Prevalência do consumo de drogas lícitas e ilícitas por estudantes universitários

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Transcrição:

SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. 2018 Jul.-Set.;14(3):144-150 DOI: 10.11606/issn.1806-6976.smad.2018.000342 Artigo Original Prevalência do consumo de drogas lícitas e ilícitas por estudantes universitários Claudineia Matos de Araujo 1 Carla Xavier Vieira 2 Claudio Henrique Meira Mascarenhas 1 Objetivo: avaliar o consumo de drogas lícitas e ilícitas por estudantes universitários e investigar associação com variáveis sociodemográficas. Método: trata-se de um estudo transversal, com 429 estudantes de 18-24 anos,responderam ao questionário sociodemográfico e o Teste de Triagem do Envolvimento com Álcool, Tabaco e outras Substâncias. Utilizou-se estatística descritiva, testes do qui-quadrado de Fischer. Resultados: as drogas mais utilizadas foram álcool, derivados do tabaco e hipnóticos/sedativos. O sexo masculino teve associação com maior uso de drogas como tabaco e maconha e consumo sugestivo de abuso para álcool. Conclusão: conclui-se que o álcool prevalece como substância mais utilizada, pertencer ao sexo masculino e não possuir religião, morar longe dos pais/parentes são fatores que podem influenciar no uso/abuso de drogas lícitas e ilícitas. Descritores: Estudantes; Drogas Ilícitas; Epidemiologia. 1 MSc, Professor Assistente, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié, BA, Brasil. 2 Fisioterapeuta. Endereço de correspondência: Claudineia Matos de Araujo Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Av. José Moreira Sobrinho, s/n CEP: 45210-506, Jequié, BA, Brasil E-mail: neialis@yahoo.com.br

Araujo CM, Vieira CX, Mascarenhas CHM. 145 Prevalence of licit and illicit drugs by college students Objective: evaluate the use of licit and illicit drugs by college students, and to investigate its association with sociodemographic variables. Method: this is a cross-sectional study, with 429 adults, 18-24 years, answered a questionnaire sociodemographic and Involvement Screening Test with Alcohol, Tobacco and Other Matter. Used to descriptive statistics and chi-square in Fisher. Results: the most used drug was the alcohol, followed by tobacco and hypnotics/ sedatives. The male was associated with greater use of drugs such as tobacco and marijuana consumption and a suggestive abuse to alcohol. Conclusion: it is concluded that alcohol prevails as the most widely used substance, that being male and do not have a religion, live away from their parents or relatives are factors that can influence the use and abuse legal and illegal. Descriptors: Students; Street Drugs; Epidemiology. La prevalencia de drogas lícitas e ilícitas por estudiantes universitarios Objectivo: evaluar el uso de drogas lícitas e ilícitas por estudiantes universitarios e investigar la asociación con variables sociodemográficas. Método: se trata de un estudio transversal, 429 alumnos de 18-24 años, respondió al cuestionario sociodemográfico y Participación test de cribado con alcohol, tabaco y otras sustancias. Se utilizó estadística descriptiva, pruebas de chi-cuadrado Fischer. Resultados: los fármacos más utilizados fueron el alcohol, el tabaco y los hipnóticos sedantes. El macho se asoció con un mayor uso de fármacos tales como el consumo de tabaco y la marihuana y sugestivos de abuso de alcohol. Conclusión: se concluye que el alcohol prevalece como sustancia más utilizada, ser hombre y no tener religión, que viven lejos de sus padres/familiares son factores que pueden influir en el uso/abuso de drogas lícitas e ilícitas. Descriptores: Estudiantes; Drogas Ilícitas; Epidemiologia. Introdução O consumo de drogas lícitas e ilícitas é bastante recorrente na sociedade atual, e a ingestão exacerbada dessas substâncias vem sendo avaliada como um problema de caráter social, sobretudo aos danos que acarretam a saúde (1-2). Droga é definida como qualquer substância, natural ou sintética que, uma vez introduzida no organismo vivo, pode modificar uma ou mais de suas funções, sendo que, as drogas lícitas são substâncias comercializadas livremente, de forma legal, podendo ou não estar submetidas a algum tipo de limitação de sua comercialização, e as ilícitas são aquelas cuja produção, comercialização e consumo são considerados crime, sendo proibidos por leis específicas (3). Existe na atualidade uma atenção especial ao uso de drogas entre os estudantes universitários, visto que, pesquisas revelam um nível de consumo mais elevado entre esses indivíduos do que na população em geral (4-5). Em todo o mundo estudos têm abordado o comportamento de universitários em relação ao uso dessas substâncias e no Brasil as pesquisas elucidam que a população mais atingida é a de universitários com faixa etária entre 18 e 24 anos (5-6). A Pesquisa Nacional sobre o uso de álcool, tabaco e outras drogas entre estudantes universitários realizados em 27 capitais brasileiras mostrou que 48,7% dos estudantes relataram o uso de drogas ilícitas em sua vida. Acredita-se que a autonomia que se insere na vida de muitos estudantes no

146 SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. 2018 Jul.-Set.;14(3):144-150. período de ingresso na universidade é fator preditor da vulnerabilidade que irá acarretar o início do consumo dessas substâncias, e o maior uso por essa população específica está relacionado a determinados fatores já identificados, como depressão, transtorno de personalidade antissocial, baixa auto-estima, falta de perspectiva de vida, estar à procura de novas sensações, disponibilidade da droga, fatores ambientais como altas taxas de criminalidade, morar longe dos pais, apresentar mais horas livres nos dias úteis e não possuir religião (7). O consumo abusivo de drogas entre os estudantes está relacionado a inúmeras implicações negativas tanto para saúde física e mental destes jovens quanto para a sociedade como: queda do desempenho acadêmico, prejuízo no desenvolvimento e na estruturação de habilidades cognitiva comportamental e emocional, danos ao patrimônio público, acidentes de trânsito, violência e homicídios (8). Tornou-se necessário identificar os fatores que contribuem para a iniciação e manutenção dessas substâncias na população jovem, pois o esclarecimento do processo pelo qual essa população fica exposta pode nortear o desenvolvimento de estratégias de prevenção. Os universitários da área da saúde constituem alvo de especial atenção no que se refere ao consumo de drogas, e esse enfoque diferenciado se deve pelo fato de que esses indivíduos futuramente estarão levando noções básicas de saúde à comunidade (9). Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi avaliar o consumo de drogas lícitas e ilícitas entre os estudantes universitários da área de saúde de uma universidade pública no interior da Bahia, bem como verificar sua associação com as variáveis sociodemográficas. Método Trata-se de um estudo do tipo descritivo-analítico, com delineamento transversal, realizado no período de agosto a novembro de 2014. O cenário da pesquisa foi o campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), no município de Jequié-Bahia, cuja amostra compreendeu 429 estudantes adultos jovens dos cursos de Fisioterapia (163), Medicina (42), Educação Física (36), Farmácia (50), Odontologia (99) e Enfermagem (39), os quais foram selecionados de forma aleatória. Os critérios de inclusão foram universitários com faixa etária entre 18 e 24 anos, que concordaram em participar da pesquisa firmando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e que estavam devidamente matriculados. Os dados foram coletados a partir de um questionário de caráter anônimo e autopreenchível subdividido em duas seções. A primeira seção referente aos dados sociodemográficos foi composta por variáveis como sexo, idade, estado civil (solteiro, casado, divorciado, viúvo e separado), etnia (parda, branca, preta, amarela e indígena), religião (católico, protestante, ateu, umbanda, candomblé, espírita e outra), curso de graduação, ano da matricula (início do curso) e tipo de domicílio (república, domicílio dos pais, domicílio de parentes, pensionato, sozinho e outro). A segunda seção referente à avaliação do consumo de drogas lícitas e ilícitas foi realizada através do Teste de Triagem do Envolvimento com Álcool, Tabaco e outras Substâncias (ASSIST). O ASSIST trata-se da versão em português do Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test (ASSIST), desenvolvido em um projeto multicêntrico coordenado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esse instrumento é estruturado em oito questões sobre o uso de nove classes de substâncias psicoativas (tabaco, álcool, maconha, cocaína, estimulantes, sedativos, inalantes, alucinógenos, e opiáceos) (10). As questões do ASSIST abordam a frequência de uso, na vida e nos últimos três meses, problemas relacionados ao uso, preocupação a respeito do uso por parte de pessoas próximas ao usuário, prejuízo na execução de tarefas esperadas, tentativas mal sucedidas de cessar ou reduzir o uso, sentimento de compulsão e uso por via injetável. Cada resposta corresponde a um escore, que varia de 0 a 4, sendo que a soma total pode variar de 0 a 20. Considera-se a faixa de escore de 0 a 3 como indicativa de uso ocasional, de 4 a 15 como indicativa de abuso e 16 a 20 como sugestiva de dependência (10). Para a análise dos dados, a variável idade ( 21 anos, >21 anos), foi categorizada adotando-se a mediana como referência. Os dados foram tabulados e analisados no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) - versão 20.0, sendo que, inicialmente, as variáveis sociodemográficas e relacionadas ao consumo de drogas foram submetidas à estatística descritiva com determinação das frequências absolutas e relativas para as variáveis categóricas; e das médias e desvio padrão (DP) para as variáveis quantitativas. As associações entre as variáveis dependentes (consumo de drogas) e as variáveis independentes (sociodemográficas) foram realizadas utilizando-se o Teste do Qui-quadrado (c 2 ) e o Teste exato de Fischer (para valores esperados menores que 5), sendo considerada a associação estatisticamente significativa quando o p-valor for < 0,05.

Araujo CM, Vieira CX, Mascarenhas CHM. 147 Esta pesquisa atendeu as normas da Resolução n 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde que normatiza a realização de pesquisa em seres humanos, sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, sob o protocolo n o 703.385, CAAE 31685314.9.0000.0055. No que se refere ao uso de drogas lícitas e ilícitas durante a vida, pode-se observar que a droga mais utilizada foi à bebida alcoólica (78,1%), seguidas pelos derivados do tabaco (9,1%) e hipnóticos/sedativos (8,4%) (Figura 1). Resultados A partir da análise dos dados sociodemográficos, observou-se que a média de idade dos estudantes entrevistados foi de 20,77(± 1,73) anos, sendo que 67,2% possuíam idade inferior ou igual a 21 anos. A maioria dos indivíduos era do sexo feminino (72,4%), solteiros (96,9%), etnia parda (56,8%), católicos (52,8%), e moravam em república (38,4%) (Tabela 1). Tabela 1. Distribuição das variáveis sociodemográficas em acadêmicos da área de saúde, Jequié, BA, Brasil, 2014 (n=429) Variáveis % resposta N % Sexo 98,8 Feminino 307 72,4 Masculino 117 27,6 Faixa etária 98,1 21 283 67,2 >21 138 32,8 Situação conjugal 98,8 Solteiro 411 96,9 Casado 11 2,6 Divorciado/separado 2 0,5 Religião 99,8 Católico 226 52,8 Protestante 115 26,9 Outra religião 58 13,6 Espírita 11 2,6 Ateu 9 2,1 Candomblé 7 1,6 Umbanda 2 0,5 Tipo de domicílio 99,5 República 164 38,4 Domicílio dos pais 127 29,7 Sozinho 55 12,9 Outro 43 10,1 Domicílio de parentes 19 4,4 Pensionato 19 4,4 Figura 1. Consumo de drogas lícitas e ilícitas pelos acadêmicos da área de saúde, Jequié, BA, Brasil, 2014 Ao verificar os escores de cada substância de acordo com o ASSIST, 76,9% daqueles que utilizaram tabaco fizeram de forma ocasional e 23,1% uso sugestivo de abuso. Em relação ao uso de álcool, 74,6% fizeram uso ocasional e 25,4% sugestivo de abuso. Quanto ao uso de maconha, 85,7% fizeram uso ocasional e 14,3% sugestivo de abuso. Os indivíduos que utilizaram sedativos fizeram uso de forma ocasional em 88,9% e 11,1% foram considerados sugestivo de abuso (Figura 2). As outras substâncias utilizadas pelos acadêmicos como cocaína/crack, estimulantes, inalantes, alucinógenos, opióides e outras foram classificadas como de uso ocasional. Na análise da relação entre as variáveis sociodemográficas e o consumo de drogas lícitas e ilícitas, observou-se que o uso dos derivados do tabaco foi mais frequente entre os indivíduos do sexo masculino (p=0,000), e àqueles que se declararam ateus (p=0,000). O uso de bebidas alcoólicas foi mais frequente em universitários de religião católica e ateu (p=0,000), e em indivíduos que residiam em repúblicas ou sozinhos (p=0,038). O uso de maconha obteve maior percentual entre os indivíduos do sexo masculino (p=0,009), e àqueles que se declararam ateus (p=0,000). Com relação ao uso de inalantes, o maior percentual foi encontrado em indivíduos que se declararam ateus (p=0,000), e nos estudantes do curso de Farmácia (p=0,015). Quanto à relação entre os escores do ASSIST e às variáveis sociodemográficas, observou-se que o sugestivo de abuso para bebidas alcoólicas foi mais frequente entre os acadêmicos do sexo masculino (p=0,010), e em indivíduos do curso de Educação Física (p=0,004) (Tabela 2).

148 SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. 2018 Jul.-Set.;14(3):144-150. Figura 2. Escore do uso de substâncias lícitas e ilícitas pelos acadêmicos da área de saúde, Jequié, BA, Brasil, 2014. Tabela 2. Associação das variáveis sociodemográficas com consumo de drogas lícitas e ilícitas entre acadêmicos da área de saúde, Jequié, BA, Brasil, 2014 Uso e Tipo de drogas Variáveis Sociodemográficas p valor Uso derivados do tabaco Sexo masculino 0,000* Uso derivados do tabaco Ateu 0,000* Uso de bebidas alcoólicas Religião católica/ateu 0,000* Uso de bebidas alcoólicas Tipo domicílio república/sozinho 0,038* Uso de Maconha Sexo masculino 0,009* Uso de Maconha Religião ateu 0,000* Uso de inalantes Religião ateu 0,000* Uso de inalantes Curso de farmácia 0,015* Sugestivo de abuso para bebidas alcoólicas Sexo masculino 0,010* Sugestivo de abuso para bebidas alcoólicas Curso de educação física 0,004* * Diferença estatística significativa em nível de 5%. Discussão No que diz respeito às características sociodemográficas dos estudantes universitários da área da saúde, evidenciou-se no presente estudo uma maior prevalência de jovens com faixa etária entre 18 e 21 anos, tal perfil também se observa em uma pesquisa realizada para verificar a prevalência de tabagismo e consumo de álcool entre os estudantes da Universidade Federal de Pelotas, onde a maioria dos estudantes possuía idade inferior a 20 anos (11-12). O achado referente à faixa etária pode estar relacionado ao fato de que nos dias atuais os estudantes estão iniciando sua busca por um nível superior cada vez mais jovens. Do total de sujeitos investigados no presente estudo, 72,4% pertenciam ao sexo feminino. Em uma pesquisa realizada para analisar a relação entre o uso de drogas e as normas percebidas pelos estudantes universitários dos cursos de Medicina e Enfermagem, entre seus pares no ABC paulista, foram encontrados resultados semelhantes ao nosso estudo onde 70,4% dos indivíduos eram do sexo feminino, assim como estudo realizado com o objetivo de traçar o perfil do uso de álcool e tabaco entre universitários do curso de graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo, onde 81% dos estudantes pertenciam ao sexo feminino. Essa predominância era fator esperado, pois a procura por cursos da área de saúde ainda ocorre em sua grande maioria por parte das mulheres (4,6,13). No que se refere ao estado civil, 96,9% dos indivíduos do presente estudo se declararam solteiros, corroborando com a amostra encontrada com uma porcentagem de solteiros de 97,9% que analisou comparativamente o consumo de álcool e expectativas do beber de homens e mulheres, com jovens universitários do curso de Medicina e Fisioterapia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (14). Esse fato se dá, principalmente, devido à idade jovem dos participantes da pesquisa. A etnia parda foi a mais frequente na amostra com um percentual de 56,8%. Estudo com objetivo de avaliar a associação entre o consu mo de tabaco, bebidas alcoólicas e drogas ilícitas e os fatores de proteção familiar com estudantes do ensino médio, encontrou indivíduos em sua maior parte que se declararam brancos com uma porcentagem de 40,1% (15). Foi identificado em outra pesquisa, a frequência de uso de drogas lícitas e ilícitas entre adolescentes estudantes da rede pública estadual no município de São Paulo,

Araujo CM, Vieira CX, Mascarenhas CHM. 149 que obteve uma porcentagem de 47,9% indivíduos que se declararam brancos (16). Esses dados diferem do encontrado no nosso estudo, no que diz respeito à classificação de etnia. O critério de autoclassificação utilizado no instrumento em muitos casos é dependente da percepção de cada indivíduo sobre si, o que pode tornar essa informação sugestionável, comprometendo o resultado dessa variável no presente estudo. Com relação à religião, a católica apresentou maior porcentagem com 52,8%, corroborando com os estudos, onde 51,5% se declararam católicos. Porém houve discordância com outro estudo, que teve como objetivos verificar o conhecimento do adolescente do Rio de Janeiro sobre as drogas lícitas e ilícitas, no qual a maior prevalência foi a religião evangélica com 40%. Já em outro estudo, 51,1% dos universitários não eram praticantes de alguma religião. Mais de 80% dos estudos publicados que investigaram a relação entre religiosidade e uso de drogas encontraram correlação inversa entre essas variáveis (2,4,14,16). Em relação ao tipo de domicílio, o mais frequente nesse estudo foi à república com 38,4%. Em outros trabalhos, verificou-se que 69,6% dos estudantes não residiam com os pais ou familiares, já em outro 66,8% dos estudantes residiam com os pais ou parentes, apontando na literatura que a presença dos pais ou parentes no domicílio exerce um efeito protetor quanto ao uso de drogas (12,14). No que se refere ao uso de drogas lícitas e ilícitas durante a vida, evidenciou-se nesse estudo que a droga mais utilizada foi à bebida alcoólica (78,1%) seguida pelos derivados do tabaco (9,1%) e hipnóticos/ sedativos (8,4%). Esse achado torna-se semelhante ao encontrado em estudo, onde as substâncias mais usadas foram, respectivamente, álcool (85,07%), tabaco (33,03%) e tranquilizantes (20,81%) (4). Outros trabalhos apresentaram dados semelhantes ao presente estudo, como o que traçou o perfil do uso de substâncias psicoativas entre os universitários do curso de Odontologia da Universidade Federal do Espírito Santo, obtendo um consumo de álcool de 87,9% e tabaco de 27%. Outro estudo que determinou o perfil epidemiológico do consumo de álcool e fatores relacionados entre os estudantes de ensino superior da área de saúde em uma cidade da Região Nordeste, o qual demonstrou que 90,4% dos indivíduos utilizaram álcool e 27,8% fizeram uso de tabaco na vida (11,13). O álcool é uma das substâncias consumidas cada vez mais cedo pelos jovens. Isso se deve ao fato de ser uma droga legalizada, de fácil obtenção, baixo custo e fartamente propagandeada, facilitando assim, o seu consumo precoce e difundido. Essa utilização está associada à várias consequências negativas e é uma das principais causas de morbidade e mortalidade entre estudantes universitários. A sua venda restrita a indivíduos de maioridade ainda hoje não é estratégia suficiente para diminuição do seu consumo por parte dos jovens (2,7). Em relação ao resultado do escore do ASSIST, os estudantes da área de saúde foram classificados quanto ao consumo, em sua grande maioria, como de uso ocasional, de acordo com o nível de risco detectado pelo questionário, porém houve uso sugestivo de abuso para substâncias como álcool (25,4%), tabaco (23,1%), maconha (14,3%) e sedativos (11,1%). Devido à escassez de estudos que utilizaram o ASSIST, não foi possível correlacionar os resultados dos escores com os do presente estudo. Porém, em estudo que utilizou o questionário AUDIT, foi observado o uso problemático para álcool em homens e mulheres com 30,6% e 14,6%, respectivamente (14). Em estudo foi encontrado um padrão de uso de risco (de moderado a alto) para o álcool (16,3%) e o tabaco (4,07%). Outro estudo observou um risco para o alcoolismo entre os alunos que relataram o consumo de álcool, 6,2% destes apresentaram resulta do positivo. Em relação ao tabagismo, 11,4% dos estudantes homens relataram que fumam regularmente ou nos fins-de-semana (4,12). Na análise da relação entre as variáveis sociodemográficas e o consumo de drogas lícitas e ilícitas, observou-se que o fator religião apresentou relação inversa com o uso dessas substâncias, visto que houve associação entre os usuários de álcool, tabaco, maconha e inalantes com indivíduos que não eram praticantes de alguma religião e que se declaravam ateus. Algumas pesquisas destacam a religião como fator protetor em relação ao consumo de drogas, onde indivíduos que possuam uma crença ou que se envolvam em atividades religiosas apresentem menos predisposição de se tornar usuário. Outra associação observada foi entre o sexo masculino e o uso de drogas como o tabaco, a maconha e um consumo sugestivo de abuso para o álcool, corroborando com estudo que verificou o uso na vida de substâncias psicoativas segundo o sexo, com o consumo de tabaco (36,9%) e maconha (23,1%), sendo maior no sexo masculino. Os homens apresentaram uma prevalência de uso abusivo de bebidas alcoólicas quase três vezes maior que as mulheres com uma porcentagem de 18,3%. Assim, os homens re presentam um grupo de maior risco em comparação com as mulheres, devido à busca de fatores que facilitem a convivência social, o ganho de autoconfiança, desinibição social e aumento da atratividade física/sexual (8,11,13). O uso de bebida alcoólica também teve associação com o tipo de domicilio dos indivíduos, sendo que a maioria que consumiam essa substância residia em república ou sozinho. A associação do uso dessas substâncias com o local de moradia pode ser explicado

150 SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. 2018 Jul.-Set.;14(3):144-150. pelo fato destes estudantes estarem vivenciando pela primeira vez a experiência de morar longe dos pais, com isso ocasionando uma possível ruptura de alguns hábitos e a adoção de novos (12). É importante ressaltar que o estudo apresentou limitações relacionadas ao tipo de desenho epidemiológico empregado, uma vez que um estudo transversal não permite o estabelecimento das relações de causa e efeito. Outra limitação foi à faixa etária estipulada como critério de inclusão, visto que isso por sua vez acarretou uma redução da amostra. Conclusão O ingresso no campo universitário representa uma importante fase de transição na vida dos jovens, porém relaciona-se a fatores de risco que podem levá-los a se engajar em condutas que comprometam a sua saúde, como o aumento do consumo de álcool, tabaco e outras drogas, visto que o ambiente universitário coopera para a situação ao se tornar um local de propaganda e apologia às drogas, sejam elas lícitas ou não. Considerando-se os resultados encontrados e a equivalência destes com outros estudos, conclui-se que o álcool prevaleceu como a substância mais utilizada entre os jovens, possivelmente devido a sua ampla propaganda e seu fácil acesso. Além disso, o estudo identificou que pertencer ao sexo masculino, não possuir alguma religião e morar longe dos pais ou parentes constituem fatores que podem influenciar no uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas. Por sua vez, outras pesquisas serão importantes para identificar os fatores e compreender as motivações que levam os estudantes universitários a consumirem essas substâncias cada vez mais cedo, com o intuito de subsidiar ações de prevenção nesta população, sensibilizando e informando os jovens sobre as consequências do uso e dependência. Referências 1. Henrique IFS, De Micheli D, Lacerda RB, Lacerda LA, Formigoni MLOS. Validação da versão brasileira do teste de triagem do envolvimento com álcool, cigarro e outras substâncias (ASSIST). Rev Assoc Med Bras. 2004;50(2):199-206. 2. Zeitoune RCG, Ferreira VS, Silveira HS, Domingos AM, Maia AC. O conhecimento de adolescentes sobre drogas lícitas e ilícitas: uma contribuição para a enfermagem comunitária. Esc Anna Nery. 2012;16(1):57-63. 3. Gasparini HD. Uso de drogas entre estudantes universitários [Dissertação]. Campo Grande: Universidade Católica Dom Bosco; 2003. 4. Santos MVF, Pereira DS, Siqueira MM. Uso de álcool e tabaco entre estudantes de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo. J. bras. psiquiatr. 2013; 62(1): 22-30. 5. Nemer ASA, Fausto MA, Silva-Fonseca VA, Ciomei MH, Quintaes KD. Pattern of alcoholic beverage consumption and academic performance among college students. Rev Psiquiatr Clín. 2013;40(2):65-70. 6. Oliveira HP Junior, Brands B, Cunningham J, Strike C, Wright MGM. Percepção dos estudantes universitários sobre o consumo de drogas entre seus pares no ABC Paulista, São Paulo, Brasil. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2009;17:871-7. 7. Wagner GA, Oliveira LG, Barroso LP, Nishimura R, Ishihara LM, Stempliuk VA, et al. Drug use in college students: a 13-year trend. Rev Saúde Pública. 2012;46(3):497-504. 8. Peuker AC, Fogaca J, Bizarro L. Expectativas e Beber Problemático entre Universitários. Psicol: Teor Pesq. 2006;22(2):193-200. 9. Silva LVER, Malbergier A, Stempliuk VA, Andrade AG. Fatores associados ao consumo de álcool e drogas entre estudantes universitários. Rev Saúde Pública. 2006; 40(2):280-8. 10. WHO ASSIST Working Group. The alcohol, Smoking and substance Involvement Screening Test (ASSIST): development, reliability and feasibility. Addiction. 2002; 97:1183-94. 11. Pedrosa AAS, Camacho LAB, Passos SRL, Oliveira RVC. Consumo de álcool entre estudantes universitários. Cad Saúde Pública. 2011;27(8):1611-21. 12. Ramis TR, Mielke GI, Habeyche EC, Oliz MM, Azevedo MR, Hallal PC. Tabagismo e consumo de álcool em estudantes universitários: prevalência e fatores associados. Rev Bras Epidemiol. 2012;15(2):376-85. 13. Teixeira RF, Souza RS, Buaiz V, Siqueira MM. Uso de substâncias psicoativas entre estudantes de odontologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Ciênc Saúde Coletiva. 2010;15(3):655-62. 14. Fachini A, Furtado EF. Uso de álcool e expectativas do beber entre universitários: uma análise das diferenças entre os sexos. Psicol.: Teor Pesq. 2013;29(4):421-8. 15. Malta DC, Porto DL, Melo FCM, Monteiro RA, Sardinha LMV, Lessa BH. Família e proteção ao uso de tabaco, álcool e drogas em adolescentes, Pesquisa Nacional de Saúde dos Escolares. Rev Bras Epidemiol. 2011;14(Suppl 1):166-77. 16. Figueiredo R, Alves MCGP, Escuder MM, Pupo LR, Segri NJ. Uso de álcool e drogas entre adolescentes do Ensino Médio em São Paulo. Rev Saúde Mental. 2008; 45:41-2. Recebido: 18.11.2016 Aceito: 31.07.2018