Floração e viabilidade polínica em acessos de Cucurbita moschata

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Transcrição:

Floração e viabilidade polínica em acessos de Cucurbita moschata Kátia Maria Medeiros de Siqueira 1 ; Grace Kelly Leite de Lima 2 ; Manoel Abílio Queiroz 1 ; Diego Cézar dos Santos Araújo 1; Poliana Martins Duarte 1 ; Iure Lima Silva 1 ; Luan David Alcântara Campos 1 1 Universidade do Estado da Bahia-UNEB, Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais, A. Edgard Chastinet, s/n, Horto Florestal, CEP 48.900.000, Juazeiro-BA, katiauneb@yahoo.com.br, manoelabilio@terra.com.br, diego.uneb@gmail.com, eng.poliana_ duarte@hotmail.com, iurelsilva@hotmail.com, luandavid15@hotmail.com 2 UFERSA Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Avenida Francisco Mota, s/n, Caixa Postal 137, 59625-900, Mossoró RN. Departamento de Ciências Vegetais: gracelima_adv@yahoo.com.br RESUMO A agricultura tradicional do Nordeste brasileiro encerra uma rica diversidade em recursos genéticos vegetais de abóbora (Cucurbita moschata), podendo contribuir com genes úteis para os programas de melhoramento genético desta cultura. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo estudar o acompanhamento da floração e a viabilidade polínica de acessos oriundos do estado do Rio Grande do Norte. O experimento foi conduzido em área experimental, no Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais, Campus III, da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, Juazeiro- BA, em fileiras continuas, sendo cada tratamento correspondente a um acesso ou cultivar. Os tratamentos utilizados foram seis acessos de C. moschata: T1- ABTOU803, T2- ABTOU805F6, T3- ABAPO029, T4- ABTOU801F2, T5- ABPUN202F2, T6- ABPUN206F5, sendo o T7 referente a cultivar comercial Jacarezinho. As avaliações foram realizadas com o início da floração em três plantas de cada acesso ou cultivar. A floração das plantas foi acompanhada durante 60 dias, com registro das flores masculinas e femininas por planta, para a obtenção da relação sexual, e do período de emissão de flores por tipo floral. Também foram ensacados três botões florais masculinos de cada acesso ou cultivar para a obtenção dos dados de viabilidade polínica. Os resultados foram submetidos à análise de variância, com comparação das médias dos tratamentos pelo teste de Turkey, a 5% de probabilidade. O tratamento T3 apresentou a maior emissão de flores masculinas e femininas e uma menor relação sexual quando comparado aos demais tratamentos, garantindo um melhor equilíbrio entre os tipos florais. A viabilidade polínica variou de 81,29% para a cultivar Jacarezinho e 98,8 % para o T5, podendo ser considerada alta em todos os tratamentos. PALAVRAS-CHAVE: recursos genéticos vegetais, agricultura tradicional, biologia floral. ABSTRAT Flowering and pollen viability in accessions of Cucurbita moschata Traditional agriculture in Brazilian Northeast contains a rich diversity of genetic resources of pumpkin (Cucurbita moschata), which may contribute with useful genes for breeding programs of this culture. Thus, the present work aimed to monitor flowering and pollen viability of accessions from the State of Rio Grande do Norte, Brazil. The experiment was conducted in an experimental area at the Tecnology and Social Science Department, Campus III, University of Bahia UNEB in Juazeiro-BA. The experiments were carried out using continuous rows, and each treatment corresponding to an accession or cultivar. The treatments were six accessions of C. moschata named T1-ABTOU803, T2-ABTOU805F6, T3- ABAPO029, T4-ABTOU801F2, T5-ABPUN202F2, T6-ABPUN206F5 and the T7, which refers to commercial cultivar "Jacarezinho." The evaluations were performed when flowering in three plants per access or cultivar started. The flowering was monitored during 60 days, recording male and female flowers per plant to obtain the sexual relation, and the period of flowering by floral type. Three male flower buds from each accession or cultivar were packed to collect data of pollen Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2571

viability. The results were subjected to analysis of variance, comparing the average means of treatments using Turkey test at 5% probability. The treatment T3 presented the highest flowering of male and female flowers, and a lower sexual relationship when compared to other treatments, thus ensuring a better balance between floral types. Pollen viability varied from 81.29% for the cultivar "Jacarezinho" to 98.8% for accession T5and may be considered high in all treatments. Keywords- plant genetic resources, traditional agriculture, floral biology. O gênero Cucurbita é constituído por 24 espécies, cinco dessas cultivadas, destacando-se entre elas a abóbora (C. moschata), que apresenta um importante papel alimentar, nutricional e econômico na horticultura mundial, além da importância social devido à geração de empregos que proporciona (Ramos, 1996; Gonzaga et al., 1999). Esta espécie foi domesticada na América Latina, porém não se tem conhecimento do local específico (Barbieri & Stumpf, 2008). A abóbora é uma espécie monóica, ou seja, apresentam flores femininas e masculinas na mesma planta, e fecundação predominantemente cruzada, sendo realizada principalmente por insetos (Ramos et al., 2010). De acordo com a finalidade pretendida, as flores também podem ser polinizadas pelo homem (polinização controlada), visando a multiplicação de sementes, a autofecundação de plantas selecionadas em populações segregantes, a produção de populações segregantes para posterior seleção e a obtenção de híbridos interespecíficos para a introdução de genes de resistência a doenças em programas de melhoramento genético (Romano et al., 2008). Por ser uma espécie de polinização cruzada, a abóbora apresenta uma grande variação nas características vegetativas e fruto (Romano et al., 2008). Isto foi evidenciado pela larga variabilidade encontrada nas características de frutos de acessos de C. moschata coletados na agricultura tradicional do Nordeste brasileiro (Queiroz, 1993; Queiroz et al., 1999; Ramos, 1996; Ramos et al., 2000). A utilização da variabilidade genética é de grande importância para os melhoristas, podendo selecionar materiais genéticos úteis para novos cruzamentos entre parentais cultivados e espécies selvagens, o que pode oferecer possibilidades bastante interessantes para o desenvolvimento de novas cultivares com características desejáveis (Torres Filho, 2008). Sendo assim, o estudo da biologia floral e viabilidade polínica são aspectos que devem ser levados em consideração quando se pretende realizar trabalhos de melhoramento genético, especialmente quando se utilizam novas fontes de germoplasma que venham contribuir com genes úteis que possam ser selecionados e utilizados como fontes promissoras nos programas de melhoramento genético da referida cultura. Procurando contribuir com informações que possam subsidiar tanto a caracterização como possíveis programas de melhoramento genético de C. moschata, realizou-se o acompanhamento da floração e Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2572

a viabilidade polínica de acessos oriundos do Rio Grande do Norte. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido durante o ano de 2011 em área experimental, no Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS), Campus III, da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, Juazeiro-BA (09º24'S, 40º26'W), o clima é semiárido, com precipitação pluviométrica média anual de 484 mm, e chuvas concentradas de novembro a abril. O experimento foi conduzido em fileiras contínuas, sendo cada tratamento correspondente a um acesso ou cultivar. Neste trabalho foram utilizados seis acessos de Cucurbita moschata provenientes de diferentes municípios do Rio Grande do Norte: T1- ABTOU803, T2- ABTOU805F6, T3- ABAPO029, T4- ABTOU801F2, T5- ABPUN202F2, T6- ABPUN206F5 e T7 referente a cultivar comercial Jacarezinho. As sementes dos acessos, assim como da cultivar Jacarezinho foram semeadas em 07/07/2011 em bandejas de polietileno expandido para 200 células, utilizando substrato para hortaliças, sendo conduzida uma semente por célula. Após 20 dias as mudas foram transplantadas para o campo, dispostas no espaçamento de 5m entre sulcos por 3m entre plantas, onde foi conduzida uma planta por cova sob sistema de irrigação por sulcos em gravidade. As avaliações foram realizadas com o início da floração em três plantas de cada acesso ou cultivar. A floração das plantas foi acompanhada durante 60 dias, com registro das flores masculinas e femininas por planta para a obtenção da relação sexual, e do período de emissão de flores por tipo floral. Para a obtenção da viabilidade polínica, para cada acesso ou cultivar foram ensacados três botões florais masculinos em pré-antese, em plantas diferentes. No dia seguinte, pela manhã, retirava-se a flor e em laboratório o pólen era colocado em lâmina com posterior adição de Carmim acético a 2%; em seguida procedia-se a contagem de 300 grãos, sendo os mesmos classificados em viáveis, quando coravam, e inviáveis, quando não coravam. Os dados relativos à viabilidade polínica e número médio de flores por planta foram analisados através da análise de variância, com comparação das médias pelo teste de Turkey, a 5% de probabilidade. Todas as análises foram feitas no programa Statistica 6.0 (Statsoft, 2003). RESULTADOS E DISCUSSÃO As flores masculinas surgiram antes e em maior número que as flores femininas. Essa diferença em relação aos tipos florais depende de vários fatores, dentre eles, as condições edafológicas, climáticas e genéticas (Lattaro & Malerbo-Souza, 2006). Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2573

O número médio de flores produzidas por tratamento, independente do tipo floral (Figura 1), não apresentou diferença estatística entre eles. Porém, quando se analisou os tipos florais separadamente, observou-se que os acessos T3 e T7 diferiram significativamente dos demais tratamentos quanto ao número médio de flores masculinas, registrando os maiores valores (Tabela 1). Quanto ao número médio de flores femininas, o acesso T3 foi o que apresentou a maior média (Tabela 1). Com base nos dados apresentados na Tabela 1, pode-se verificar que os acessos T2 e T4 mostraram uma maior diferença entre o número de flores masculinas x femininas (relação sexual), chegando a 30:1. Os menores valores foram registrados para os acessos T3 e T6 (Tabela 1), diferente dos registros encontrados na literatura, que mostram uma variação bem abaixo da aqui registrada (Amaral & Mitidieri, 1966; Lattaro & Malerbo-Souza, 2006). As flores de abóbora disponibilizam néctar e pólen aos visitantes florais, porém, as flores femininas das plantas monóicas produzem mais néctar do que as masculinas, o que poderia ser uma estratégia para atrair as abelhas polinizadoras (Ashworth & Galetto, 2002). Assim, quanto maior o número de flores produzidas maior atração aos polinizadores e garantia de uma boa produtividade. Nesse sentido, o acesso T3 em relação a todos os outros, apresentou uma maior emissão de flores tanto masculinas como femininas e uma menor relação sexual, garantindo um melhor equilíbrio entre os tipos florais. A viabilidade polínica é um aspecto que deve ser levado em consideração quando se pretende realizar trabalhos de melhoramento genético, especialmente quando se utilizam polinizações controladas. Com relação aos tratamentos aqui estudados não houve diferença estatística entre eles, apresentando uma variação de 81,29% para a cultivar Jacarezinho e 98,8 % para o T5. Percentuais semelhantes foram registrados na Nigéria em três variedades diferentes de C. moschata (Agbagwa et al., 2007),e esses valores podem ser considerados como uma boa viabilidade. REFERÊNCIAS AGBAGWA IO; NDUKWU BC; MENSAH SI. 2007. Floral Biology, Breeding System, and Pollination Ecology of Cucurbita moschata (Duch. ex Lam) Duch. ex Poir. Varieties (Cucurbitaceae) from Parts of the Niger Delta, Nigeria. Turk J Bot. 31: 451-458. AMARAL E; MITIDIERI J. 1966. Polinização da aboboreira. Anais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 23: 121-128. ASHWORTH L; GALETTO L. 2002. Differential nectar production between male and female flowers in a wild cucurbit; Cucurbita maxima ssp. andreana (Cucurbitaceae). Canadian Journal of Botany, v. 80, p. 1203-1208. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2574

BARBIERI RL; STUMPF ERT. 2008. Origem e evolução de plantas cultivadas. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica. 909 p. GONZAGA V; FONSECA JNL; BUSTAMANTE PG; TENENTE RCV. 1999. Intercâmbio de germoplasma de cucurbitáceas. Horticultura Brasileira 17: 06-09. (Suplemento). LATTARO LH; MALERBO-SOUZA DT. 2006. Polinização entomófila em abóbora caipira, Cucurbita mixta (Cucurbitaceae). Acta Scientiarum Agronomy 28 (4): 563-568. QUEIROZ MA. 1993. Potencial do germoplasma de cucurbitáceas no Nordeste brasileiro. Horticultura Brasileira 11 (1): 7-9. QUEIROZ MA; RAMOS SRR; MOURA MCCL; COSTA MSV; SILVA MAS. 1999. Situação atual e prioridades do banco ativo de germoplasma (BAG) de cucurbitáceas do Nordeste brasileiro. Horticultura Brasileira 17: 25-29. (Suplemento). RAMOS SRR. 1996. Avaliação da variabilidade morfoagronômica de abóbora (Cucurbita moschata Duch.) do Nordeste brasileiro. Viçosa-MG: Universidade Federal de Viçosa. 71 f. (Dissertação de Mestrado em Genética e Melhoramento). RAMOS SRR; LIMA NRS; LUIZ DOS ANJOS J; CARVALHO HWL; OLIVEIRA IR; SOBRAL LF; CURADO FF. 2010. Aspectos técnicos do cultivo de abóbora na região Nordeste do Brasil. Documentos 154: 33. RAMOS SRR; QUEIROZ MA; CASALI VWD; CRUZ CD. 2000. Divergência genética em germoplasma de abóbora procedente de diferentes áreas do Nordeste. Horticultura Brasileira 18 (3): 195-199. ROMANO CM; STUMPF ERT; BARBIERI RL; BEVILAQUA GAP; RODRIGUES WF. 2008. Polinização manual de abóboras. Documentos 225: 25. STATSOFT. Statistica 6.0 for Windows. EUA Software. Tucksa, 2005. TORRES FILHO J. 2008. Caracterização morfo-agronômica, seleção de descritores e associações entre a divergência genética e a heterose em meloeiro. Mossoró: UFERSA. 150 p. (Tese de doutorado). Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2575

600 500 400 nº flores 300 200 100 0-100 1 2 3 4 5 6 7 Acessos Mean Mean±SE Mean±SD Figura 1. Comparação entre o número de flores produzidas durante o período de floração (60 dias) em acessos de Cucurbita moschata [comparison among the number of flowers produced during the flowering period (60 days) in the accessions of Cucurbita moschata]. Juazeiro, DTCS-UNEB. 2012. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2576

Tabela 1. Número médio de flores masculinas e femininas produzidas por acessos de aboboreira [average number of male and female flowers produced by accessions of pumpkin]. Juazeiro, DTCS- UNEB. 2012 1. Tratamentos Número médio de Número médio de Relação sexual flores masculinas flores femininas : T1- ABTOU803 104,66 ± 10,26 b 7,33 ± 3,05c 14 : 1 T2- ABTOU805F6 369,0 ± 128,38 a 12,75 ± 1,89a 29 : 1 T3- ABAPO029 400,66 ± 98,56 c 37,33 ± 13,50b 10,7 : 1 T4- ABTOU801F2 332,16 ±162,09 a 11,16 ±3,60c 29,7 : 1 T5- ABPUN202F2 355,66 ± 42,01 a 25,33 ± 13,57a 14 : 1 T6- ABPUN206F5. 218,33 ± 81,22 a 20,66 ±6,53a 10,5 : 1 T7- Cultivar Jacarezinho 457,33 ± 60,69 c 16,33 ± 4,16a 28 : 1 1 Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% (Means followed by the same minuscule letter in the column do not differ statistically by Tukey test at 5%). Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2577