UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO

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Transcrição:

1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO ORGANIZAÇÃO DO CURRÍCULO DO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO DA FACED/UFBA POR ÁREAS DE CONHECIMENTO III Seminário com as Escolas de Inserção dos Estudantes da LEdoC Carolina Nozella Gama Pesquisadora do grupo LEPEL/FACED/UFBA Membro da Equipe executora do curso de Licenciatura em Educação do Campo Roteiro de fala: Tragetória de vida trabalho no curso piloto de Licenciatura em Educação do Campo da UFBA há 1 ano, desde o 2º Tempo Comunidade. Participo das reuniões de áreas, dos espaços de formação do curso e do grupo LEPEL. Vou dividir minha fala em 2 partes: I - Organização curricular II - Trabalho que vem sendo desenvolvido no curso: realidade e possibilidades. Parte I Organização do currículo da LEC/UFBA PERFIL DO EGRESSO Formação geral para o conjunto dos estudantes em cada uma das áreas abaixo: 1) Linguagens e Códigos (Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira, Artes, Cultura Corporal); 2) Ciências Humanas (Filosofia, História, Psicologia, Sociologia, Geografia, Antropologia, etc.); 3) Ciências da Natureza e Matemática (Biologia, Física, Química, etc.);

2 4) Ciências Agrárias; Com aprofundamento em Linguagens e Códigos e Ciências da Natureza e Matemática tendo em vista um aprofundamento específico para a docência nos anos finais da Educação Fundamental e/ou na Educação Média. As áreas de aprofundamento foram escolhidas nos encontros com especialistas, movimentos sociais, professores e interessados no assunto, realizados na UFBA, onde chegou-se à conclusão que estas áreas representam a necessidade atual de formação do Homem do campo na Bahia. TITULAÇÃO O curso irá conferir aos formandos o diploma na modalidade de Licenciatura em Educação do Campo com habilitação para docência multidisciplinar no Ensino Fundamental anos finais (segundo segmento) e Ensino Médio. CONCEPÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR A proposta do curso aponta a direção de um currículo que tem como referência principal a formação humana e o modo de produção da vida, ou seja, as relações sócio-históricas, políticas e culturais das comunidades do campo e, em âmbito maior, de Estado e do País. O foco da educação é o educando, enquanto sujeito histórico, suas problemáticas e sua contextualização. Com aprofundamento da concepção de conhecimento, posicionamento crítico ante a ciência moderna e a questão sócio-ambiental do mundo atual, e as questões que tencionam a luta de classes no campo. Partimos da compreensão marxista de que todo o conhecimento, seja ele científico ou da prática social, é dado pela ação dos homens sobre a natureza e da sociedade pelo trabalho. Portanto, o eixo de todo conhecimento é o trabalho humano. Pretendemos desenvolver nossa proposta através do trato com o conhecimento, considerando outra forma de organizar o trabalho pedagógico para formação humana, tendo o trabalho como princípio

3 educativo. O conhecimento desenvolvido pelo trabalho humano - a ciência - se desenvolve através de diferentes linguagens e pela cultura. Isso corresponderá à articulação das áreas do conhecimento propostas, com uma base comum em que se viabilize a formação de: Unidade teoria e prática; Historicidade; Fundamentação teórica; Compromisso social; Trabalhos coletivos interdisciplinares; Unidade teórico-metodológica; Gestão democrática e participativa; Avaliação processual, coletiva, permanente. ORGANIZAÇÃO DO CURRÍCULO SEGUNDO O SISTEMA DE COMPLEXOS Garantir que os alunos se apropriem do conhecimento não em seqüências lineares, mas em rede, em tessituras de relações complexas, fazendo abordagens problematizadoras de saberes contextualizados geo-historicamente que despertem o debate e confronto em sala de aula e na comunidade. Nesta experiência de licenciatura, a proposta consiste em trabalhar a educação integral por meio da organização curricular que tenha como base um Sistema de Complexos, como indicação de possibilidade para alterar a organização do trabalho pedagógico e o trato com o conhecimento nos currículos escolares. O Sistema de Complexos traz em si elementos concretos para superar as contradições presentes nos currículos como a dicotomia entre teoria e prática, a descontextualização de conteúdos, a perda da historicidade do conhecimento, a diluição e superficialidade do conhecimento, as formulações generalizadas e conceitos, e a falta de aplicabilidade em situações concretas do conhecimento tratado. O trabalho pedagógico organizado a partir dos Complexos provoca o olhar particular de cada área do conhecimento, a situações problemáticas concretas, em uma perspectiva espiralada onde ocorrem as constatações, sistematizações, generalizações, explicações cientificas, experimentações, ampliação, aprofundamento e a transformação do real pela ação coletiva. O foco central do Complexo é, portanto, o fenômeno extraído da realidade, problematizado, de

4 forma ampla o suficiente para permitir o trânsito entre as diferentes percepções de mundo trazidas pela comunidade, gerando-se ações a partir do concreto para a elaboração do concreto no pensamento. No projeto piloto da Licenciatura do campo da UFBA, os Sistemas de Complexos devereriam ser delimitados considerando a teoria que explica a ontogênese do ser social e propõe ações pedagógicas para alterar as condições objetivas de produção da existência humana e da educação no marco do capital. A proposta inicial é estudar relações, nexos e determinações entre: 1. SER HUMANO E SUA RELAÇÃO COM A NATUREZA / TERRA 2. SER HUMANO E SUA RELAÇÃO COM O TRABALHO 3. SER HUMANO E AS RELAÇÕES COM SOCIEDADE 4. SER HUMANO E EDUCAÇÃO EXPLICAÇÃO: As áreas devem se organizar para discutir as relações entre os conteúdos específicos das disciplinas que possibilitem a explicação dos complexos. Ou seja, por meio dos fenômenos sociais que expressam a realidade social do campo, elencados a partir de cada um dos complexos, estabelecer os nexos e as relações entre os conteúdos de cada disciplina. Cada disciplina deve se perguntar: que conteúdos são fundamentais de serem trabalhados nesta disciplina para que os estudantes compreendam por meio das relações que se estabelecem no campo (particular) as relações gerais: homem natureza; homem sociedade; homem trabalho; homem educação. Complexo é a explicação de como o homem se torna homem; de como o ser humano conhece; de como ele se relaciona com os outros seres humanos e com a natureza. [Esta é a explicação geral da realidade, a ontogênese do ser social, só existe no plano do pensamento] O geral só é possível de ser captado no particular, ele se expressa no particular por exemplo, nas relações que se travam na realidade do campo. Por isso é necessário que cada área de conhecimento indique os conhecimentos necessários para desenvolver o pensamento científico dos educandos, listando-os em termos de fenômenos para organização de cada disciplina, pois é com os

5 fenômenos sociais particulares que conseguimos nos relacionar; são eles que podemos explicar e apreender. A partir desta estruturação por Complexos Temáticos, organiza-se o currículo base de cada área do conhecimento, levando sempre em consideração os nexos, as relações e as contribuições das especificidades do conhecimento historicamente construído para responder e tentar superar as problemáticas suscitadas pelos fenômenos sociais. NORMAS DE FUNCIONAMENTO DO CURSO Componentes Conteúdos curriculares de natureza científico-cultural, que compreendem: Núcleo de Estudos Básicos, Núcleo de Estudos Básicos Pedagógicos, Área Códigos e Linguagens / Área Ciências da Natureza e da Matemática. Seminários Integradores Integra o Núcleo de Estudos Integradores Optativas - mínimo de duas disciplinas optativas de Integra o Núcleo de Estudos Integradores Pesquisa e Prática Pedagógica (Corresponde à Prática de Ensino): Integra o Núcleo de Estudos Integradores Estágio Curricular Supervisionado: Integra o Núcleo de Estudos Integradores Trabalho de Conclusão de Curso Integra o Núcleo de Estudos Integradores Total Carga Horária 2.172 h 136 h 136 h 400 h 400 h 120 h 3.364 h ESTRUTURA E ARQUITETURA CURRICULAR Formação Básica A Formação Básica do Campo é orientada pelas seguintes questões: que sociedade e sujeito queremos construir? Que conhecimento são

6 necessários ao educador? Qual concepção de escola e de educação? Qual projeto político-pedagógico é necessário para as escolas dentro da realidade do campo? Formação Específica A Formação Específica é orientada pela questão: qual a formação necessária para o educador do campo atuar no Ensino Fundamental e Ensino Médio nas escolas do campo na área de Ciências da Natureza e Matemática, Linguagens e Códigos? Formação Integradora A Formação Integradora é orientada pela questão: qual a formação necessária para o educador do campo atuar no Ensino Fundamental e Ensino Médio, em práticas educativas escolares e não escolares, espaços formais e não formais e de gestão de processos educativos e desenvolvimento de propostas pedagógicas que visem a formação de sujeitos humanos autônomos e criativos capazes de produzir soluções para questões inerentes à sua realidade, vinculadas à construção de um projeto de desenvolvimento do campo e do país? NÚCLEO DE ESTUDOS BÁSICOS 1.224h ÁREA DISCIPLINAS CARGA HORÁRIA Introdução à Filosofia Introdução à Sociologia Introdução ao Estudo da História Introdução à Geografia

7 Sociologia Rural 1 - A Educação do Campo Ciências Humanas Metodologia Científica Cultura Corporal Biologia Ecologia Geral Química Geral I Ciências da Natureza e Matemática Física Geral e Experimental Matemática Geral I Linguagens e Códigos Leitura e Produção de Texto Dimensão Estética da Educação Geografia Agrária Educação Sócio-Ambiental Sociologia do Trabalho Ciências Agrárias NÚCLEO DE ESTUDOS INTEGRADORES 1.192h DISCIPLINAS Seminários Integradores Optativas CARGA HORÁRIA 136 h 136 h

8 Pesquisas e Práticas Pedagógicas I II - III IV (Corresponde à Prática de Ensino) DISCIPLINAS Estágio Supervisionado Didática Trabalho de Conclusão de Curso - TCC Educação e Tecnologias Contemporâneas Educação de Jovens e Adultos Organização da Educação Brasileira Psicologia da Educação Introdução à Gestão da Educação História da Educação (100 x 4) = 400 h CARGA HORÁRIA 400 h 120 h NÚCLEO DE ESTUDOS BÁSICOS PEDAGÓGICOS 476h

9 PERCURSO EDUCATIVO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 NÚCLEO DE ESTUDOS BÁSICOSB Fundamentos Filosóficos, Epistemológicos e Sociológicos Ser humano e sua relação homem-natureza Ser humano e sua relação com o trabalho Ser humano e suas relações com a sociedade Ser humano e educação Abordagens Métodos e Técnicas de Pesquisa e Trabalho de Conclusão de Curso NÚCLEO DE ESTUDOS ESPECÍFICOS fundamentos das áreas Linguagens e Códigos Ciências da Natureza e da Matemática Ciências Humanas e Sociais Ciências Agrárias ESPECÍFICO II Ciências da Natureza e da Matemática ESPECÍFICO I Linguagens e Códigos NÚCLEO DE ESTUDOS INTEGRADORES Prática de Ensino e Estágio Supervisionado, participação em seminários, atividades curriculares em comunidades (ACCs), projetos de iniciação científica, monitoria, extensão, vivências nas mais diferentes áreas do campo educacional, estágio curricular CARGA HORÁRIA RIA TOTAL: 3.364 h Parte II - Trabalho que está sendo desenvolvido: realidade e possibilidades Percurso curricular do curso 2008.2 EDCB51 Leitura e Produção de Texto EDCB52 Metodologia Científica EDCB53 Seminários Integradores FCH024 Introdução ao Estudo de História FCHD89 Introdução à Sociologia 2009.1 EDC B83 Cultura Corporal EDC287 Educação e Tecnologias Contemporâneas EDC064 Prática recreativa do voleibol

10 GEOA86 Introdução à Geografia 2009.2 EDCC14 Didática EDCC15 Dimensão Estética da Educação EDCC16 Pesquisa e Prática Pedagógica I EDCC17 Educação do Campo FCH327 Sociologia Rural I-A 2010.1 (atualmente matriculados) MAT038 Matemática Geral I BIO007 Biologia QUIA27 Química Fundamental I EDCC37 Educação Sócio- Ambiental GEOB25 Geografia Agrária Dificuldades e limitações: 1- Formação básica dificuldades com as disciplinas de Ciências da natureza e matemática (os estudantes não dominam os conhecimentos básicos referentes à biologia, química, física, matemática). Visto que, os estudantes não tiveram esta formação básica sólida, daremos um peso no Tempo Comunidade aprofundando os conceitos básicos destas disciplinas. - Como as outras universidades estão lidando com esta formação comprometida? - Como as outras universidades estão lidando com o Tempo comunidade? 2- Formação específica estamos num período de definição da área específica de habilitação do curso e de que maneira isto se dará. A proposta é habilitarmos, caso as áreas e os departamentos concordem, em português e matemática. 3 - O curso está engessado na organização curricular da universidade que departamentalizada. Nós não pudemos criar

11 disciplinas novas e nem mesmo contratar professores para o curso. Os conteúdos curriculares do curso estão distribuídos em disciplinas que ficam localizadas em departamentos. A cada módulo do curso passamos por um processo de convencimento dos professores junto aos departamentos para que os mesmos assumam as disciplinas; feito isso passamos por um processo de diálogo explicando sobre o curso e sobre a organização curricular e do trabalho pedagógico por áreas do conhecimento e por complexos. Os professores não comungam com a proposta do curso, ou por desconhecimento, eles não costumam explicar os fundamentos filosóficos de sua prática, ou por uma posição ideológica de classe. 4- É importante trabalharmos com os professores da universidade, pois Queremos tornar o curso permanente, por isso encaminharemos aos departamentos e ao colegiado das licenciaturas especiais um documento para a criação de novas disciplinas que atendam nossa perspectiva de formação humana integral. 5- os professores não pensam o curso, por isso não se envolvem, a não ser ministrando sua disciplina específica. 6- Espaços de formação da equipe - Reuniões de áreas do conhecimento: Estas reuniões são o momento de discussão e formação para pensar o curso e desenvolver pesquisa sobre a prática destes professores e sua inserção no curso. Porém, apesar de realizarmos reuniões de áreas desde 2008, só agora no segundo semestre de 2009 conseguimos completar as equipes de áreas. Atividades de formação previstas - Seminários integradores sobre: - Ontogênese do ser social - Sistema de complexo e org. trab. Ped. Freitas - Psicologia histórico cultural como o ser humano aprende Ligia Martins - Como se estrutura a sociedade capitalista

12 - As áreas desenvolverão oficinas para avaliação do acúmulo que tiveram até o momento e para planejamento da intervenção futura. 7- Nos espaços de discussão e elaboração do trabalho a ser desenvolvido pelas áreas nas disciplinas, a compreensão dos professores ainda não se aproxima da compreensão de complexos de Pistrak. Acabam criando uma proposta de trabalho artificial, não garantindo que:... cada disciplina não perca de vista, em seu trabalho independente, a relação que a liga ao complexo geral, e faça tudo para esclarecê-la, fixando a atenção dos alunos na idéia fundamental que é comum a todo o complexo. (Pistrak, 2000, p. 150) Exemplo - Trabalho de visita a EMBASA: No último tempo escola (IV) as áreas de Ciências da natureza e matemática planejaram sua entrada com o núcleo de estudos básicos (matemática, física, química e biologia), e dialogando com as outras áreas propuseram uma visita à EMBASA (Empresa Baiana de Águas e Saneamento de Salvador). A partir da visita os estudantes foram orientados a elaborarem relatórios utilizando diferentes linguagens (audio, fotos, vídeo e escrito). Logo de saída os estudantes questionaram o objetivo da elaboração dos relatórios, e os professores não souberam explicar muito bem o porquê da proposta. Identificamos nos trabalhos a superficilidade dos conteúdos estudados, a não formação de conceitos. Os trabalhos dos estudantes demonstraram uma boa forma, mas foram esvaziados do conhecimento sistematizado, restringiram-se a descrição e repetição dos fatos vistos e aos conhecimentos do senso comum. O que fizeram bem e apareceu de forma explicita foi o exercício de problematização das informações recolhidas em entrevistas feitas com o técnico da EMBASA. 4 Dificuldades na auto-organização dos estudantes. Esta só acontece durante o Tempo Escola, nossos alunos não são de movimentos sociais.

13 Avanços e possibilidades: 1 - Os estudantes do curso identificaram que o trabalho desenvolvido no último Tempo Escola não foi um trabalho por áreas organizado segundo a idéia de complexos. Pois, os estudantes estão sendo formados na base teórico-metodológica desde o início do curso. Os estudantes identificam quando a base teórico-metodológica dos professores não se identifica com a base proposta no curso. Isso de dá, pois, na Formação integradora conseguimos avançar na formação unidade teórico-metodológica da equipe e dos estudantes. As disciplinas - Seminários integradores; Pesquisa e prática; Metodologia sob a responsabilidade do LEPEL se imbricaram. Para responder as questões: como o homem se torna homem? Como o homem conhece? Como o homem se relaciona em sociedade? Nestas disciplinas trabalhamos com grandes estudiosos da filosofia marxista, educação, educação do campo, questão agrária, como: - Roseli Caldart; - Miguel Arroyo; - Luis Carlos de Freitas Organização do trabalho pedagógico; - Filosofia de Marx - Sérgio Lessa e Ivo Tonet; - A questão Agrária - Neuri Rossetto; - Introdução à Filosofia de Marx - Sérgio Lessa; - Pedagogia histórico crítica e Psicologia histórico-cultural Newton Duarte. Nossos estudantes receberam os livros: - Fundamentos da escola do trabalho; - Escola Comuna; - Cadernos didáticos sobre Educação do Campo, participaram de uma oficina de avaliação dos cadernos. Concepção de educação do campo; Projeto Político Pedagógico; Organização do trabalho pedagógico; Currículo;

14 Financiamento; E os estudantes foram orientados, desde o início do curso, a realizarem o que chamamos de pesquisa didática (instrumento para aprenderem a fazer pesquisa social através da metodologia da pedagogia históricocrítica). É uma iniciação à pesquisa desde o 1º ano do curso, instrumento que auxilia o estudante a estabelecer relação entre teoria e prática. Esta pesquisa deve servir de base para orientar a prática dos professores, e posteriormente, para a elaboração do TCC. Tivemos avanços com esta pesquisa na área de Linguagens e códigos através da disciplina Educação e tecnologias contemporâneas, os estudantes elaboraram relatórios sobre a situação das TICs nos seus municípios e escolas. 2- Pólo de referência em estudo, pesquisa e ensino em Educação do Campo: - Nos fortalece, pois vamos agregar todos os professores que trabalham com Educação do Campo na UFBA. Realizaremos um seminário do pólo para discutir política de educação do campo, convidaremos os movimentos sociais e as referências que trabalham com Ed. do campo no Brasil. (Convidar Roseli para junho) 30 Notebooks para os estudantes. Facilitar o trabalho do Tempo Comunidade. 3- Bolsas PIBID - 15 bolsas para nossos estudantes. Vincularemos esta iniciação à docência às disciplinas de prática e estágio, que serão subsidiadas pela pesquisa didática e por um projeto de estágio (em construção); REFERÊNCIA BÁSICA: COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. DUARTE, Newton. Vigotski e o aprender a aprender : crítica às apropriações neoliberais e pós-modernas da obra vigotskiana. Campinas: Autores Associados, 2000. FREITAS; Luiz Carlos. Critica a Didática e a Organização do Trabalho Pedagógico. Campinas/SP, Papirus, 1995.

15 MEC. Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Brasília, SECAD, 2002. MÉSZÁROS; I. Para além do capital. São Paulo, Boitempo, 2002. PISTRAK, M.M. Fundamentos da Escola do Trabalho. 1º ed. São Paulo, Expressão Popular, 2000. PISTRAK. A Escola Comuna. São Paulo, Expressão Popular 2009. Projeto político pedagógico do Curso de Licenciatura em Educação do Campo da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, 2005. SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 36ed. Campinas: Autores Associados, 2003..Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 2. ed. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1991. (coleção polêmicas do nosso tempo; v. 40).