TÍTULO: VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: TIPOS DE VIOLÊNCIA, PERFIL DA VÍTIMA, SUA DISTRIBUIÇÃO NO BRASIL E NA REGIÃO SUDESTE NOS ÚLTIMOS ANOS.

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Transcrição:

TÍTULO: VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: TIPOS DE VIOLÊNCIA, PERFIL DA VÍTIMA, SUA DISTRIBUIÇÃO NO BRASIL E NA REGIÃO SUDESTE NOS ÚLTIMOS ANOS. CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: Medicina INSTITUIÇÃO(ÕES): UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL - USCS AUTOR(ES): AMANDA OLIVEIRA DOMINGOS, ELISA CARVALHO IWAMOTO ORIENTADOR(ES): ANA MARIA DO AMARAL ANTONIO

1 1. RESUMO A violência contra a mulher é um fenômeno mundial, com índices ainda alarmantes, especialmente, em alguns países asiáticos, africanos e da América Latina; neste último, destaca-se o Brasil. Trata-se de trabalho retrospectivo, com consulta em sites oficiais de referência, com levantamento de dados estatísticos dos últimos 8 anos, cujo objetivo foi caracterizar a violência contra a mulher segundo a taxa de homicídios de mulheres, no Brasil com enfoque na região sudeste, segundo etnia negra e não negra, tipos de violência, número de atendimentos de mulheres vítimas de agressão no Sistema Único de Saúde (SUS), faixa etária, escolaridade, meio utilizado e local de ocorrência. Obtivemos maiores taxas de mortalidade na região nordeste; na região sudeste, os maiores índices concentraram-se no estado do Espírito Santo. A mulher de etnia negra mostrou-se ser mais vulnerável à morte por violência. Quanto ao número de mulheres vítimas atendidas pelo SUS, a violência física foi preponderante, na faixa etária jovem e adulta, o meio utilizado principal foi a arma de fogo e o local foi a via pública, seguida do ambiente doméstico. Neste sentido, políticas públicas voltadas para educação e capacitação ao trabalho, incluindo as cotas raciais, são de vital importância para que a mulher possa afastar-se do agressor, diminuindo as estatísticas de violência em nosso país. 2. INTRODUÇÃO A Organização das Nações Unidas (ONU), em 2006, definiu o termo violência contra a mulher como todo ato de violência praticado por motivos de gênero, dirigido contra uma mulher 1. O maior número de casos dessa violência é cometida pelo parceiro da vítima, além disso, a maioria também ocorre na própria residência. Devido à dependência financeira e emocional essa vítima tende a permanece nesse relacionado abusivo, surgindo a oportunidade para eventos cíclicos de violência. Os tipos de violência, geralmente, são de natureza física, sexual, moral e psicológico, em grande parte cometidos pelo parceiro, no ambiente doméstico 2. Os crimes sexuais (Lei 12015/2009) são um fenômeno universal que atingem a população sem distinção de gênero, idade, etnia ou classe social, religiões e culturas. Apesar de ser um crime crescente em todo o mundo, sua incidência real e prevalência não é totalmente conhecida, pela sua subnotificação. Devido ao aumento crescente

2 deste tipo de crime, este fato tem tido impacto no sistema de saúde pública e exige que o profissional de saúde tenha ainda conhecimentos apropriados de sexologia forense 3. As consequências físicas e emocionais das mulheres vítimas de violência desse tipo são cruéis, pois elas têm duas vezes mais chance de sofrer aborto e duas vezes mais chance de desenvolver depressão do que aquelas que não sofreram esse crime e, por isso, um problema social, cultural e da saúde 4. No mundo, 35% das mulheres já sofreram violência física e/ou sexual por um parceiro íntimo, atingindo assustadora cifra de 92% de na Índia, de mulheres vítimas de violência sexual em espaço público. Cento e vinte milhões de meninas no mundo todo já foram vítimas de estupro, sendo que o criminoso, em grande maioria, eram exmaridos, parceiros e namorados 5. No Brasil, no atual contexto, a corrupção política, desigualdade racial, social, impunidade, privilégios para poucos e a descrenças nas instituições públicas, acabam por fornecer um ambiente cheio de frustrações e sentimentos de injustiças que estimulam o indivíduo a buscar justiça de outras formas 6. Segundo dados do IBGE, em 2015 foram registrados 45.460 casos de estupro 7, com a ressalva de que é o crime com a maior taxa de subnotificação. Por hora, estima-se que mais de 5 mulheres sofrem essa violência, ou seja, um estupro a cada 11 min. Deste modo, muitas das vítimas dessa violência generalizada são as mulheres brasileiras e, portanto, vem ganhando força atualmente os movimentos feministas e a legislação, como a da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) 8 e do Feminicídio (Lei 13.104/2015) 9. De acordo com OMS, o Brasil possui a 5ª maior taxa de feminicídio no mundo, sendo estimados 4,8 para 100 mil casos, com maior risco para mulheres negras; no período de 2003 a 2013 houve um aumento de 54% de homicídio desse grupo. Por outro lado, o risco para mulheres brancas caiu 9%, nesse mesmo período. O principal meio/instrumento do feminicídio, é por arma de fogo (48,8%), seguido por objetos cortantes (25,3%), sendo crescente o meio de asfixia por estrangulamento. Quanto ao agressor, o principal é o cônjuge tanto para as mulheres adultas como jovens, sendo respectivamente de 34% e 29% 10.

3 3. OBJETIVOS Caracterizar a violência contra a mulher, segundo a taxa de homicídios no Brasil, com enfoque na região sudeste, a etnia, ao número de atendimentos de mulheres por violência no SUS, faixa etária, tipo de violência, meio utilizado, locais de agressão e grau de escolaridade da mulher agredida. 4. METODOLOGIA Foi realizado de estudo retrospectivo, com levantamento com dados estatísticos em sites oficiais da Secretaria Nacional de Segurança e Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, por consultas nos sites de referência, nos últimos 8 anos. 5. DESENVOLVIMENTO Durante o desenvolvimento do trabalho, os dados oficiais consultados foram tabulados, segundo a taxa de homicídios de mulheres no Brasil, na região sudeste, taxa de homicídios de mulheres segundo a etnia negra e não negra, número de atendimentos de mulheres vítimas de violência no SUS, idade e tipos de violência, meio utilizado, local de violência e grau de escolaridade. 6. RESULTADOS Em relação à distribuição dos casos de violência contra a mulher no Brasil, notou-se que houve uma taxa de homicídios maior nas regiões nordeste e norte, seguidas pelas regiões centro-oeste, sudeste e sul, como mostra a tabela 1. Tabela 1: Taxa de homicídio por 100 mil mulheres, por região do Brasil, no período de 2010 2015. Regiões 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total Norte 33,5 36,2 40,8 50,3 41,3 46,7 248,8 Nordeste 43,3 46,2 45,0 48,1 49,3 45,4 277,3 Centro-oeste 21,8 25,4 25,4 25,0 26,2 22,9 146,7 Sudeste 20,2 19,8 20,0 19,8 18,8 17,6 116,2 Sul 13,5 10,9 13,1 11,6 12,5 12,0 73,6 Fonte: Mapa da Violência Homicídio de mulheres no Brasil, 2018 11.

4 Com relação à região sudeste, observou-se que a taxa de homicídios foi maior no estado do Espírito Santo, seguido pelo Rio de Janeiro e Minas Gerais; a menor taxa foi no estado de São Paulo, embora seja o mais populoso, como mostra a tabela 2. Tabela 2: Taxa de Homicídio por 100 mil mulheres nos estados da região Sudeste, no período de 2010-2015. 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total Minas 3,9 4,4 4,4 4,0 3,8 3,9 24,4 Gerais Espirito 9,2 8,6 8,5 8,7 7,0 6,9 48,9 Santo Rio de 4,0 4,2 4,3 4,4 5,3 4,4 26,6 Janeiro São Paulo 3,1 2,6 2,8 2,7 2,7 2,4 16,3 Fonte: Mapa da Violência Homicídio de mulheres no Brasil, 2018. Quando se considera a cor da pele, notou-se que a taxa de homicídios foi maior nas mulheres negras em relação às não negras, tanto no Brasil, como no Estado de SP, como está representado na tabela 3. Tabela 3: Taxa de Homicídio por 100 mil mulheres no Brasil e Estado de São Paulo, com destaque para as negras e não negras, no período de 2010-2015. Brasil Estado de São Paulo Geral (sem distinção de 27,0 16,3 etnia) Não Negras 19,2 15,5 Negras 32,0 16,7 Fonte: Mapa da Violência Homicídio de mulheres no Brasil, 2018. Quando consideramos as taxas de atendimento no SUS, segundo os tipos de violência contra mulher e sua faixa etária, observou-se um predomínio da violência física, seguida da psicológica, sendo que a mulher jovem e adulta são as mais susceptíveis, como mostra a tabela 4.

5 Tabela 4: Número de atendimento de mulheres pelo SUS, segundo a idade e o tipo de violência em 2014. Tipos de Criança Adolescente Jove Adulta Idosa violência m Física 6.020 15.611 30.46 40.653 3.684 1 Psicológica 4.242 7.190 12.70 18.968 2.384 1 Tortura 420 779 1.177 1.704 202 Sexual 7.920 9.256 3.183 3.044 227 Econômica 115 122 477 1.118 601 Fonte: Mapa da Violência Homicídio de mulheres no Brasil, 2018. Em relação aos meios utilizados para agressão, o número percentual foi maior para o uso de arma de fogo (48,8%) seguido de agentes cortantes/penetrantes (25,3%). Quando se considera o local de agressão, a via pública mostrou um maior número percentual de casos (31,2%), seguido do domicílio (27,1%), como mostra a tabela 5. Tabela 5: Meios Utilizados e Locais de Agressão contra a mulher no Brasil em 2013 Meio Percentual (%) Local Percentual (%) Estrangulamento 6,1 Estabelecimento 25,2 Saúde Arma de fogo 48,8 Domicílio 27,1 Cortante/penetrante 25,3 Via Pública 31,2 Objeto 8,0 Outros 15,7 contundente Outros 11,8 Ignorado 0,8 Fonte: Mapa da Violência Homicídio de mulheres no Brasil, 2018. Em relação à escolaridade, entre as vítimas com 15 ou mais anos de idade, no Brasil, 53% tinham até oito anos de estudo e 23% tinham oito ou mais anos de estudo. Houve

6 um número percentual maior de mulheres vítimas de agressões e com menor escolaridade nas regiões nordeste (60%) e norte (57%), conforme mostra a tabela 6. Tabela 6: Número percentual de óbitos de mulheres por agressões (em %), segundo a escolaridade das vítimas com 15 ou mais anos de idade Brasil e regiões (2011-2013) Menos de oito anos de Oito anos de estudo Ignorado estudo ou mais Brasil 53% 23% 25% Centro- 50% 27% 24% Oeste Sul 54% 28% 19% Sudeste 45% 26% 30% Nordeste 60% 15% 25% Norte 57% 25% 18% Fonte: Mortalidade de mulheres por agressões no Brasil: perfil e estimativas corrigidas Brasília, IPEA, 2016. 12 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS No presente estudo, no Brasil, as regiões nordeste e norte mostraram maior taxa de homicídios de mulheres. Na região sudeste, embora o estado de São Paulo seja o mais populoso, pudemos notar que o estado do Espírito Santo destacou-se com a maior taxa de homicídios de mulheres. Observou-se que as mulheres negras são mais vulneráveis à violência, quando comparado às não negras, assim como aquelas com grau de escolaridade menor. Quanto ao tipo de violência, destacou-se a física, seguida da violência psicológica, sendo que a faixa etária mais suscetível é a da mulher jovem e adulta. Em nossa análise, quanto à violência foi física, os agentes mais comumente utilizados foram a arma de fogo (pérfuro-contundente), seguido do cortante/penetrante (arma branca). Com relação ao local da violência, tivemos 31,2% na via pública e 27,1% no domicílio. Este último dado mostra que o agressor, muitas vezes, é da convivência íntima e familiar da vítima.

7 Portanto, concluímos que o nosso país ainda apresenta cifras alarmantes de violência contra a mulher e faz-se necessário a implementação de políticas públicas para capacitação dessas mulheres vulneráveis, incluindo a de cotas raciais, tanto no maior acesso à educação como no emprego, para que a mesma tenha condições de libertarse do agressor, que na maioria das vezes é muito próximo, estando presente no ambiente familiar. 8. FONTES CONSULTADAS 1. Gadoni-Costa LM, Zucatti APN, Dell Aglio DD. Violência contra a mulher: levantamento dos casos atendidos no setor de psicologia de uma delegacia para a mulher. Estudos de Psicologia 2011; 28 (2): 219-27. 2. Cortes GR. Violência Doméstica: Centro de Referência da Mulher Heleieth Saffioti. Revista Estudos de Sociologia 2012; 17 (32):149-68. 3. Facuri CO, AMS Fernandes, Oliveira KD et al. Violência sexual: estudo descritivo sobre as vítimas e o atendimento em um serviço universitário de referência no Estado de São Paulo, Brasil. Caderno de Saúde Pública 2013; 29 (5);889-98. 4. Drezett J, Caballero M, Juliano Y et al. Estudo de mecanismos e fatores relacionados com o abuso sexual em crianças e adolescentes do sexo feminino. Jornal de Pediatria 2001; 77(5): 413-19. 5. Ending violence against women. Disponível em http://www.unwomen.org/en/what-we-do/ending-violence-against-women. Acesso em 18 de agosto de 2018. 6. Almeida MGB. Alguém para odiar. In: Almeida, Maria da Graça Blaya. A violência na sociedade contemporânea. Porto Alegre, Edipucrs 2010: 16-29. 7. Brasil. Lei 12015 de 7 de agosto de 2009. Disponível em https://jus.com.br/artigos/37514/os-crimes-sexuais-e-a-lei-n-12-015-2009. Acesso em: 18 ago. 2018. 8. Brasil. Lei 11.340 de 7 de agosto de 2006- Maria da Penha. Disponível em https://jus.com.br/artigos/37006/lei-n-11-340-2006-maria-da-penha. Acesso em: 18 ago. 2018.

8 9. Brasil. Lei 13.104 de 9 de março de 2015. Disponível em: htpp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13104.htm>. Acesso em: 18 ago. 2018. 10. Brasil. Diretrizes Nacionais - Feminicídio. 2016. http://www.spm.gov.br/central-de-conteudos/publicacoes/2016/livrodiretrizes-nacionais-femenicidios-versao-web. Acesso em 18 de agosto de 2018. 11. Brasil. IPEA. Atlas da Violência. 2018. Disponível em http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/pdfs/relatorio_institucional/18 0604_atlas_da_violencia_2018. Acesso em 18 de agosto de 2018. 12. Brasil. IPEA. 2016. Mortalidade de mulheres por agressões no Brasil: perfil e estimativas corrigidas (2011-2013). Disponível em http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/pdfs/tds/td_2179. Acesso em 18 de agosto de 2018.