PORTUGUESE TEXTILE INDEX Relatório de Progresso #1

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Transcrição:

PORTUGUESE TEXTILE INDEX Relatório de Progresso #1 2

ÍNDICE 1 Introdução 4 2 Tarefas principais 5 3 Metodologia econométrica 6 3.1 Indicadores avançados 6 3.2 Modelos fatoriais 7 3.3 Modelos de vetores autorregressivos (VAR) 8 4 Notas finais 10 5 Ficha técnica 11 3

PORTUGUESE TEXTILE INDEX Relatório de Progresso #1 1 INTRODUÇÃO 4

O primeiro objetivo deste trabalho consiste na construção de um conjunto de indicadores de previsão da atividade do setor têxtil e do vestuário em Portugal, constituindo uma ferramenta adicional no processo de tomada de decisão por parte de gestores de empresas ou por responsáveis de associações do setor. Estes indicadores, genericamente identificados como Portuguese Textile Indicators (PTi), terão como principal objeto a previsão da evolução de agregados setoriais relevantes, como por exemplo a evolução do volume de negócios e das exportações, por tipo de produto, a dois níveis da Nomenclatura Combinada NC 2016, da secção XI Matérias Têxteis e suas Obras, com as seguintes categorias: Código Designação 50 Seda 51 Lã, pelos finos ou grosseiros; fios e tecidos de crina 52 Algodão 53 Outras fibras têxteis vegetais; fios de papel e tecidos de fios de papel 54 Filamentos sintéticos ou artificiais; lâminas e formas semelhantes de matérias têxteis sintéticas ou artificiais 55 Fibras sintéticas ou artificiais descontínuas 56 Pastas (ouates), feltros e falsos tecidos; fios especiais, cordéis, cordas e cabos; artigos de cordoaria 57 Tapetes e outros revestimentos para pavimentos, de matérias têxteis 58 Tecidos especiais; tecidos tufados; rendas; tapeçarias; passamanarias; bordados 59 Tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados; artigos para usos técnicos de matérias têxteis 60 Tecidos de malha 61 Vestuário e seus acessórios, de malha 62 Vestuário e seus acessórios, exceto de malha 63 Outros artefactos têxteis confecionados; sortidos; artefactos de matérias têxteis, calçado, chapéus e artefactos de uso semelhante, usados; trapos Neste relatório de progresso indicamos quais as tarefas principais a realizar (Secção 2) e a metodologia econométrica que servirá de base à construção dos indicadores (Secção 3). 5

2 TAREFAS PRINCIPAIS

A construção do Portuguese Textile Indicators (PTi), passará pelas seguintes tarefas: 1. Identificação das variáveis relevantes a integrar o PTi; 2. Sistematização e definição da metodologia econométrica para estimação dos modelos previsionais; 3. Identificação e tratamento das bases de dados com a informação necessária à estimação dos modelos; 4. Validação e calibragem dos modelos estimados; 5. Elaboração de um manual com explicitação da metodologia usada, do processo de recolha e tratamento dos dados, bem como do código de programação (em Stata) usado na estimação dos modelos. Este manual deverá permitir a replicação do PTi e posterior estimação das variáveis de interesse, sempre que seja necessário proceder à atualização das previsões realizadas. 7

PORTUGUESE TEXTILE INDEX Relatório de Progresso #1 3 METODOLOGIA ECONOMÉTRICA 8

A existência de ferramentas de previsão credíveis e precisas para o nível da atividade económica deverá ser um elemento imprescindível no processo de tomada de decisão por parte quer de gestores quer de decisores de política económica. Ao nível sectorial, a construção de indicadores de previsão para as principais variáveis de interesse, nomeadamente ao nível das vendas, para o mercado interno ou externo, do valor acrescentado ou do emprego, constitui um desafio acrescido relativamente à construção de indicadores similares ao nível nacional ou internacional. As maiores dificuldades surgem, na sua maioria, pela menor disponibilidade de informação, nomeadamente quando as variáveis de interesse são obtidas através de inquéritos cuja representatividade estatística apenas é de âmbito nacional. Ao nível metodológico, quer a literatura económica quer a prática das instituições com a incumbência de realizarem previsões económicas, privilegia o uso de métodos baseados em indicadores avançados, modelos fatoriais, ou ainda baseados em modelos de séries temporais como são os modelos de vetores autoregressivos (VAR). Nas subsecções seguintes apresentamos uma breve descrição das três alternativas. Indicadores avançados O recurso a indicadores avançados obriga, numa primeira fase, à identificação de variáveis cujos ciclos estão avançados relativamente à variável de interesse e cujo comportamento é sensível aos movimentos da economia. São exemplos destas variáveis encomendas de bens de consumo, encomendas de bens de equipamento, a variação de stocks e outras variáveis proxies da procura esperada, como são os horários de trabalho semanal médio dos trabalhadores. A particular atenção que tem merecido o uso de indicadores avançados tem a ver com as suas características previsionais, porém, é importante que se conheça ou justifique o mecanismo que liga o indicador avançado ao comportamento da variável a prever, para além das suas qualidades estatísticas. De forma genérica, para cada indicador avançado para uma previsão com o horizonte temporal h, propomos estimar equações do tipo: onde IA representa um dos indicadores avançados, a e b e g são os parâmetros e e representa o termo de erro. O modelo é estimado pelo método dos mínimos quadrados ordinários (MMQ). Para cada horizonte temporal h e para cada indicador avançado, o modelo escolhido será aquele com o valor menor da estatística BIC (Bayesian Information Criterion). 9

PORTUGUESE TEXTILE INDEX Relatório de Progresso #1 Modelos fatoriais O uso de modelos fatoriais de previsão tem vindo a ganhar popularidade nas últimas décadas, dada a crescente disponibilidade de bases de dados de grande dimensão. Elaborar previsões com recurso a modelos fatoriais regra geral envolve duas etapas principais: primeiro é necessário extrair os fatores das bases de dados selecionadas, depois, numa segunda etapa, usam-se os fatores no exercício de previsão. Seguindo a reconhecida abordagem de Stock e Watson (1998) 1, na primeira etapa poderá ser usada uma versão estática da análise por componentes principais (ACP). Dada uma matriz Z de dimensão N x K de variáveis explicativas, pretende-se calcular uma matriz L de carregamentos (loadings), de dimensão K x K e uma matriz F de fatores, de dimensão N x K, que satisfaça a condição Z = F x L, onde os fatores (colunas da matriz F) são independentes e ordenados de tal forma que o primeiro fator explique a máxima proporção possível da variação de Z, o segundo fator explique a máxima proporção da variação de Z não explicada pelo primeiro fator, e assim sucessivamente. Na segunda etapa terá de ser modelizada a equação de previsão. Tal como no caso do modelo com indicadores avançados, poderemos optar pela seguinte equação: onde é uma matriz com as primeiras k colunas de F e são os vetores correspondentes aos parâmetros. O número ótimo de fatores k e desfasamentos e será escolhido de acordo com o menor valor da estatística BIC. 1 Stock, J. H., & Watson, M. W. (1998). Diffusion indexes. No w6702. National Bureau of Economic Research. 10

Modelos de vetores autorregressivos (VAR) A utilização de vetores autorregressivos (VAR) tem como objetivos principais encontrar um indicador avançado para uma dada variável bem como estimar as inter-relações dinâmicas entre variáveis. Propostos inicialmente por Sims, em 1980 2, podem assumir três formulações distintas: forma reduzida, forma recursiva e forma estrutural. Na forma reduzida, cada uma das variáveis está expressa como função linear dos seus próprios valores desfasados, bem como dos valores desfasados das outras variáveis e do termo de erro sem autocorrelação. A estimação dos parâmetros segue o método dos mínimos quadrados (MMQ). Na forma recursiva são considerados também valores contemporâneos das variáveis, em parte das equações, para além dos seus valores desfasados. Também aqui a estimação é feita pelo MMQ. Por último, na forma estrutural são impostas restrições de diferentes tipos às relações entre as variáveis, de acordo com pressupostos assumidos a priori. A formulação de um modelo VAR na forma reduzida é dada por: em que é um vector de variáveis explicativas, um vector de termos independentes, e são matrizes de coeficientes e é um vetor de perturbações aleatórias não autocorrelacionadas. Esta última equação representa um sistema económico dinâmico, que permite determinar a resposta de uma variável às variações de uma outra. A relação de causalidade entre variáveis pode ser aferida através dos testes de causalidade de Granger. 2 Sims, C. A. (1980). Macroeconomics and reality. Econometrica: Journal of the Econometric Society, 1-48. 11

PORTUGUESE TEXTILE INDEX Relatório de Progresso #1 4 NOTAS FINAIS 12

A utilidade do PTi está dependente da disponibilidade de dados, publicados de forma regular e sistemática, os quais permitam a atualização dos indicadores com o menor desfasamento temporal possível. A fase seguinte do trabalho consistirá na construção das bases de dados relevantes, no tratamento preliminar dos dados para que seja possível a aplicação da metodologia identificada na secção anterior. Serão privilegiadas as fontes de informação de origem oficial, nomeadamente INE e EUROSTAT. Os dados para o comércio externo serão obtidos da COMTRADE e das estatísticas da STAN - Structural Analysis Database, da OCDE. 13

Título PORTUGUESE TEXTILE INDEX Projeto: Promotor Conteúdos Com a colaboração de Professor João Cerejeira Docente da Universidade do Minho

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