AVALIAÇÃO DO POTENCIAL FUNGICIDA DE NOVAS MOLÉCULAS DE TRIAZÓIS NO CONTROLE DE Asperisporium caricae

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL FUNGICIDA DE NOVAS MOLÉCULAS DE TRIAZÓIS NO CONTROLE DE Asperisporium caricae Aline Barroso da Silva, Isadora Rodrigues Garcia, Mila Letice Sangali Mattos Ferreira, Breno Benvindo dos Anjos, Guilherme de Resende Camara, Adilson Vidal Costa, Vagner Tebaldi de Queiroz, Willian Bucker Moraes Centro de Ciências Agrárias e Engenharias, Universidade Federal do Espírito Santo, Alto Universitário, s/nº, Guararema - 29500-000 - Alegre - ES, Brasil, allinebs@live.com, isadorargz@hotmail.com, milasangali@hotmail.com, bbdanjos@gmail.com, camara.gdr@gmail.com, avcosta@hotmail.com, vagnertq@gmail.com, willian.fito@gmail.com Resumo A ocorrência da varíola do mamoeiro nos campos de produção reduz a área fotossintética das folhas com consequente redução na produção, produtividade e qualidade final dos frutos. Este estudo foi realizado com o objetivo de identificar novas moléculas com efeito fungicida no controle in vitro do fungo Asperisporium caricae, agente etiológico da varíola do mamoeiro. As moléculas de triazóis foram sintetizadas a partir do glicerol. O experimento foi conduzido em Delineamento Experimental Inteiramente Casualizado 13+1, no qual 13 moléculas de triazóis foram testadas na concentração de 150 mg/l + uma testemunha adicional contendo apenas o meio de cultura. O número de conídios germinados foi contabilizado, sendo considerados germinados quando seus tubos germinativos apresentavam o comprimento igual ou superior ao seu. Os resultados foram submetidos ao teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade, utilizando o programa estatístico R. A porcentagem da inibição da esporulação foi calculada segundo EDGINGTON et al., 1971. A eficiência das moléculas testadas variou entre 21,54 e 91,92%, tendo a maioria delas eficiência superior a 50%. Palavras-chave: controle químico, mamoeiro, pinta preta, Carica papaya Área do Conhecimento: Engenharia Agronômica Introdução Sendo o segundo maior país produtor de Carica papaya (mamão), com produção anual de 1,5 milhões de toneladas (correspondente a 12,6% da produção mundial), o Brasil destaca-se como segundo maior exportador, com aproximadamente 39,11 mil toneladas da fruta em 2017, destinados principalmente aos Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e Portugal (FAOSTAT, 2018). No panorama nacional de produção, a região nordeste destaca-se com 71,3% de toda a produção brasileira de mamão, concentrada em três principais estados: Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte. O estado do Espírito Santo, segundo no ranking dos maiores estados brasileiros produtores de mamão, produziu 17,6% de toda a produção nacional, safra de 2016, atrás apenas do estado da Bahia, com produção de 52,8% da produção nacional (EMBRAPA, 2016). O sucesso no cultivo do mamoeiro está estreitamente aliado ao desenvolvimento de técnicas de cultivo e de tecnologias pós-colheita que viabilizam a produção em larga escala (MEDINA et al., 2003). Todavia, a incidência de doenças nas áreas de produção pode reduzir a produção, a produtividade e a qualidade final do produto, reduzindo o valor de venda e, em alguns casos, tornando esta atividade economicamente inviável (Bergamin Filho & Kimati, 1997). A varíola do mamoeiro, causada pelo fungo Asperisporium caricae, é também conhecida como pinta preta do mamão e considerada como uma das principais doenças da cultura visto causar lesões nas folhas e frutos, com posterior desfolha, estando presente em quase todos os polos produtores (MEDINA et al., 2003; SILVA et al., 2008). O manejo fitossanitário da varíola do mamoeiro deve ser realizado preventivamente ou quando do surgimento dos primeiros sintomas da doença. Em condições favoráveis à doença, como períodos de alta intensidade de chuvas prolongadas, o controle químico deverá ser utilizado como uma das formas de controle. Os fungicidas do grupo químico dos triazóis atuam na inibição da síntese do ergosterol, que é um importante lipídio constituinte da membrana plasmática de fungos. O lipídio é produzido através da ação catalítica da acetil-coa. Se houver uma diminuição na quantidade de ergosterol presente na 1

membrana, ocorre o rompimento dessa e consequentemente o extravasamento de solutos iônios (GOMES, 2014). Metodologia O presente estudo foi conduzido no Laboratório de Epidemiologia e Manejo de Doenças de Plantas Agrícolas e Florestais (LEMP), pertencente ao Núcleo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Manejo Fitossanitário de Pragas e Doenças (NUDEMAFI), localizado no Centro de Ciências Agrárias e Engenharias da Universidade Federal do Espírito Santo, município de Alegre - ES (20º45 S, 45º29 W). Obtenção do inóculo Para a obtenção inóculo inicial, os isolados de A. caricae foram isolados de folhas de mamoeiro infectadas naturalmente pelo fungo. Em laboratório, os esporos foram removidos com auxílio de um estilete. Os conídios foram utilizados no preparo de uma suspensão de esporos, na concentração de 35 x 10⁵ esporos/ml. As moléculas inéditas de triazóis, a partir do glicerol, foram sintetizadas e cedidas pelo Grupo de Estudo Aplicado em Produtos Naturais e Síntese Orgânica (GEAPS), da Universidade Federal do Espírito. Teste de fungitoxidade dos solventes sobre a germinação dos conídios de A. caricae Testes in vitro referentes a fungitoxidade dos solventes sobre a germinação dos conídios de A. Caricae foram realizados a partir da metodologia adaptadade de Cruz (2017). Placas de Petri (60 x 15 mm) foram vertidas com meio de cultura ágar-água e meio de cultura + solventes (Demetilsulfóxido (DMSO) e Tween 80, nas concentrações de 1, 2, 3, 4 e 5%). Discos de 5 mm de diâmetro foram retirados das placas contendo meio de cultura + solventes, com o auxílio de um furador, e após a retirada, os discos foram posicionados no centro de cada Placa de Petri, contendo meio ágar-água. Adicionou-se 20 μl da suspensão de conídios sobre cada disco e, posteriormente, vedou-se as placas com filme de PVC. As placas foram acondicionadas em Câmara de Demanda Bioquímica de Oxigênio (BOD) sob temperatura de ± 27 C e fotoperíodo de 12 horas. Após 48 horas, uma gota de lacto glicerol foi depositada sobre cada disco. Os discos foram dispostos sobre lâminas de microscopia e posteriormente levados ao microscópio óptico, onde a contagem dos conídios germinados foi realizada com o auxílio de um hemacitômetro (Câmara de Neubauer). Considerou-se como conídios germinados aqueles em que o comprimento do tubo germinativo fosse igual ou superior ao comprimento do conídio. A partir dos dados obtidos calculou-se o percentual de conídios germinados para cada um dos tratamentos. Teste de fungitoxidade dos triazóis sobre a germinação dos conídios de A. caricae Após os testes com solventes, o efeito de 13 moléculas inéditas de triazóis foram testadas sobre o desenvolvimento do patógeno. O estudo foi conduzido em Delineamento Experimental Inteiramente Casualizado (DIC), com 14 tratamentos, sendo 13 moléculas de triazóis (T18; T29; T30; T31; T32; T33; T34; T35; T36; T37; T38; T39; T40) e uma testemunha contendo apenas o meio de cultura Ágar-Água (T0). Preparou-se uma suspensão com os conídios do patógeno, na concentração de 35 x 10⁵ esporos/ml, com o volume final ajustado de acordo com a concentração desejada. Os triazóis foram adicionados na concentração de 150 mg/l em placas de Petri (60 x 15 mm), contendo meio de cultura Ágar-Água. Outras placas de Petri foram vertidas apenas com o meio de cultura Ágar-Água. Retirouse discos de 5 mm de diâmetro das placas contendo meio de cultura + triazol e, posteriormente, três discos foram depositados em cada placa contendo apenas meio de cultura ágar-água. Sobre cada disco depositou-se 20 µl da suspensão de esporos. As placas foram vedadas com filme de PVC e acondicionadas em Câmara de Demanda Bioquímica de Oxigênio (BOD), em temperatura de ± 27 C e fotoperíodo de 12 horas. Após 24 horas os esporos germinados foram contados conforme metodologia anteriormente descrita. A porcentagem de esporos com a germinação inibida foi determinada a partir da fórmula de porcentagem de inibição da esporulação (PIE) (EDGINGTON et al., 1971): 2

PIE = 100 Dado que: PIE: Porcentagem da inibição da esporulação; Esp. Testemunha: valor da esporulação da testemunha; e Esp. Tratamento: valor da esporulação de cada tratamento. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e a comparação realizada através das médias pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade, com o auxílio do programa estatístico R (R CORE TEAM, 2018). Resultados Tendo realizado o teste de fungitoxidade dos solventes sobre a germinação dos conídios de A. caricae o solvente DMSO inibiu a germinação dos conídios na concentração de 1%. O segundo solvente, Tween 80, não inibiu o crescimento até a concentração de 5%, podendo ser utilizado na confecção das mesmas. Após efetuado o teste de fungitoxidade dos triazóis sobre a germinação dos conídios de A. caricae o percentual de inibição da esporulação dos conídios de A. caricae para cada tratamento estão dispostos na Tabela 1. Tabela 1. tratamentos e respectivas porcentagens da inibição da esporulação. Tratamento PIE(%) T0 T37 21,54 T35 52,14 T38 54,40 T33 55,60 T40 57,22 T36 58,16 T18 61,11 T34 63,55 T32 67,44 T29 75,34 T30 77,86 T39 85,17 T31 91,92 Discussão A partir dos resultados obtidos e dispostos na Tabela 1, pode-se observar que das 13 moléculas inéditas de triazóis testados neste trabalho, apenas uma teve eficiência de inibição menor que 50%. A eficiência de inibição das moléculas T31, T39, T30 e T29 foi superior a 70%, evidenciando seu efeito fungistático. Gomes (2014) após verificar a atividade fungicida de triazóis obtidos a partir de glicerol sobre Colletotrichum gloeosporioides, observou que parte dos triazóis testados apresentaram efeito fungistático prejudicando o desenvolvimento do fungo, todavia sem causar total inibição, mesmo que obtendo valores bem próximos de 100%. No presente estudo não foi observado efeito fungicida em nenhumas das 13 moléculas inéditas de triazóis testadas, o que pode ter ocorrido em função da concentração utilizada. Contudo, a redução da germinação de esporos fúngicos torna-se importante uma vez que estas são unidades propagativas, fonte de inóculo para novas epidemias. Essa redução ocorre devido ao mecanismo de ação dos 3

fungicidas do grupo químico dos triazóis, inibindo a síntese do ergosterol da membrana dos fungos (SILVA, 2014). Em estudos à campo, Barreto et al. (2011), avaliando fungicidas no controle de A. caricae em folhas de mamoeiro, relataram que os melhores resultados obtidos foram dos tratamentos a base de tebuconazol + trifloxistrobina, fungicidas do grupo químico dos triazóis, fato este que corrobora com os dados obtidos neste trabalho. Após avaliarem o efeito de fungicidas em campo e em laboratório para o controle da pinta preta, Vawdrey et. al. (2008) discorreram sobre o controle de A. caricae em parcelas tratadas com tebuconazol e difenoconazol. As parcelas tratadas com triazóis obtiveram uma menor incidência da doença do que as parcelas tratadas com metiram, ziram e mancozeb e parcelas sem tramamento. As plantas avaliadas que receberam tratamento com triazóis ainda possuíam mais folhas remanescentes. Conclusão A eficiência das moléculas inéditas de triazóis testadas neste trabalho variou entre 21,54 e 91,92%, tendo 92% destas moléculas eficiência superior a 50%. A eficiência de inibição das moléculas T31, T39, T30 e T29 foi superior a 70%, evidenciando seu potencial no controle de A. caricae. Referências BARRETO, L. F. Avaliação de fungicidas no controle de asperisporium caricae na cultura do mamoeiro. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal - SP, Volume Especial, E. 399-403, Outubro 2011. BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H. Doenças do mamoeiro Carica papaya L. In: GALLI, F.; TOKESHI, H. Manual de fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. São Paulo: Ceres, 1997. v.2, p. 486-496. CRUZ, T. P. da. Atividade De Novas Moléculas De Triazóis Sobre Hemileia vastatrix. 2017. 84 f. Tese (Doutorado) - Curso de Produção Vegetal, Fitossanidade, Universidade Federal do EspÍrito Santo, Alegre, 2017 EDGINGTON et al., 1971. Fungitoxic spectrum of benzimidazole compounds. Phytopathology 61: 42 44. GOMES, E. M. C.. Atividade Fungicida De Triazóis Obtidos A Partir De Glicerol Sobre Colletotrichum gloeosporioides. 2014. 71 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Produção Vegetal, Universidade Federal do EspÍrito Santo, Alegre, 2014. INCAPER - POLOS de Fruticultura - Mamão. Disponível em: <https://incaper.es.gov.br/fruticulturamamao>. Acesso em: 29 jul. 2018. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2014, Rio de Janeiro, RJ Brasil. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/producao_agricola/producao_agricola_municipal_[anual]/2013/pam2013.pdf> Acesso em 26 de agosto de 2018. L. L. VAWDREY et al. Field and laboratory evaluations of fungicides for the control of brown spot (Corynespora cassiicola) and black spot (Asperisporium caricae) of papaya in far north Queensland, Australia. Australasian Plant Pathology, 2008, 37, 552 558. R Core Team (2017). R: A language and environment for statistical compuntig. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. Disponível em: <https://www.r-project.org> Acesso em: 9 de maio de 2018. 4

SILVA, L. G. Isolamento e crescimento de Asperisporium caricae e sua relação filogenética com Mycosphaerellaceae. Dissertação Mestrado em Fitopatologia. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa MG, 2010. SILVA, M. V. da. Atividade fungicida de novos triazóis sintetizados a partir do glicerol sobre Fusarium guttiforme. 2014. 43 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Produção Vegetal, Universidade Federal do EspÍrito Santo, Alegre, 2014. SILVA, M.b. et al. Ação antimicrobiana de extratos de plantas medicinais sobre espécies fitopatogênicas de fungos do gênero Colletotrichum. A Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v. 3, n. 10, p.57-60, out. 2008. Semestral. VIVAS, J. M. S. Identificação E Caracterização De Fungos Hiperparasitas De Asperisporium caricae. 2014. 68 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Produção Vegetal, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, 2014. FAOSTAT. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Disponível em: < www.fao.org/faostat/>. Acesso em 30 ago. 2018. EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Produção brasileira de mamão 2016. Disponível em: < http://www.cnpmf.embrapa.br/base_de_dados/index_pdf/dados/brasil/mamao/b1_mamao.pdf>. Acesso em 30 ago. 2018. 5