DESENHO TÉCNICO GENERALIDADES. Prof. Dr. Rodrigo Couto Santos



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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS F A C U L D A D E D E C I Ê N C I A S A G R Á R I A S E n g e n h a r i a A g r í c o l a DESENHO TÉCNICO GENERALIDADES Prof. Dr. Rodrigo Couto Santos DOURADOS - MS 2015

CAPÍTULO I 1. DESENHO TÉCNICO: MATERIAIS E ACESSÓRIOS 1.1. Introdução Desenho técnico é uma ferramenta de extrema importância utilizado por desenhistas, arquitetos e engenheiros. Nas construções tecnológicas, as idéias e dados se registram em uma linguagem gráfica, através da qual se descreve minuciosamente cada operação e guarda-se um registro completo da estrutura, para reprodução ou mesmo reparos futuros. Utilizando-se de um conjunto constituído por linhas, números, símbolos e indicações escritas normalizadas internacionalmente, o desenho técnico é definido como linguagem gráfica universal da engenharia e da arquitetura. Assim como a linguagem verbal escrita exige alfabetização, a execução e a interpretação da linguagem gráfica do desenho técnico exige treinamento específico, porque são utilizadas figuras planas (bidimensionais) para representar formas espaciais. Ao ensinar executar ou mesmo interpretar projetos, o Desenho Técnico pode ser considerado uma das principais disciplinas de um curso para a formação de técnicos. Todo engenheiro, administrador rural ou profissional tecnológico deve saber executar e ler desenhos. Conhecendo-se a metodologia utilizada para elaboração do desenho bidimensional é possível entender e conceber mentalmente a forma espacial representada em uma figura plana. Na prática pode-se dizer que, para interpretar um desenho técnico, é necessário enxergar o que não é visível e a capacidade de entender uma forma espacial a partir de uma figura plana é chamada visão espacial. A habilidade de percepção das formas espaciais a partir das figuras planas pode ser desenvolvida a partir de exercícios progressivos e sistematizados. 1

ORIGEM DO DESENHO TÉCNICO A representação de objetos tridimensionais em superfícies bidimensionais evoluiu gradualmente através dos tempos. Conforme histórico feito por HOELSCHER, SPRINGER E DOBROVOLNY (1978) um dos exemplos mais antigos do uso de planta e elevação está incluído no álbum de desenhos na Livraria do Vaticano desenhado por Giuliano de Sangalo no ano de 1490. No século XVII, por patriotismo e visando facilitar as construções extraordinária habilidade como desenhista, criou, utilizando projeções ortogonais, um sistema com correspondência biunívoca entre os elementos do plano e do espaço. O sistema criado por Gaspar Monge, publicado em 1795 com o título Geometrie Descriptive é a base da linguagem utilizada pelo Desenho Técnico. No século XIX, com a explosão mundial do desenvolvimento industrial, foi necessário normalizar a forma de utilização da Geometria Descritiva para transformá-la numa linguagem gráfica que, a nível internacional, simplificasse a comunicação e viabilizasse o intercâmbio de informações tecnológicas. Desta forma, a Comissão Técnica TC 10 da International Organization for Standardization ISO normalizou a forma de utilização da Geometria Descritiva como linguagem gráfica da engenharia e da arquitetura, chamando-a de Desenho Técnico. O domínio desta linguagem também passou a ser importante para profissionais que ocupam cargos de direção e liderança, visto que sua correta interpretação é o mínimo que se espera das pessoas que exercem estas funções. Nos dias de hoje a expressão desenho técnico representa todos os tipos de desenhos utilizados pela engenharia incorporando também os desenhos não-projetivos (gráficos, diagramas, fluxogramas etc.). Todo o processo de desenvolvimento e criação dentro da engenharia está intimamente ligado à expressão gráfica. O desenho técnico é uma ferramenta que pode ser utilizada não só para apresentar resultados como também para soluções gráficas que podem substituir cálculos complicados. Apesar da evolução tecnológica e dos meios disponíveis pela computação gráfica, o ensino de Desenho Técnico ainda é imprescindível na formação de qualquer modalidade de engenharia ou tecnológica, pois, além do aspecto da linguagem gráfica 2

que permite que as idéias concebidas por alguém sejam executadas por terceiros, o desenho técnico desenvolve o raciocínio, o senso de rigor geométrico, o espírito de iniciativa e de organização. Assim, o aprendizado ou o exercício de qualquer modalidade de engenharia e profissão que culmina em cargos de lideranças tecnológicas irá depender, de uma forma ou de outra, do desenho técnico. TIPOS DE DESENHO TÉCNICO O desenho técnico é dividido em dois grandes grupos: Desenho projetivo são os desenhos resultantes de projeções do objeto em um ou mais planos de projeção e correspondem às vistas ortográficas e às perspectivas. Desenho não-projetivo na maioria dos casos corresponde a desenhos resultantes dos cálculos algébricos e compreendem os desenhos de gráficos, diagramas etc.. Os desenhos projetivos compreendem a maior parte dos desenhos feitos nas indústrias e alguns exemplos de utilização são: Projeto e fabricação de máquinas, equipamentos e de estruturas nas indústrias de processo e de manufatura (indústrias mecânicas, aeroespaciais, químicas, farmacêuticas, petroquímicas, alimentícias, etc.). Projeto e construção de edificações com todos os seus detalhamentos elétricos, hidráulicos, elevadores etc.. Projeto e construção de rodovias e ferrovias mostrando detalhes de corte, aterro, drenagem, pontes, viadutos etc.. Projeto e montagem de unidades de processos, tubulações industriais, sistemas de tratamento e distribuição de água, sistema de coleta e tratamento de resíduos. 3

Representação de relevos topográficos e cartas náuticas. Desenvolvimento de produtos industriais. Projeto e construção de móveis e utilitários domésticos. Promoção de vendas com apresentação de ilustrações sobre o produto. Pelos exemplos apresentados pode-se concluir que o desenho projetivo é utilizado em todas as modalidades da engenharia e pela arquitetura. Como resultado das especificidades das diferentes modalidades de engenharia, o desenho projetivo aparece com vários nomes que correspondem a alguma utilização específica: Desenho Mecânico Desenho de Máquinas Desenho de Estruturas Desenho Arquitetônico Desenho Elétrico/Eletrônico Desenho de Tubulações Mesmo com nomes diferentes, as diversas formas de apresentação do desenho projetivo têm uma mesma base, e todas seguem normas de execução que permitem suas interpretações sem dificuldades e sem mal-entendidos. Os desenhos não-projetivos são utilizados para representação das diversas formas de gráficos, diagramas, esquemas, ábacos, fluxogramas, organogramas etc.. 4

TÉCNICO FORMAS DE ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO DESENHO Os desenhos são feitos a mão livre, por meio de instrumentos ou computadores. Obedecem uma certa ordem na sua confecção: I. Esboços ou rascunhos em geral, a mão livre, cotados ou não, guardando-se aproximadamente as proporções do desenho apresentado. II. Desenho preliminares sujeitos a modificações, são feitos em conjunto e mais ou menos certo. III. Desenhos definitivos trabalhos que dependem dos desenhos anteriores; são detalhados na escala e contém todos os elementos necessários à inteira compreensão do objeto e, eventualmente, a sua execução. IV. Cópia é a multiplicação do desenho definitivo (original). As cópias podem ser de várias espécies: - simples cópia do original a lápis ou tinta; - cópias heliográficas, em papel próprio, sensível à luz; - clichês para impressão em tipografia; - cópias plotadas. A PADRONIZAÇÃO DOS DESENHOS TÉCNICOS Para transformar o desenho técnico em uma linguagem gráfica foi necessário padronizar seus procedimentos de representação gráfica. Essa padronização é feita por meio de normas técnicas seguidas e respeitadas internacionalmente. As normas técnicas são resultantes do esforço cooperativo dos interessados em estabelecer códigos técnicos que regulem relações entre produtores e consumidores, engenheiros, empreiteiros e clientes. Cada país elabora suas normas técnicas e estas são acatadas em todo o seu território por todos os que estão ligados, direta ou indiretamente, a este setor. No Brasil as normas são aprovadas e editadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT, fundada em 1940. Para favorecer o desenvolvimento da padronização internacional e facilitar o intercâmbio de produtos e serviços entre as nações, os órgãos responsáveis pela 5

normalização em cada país, reunidos em Londres, criaram em 1947 a Organização Internacional de Normalização (International Organization for Standardization ISO) Quando uma norma técnica proposta por qualquer país membro é aprovada por todos os países que compõem a ISO, essa norma é organizada e editada como norma internacional. As normas técnicas que regulam o desenho técnico são normas editadas pela ABNT, registradas pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) como normas brasileiras -NBR e estão em consonância com as normas internacionais aprovadas pela ISO. Os procedimentos para execução de desenhos técnicos aparecem em normas gerais que abordam desde a denominação e classificação dos desenhos até as formas de representação gráfica, como é o caso da NBR 5984 NORMA GERAL DE DESENHO TÉCNICO (Antiga NB 8) e da NBR 6402 EXECUÇÃO DE DESENHOS TÉCNICOS DE MÁQUINAS E ESTRUTURAS METÁLICAS (Antiga NB 13), bem como em normas específicas que tratam os assuntos separadamente, conforme os exemplos seguintes: NBR 10647 DESENHO TÉCNICO NORMA GERAL, cujo objetivo é definir os termos empregados em desenho técnico. A norma define os tipos de desenho quanto aos seus aspectos geométricos (Desenho Projetivo e Não-Projetivo), quanto ao grau de elaboração (Esboço, Desenho Preliminar e Definitivo), quanto ao grau de pormenorização (Desenho de Detalhes e Conjuntos) e quanto à técnica de execução (À mão livre ou utilizando computador) NBR 10068 FOLHA DE DESENHO LAY-OUT E DIMENSÕES, cujo objetivo é padronizar as dimensões das folhas utilizadas na execução de desenhos técnicos e definir seu lay-out com suas respectivas margens e legenda. NBR 10582 APRESENTAÇÃO DA FOLHA PARA DESENHO TÉCNICO, que normaliza a distribuição do espaço da folha de desenho, definindo a área para texto, o espaço para desenho etc.. Como regra geral deve-se organizar os desenhos distribuídos na folha, de modo a ocupar toda a área, e organizar os textos acima da legenda junto à margem direita, ou à esquerda da legenda logo acima da margem inferior. 6

NBR 13142 DESENHO TÉCNICO DOBRAMENTO DE CÓPIAS, que fixa a forma de dobramento de todos os formatos de folhas de desenho: para facilitar a fixação em pastas, eles são dobrados até as dimensões do formato A4. NBR 8402 EXECUÇÃO DE CARACTERES PARA ESCRITA EM DESENHOS TÉCNICOS que, visando à uniformidade e à legibilidade para evitar prejuízos na clareza do desenho e evitar a possibilidade de interpretações erradas, fixou as características de escrita em desenhos técnicos. Além das normas citadas acima, como exemplos, existem também outras normas da ABNT, como: NBR 8403 APLICAÇÃO DE LINHAS EM DESENHOS TIPOS DE LINHAS LARGURAS DAS LINHAS NBR10067 PRINCÍPIOS GERAIS DE REPRESENTAÇÃO EM DESENHO TÉCNICO NBR 8196 DESENHO TÉCNICO EMPREGO DE ESCALAS NBR 12298 REPRESENTAÇÃO DE ÁREA DE CORTE POR MEIO DE HACHURAS EM DESENHO TÉCNICO NBR10126 COTAGEM EM DESENHO TÉCNICO NBR8404 INDICAÇÃO DO ESTADO DE SUPERFÍCIE EM DESENHOS TÉCNICOS NBR 6158 SISTEMA DE TOLERÂNCIAS E AJUSTES NBR 8993 REPRESENTAÇÃO CONVENCIONAL DE PARTES ROSCADAS EM DESENHO TÉCNICO Existem normas que regulam a elaboração dos desenhos e têm a finalidade de atender a uma determinada modalidade de engenharia. Como exemplo, pode-se citar: a NBR 6409, que normaliza a execução dos desenhos de eletrônica; a NBR 7191, que normaliza a execução de desenhos para obras de concreto simples ou armado; NBR 11534, que normaliza a representação de engrenagens em desenho técnico. Uma consulta aos catálogos da ABNT mostrará muitas outras normas vinculadas à execução de algum tipo ou alguma especificidade de desenho técnico. 7

1.2. Materiais e acessórios São vários os materiais utilizados para a perfeita execução de um desenho técnico. Porém, atualmente, os desenhos técnicos tem sido feitos utilizando o computador como ferramenta indispensável no processo, dada a facilidade de possíveis modificações necessárias na fase preliminar e perfeição dos desenhos definitivos. No entanto, para isto é necessário um computador compatível com os programas específicos à estas tarefas, além de uma impressora de boa qualidade e que imprima os desenhos definitivos no tamanho desejado. Os principais matérias de desenho são: Pranchetas com tecnígrafos; Régua T, pranchetinha e esquadros; Compassos e transferidores; Lápis e borracha; Fita adesiva; Escalímetros ou escalas; Nanquim; Canetas de nanquim; Normógrafos; Curva francesa; Gabaritos; Papéis. 1.2.1. Pranchetas com tecnígrafos Constitui a própria mesa de desenho, reclinável ou não. Deve ter a superfície plana, confeccionada de maneira que não empene com o tempo. É normalmente conjugada com o tecnígrafo (Figura 1). Tecnígrafos: Substitui a régua T, esquadros, réguas graduadas e transferidores. Consta de um sistema de alavancas móveis, com duas réguas perpendiculares entre si, presas num cabeçote com movimento de rotação e graduadas em graus e frações de graus. Movimenta-se para todos os pontos da prancheta, podendo traçar paralelas, horizontais, perpendiculares e ângulos, com maior rapidez e eficiência. 8

FIGURA 1 Conjunto prancheta tecnígrafo 1.2.2. Régua T, régua paralela e esquadros Régua T Constitui uma régua com formato de um T. Em conjunto com o par de esquadros (30 O e 45 O ), conjugados, permitem o traçado de linhas horizontais, perpendiculares e oblíquas, de 15 em 15 O (Figura 2). Substitui o tecnígrafo, mas ainda sim necessitam da mesa específica de desenho para serem utilizados. FIGURA 2 Régua T e esquadros 3

Régua paralela Utilizada em substituição à régua T (Figura 3) Figura 3 Esquema ilustrativo de régua T e régua paralela Atualmente a mesa específica para desenho tem sido substituída por uma pranchetinha pouco maior que o tamanho da folha A3, que já vem com um fixador parafusado, que faz a função da régua T. Esta pranchetinha permite maior mobilidade podendo ser utilizada em locais que não sejam a mesa específica de desenho (Figura 4). Figura 4 Pranchetinha com régua paralela 1.2.3. Réguas graduadas Utilizadas para se medir e tomar medidas dentro e fora do desenho. São chamadas de duplo decímetro (20 cm) ou triplo decímetro (30 cm). Podem ser graduadas de um milímetro de um lado e meio milímetro do outro lado. 4

1.2.4. Compassos e transferidores Compassos instrumentos destinados a traçar circunferências e seus arcos (Figura 5). Transferidores servem para medir e determinar ângulos (Figura 5). FIGURA 5 Compasso e transferidores de 360 e 180º 1.2.5. Lápis e borracha Os lápis são utilizados para se traçar esboços, trabalhos preliminares ou até mesmo os trabalhos definitivos. O tipo do lápis utilizado num desenho depende da finalidade do desenho, qualidade do papel e espessura das linhas. A classificação é feita de acordo com a espessura de sua grafite. A classe mais comum é HB, onde a dureza cresce no sentido 6B (mais macio), 5B, 4B, 3B, 2B, B, HB, F, H, 2H, 3H, até 9H (extremamente duro). Para desenhos definitivos em papel vegetal, com a finalidade de se tirar cópias heliográficas, ou papel pouco resistente (cartolina), recomenda-se lápis mais macios. Já em desenhos definitivos em papel mais resistente (canson), principalmente no traçado de linhas finas, recomenda-se a utilização de lápis mais duros. A borracha, utilizada em conjunto com o lápis, deve ser macia, pouco áspera, e branca. 5

1.2.6. Fita adesiva Serve para fixar o papel sobre a mesa, sem danificá-lo. Outros materiais de fixação menos utilizados são: percevejos, tachinhas e grampeadores. 1.2.7. Escalímetros ou escalas São réguas graduadas nas escalas convenientes de acordo com a finalidade. De aplicação direta, dão as medidas reduzidas para a escala utilizada. A escala triangular é a mais interessante por apresentar seis variações. Um escalímetro é composto pela combinação das escalas 1:..., 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100, 1:125 e 1:200 (Figura 6). FIGURA 6 Escala triangular ou escalímetro 1.2.8. Nanquim É a tinta utilizada para os trabalhos definitivos sobre o papel vegetal. 1.2.9. Canetas de nanquim Servem para traçar as linhas e legendas dos desenhos a nanquim. Há várias marcas no mercado, todas elas de qualidades aceitáveis. Existem canetas com diferentes espessuras de pontas ou pontas móveis com diversas espessuras. O abastecimento é feito por bombeamento de tinta em seu depósito, ou por cartuchos fixos ou descartáveis (Figura 7). O conjunto gráfico se classifica pelas espessuras de seus traços, assim, uma caneta com ponteiro n. o 0,2 gera traços com 0,2 mm de espessura. Os ponteiros geralmente variam de 0,2 a 1,2. 6

FIGURA 7 Caneta de nanquim desmontável. 1.2.10. Normógrafos São réguas transparentes com guias laterais, onde são modeladas as letras e números de uma legenda (Figura 8). Se encontram em diversos tamanhos, sendo numeradas pela medida da altura das letras em milímetros; assim o número 5 mede 5 mm de altura. Variam do número 2 ao 28. 7

FIGURA 8 Conjunto para legenda com normógrafo. 1.2.11. Curva francesa Destina-se ao traçado de curvas quaisquer que não sejam de circunferência. Existem vários tipos. Para seu emprego correto tem-se que determinar preliminarmente um número suficiente de números da curva. Aí então é aplicada a curva francesa, unindo os pontos, escolhendo a parte que melhor se adapte à porção da linha considerada curva. Segmentos por seguimentos são traçados até completar a curva total, sempre tendo o cuidado de evitar desencontros e saliências (Figura 9). FIGURA 9 Curva francesa. 8

1.2.12. Gabaritos São réguas onde as convenções e símbolos de aparelhos são modelados em diversas escalas. Variam com a finalidade. Os gabaritos facilitam e melhoram o acabamento de um desenho (Figura 10). FIGURA 10 Gabarito 1.2.13. Papéis São materiais onde estão contidos ou vão conter os desenhos. Devem ser resistentes, de superfície lisa e uniforme. Podem ser opacos, utilizados para esboços e desenhos preliminares, e transparentes, onde são feitos os originais e cópias. O papel não deve ser mal cortado, amarrotado, enrugado, sujo ou rasgado. Existem vários tamanhos de papel, derivados do formato básico A0 (A zero), que é um retângulo harmônico de 1 m 2 de área. 2. CLASSIFICAÇÃO E APLICAÇÃO DOS MATERIAIS 2.1. Lápis Os lápis são classificados de acordo com a espessura de sua grafite. A classe mais comum é HB, onde a dureza cresce no sentido 6B (mais macio), 5B, 4B, 3B, 2B, B, HB, F, H, 2H, 3H, até 9H (extremamente duro). Outra classificação é a numérica: 1 9

(macio), 2, 3, 4 (duro). Para desenhos definitivos em papel vegetal, com a finalidade de se tirar cópias heliográficas, ou papel pouco resistente (cartolina), recomenda-se lápis mais macios. Já em desenhos definitivos em papel mais resistente (canson), para o traçado de linhas finas, recomenda-se a utilização de lápis mais duros. 2.2. Canetas de nanquim O conjunto gráfico se classifica pelas espessuras de seus traços, variando, geralmente, de 0,2 a 1,2. Os mais usados são os n o s 0,2, 0,3, 0,4 e 0,5 em desenho técnico, tanto para traçado de linhas como para legendas com normógrafos 2.3. Normógrafos São encontrados de acordo com a medida da altura das letras (em milímetros), variando de 2 a 28. O normógrafo comum vem acompanhado de uma pena com bico especial de diâmetro apropriado para cada tamanho de letra. 2.4. Papel O tamanho do papel depende do tamanho e quantidade dos desenhos. As folhas de papel da série A derivam de um retângulo harmônico de 1 m 2 de área chamado A0. Retângulo harmônico é aquele que tem seu lado maior igual à diagonal do quadrado formado pelo lado menor (Figura 11). Embora não seja regra, normalmente utiliza-se os formatos A6 como fichas. Formatos maiores que A0 para trabalhos especiais. E os outros para originais. Nos originais deve-se ter o papel maior, antes de cortá-lo, conforme pode ser visto na Tabela 1 (NBR 10068): 10

Tabela 1 Formato básico dos papéis da série A Formato série A Linha de corte mm/mm Margem mm Folha sem cortar (mínimas) mm/mm 4A0 1.682 x 2.378 20 1.720 x 2.420 2A0 1.189 x 1.682 15 1.230 x 1.720 A0 841 x 1.189 10 880 x 1.230 A1 594 x 841 10 625 x 880 A2 420 x 594 7 450 x 625 A3 297 x 420 7 330 x 450 A4 210 x 297 7 240 x 330 A5 148 x 210 5 165 x 240 A6 105 x 148 5 120 x 165 Do lado esquerdo, deixa-se uma margem de 25 a 30 mm, para a fixação das cópias em classificadores ou capas, após a dobragem. Figura 11 Retângulo harmônico e derivação dos formatos 11

2.5. Dobragem de papéis As folhas de desenho devem ser dobradas de forma que não se estrague o seu conteúdo, mantendo a estética e qualidade da dobragem. Esta deve ser feita de forma que se possa fixar o desenho num classificador ou pasta, e que se possa abri-lo sem retirá-lo da mesma. A parte externa da folha dobrada deve ser maior que as demais, de forma que se forme uma orelha, onde fique a mostra a legenda, com informações que possam identificar de qual desenho se trata, sem a necessidade de abri-lo. 12

CAPÍTULO II 1. Legendas, letras e anotações (NBR 3402) As legendas, também chamadas na gíria profissional de carimbo constituem todas as indicações escritas ou numeradas do desenho, necessárias a sua exata compreensão. A legenda do rótulo da folha é localizada no canto inferior direito do papel. No rótulo constará título, escala, firma, desenhista, datas, projetista, número do desenho, etc. As letras usadas em qualquer parte do desenho serão do tipo caligrafia técnica. Os seus tamanhos serão proporcionais ao desenho. São letras maiúsculas no rótulo, combinações de maiúsculas e minúsculas em outras anotações. Os títulos serão sempre em letras maiores. Forma de escrever é carimbo que identifica cada um A grafologia, ciência que estuda o gesto gráfico, pode revelar tudo a respeito da personalidade do caráter do indivíduo, além de fobias, depressão, psicoses e conflitos emocionais. Um simples texto redigido pode dizer muito mais sobre uma pessoa do que se imagina. É possível saber se ela está tensa, ansiosa ou feliz. Como é sua personalidade, o que busca na vida, o quanto evoluiu e qual a velocidade do seu pensamento. Qualquer emoção é registrada na ponta da caneta. Até mesmo um simples resfriado modifica a maneira de escrever. 13

A psicóloga e grafóloga Rosilene Cruz fez o teste: pediu que a paciente registrasse no papel sua assinatura, a expressão única e pessoal da nossa identidade pública, como ela mesma define. Em questão de segundos, percebeu, por meio da leitura das letras, que a mulher estava exausta, sem paciência com certos procedimentos repetitivos à sua volta. Disse também que a pessoa tem uma inteligência superior, é sensível, delicada, mas detesta gente prolixa, que a sua emoção transborda a ponto de deixar qualquer assunto ou tarefa de lado, se ficar chateada, mesmo que não tenha chegado ao fim. Por incrível que pareça, todas essas características podem ser lidas a partir da assinatura de alguém. Num texto, então, Rosilene consegue captar detalhes da personalidade, como introversão e extroversão, caráter, honestidade, além de memória, fluência verbal, alcoolismo, depressão, fobias e até conflitos psicológicos ou talentos e aptidões. Segundo ela, o teste é simples: num papel sem pauta, a pessoa deve escrever 20 linhas com caneta esferográfica de ponta fina. A leitura das letras é função da grafologia, ciência que estuda o gesto gráfico, mas que não tem nada de sobrenatural ou de manipulação. É um método de investigação que tem diversas escolas, algumas imperfeitas, mas não se pode culpar a grafologia pelo que é comum a todos os ramos do conhecimento, explica Rosilene, citando o grafólogo espanhol Maurício Xandró. Muito usada como ferramenta para seleção de candidatos em diversas empresas, a grafologia ajuda ainda na avaliação e planejamento de carreira, clareza de ideias, curso do pensamento e tem condições de analisar aspectos de um determinado momento de vida da pessoa. Coordenadora técnica da Vara Cívil da Infância e da Juventude e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a própria Rosilene se sentiu atraída pela grafologia quando, há 20 anos, foi submetida a esse método de seleção para trabalhar numa empresa. Fiquei tão impressionada que passei a estudar e a me aprofundar no assunto. No início, ela viajava e comprava livros de grafófolos espanhóis, como Xandró e Augusto Vels, dos franceses Jules Crépieux-Jamin e Guide Pulver e do alemão Ludwig Klages, precursores da ciência que estuda as letras. Fonte: http://www.uai.com.br/uai/html/sessao_8/2009/04/26/em_noticia_interna,id_sessao=8 &id_noticia=107910/em_noticia_interna.shtml 14

IMPORTANTE: Entre as letras mais usuais, a caligrafia técnica demonstra ser eficiente na seleção de empregos. Quando analisada por Psicólogos, este tipo de grafia demonstra segurança, pensamento rápido para a tomada de decisões e imparcialidade. Além disso, é uma característica da maioria dos Engenheiros escreverem com este tipo de letra. SITE PARA TESTE RÁPIDO SOBRE SEU TIPO DE LETRA: http://www.terra.com.br/istoe/produtos/grafologia/ 15

2. Linhas Serão utilizadas linhas de três espessuras: grossa, média e fina. Fixada a espessura da linha grossa no desenho, a linha média será a metade da linha grossa e a fina a metade da média. Devem ser pretas e de diferentes tipos, para determinar diferentes representações, como pode ser vista no Quadro 1 abaixo: QUADRO 1 Convenções de linhas Linha Denominação Uso Contínua larga - Contornos visíveis - Arestas visíveis Contínua estreita - Linhas de cota - Linhas de chamada - Hachuras - Linhas auxiliares Contínua estreita a mão livre ou - Limites de vistas ou cortes em ziguezague parciais Tracejada estreita (tracejada larga) Traço ponto estreita Traço ponto estreita, larga nas extremidades e nas mudanças de direção - Contornos não visíveis - Arestas não visíveis - Linhas de centro - Linhas de simetria - Planos de corte Os tipos e larguras das linhas são padronizados para que um desenho possa ser entendido por qualquer pessoa, sem que haja erro de interpretação, o que poderia acabar causando vários problemas, como falhas de execução, entre outros. 16

Existem vários tipos de erros habituais do iniciante, ao executar os traçados. Os mais importantes são: a) Desuniformidade acontece na espessura das linhas, distância entre traços, tamanho da legenda e indicações escritas. b) Cruzamento de linhas convergentes as linhas devem convergir para um mesmo ponto, e não se cruzar. 17

CAPÍTULO III 1. Desenho geométrico 1.1. Ângulos formados por duas retas paralelas interceptadas por uma transversal Os ângulos 1, 3, 5 e 7 são iguais; Os ângulos 2, 4, 6 e 8 são iguais; Os ângulos 3 e 6, 4 e 5, 2 e 7, 1 e 8 formam 180 0 1.2. Triângulos A soma dos ângulos internos de um triângulo qualquer é de 180 0. 18

Num triângulo qualquer, a medida do ângulo α é igual à soma das medidas dos dois ângulos internos A e B. 1.3. Construção de polígonos 1.3.1. Construção de retângulos a partir de certos dados Construção de um quadrado equivalente a um retângulo dado Seja ABCD o retângulo dado. Prolongue BC até o ponto E, determinado pela igualdade CE = CD. Sobre BE como diâmetro, construa um semicírculo e prolongue DC até encontrar este semicírculo em F. CF é o lado do quadrado equivalente e CFGH é o quadrado. 19

Construção de um quadrado equivalente a um triângulo dado Seja ABC o triângulo dado. Divida sua altura ao meio e tire por esse meio a paralela ED à base BC. Trace perpendiculares à reta BC, nos pontos B e C, as quais interceptem a reta ED, formando o retângulo BCDE, de área equivalente ao triângulo dado. Use o método de cálculo de um quadrado equivalente, para obter o quadrado equivalente ao triângulo. Construção de um retângulo equivalente ao quadrado ABCD, sobre o lado do retângulo com comprimento dado AE. 20

Pela extremidade E, levante uma perpendicular até encontrar o lado DC (fig. 1), ou seu prolongamento (fig. 2). O ponto de encontro, em ambos os casos, é o ponto F. Junte A a F, de modo que a reta AF corte BC, ou seu prolongamento, no ponto G. BG será o comprimento do outro lado do retângulo equivalente que se procura. Este retângulo será representado, em ambas as figuras, por AEHJ. oposto a esta. 1.3.2. Construção de triângulos a partir de certos dados Construção de um triângulo sendo dados: a altura, a base e o ângulo Seja AB a base. Construa o ângulo ABC igual ao ângulo dado e tire BO perpendicular a BC. Divida AB ao meio e levante pelo ponto médio D uma perpendicular a AB, cortando BO no ponto O (centro do semicírculo de raio BO). No prolongamento de DO marque um ponto E, tal que DE seja igual à altura dada. Tire, por E, a paralela EF à reta AB. Junte F a A e B. AFB é o triângulo pedido. 21

perímetro. Construção de um triângulo sendo dados: a base, um ângulo da base e o Seja AB a base dada e CAB, o ângulo dado da base. Marque CA igual ao perímetro diminuído de AB. Junte C a B e divida essa distância ao meio. Pelo ponto médio D, levante uma perpendicular que corta AC em E. Junte E a B. AEB é o triângulo pedido. agudo. Construção de um triângulo retângulo, dados a hipotenusa e um ângulo Seja AB a hipotenusa. Com AB como diâmetro, descreva um semicírculo. Marque o ângulo CAB igual ao ângulo dado. A linha CA corta o semicírculo em D. Junte D a B. ADB é o triângulo pedido. 22

1.4. Divisão de retas em partes iguais 1.4.1. Método das linhas paralelas Para dividir uma reta de tamanho desconhecido em partes iguais ou proporcionais, convém sempre usar a construção indicada na Figura abaixo (1). Para dividir a reta AB em 5 partes iguais, foi traçada a reta AC com 5 cm a partir de A; ligando C a B e traçando paralelas a esta reta em cada divisão da régua, teremos dividido AB em 5 partes iguais, com rapidez e exatidão. O mesmo princípio utiliza-se para dividir uma reta em partes proporcionais, conforme pode ser visto na figura 2, onde a reta AB acha-se dividida em 3 partes proporcionais a 2, 3 e 4. 1.4.2. Método do compasso Para dividir uma reta num número qualquer de partes iguais, por intermédio de um compasso de pontas secas, procede-se como está indicado na figura abaixo. Deste processo, extrapola-se à divisão de uma reta em partes iguais utilizando-se para isto um compasso comum. 23

1.5. Retificação de arcos Seja AB o arco que submete o ângulo AOB. Ligue A a B e prolongue até C, sendo BC = ½ AB. Com centro em C e raio igual a AC, descreva o arco AD. Pelo ponto B, tire uma perpendicular a OB. Essa linha cortará o arco em D e a distância DB é a reta procurada, isto é: a reta de comprimento igual ao arco AB. 24

CAPÍTULO IV 1. Escalas (NBR 8196) Escala de um desenho é a relação entre as medidas do desenho e as da figura real. É muito importante em desenho técnico, pois sem ela seria impossível se representar graficamente pequenos e grandes objetos. A escala do desenho deve ser escrita no rótulo. Quando o desenho for feito em diferentes escalas, apenas a escala principal ali permanece. As outras são escritas juntas aos desenhos correspondentes. Existem duas formas de representação das escalas, a numérica e a gráfica. 1.1. Escala numérica Aparece na forma da razão D:R (desenho: figura real). A menor será reduzida à unidade, tendo como conseqüência sempre a forma 1:R (escala de redução) ou D:1 (escala de ampliação). A escala natural aparece da forma 1:1. Exemplo: A escala 1:50 (lê-se um para cinqüenta) é uma escala de redução, onde um cm de desenho eqüivale a 50 cm da figura real, ou seja, a figura real foi desenhada 50 vezes menor. Assim, em uma escala de redução, quanto maior o número da direita, mais reduzido o desenho representado, conforme pode ser observado na figura a seguir. 25

Em desenho arquitetônico, as escalas mais usadas estão apresentadas na Tabela 1. Tabela 1 Escalas mais comuns Tipo Escalas Ampliação 50:1 20:1 10:1 5:1 2:1 Natural 1:1 Redução 1:2 1:5 1:10 1:20 1:50 1:100 1:200 1:500 1:1000 1:2000 1:5000 1:10000 1.1.1. Cálculo de escalas Exemplo: Imagine que se deseje desenhar um objeto de 20 m, e que deva ter no desenho, no mínimo 16 cm e no máximo 25 cm. A relação será 16 cm do desenho para 2000 cm do objeto, ou 16:2000. Transformando o menor valor em unidade e conservando a mesma proporção, tem-se 1:125 no mínimo. Fazendo o mesmo processo para o máximo têm-se 1:80. Entre este intervalo de 1:125 e 1:80, a escala mais conveniente a ser utilizada é a 1:100. Neste caso, o objeto de 20 m será representado no desenho por 20 cm. 1.2. Escala gráfica É a representação da escala numérica ao longo de uma barra graduada (Figura 1). Ela é feita marcando-se medidas reais da figura sobre uma linha horizontal na escala numérica do desenho. É bastante usadas em cartas e mapas topográficos. Talão Bloco Figura 1 Escala gráfica 26

Principais escalas e suas aplicações 1.2.1. Escala em cartografia Em cartografia, a escala é uma informação que deve constar na carta e pode ser representada, geralmente, pela escala numérica e/ou gráfica. Conforme verificado a seguir, a representação de um mesmo tema (distancia) pode se dar em diferentes escalas. 27

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Como se medir distâncias em cartografia Como exemplo deste tipo de medição, para o mapa a seguir, qual a distancia, em km, entre o Distrito Federal e o Rio de Janeiro? 29

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CAPÍTULO V Centralização de objetos 2D É a disposição harmônica da representação gráfica de um ou mais objetos na folha de desenho, seguindo as recomendações da NBR10582. No caso de 2 ou mais desenhos, estes não necessariamente serão individualmente centralizados, mas sim, o conjunto como um todo deverá ser centralizado. Entre cada desenho e as margens deverá ser deixada uma distância X e entre os desenhos 2X. A seguir serão apresentados alguns exemplos ilustrativos. Exemplo 1 100 cm 40 cm x x X + 40 + X = 100 2X + 40 = 100 2X = 60 X = 30 cm. Ou seja, no sentido do X, deve-se deixar 30 cm antes e depois do desenho, para que este esteja centralizado na horizontal. O mesmo procedimento deve ser feito para a Vertical, considerando a altura da folha e do desenho. 31

Exemplo 2 100 cm 40 cm 20 cm x 2x x X + 40 + 2X + 20 +X = 100 4X + 60 = 100 4X = 40 X = 10 cm. Ou seja, no sentido do X, deve-se deixar 10 cm antes do primeiro e depois do ultimo desenho, e entre os desenhos deve-se deixar 20 cm (2.X), para que este esteja centralizado horizontalmente. O mesmo procedimento deve ser feito para a Vertical, considerando 2Y entre os desenhos, a altura da folha e dos desenhos. Exercício: Considere uma folha A4 deitada. Calcule X e Y para a figura a seguir, se esta for desenhada na escala 2:1. 32

Centralização de objetos 3D Todo objeto 3D deve ser inscrito dentro de um cubo e este ficar a uma distância X de cada uma das margens verticais e Y das margens horizontais. Este cubo deve ser construído a partir de um retângulo 2D, centralizado como visto anteriormente. 33

CAPÍTULO VI 1. Projeções Uma figura é representada, normalmente, pelas suas projeções ortogonais, denominadas vistas, que serão tantas quantas forrem necessárias para perfeita visualização e compreensão da figura desenhada. Estas vistas recebem nome de acordo com a natureza do desenho. As projeções ortogonais servem para representar um objeto 3D (largura, altura e profundidade) em combinações de 2D (largura e altura; altura e profundidade; largura e profundidade). A disposição destas vistas no conjunto será regida segundo normas técnicas (Figura 1). FIGURA 1 Disposição das vistas segundo as Normas Técnicas Brasileiras Na obtenção das vistas, os contornos e arestas visíveis são desenhados com linha grossa continua. 34

As arestas e contornos que não podem ser vistos da posição ocupada pelo observador, por estarem ocultos pelas partes que lhe ficam à frente, são representados por linha média tracejada (linha invisível ou aresta oculta). Exemplo de vistas ortogonais de uma construção. Identifique os erros no desenho das vistas 35

2. Cotagem (NBR 10067 e NBR 10126) As cotas constituem as dimensões gerais dos desenhos técnicos e são executadas segundo as seguintes regras: Cada dimensão só será cotada uma vez, evitando-se as repetições desnecessárias. Em se tratando de desenho de execução, devem constar todas as medidas necessárias para se executar a obra; As linhas de cota e as auxiliares de cota não devem tocar a linha do desenho, permanecendo aproximadamente 1 cm afastadas do desenho e de 8 a 12 mm afastadas entre si (Figura 2); As linhas de cota e suas auxiliares deverão ser traçadas em linhas finas e contínuas, interrompidas apenas no lugar onde se coloca a cota, e terminadas por flecha (desenho mecânico), ponto ou traço inclinado em 45 o em linha grossa (desenho arquitetônico) (Figura 3); As cotas maiores ficarão sempre por fora das menores (Figura 2); FIGURA 2 Extremidade da linha de cota FIGURA 3 Cotagem de segmentos retos Os valores das cotas serão escritos sempre acompanhando o sentido da linha de cota, horizontalmente no sentido normal e perpendicularmente de baixo para cima. Recomenda-se valores escritos com tamanho de 3 a 4 mm e nunca inferior a 2 mm; Em geral, todas as cotas deverão ser expressas na mesma unidade, sem mencioná-la; 36

As flechas, quando empregadas para cotar pequenas distâncias, serão invertidas, sendo o valor da distância colocado lateralmente (Figura 4); A cotagem de uma circunferência poderá ser feita pelo seu raio, utilizando apenas uma flecha em uma extremidade e um pequeno círculo na outra extremidade, quando for apenas um arco. A cota de raio pode também ser expressa pelo seu valor, precedida pela letra r, indicando o arco (Figura 4). 37

FIGURA 4 Exemplos de cotagem 38

CAPÍTULO VII 1. Perspectivas A representação por perspectiva tem a vantagem de mostrar o detalhe como é visto ao olho nu, facilitando assim sua visualização. São três os principais tipos de perspectivas usadas em Desenho Técnico: isométrica, cavaleira e exata. 1.1. Perspectiva isométrica A perspectiva isométrica parte do princípio de que todas as figuras têm origem de um paralelepípedo, que, depois de trabalhado, pode-se transformar numa figura com forma própria. A projeção ortogonal deste paralelepípedo de origem é feita numa posição tal que suas três arestas frontais tenham a mesma inclinação, formando entre si ângulos de 120 o, característica esta da perspectiva isométrica. A aresta perpendicular determina a altura, a aresta maior o comprimento e a menor a largura (Figura 1). A partir deste paralelepípedo pode-se dar forma definitiva à figura através da introdução das suas dimensões internas, bastando, para isso, lembrar a direção das três arestas frontais (Figura 1). As arestas secundárias devem manter o paralelismo das três arestas frontais. Apenas arestas que representem planos inclinados não acompanham este paralelismo. FIGURA 1 Traçado de uma figura em perspectiva isométrica 39

1.2. Perspectiva cavaleira Nesta as três arestas frontais em torno do eixo não fazem ângulos iguais entre si. Os ângulos são variáveis, exceto um de 90 o, formado pela aresta frontal das alturas e pela horizontal dos comprimentos. A aresta das larguras é uma linha oblíqua que faz 30 o, 45 o ou 60 o com a horizontal (α) e que tende a se afastar do observador. Também existe paralelismo entre arestas de mesma direção (Figura 2). FIGURA 2 Traçado de detalhes em perspectiva cavaleira 1.3. Perspectiva exata É aquela que representa a figura, tal como é vista pelo observador a uma determinada distância, com todas as suas deformações aparentes. Não há paralelismo e as linhas de uma mesma direção tendem a convergir para um único ponto. É bastante usada para representação de fachadas de uma casa em desenho de apresentação (Figura 3). FIGURA 3 Representação de uma perspectiva exata 40

Exercício: Desenhar o objeto tridimensional abaixo, centralizado na folha A3 utilizando a escala 1:4. Considerar os valores em cm e que a perspectiva é isométrica. 41