Aula 09 LEI DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS. Lei / de agosto de 2013

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Transcrição:

Turma e Ano: Direito Penal - Leis Especiais (2015) Matéria / Aula: Direito Penal (Leis Especiais) / 09 Professor: Marcelo Uzeda Monitor: Alexandre Paiol Aula 09 LEI DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS Lei 12.850/2013 02 de agosto de 2013 Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei n o 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei n o 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências. Trata-se de lei que visa combater o pacto do silêncio absoluto que predomina diante das organizações criminosas. A Lei 9.034/95, inicialmente, não conceituou o que seria organização criminosa, afirmando tão somente que esta será aplicada quando diante dos seguintes crimes: quadrilha, bando ou organização criminosa. A omissão legislativa incentivava parcela da doutrina a emprestar a definição dada pela Convenção de Palermo (sobre criminalidade transnacional). Antigamente aceitava-se a definição que foi dada pela Convenção de Palermo, recepcionada por nossa legislação e aprovada pelo Dec. 5015/2004. No entanto, em virtude do Princípio da Reserva Legal- lex certa - não seria possível a sua adoção para fins penais e processuais penais. Nesse diapasão, em 2012 surge a L. 12.694 conceituando a ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA como: Considera-se organização criminosa a associação, de 3 (três) ou mais pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter transnacional. Contudo, em meados do ano de 2013, surge a Lei 12.850/13, REVOGANDO a L. 9034/95 e alterando o conceito de organização criminosa, bem como incriminando a conduta que, antes, era apenas um modus operandi para a prática de crimes. Art. 1 o Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado. (Lei multidisciplinar é penal e processual) 1 o organização criminosa a associação de 4 (quatro) Considera-se ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a

prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. 2 o Esta Lei se aplica também: I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; II - às organizações terroristas internacionais, reconhecidas segundo as normas de direito internacional, por foro do qual o Brasil faça parte, cujos atos de suporte ao terrorismo, bem como os atos preparatórios ou de execução de atos terroristas, ocorram ou possam ocorrer em território nacional. Obs: Formação de quadrilha não existe mais, o que temos é: associação criminosa do novo 288 CP, constituição de milícia privada do 288-A CP e organização criminosa dessa lei que estamos estudando (12.850/2013) Formação de quadrilha do antigo 288 CP era mais de 3. Pessoas. Hoje 3 pessoas associando já é associação criminosa. Quadrilha ou bando (antiga) Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes Pena - reclusão, de um a três anos. Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado. Associação Criminosa Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos CRIME DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa: (é o art. 2 da lei 12.850/2013) Art. 2 o Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. (Tratase de crimes materiasi) 1 o Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa. (condutas de obstrução)

2 o As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa houver emprego de arma de fogo. 3 o A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução. 4 o A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): I - se há participação de criança ou adolescente; II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a prática de infração penal; III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior; IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas independentes; V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização. (bis in idem em relação ao conceito do 1 - doutrina) 5 o Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual. 6 o A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena. (efeito automático da condenação) 7 o Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Público, que designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão. BEM JURÍDICO TUTELADO: A paz pública. SUJEITO PASSIVO: O Estado ou a sociedade. SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa (crime comum e de concurso necessário (plurissubjetivo).

TIPO SUBJETIVO - DOLO crime formal - se consuma com a estabilidade da associação de pessoas, independentemente da execução dos crimes pretendidos. crime permanente cabe a prisão em flagrante de seus integrantes a qualquer tempo, sem prejuízo dos outros crimes porventura cometidos (caso típico de concurso material de crimes) DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA Art. 3 o Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova: I - colaboração premiada; II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; III - ação controlada; IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais; V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica; (lei 9.296/96) VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica; (LC 105/2001) VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11; VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal. 1 o Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a capacidade investigatória, poderá ser dispensada licitação para contratação de serviços técnicos especializados, aquisição ou locação de equipamentos destinados à polícia judiciária para o rastreamento e obtenção de provas previstas nos incisos II e V. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) 2 o No caso do 1 o, fica dispensada a publicação de que trata o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão de controle interno da realização da contratação. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)

Da Colaboração Premiada Art. 4 o O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. 1 o Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração. 2 o Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). 3 o O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional. 4 o Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador: I - não for o líder da organização criminosa;

II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo. 5 o Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos. 6 o O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor. 7 o Realizado o acordo na forma do 6 o, o respectivo termo, acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu defensor. 8 o O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto. 9 o Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável pelas investigações. 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia. 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial. 13. Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações. 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.

I - COLABORAÇÃO PREMIADA 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração, o colaborador deverá estar assistido por defensor. 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador. A colaboração premiada surge no Direito Anglo-Saxão (utilizada a expressão Crown Witness testemunha da coroa). A colaboração premiada consiste numa técnica especial de investigação (meio de obtenção de prova), por meio do qual o Estado oferece ao coautor ou partícipe, um prêmio legal em troca de informações relevantes para a persecução penal. No Brasil, o juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: 1 - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; 2 - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; 3- a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; 4 - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; 5 - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador I - não for o líder da organização criminosa; II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo. Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do CPP. Contudo, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração. II - CAPTAÇÃO AMBIENTAL DE SINAIS ELETROMAGNÉTICOS, ÓPTICOS OU ACÚSTICOS A interceptação ambiental pode ser definida como a captação de uma conversa alheia (não telefônica), feita por terceiro, valendo-se de qualquer meio de gravação. Se nenhum dos interlocutores sabe da captação, fala-se em interceptação ambiental em sentido estrito; se um deles tem conhecimento, fala-se em captação ambiental.

Há prazo máximo para a referida captação ou interceptação? Não há prazo máximo, visto que essa interceptação não segue a L.9.296/96. A interceptação ambiental é a realizada por terceiro, sem conhecimento dos interlocutores, por outros meios que não o telefônico, englobando sinais eletromagnéticos, ópticos e acústicos. O inciso não se restringe à ação das organizações criminosas, podendo ser aplicada para qualquer tipo de associação. Diante da violação à intimidade, exige-se a autorização judicial fundamentada. Porém, Nucci, muito adotado pela CESPE, dentre outros autores, mitiga essa regra, entendendo dispensável ser autorização judicial quando se tratar de conversa ostensiva, realizada em lugar público. Esses requisitos são cumulativos; uma conversa sigilosa em local público, por exemplo, exigiria a autorização judicial. Outrossim, a jurisprudência considera a captação direta, realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro, válida, independentemente de autorização judicial. III - AÇÃO CONTROLADA DA AÇÃO CONTROLADA Art. 8 o Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. 1 o O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público. 2 o A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam indicar a operação a ser efetuada. 3 o Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações. 4 o Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação controlada. Dentre os meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas, a Lei n. 9.034/95 cuida da ação controlada, instrumento de larga utilização no combate ao crime organizado, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações. É o que temos no caso de flagrante diferido ou postergado. Este instituto fora criado pela L. 9034/95, no entanto, atualmente este é um instituto permitido pelas leis de drogas; lavagem de capitais e crimes contra o sistema financeiro. Atualmente a ação controlada diante de organização criminosa

deve ser previamente comunicada ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público, em caráter sigiloso. AÇÃO CONTROLADA NO EXTERIOR: Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, a ação controlada somente poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos países que figurem como provável itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou proveito do crime.