Diagnóstico do Polo Cerâmico de Campos dos Goytacazes - RJ



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Transcrição:

Diagnóstico do Polo Cerâmico de Campos dos Goytacazes - RJ Izabel de Souza Ramos*, Maria da Glória Alves*, Jonas Alexandre Laboratório de Engenharia Civil LECIV, Oficina de Geologia e Geoprocessamento OFIGEO, Universidade estadual do Norte Fluminense UENF, Avenida Alberto Lamego, 2000, 28013-602 Campos do Goytacazes - RJ *e-mail: bell@uenf.br, mgloria@uenf.br Resumo: A Cidade de Campos dos Goytacazes está localizada na Região Norte do Estado do Rio de Janeiro, sendo o maior Município do Estado. A atividade cerâmica de Campos é considerada como estratégica para o desenvolvimento regional e estadual. A demanda ascendente do consumo dos produtos da cerâmica vermelha, a vasta disponibilidade de matéria-prima justifica investimentos para estabelecer em Campos o grande segmento cerâmico do Estado do Rio. Apesar de ser uma atividade de longo tempo na Região não se tem idéia concreta de seu dimensionamento e de seus processos tecnológicos. Desta forma, o presente trabalho fez um levantamento básico, produzindo um acervo com dados inéditos sobre o pólo industrial cerâmico, tais como: dimensionamento do Parque Cerâmico do Município de Campos dos Goytacazes e dados mostrando temperatura de queima, secagem, tipo de forno, volume de matéria-prima, produto comercializado, mercado consumidor, etc. Palavras-chave: indústria cerâmica, cerâmica vermelha, Campos do Goytacazes, banco de dados 1. Introdução Os parâmetros sócio-econômicos que envolvem a atividade cerâmica de Campos, pelos níveis de produção já alcançados a credenciam como estratégica para o desenvolvimento regional e estadual. Portanto, tem-se como fundamental conhecer a realidade presente na área objeto das minerações, sob todos os aspectos, principalmente os de natureza mineral, ambiental, econômica e social. Com vista a desenvolver um programa concreto de organização, planejamento e disciplinamento da atividade de extração mineral. A demanda ascendente do consumo dos produtos da cerâmica vermelha, a vasta disponibilidade de materiais de excelente qualidade e as facilidades de extração e transporte justifica investimentos para estabelecer em Campos o grande segmento cerâmico do Estado do Rio de Janeiro. São mais de 100 empresas, com 6.000 empregos diretos, que constituem apoio básico a outra atividade econômica de alta relevância no Estado; a construção civil. Apesar da Indústria de Cerâmica Vermelha, ser uma atividade de longo tempo na Região, não se tem idéia concreta de seu dimensionamento e de seus processos tecnológicos. Desta forma, foi criado um banco de dados das industrias cerâmicas do Município, montado através de questionário realizado durante trabalho de campo e ao mesmo tempo foram coletadas as coordenadas através de um aparelho de GPS, Geoexplorer 3. A seguir foram plotadas, em imagem de satélite Spot, as coordenadas das cerâmicas; para tal foi utilizado o programa Arc View. 1.1. Área de estudo A cidade de Campos dos Goytacazes está localizada na região Norte do Estado do Rio de Janeiro, aproximadamente a 279 Km da capital estadual, Rio de Janeiro, com uma área de 4.037 Km 2, sendo o maior município do Estado (Figura 1) e possuindo uma população de 406.989 habitantes 1. A quase totalidade do município possui um relevo suave, com declividades bem baixas; a pluviosidade oscila em torno da média anual de 950 mm e a temperatura média é de 23 C com a média das máximas de 29 C e a média das mínimas de 19 C. Os ventos predominantes são de NE, oriundos do centro anticiclônico semipermanente do Atlântico Sul. Os ventos de N e os de S são esporádicos 2. 28 A área de concentração das cerâmicas encontra-se à margem direita do Rio Paraíba do Sul, ao longo da estrada RJ-216 que liga Campos ao Farol de São Tomé no litoral. Atualmente, a economia de Campos tem como destaque às indústrias açucareiras e as cerâmicas. Além delas, a exploração de petróleo na Bacia de Campos é responsável, por 80% da produção nacional de petróleo e 40% de gás natural 3. As indústrias cerâmicas de Campos são mais de 100 sindicalizadas, gerando cerca de R$ 168 milhões por ano, com uma produção estimada de 75 milhões de peças por mês; estando a sua localização concentrada em torno da estrada RJ-216 e arredores. A produção delas é baseada em lajotas para lajes, tijolos e telhas, segundo informações verbais do Sindicato dos Ceramistas de Campos. O Pólo Ceramista de Campos é o segundo maior produtor de tijolos do Brasil, saem do Município por volta de 400 caminhões por dia carregados de mercadorias e a produção é basicamente vendida para os mercados do Grande Rio, Sul Fluminense, Zona da Mata Mineira e Espírito Santos 4. Com a falência de três das cincos usinas de açúcar da Baixada Campista, as cerâmicas passaram a ser as grandes empregadoras da Região contratando cerca de seis mil pessoas, segundo informações do sindicato dos ceramistas de Campos. 1.2. Aspectos geológicos dos sedimentos argilosos na região O relevo continental da planície que constitui a feição geológicageomorfologica dominante do município de Campos é composto de sedimentos holocênicos de origem deltaica e aluvionar. Numa grande enseada na parte sudeste do Município, posteriormente fechada pelos cordões litorâneos, hoje Lagoa Feia, desaguava em delta, o Rio Paraíba do Sul. Associado a formação de deltas, o curso do Rio derivou até a sua formação atual 5. Os sedimentos holocênicos de base foram sendo soterrados sucessivamente pelos sedimentos das inundações tanto dos braços deltaicos como do próprio canal principal, dando origem então à planície de inundação atual. São, ainda, estreitamente ligadas ao processo de formação da planície de inundação e à deriva da foz do Paraíba, as transgressões e regressões marinhas, fatores de formação das lagunas e das restingas litorâneas 6. A sedimentação no

sub-ambiente de inundação, que interessa diretamente a atividade cerâmica é periódica e dominantemente clástica silto-argilosa. São sedimentos bem selecionados, com tendência de decréscimo da granulometria no sentido ascendente em cada ciclo de cheia. Constituem camadas horizontais com intercalações de lentes arenosas correspondentes a braços de correntes localizados 7. 2. Materiais e Métodos A seguinte metodologia foi empregada na elaboração deste trabalho. 2.1. Reconhecimento da área Levantamento dos endereços das cerâmicas no Sindicato dos Ceramistas. Posteriormente foi realizado reconhecimento in loco nas áreas nas quais estão localizadas. Brasil Rio de Janeiro Figura 1. Localização do Município. Localização Base IBGE - 2000 1:50.000 Campos dos Goytacazes 2.2. Compilação de dados Abrange o levantamento bibliográfico, listagem dos produtores da Região, fornecida pelo Sindicato Ceramista e Prefeitura Municipal. 2.3. Cadastramento da área O cadastramento da área foi realizado através um questionário, no qual constava: tipo de forno, temperatura de queima, tipo de combustível, produção, mercado consumidor, etc. Informações necessárias para a obtenção do diagnóstico do setor cerâmico da Região. Ao mesmo tempo foram obtidas as coordenadas geográficas das cerâmicas entrevistadas por meio de GPS. 2.4. Interpretação de dados Foi utilizado o software IDRISI 32 para o georreferenciamento e o tratamento digital da imagem, SPOT PAN (data de passagem: 25/08/1998). Esta imagem foi utilizada devido a sua resolução de 10 m, que permite uma boa visualização e espacialização do Parque Cerâmico. Para a criação do Banco de dados, usou-se o Excel. E para locação dos pontos e vetorização dos temas necessários (estradas, núcleos urbanos, hidrografia, etc.) empregou-se o software Arc View. 3. Resultados Através da metodologia empregada conseguiu-se obter um diagnostico do Pólo Cerâmico de Campos. Seguem-se abaixo os resultados obtidos. 3.1. Tabelas com as cerâmicas cadastradas Na Tabela 1, temos a identificação de cada cerâmica plotada no mapa (Figura 2). 7.595.000 38 Campos 53 19 60 23 83 N 41 76 35 92 49 70 8 18 52 63 97 2 16 25 84 46 39 59 7 21 29 28 48 32 20 3 24 51 27 85 88 31 36 77 93 1 67 96 44 82 30 95 12 10 90 47 33 45 37 54 57 56 50 62 75 78 94 64 55 91 17 4 14 87 79 81 99 15 61 26 65 5 11 73 58 9 6 42 13 22 69 34 74 43 7.571.000 Lagoa Feia 250.000 290.000 Figura 2. Imagem de satélite Spot com a espacialização do Parque Cerâmico de Campos. 29 71

Tabela 1. Legenda das Cerâmicas cadastradas e plotadas no mapa. 1 A.C. Cerâmica 50 Cerâmica Nogueira JR 2 A.C. Cordeiro Cerâmica 51 Cerâmica Nova Estrela 3 Arte Cerâmica 52 Cerâmica Olhos D água 4 Cerâmica N. S. do Rosário 53 Cerâmica Olivier Cruz 5 Cerâmica Santa Edwirges 54 Cerâmica Paraíso 6 Cerâmica A A. Ribeiro 55 Cerâmica Paus Amarelos 7 Cerâmica A Rodrigues 56 Cerâmica Pedro Xavier 8 Cerâmica Abud Wagner 57 Cerâmica Pessanha Azevedo 9 Cerâmica Agro I. Mussurepe 58 Cerâmica Pizzaiolo 10 Cerâmica Alto do Elizeu 59 Cerâmica Poço Gordo 11 Cerâmica Andrade Barcelos 60 Cerâmica Primeira 12 Cerâmica Azevedo Pinto 61 Cerâmica Radar 13 Cerâmica Barra do Jacaré 62 Cerâmica Santa Célia 14 Cerâmica Barreto de Campos 63 Cerâmica Santa Cruz 15 Cerâmica Batista Crespo 64 Cerâmica Santa Edwirges 16 Cerâmica Bom Lajota 65 Cerâmica Santa Fé 17 Cerâmica Brandão Azevedo 66 Cerâmica Santa Maria 18 Cerâmica Brilho do Sol 67 Cerâmica Santa Monica 19 Cerâmica Cacomanga 68 Cerâmica Santa Rita 20 Cerâmica Campista 69 Cerâmica Santander 21 Cerâmica Capororoca 70 Cerâmica Santo Amaro 22 Cerâmica Cazumbá 71 Cerâmica Santo Amaro de Campos 23 Cerâmica Chagas da Silva 72 Cerâmica São Bento 24 Cerâmica Cinco Estrelas 73 Cerâmica São Francisco Assis 25 Cerâmica Copacabana 74 Cerâmica São Pedro 26 Cerâmica Coqueiros 75 Cerâmica São Roque 27 Cerâmica Coqueiros-Filial 76 Cerâmica São Sebastião 28 Cerâmica Cordeiro de Almeida 77 Cerâmica Souza Azevedo 29 Cerâmica Cordeiro Nogueira 78 Cerâmica Souza Henrique 30 Cerâmica Cristal 79 Cerâmica Stilbe 31 Cerâmica Deus é Amor 80 Cerâmica T. Mariano 32 Cerâmica Dois Amigos 81 Cerâmica Tabatinga 33 Cerâmica Eiffel 82 Cerâmica Toledo 34 Cerâmica Freitas de Almeida 83 Cerâmica União 35 Cerâmica Goytacazes 84 Cerâmica União de C. Limpo 36 Cerâmica Henriques Areas 85 Cerâmica Vicalex 37 Cerâmica I. Vianna Barcelos 86 Cerâmica Wilson Crespo 38 Cerâmica Indiana 87 Cerâmica Xavier de Campos 39 Cerâmica Irmãos Cardoso 88 I. Comercio Manhães 40 Cerâmica Irmãos Gordinho 89 Olaria Barro Forte 41 Cerâmica J. Cordeiro 90 P.G.Cerâmica 42 Cerâmica Jacaré 91 Pau Brasil Cerâmica 43 Cerâmica Ki Joinha 92 Principado dos Tijolos 44 Cerâmica Kitan 93 R. P. Pessanha Cerâmica 45 Cerâmica Largo do Garcia 94 Rafael A Gama Cerâmica 46 Cerâmica Maria Bonita 95 S.S.A Cerâmica 47 Cerâmica Marlunil 96 Vipi Cerâmica 48 Cerâmica N. S. do Carmo 97 Wagner Linhares Cerâmica 49 Cerâmica N.S. da Vitória 98 Cerâmica São José 3.2. Espacialização do parque cerâmico Na Figura 2 temos a imagem de satélite spot com as cerâmicas plotadas. Esta Imagem mostra o pólo cerâmico, sua abrangência e a sua posição geográfica dentro do Município. Os números correspondem às cerâmicas da tabela acima. 30 3.3. Diagnóstico do pólo cerâmico de Campos Utilizando-se as informações obtidas durante o cadastramento, reconhecimento e compilação de dados pré-existentes foi possível obterse um diagnóstico preliminar do setor cerâmico do Município. Realizouse o cadastro de 98 cerâmicas, o qual será apresentado a seguir:

3.3.1. Matéria prima 3.3.4. Tipos dos fornos Oitenta e três cerâmicas consomem um total de 5.700 m3/dia de matéria-prima (Figura 3), as dezesseis restantes não informaram o seu consumo diário. Destas, cinqüenta e seis possuem jazidas próprias e vinte e oito arrendam suas áreas de explotação (Figura 4). As cerâmicas visitadas usam os seguintes tipos fornos: Hoffman (oitenta e cinco), caieira (sete), túnel (três), vagão (dois), câmara (um) e abóbada (um). As Figuras 7, 8 e 9 mostram os três tipos de fornos que são a maioria na região: Túnel, Caieira e Hoffman. 3.3.2. Secagem Em relação ao tipo de secagem, somente três cerâmicas utilizam estufa (Figura 5). As outras cerâmicas secam os seus produtos ao ar livre (Figura 6). 3.3.3. Processo de queima Os processos de queima utilizados para a produção são baseados na queima de lenha, óleos combustíveis e gás natural. Dentre das cerâmicas cadastradas predomina a queima a lenha, onze usam lenha e gás natural, uma utiliza lenha e óleo diesel (Cerâmica Cazumbá) e duas utilizam somente gás (Cerâmica Primeira e União). Sendo que a cerâmica Primeira fechou em 2004. Porém, com a aprovação da Lei Estadual 3916, que prevê a redução de 12% na alíquota do ICMS do gás utilizado na queima dos tijolos e de 20% no preço do produto, mais cerâmicas aderirão ao gás natural. Segundo a ANICER8 a secretaria estadual de fazenda liberou o cadastro de 18 empresas que serão beneficiadas com a redução. Figura 5. Secagem em estufa. Figura 3. Local de estocagem de matéria-prima. Figura 6. Secagem ao ar livre. Figura 4. Vista aérea da área de explotação. Figura 7. Forno túnel. 31

Figura 8. Forno caieira. industrial; a exploração mineral; a agricultura e monitorar de forma objetiva, os impactos ambientais. Com relação ao diagnóstico apresentado observa-se a disparidade tecnológica entre as indústrias locais. De um lado, representado a minoria, tem-se o ceramista detentor dos processos de produção mais atualizado (fornos túneis, secadores e outras estruturas automatizadas) e de outro lado, os que ainda trabalham com sistema um tanto quanto rudimentares. Os processos de queima utilizados para a produção, da maioria das cerâmicas, são baseados na queima de lenha e óleos combustíveis levando a certas restrições tais como: oscilações no poder calorífico, poluição ambiental, etc. E a falta de uma metodologia de trabalho, leva a fabricação de produtos com pouca uniformidade das peças, geometria irregular e baixa resistência 9. Analisando-se as etapas da produção do produto constata-se que a fase denominada como queima é muitas vezes uma das principais responsáveis pela qualidade das peças, assim como pelas perdas e pelo aumento do custo final dos produtos. Entre as principais vantagens do uso de gás natural, temos o aumento de produção e de qualidade dos produtos, além da redução de perdas industriais, maior valor agregado, mais postos de trabalho e maior proteção ao meio ambiente pela substituição da lenha pelo gás. Referências Figura 9. Forno Hoffman. 3.3.5. Temperatura de queima A maioria das cerâmicas queima em torno de 650 C, sendo que acima desta temperatura temos somente quatorze. 3.3.6. Produção Em relação aos produtos fabricados, a grande maioria das cerâmicas produz blocos para vedação e lajotas para laje, apenas três produzem tijolos maciços, quatro fabricam telhas e três produzem blocos estruturais. Esses produtos são comercializados para os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo (interior). 4. Conclusão Com o banco de dados criado foi possível espacializar e dimensionar o Parque Cerâmico do Município, o que será de extrema valia para Prefeitura e outros órgãos planejarem a expansão urbana e 1. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIAEE ESTATÍSTICA ESTAT STICA(IBGE). Estimativas de População. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 14 de junho de 2002. 2. PROJETO DE IRRIGAÇÃO E DRENAGEM DA CANA-DE-AÇÚCAR NA REGIÃO NORTE-FLUMINENSE (PROJIR). Estudos e Levantamentos Podológicos. Relatório. Rio de Janeiro, 1984. Relatório v. 1, Tomo 1 a 3. Datilografado. 3. Morais, L; Balbi, A. Municípios do Rio faturam com alta do preço internacional do petróleo. O Globo, Rio de Janeiro, 2ª Edição, 13 Ago. 2000. p.34. 4. Ribeiro, F. Cerâmicas substituem usinas e salvam a lavoura da Baixada. Monitor Campista, Campos dos Goytacazes, 23 dez. 2002. Economia, p. 3. 5. Martin, L; Suguio, K; Flexor, J. M; Dominguez, J. M. L; Azevedo, A. E. G. Evolução da Planície Costeira do Rio Paraíba do Sul durante o Quaternário: Influência das flutuações do nível do mar. In: Congresso Brasileiro de Geologia, XXXIII, 1984, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ABG, 1984. p 84-97. 6. Martin, L; Suguio, K; Flexor, J.M; Dominguez, J.M.L. Geologia do quaternário costeiro do litoral norte do Estado do Rio de Janeiro e Espírito Santos. Belo Horizonte: co-edição CPRM e FAPESP, 1997. 112 p. 7. Mendes, J.C. Elementos de estratigrafia. São Paulo: T. A. Queiroz, 1992. 572 p. 8. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS INDÚSTRIAS CERÂMICAS. Revista da ANICER, São Paulo, v. 5, n. 23, out/dez. 2002. 9. Alexandre, J. Análise de matéria-prima e composição de massa utilizada em cerâmicas vermelhas. 2000. 174f. Tese (Doutorado em Ciências de Engenharia) - Curso de pós-graduação em Ciências de Engenharia, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, RJ, 2001. 10. Ramos, I. S. Delimitação, caracterização e cubagem da região de exploração de argila no município de Campos dos Goytacazes. 2000. 83f. Dissertação (Mestrado em Ciências de Engenharia) - Curso de pósgraduação em Ciências de Engenharia, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, RJ, 2001. 32