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Transcrição:

Turma e Ano: 2016 (Master B) Matéria / Aula: Direito Eleitoral - 11 Professor: André Marinho Monitor: Paula Ferreira Aula 11 1. Registro de Candidatura O registro de candidatura é o instrumento pelo qual a justiça eleitoral analisa se aquele candidato preenche os requisitos necessários para concorrer a um cargo público. É neste momento que se verifica tanta as condições de elegibilidade quanto as causas de inelegibilidade. Quando se fala em registro de candidatura, há como fonte legislativa o Código Eleitoral (art. 82/102) e a Lei 9.504/97 (a partir do art. 7º), além das resoluções do TSE. A Convenção, tratada no art. 7º é a reunião do partido político, na qual é feita a escolha do representante e é o momento em que o partido político oficializa a realização ou não de coligações, ou seja, é na Convenção que o partido definirá se irá ou não se coligar a outro partido para disputar as eleições. Art. 7º As normas para a escolha e substituição dos candidatos e para a formação de coligações serão estabelecidas no estatuto do partido, observadas as disposições desta Lei. As coligações possuem uma data certa para serem realizadas, com base no art. 8º: Art. 8º A escolha dos candidatos pelos partidos e a deliberação sobre coligações deverão ser feitas no período de 20 de julho a 5 de agosto do ano em que se realizarem as eleições, lavrando-se a respectiva ata em livro aberto, rubricado pela Justiça Eleitoral, publicada em vinte e quatro horas em qualquer meio de comunicação. O art. 10º deve ser interpretado em conformidade com o art. 88 do Código Eleitoral. Este estabelece não ser admitido que o mesmo candidato dispute cargos diferentes na mesma eleição.

Além disso, é preciso lembrar que nas eleições majoritárias, onde há apenas um cargo em disputa, o partido ou a coligação apenas podem indicar um candidato. Atenção, pois no Senado, ora há a renovação de um terço, ora há a renovação de dois terços, o que significa que há eleições nas quais será escolhido dois senadores e outras, em que há o voto apenas em um. Assim, nos casos em que há dois senadores, o partido ou coligação podem indicar dois candidatos. Esta interpretação é extraída dos artigos 28, 46, 1º e 3º e art. 77, todos da Constituição da República. O grande problema reside na eleição proporcional (deputado federal, estadual, distrital, câmara dos vereadores, etc.). Quantos candidatos podem ser lançados para esta disputa? O art. 10º traz uma regra geral: Art. 10. Cada partido ou coligação poderá registrar candidatos para a Câmara dos Deputados, a Câmara Legislativa, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais no total de até 150% (cento e cinquenta por cento) do número de lugares a preencher, salvo: Por exemplo, na cidade de Petrópolis, são 15 vereadores. Então, cada partida ou coligação podem lançar até 22,5 candidatos. No próprio artigo 10º há a solução para os casos de fração: 4º Em todos os cálculos, será sempre desprezada a fração, se inferior a meio, e igualada a um, se igual ou superior. Esta é a regra geral, entretanto, há exceções, previstas nos incisos I e II do art. 10: I - nas unidades da Federação em que o número de lugares a preencher para a Câmara dos Deputados não exceder a doze, nas quais cada partido ou coligação poderá registrar candidatos a Deputado Federal e a Deputado Estadual ou Distrital no total de até 200% (duzentos por cento) das respectivas vagas; Ex. No Piauí, são 8 deputados federais e 24 na assembleia legislativa. Cada partido ou coligação poderá lançar para deputado federal, 16 candidatos e, para a assembleia legislativa, 48.

II - nos Municípios de até cem mil eleitores, nos quais cada coligação poderá registrar candidatos no total de até 200% (duzentos por cento) do número de lugares a preencher. Igual regra do inciso anterior, mas para os vereadores. 3º Do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo. É inegável que a participação masculina na política é grande e a feminina é pequena e, portanto, foi criada esta regra. Sobre o assunto, destaca- o acórdão de n. 16.632 do TSE, no qual foi estabelecido que não é possível preencher essa reserva de 30% com homens, sob pena de violar esta regra, entretanto, é possível que este percentual não seja observado quando há a substituição de candidato, deste que isso não caracteriza má-fé. O art. 89 do Código eleitoral trata da competência para registro: Art. 89. Serão registrados: I - no Tribunal Superior Eleitoral os candidatos a presidente e vicepresidente da República; II - nos Tribunais Regionais Eleitorais os candidatos a senador, deputado federal, governador e vice-governador e deputado estadual; III - nos Juízos Eleitorais os candidatos a vereador, prefeito e vice-prefeito e juiz de paz. Nos casos dos municípios em que há mais de um juiz eleitoral, o TRE será responsável por editar resolução disciplinando qual juiz será competente para registro. Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até as dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições. O último dia da convenção é dia 05 de agosto, assim, há um espaço entre 05 de agosto e 15 de agosto para proceder ao registro. O registro é realizado pelo delegado, nos termos no art. 94 do Código Eleitoral.

O parágrafo primeiro do art. 11 traz os documentos necessários para a efetivação do registro, in verbis: 1º O pedido de registro deve ser instruído com os seguintes documentos: I - cópia da ata a que se refere o art. 8º; II - autorização do candidato, por escrito; III - prova de filiação partidária; IV - declaração de bens, assinada pelo candidato; V - cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo cartório eleitoral, de que o candidato é eleitor na circunscrição ou requereu sua inscrição ou transferência de domicílio no prazo previsto no art. 9º; VI - certidão de quitação eleitoral; VII - certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da Justiça Eleitoral, Federal e Estadual; VIII - fotografia do candidato, nas dimensões estabelecidas em instrução da Justiça Eleitoral, para efeito do disposto no 1º do art. 59. IX - propostas defendidas pelo candidato a Prefeito, a Governador de Estado e a Presidente da República. Atenção ao parágrafo quarto do art. 11, que admite o registro individual do candidato, diante da inércia do partido ou da coligação: Art. 11, 4º Na hipótese de o partido ou coligação não requerer o registro de seus candidatos, estes poderão fazê-lo perante a Justiça Eleitoral, observado o prazo máximo de quarenta e oito horas seguintes à publicação da lista dos candidatos pela Justiça Eleitoral. Destaca-se, neste ponto, a questão da alfabetização. Se houver dúvidas por parte da justiça eleitoral, é possível a exigência da comprovação da alfabetização do candidato. Para isto, basta uma declaração de próprio punho do candidato, a apresentação da CNH (apenas

podem obter CNH aqueles que sabem ler e escrever) ou qualquer outro elemento que a justiça eleitoral julgue apto para comprovar a alfabetização. Os artigos 16-A e 16-B estabelecem que o candidato que está concorrendo sub judice tem o direito de participar de toda a campanha eleitoral, incluindo a acesso a rádio, televisão, doação, etc. Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior. Parágrafo único. O cômputo, para o respectivo partido ou coligação, dos votos atribuídos ao candidato cujo registro esteja sub judice no dia da eleição fica condicionado ao deferimento do registro do candidato. Aplica-se, aqui, a Teoria de Conta e Risco. Sendo indeferida em definitivo a candidatura, eventual votos que este candidato adquiriu serão nulos. Art. 16-B. O disposto no art. 16-A quanto ao direito de participar da campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito, aplica-se igualmente ao candidato cujo pedido de registro tenha sido protocolado no prazo legal e ainda não tenha sido apreciado pela Justiça Eleitoral.