera-se que para que ela exerça seu papel é necessário que haja um trabalho colaborativo entre bibliotecários, professores e a direção da escola. O trabalho em conjunto influência positivamente na aprendizagem dos alunos e no sucesso das metodologias de ensino Página863

utilizadas pela escola, além de ser fundamental para o desenvolvimento da função educativa do bibliotecário. Outro aspecto pertinente a ser mencionado são as atividades que podem ser desenvolvidas pela biblioteca escolar, pois é um ambiente [...] propício a realização de atividades de lazer e brincadeiras, assim as crianças na fase inicial de aprendizado, aumentam os primeiros contatos com os livros. [...] para o usuário este tipo de serviço oferecido, ajuda a formação intelectual e social [...] (CRUZ, 2013, p. 15). Melo e Neves (2005) exemplificam que atividades podem ser desenvolvidas: hora do conto; jogos recreativos e educativos; exposições de livros; seção de arte; dramatização; teatro; orientação às pesquisas escolares. Todas essas ações contribuem para aprendizagem dos alunos, pois são considerados processo educativos dinâmicos e criativos. Deste modo, desenvolver atividades de interação com seus usuários, constituise uma importante atividade para o bibliotecário compreender e atender as necessidades educativas e culturais dos mesmos. O acervo da biblioteca escolar deve estar composto por diversos materiais que deem suporte aos estudos e as pesquisas escolares dos alunos. Assim, a coleção das bibliotecas escolares é um dos meios para que os estudantes possam obter respostas para os seus questionamentos, visto que [...] facilitando aos alunos o livre acesso aos livros [...]. Bem como, a orientação clara e precisa para o estudo, para a solução de problemas e dos deveres de classe, ou ainda, o de incrementar as pesquisas referenciando-as, utilizando mais de um livro, sintetizando, criticando e, fundamentalmente como apoio informacional ao pessoal docente (KEISER; FACHIN, [s.n.], p. 14). A classificação utilizada para organizar o acervo da pela biblioteca escolar deve ser adequada ao contexto a qual está inserida, [...] classificação de uma biblioteca terá que ser diretamente relacionada com as necessidades e expectativas dos usuários proporcionando a eles maior rapidez na recuperação da informação (MELO; NEVES, 2005, p. 2). Logo, algumas bibliotecas escolares utilizam sistemas de classificações de fácil assimilação, como por exemplo, a classificação por cores, que utiliza o contato visual, Página864

umas das primeiras linguagens que as crianças aprendem, pois envolve cores e símbolos, facilitando a [...] localização da obra desejada (CRUZ, 2013, p. 24). A escolha desse tipo de sistema de classificação para bibliotecas escolares é recomendado por Pinheiro (2009, p. 4); Quanto às bibliotecas escolares e infantis, a classificação em cores tem sido considerada a melhor metodologia, sendo um fator importantíssimo na recuperação da informação por construir um elo entre a linguagem visual e a busca do material nas estantes. Percebe-se então que, o uso do sistema de classificação por cores acarreta benefícios ao comportamento informacional dos alunos. Neste estudo adota-se o conceito de Gasque e Costa (2010, p.22) para comportamento informacional a totalidade do comportamento humano em relação ao uso de fontes e canais de informação, incluindo a busca de informação passiva e ativa. Completa-se afirmando que a classificação por cores proporciona facilidade e simplicidade na busca ativa da informação pelo usuário infantil. 3 MÉTODO DA PESQUISA Os pressupostos metodológicos qualitativo e quantitativo fundamentam este estudo. Como instrumento de coleta de dados foi adotado a entrevista estruturada, interposta por combinações de questões abertas e fechadas e a observação, com roteiro predeterminado. A investigação foi realizada no ano de 2016, com alunos do 3º ao 6º ano do Ensino Fundamental, na própria biblioteca, durante as visitas agendadas. A entrevista foi efetuada individualmente com cada aluno. As perguntas foram reproduzidas de forma expositiva e com exemplos, para que os entrevistados compreendessem e se sentissem à vontade ao respondê-las. Foi feita observação do comportamento informacional dos alunos, com base em um guia, durante a realização das visitas agendadas à biblioteca. O foco das questões foi sobre a frequência à biblioteca, o sistema de classificação, associação das cores ao conteúdo do acervo e nível de dificuldade e/ ou facilidade para Página865

recuperação do documento e finalmente, sugestões para melhoria do sistema. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Em relação à frequência com que as crianças vão, de modo espontâneo, à biblioteca, 36% dos alunos respondeu que sempre vão a biblioteca, 64% responderam às vezes, ou seja, a maioria dos alunos entrevistados não frequenta assiduamente a biblioteca. Essa realidade se configura uma preocupação dento do Sistema de Ensino Brasileiro e a biblioteca, alvo da pesquisa, deve traçar estratégias visando maior participação dos usuários, para além dos horários estipulados pela direção da escola. Visto que, colocar condicionantes para frequência na biblioteca, pode ter como consequência o afastamento do leitor. Reiterando Andrade (2015, p. 86) quando afirma que: [...] uso aleatório e ausência de atividades no espaço, [...] acarreta conflitos, [...] a biblioteca deve se apresentar como um espaço democrático e no qual estes alunos têm o direito de frequentar e principalmente de utilizar seus serviços. Dessa forma, a biblioteca escolar deve promover um espaço com desenvolvimento de atividades que objetivem a formação de leitores, disponibilização materiais necessários para que isso ocorra (ANDRADE, 2015, p. 89), motivando a frequência do alunado. No que tange a opinião dos respondentes sobre o sistema de classificação por cores, 18% respondeu que o sistema é bom, 82% achavam ótimo (Gráfico 1). Página866

Gráfico 1 Opinião dos alunos sobre o sistema de cores Fonte: As autoras. Apesar dos números positivos, percebeu-se, durante a realização da entrevista, que as crianças não sabiam como é realizada a organização da biblioteca, a relevância e significado da classificação do acervo por assunto e qual sua importância na recuperação da informação. Dessa forma, faz-se suposição de que a biblioteca não desenvolve alguns serviços fundamentais para seu funcionamento, como educação e formação de usuários. Especialmente, em se tratando de biblioteca escolar, dado que esta atividade possibilita a expansão da capacidade de [...] familiarização das crianças com a organização física e temática das coleções (AGUIAR, 2012, p. 36). Quanto à associação das cores ao conteúdo do acervo da biblioteca, 45% dos alunos entrevistados comunicou que conseguem fazer a associação, 36% respondeu que não, 19% responderam que apenas às vezes (Gráfico 2). Página867

Gráfico 2 Associação das cores ao conteúdo do acervo Fonte: As autoras. Observou-se que, as respostas positivas deve-se ao fato de que o comportamento de busca de informação das crianças as remete diretamente à estante da literatura infanto-juvenil, representada pela cor amarela. Os alunos ao chegarem na biblioteca são direcionados a selecionarem somente livros da coleção literária. Fator que influencia e condiciona diretamente no comportamento informacional dessas crianças. Dessa forma, os usuários memorizam as cores dos documentos do acervo, destaque para a literatura. Entretanto, apresentam dificuldades na recuperação de outro material. Os alunos acentuaram ainda outro problema relacionado com o uso das cores, o tamanho das etiquetas foi considerado pequeno, dificultando a visibilidade. Mediante essa constatação, observa-se a contrariedade de um dos principais objetivos da classificação por cores que é [...] tornar a recuperação da informação mais clara para os usuários mirins (AGUIAR, 2012, p. 35). Sobre a facilitação, por parte do sistema de classificação, na recuperação da informação, 64% das crianças respondeu que o sistema ajuda a recuperação, 36% relatou de modo negativo. A partir desse resultado, constatou-se uma ambiguidade, uma vez que as crianças não sabem o que é o sistema e nem sempre conseguem associar as cores ao conteúdo. Novamente, argumenta-se que as respostas das entrevistas não afinam-se com os dados colhidos na observação, realizada durante a investigação. E, recorre-se ao Página868

comportamento informacional das crianças, durante as buscas no acervo, que o direcionamento para a mesma área do conhecimento, a literatura infanto-juvenil, os leva a facilidade de recuperar o material. No entanto, os alunos que afirmam que o sistema não facilita a recuperação, alegaram não entender o sistema e suas divisões, o que reforça mais uma vez a importância da orientação ao usuário sobre as complexidades da organização da biblioteca, pois [...] diminuirá gradativamente a demanda por orientação, tornando os pequenos usuários cada vez mais seguros e independentes em relação à biblioteca (AGUIAR, 2012, p. 36), dinamizando as buscas efetivadas pelos alunos no acervo da biblioteca. Os discentes foram questionados sobre melhorias no sistema de classificação e recuperação da informação, 64% responderam que sim, 19% disseram que estão totalmente satisfeitos. Os alunos que responderam de modo afirmativo enfatizaram que estas deveriam ser aplicadas no aumento das subdivisões dos gêneros literários, na produção de etiquetas maiores e mais chamativas (em relação as cores) para os materiais e para as estantes. Perante ao que foi relatado, concorda-se com Aguiar (2012, p. 36) quando afirma que os usuários são incentivadores [...] à melhoria da qualidade dos serviços prestados da biblioteca, visto que, este mesmo usuário pode passar a procurar mais e mais bibliotecas [...], em especial, quando suas demandas são ouvidas. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo de usuário realizado na biblioteca escolar, demonstrou que os usuários não estarem familiarizados e ambientados ao sistema de classificação por cores, sentindo dificuldades ao associar as cores ao conteúdo dos documentos. Verificou-se também que a maioria das crianças entrevistadas são direcionadas desde o 1º ano do ensino fundamental a buscar no acervo, apenas os livros da literatura infanto-juvenil, associado a cor amarela, o que impede a autonomia do usuário, limitando e engessando o seu comportamento informacional, o que deverá repercutir, de modo negativo, por toda sua vida estudantil e durante suas buscas de informação. Página869

Observou-se que, apesar de ser oferecida visita guiada para os alunos, com objetivo de explicar o funcionamento, organização e serviços da biblioteca, a atividade não está produzindo resultado eficaz na formação do usuário, assim como igualmente, não estimula o uso espontâneo da biblioteca. Conjectura-se que a causa para tal, deve-se ao fato da referida visita ser oferecida somente aos estudantes do 1 ano e apenas no início do ano letivo. Recomenda-se então, que a visita seja efetuada com mais frequência e com todas as turmas, considerando que entram alunos novos todos os anos, nos dois semestres e em todas as séries. Essa estratégia possibilitará que os alunos se familiarizem com o espaço de leitura, serviços e atividades da biblioteca, resultando na autonomia do usuário e na participação ativa dos mesmos. Os resultados desta investigação acentuam a necessidade de realização de estudo de usuário quando do planejamento da organização do acervo, a fim de que as necessidades dos utilizadores seja o ponto central de toda as atividades e serviços das unidades de informação, especialmente nas bibliotecas escolares. Uma vez que, as complexidades dos sistemas de classificação podem ser obstáculos à pesquisa escolar e a busca ativa da informação. REFERÊNCIAS AGUIAR, Niliane Cunha de. A organização da informação nas bibliotecas escolares: contribuições para competência informacional infantil. Biblioteca Escolar em Revista, Ribeirão Preto, v. 2, n. 1, p. 21-44, 2012. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/berev/article/view/106562/105159>. Acesso em: 9 jul. 2017. ANDRADE, Lucas Veras de et al. Os livros entre as cores e a conscientização de professores para o uso da biblioteca escolar. Biblioteca Escolar em Revista, Ribeirão Preto, v. 2, n. 1, p. 69-88, 2013. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/berev/article/view/106587/105182>. Acesso em: 9 jul. 2017. ANDRADE, Lucas Veras de. Por que não vou à biblioteca?: discursos e representações e sentimentos desvelados por sujeitos escolares através de desenhos. Biblioteca Escolar em Revista, Ribeirão Preto, v. 3, n. 2, p. 72-93, 2015. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/berev/article/view/106611/105205>. Acesso em: 9 jul. 2017. BEZERRA, Maria Aparecida da Costa. O papel da biblioteca escolar: importância do setor no contexto educacional. CRB-8 Digital, São Paulo, v. 1, n. 2, p. 4-10, out. 2008. Disponível em:<http://revista.crb8.org.br/index.php/crb8digital/article/viewfile/24/24.>. Acesso em: 4 Página870

jan. 2016. CRUZ, Vera Maria Borges da. Bibliotecas escolares municipais da cidadestudo sobre a organização do acervo e do Rio Grande: estudo sobre a organização do acervo. 2013. 51 f. Monografia (Especialização) - Curso de Biblioteconomia, Instituto de Ciências Humanas e da Informação, Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, 2013. Disponível em: <http://repositorio.furg.br/handle/1/5961>. Acesso em: 15 nov. 2017. DALFOVO, Michael Samir; LANA, Rogério Adilson; SILVEIRA, Amélia. Métodos quantitativos e qualitativos: um resgate teórico. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, Blumenau, v.2, n.4, p. 1-13, 2008. Disponível em: <http://www.unisc.br/portal/upload/com_arquivo/metodos_quantitativos_e_quali tativos_um_resgate_teorico.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2016. GASQUE, Kelley; COSTA, Sely. Evolução teórico-metodológica dos estudos de comportamento informacional dos usuários. Revista Ciência da Informação, Brasília, v.39, n.1, p.21-32, jan./abr. 2010. KIESER, Herta; FACHIN, Gleisy Regina Bóries. Biblioteca escolar: espaço de interação entre bibliotecário-professor-aluno-informação um relato. Santa Catarina: UFSC, [s.n],14 p. Disponível em:<http://www.geocities.ws/biblioestudantes/texto_28.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2016. MELO, Maurizeide Pessoa de; NEVES, Dulce Amélia de Brito. A importância da biblioteca infantil. Biblionline, João Pessoa, v. 2, n. 1, p. 1-8, 2005. Disponível em: <http://www.biblionline.ufpb.br/arquivos2/arquivo6.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2017. NEVES, José Lus. Pesquisa qualitativa: características, usos e possibilidades. Cadernos de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 1-5, 1996. PINHEIRO, Mariza Inês da Silva. Classificação em cores: uma metodologia inovadora na organização das bibliotecas escolares do município de Rondonópolis-MT. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v.7, n. 1, p. 163-179, jul./dez. 2009. Disponível em:<http://www.sbu.unicamp.br/seer/ojs/index.php/rbci/article/view/449/307>. Acesso em: 4 jan. 2016. Página871