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Brasília (DF), 7 de dezembro de 2006. Ilustríssimo Professor LUIZ HENRIQUE SCHUCH, Digníssimo Encarregado de Assuntos Jurídicos do SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR ANDES SINDICATO NACIONAL. REF.: AFASTAMENTO PARA ESTUDO NO EXTERIOR E DIREITO A FÉRIAS. Prezado Professor Schuch, Vimos, por intermédio da presente Nota Técnica, apresentar esclarecimentos acerca da licença para capacitação (afastamento para estudo no exterior) e o direito à férias, bem como possíveis reflexos do gozo da referida licença. possui a seguinte redação: A licença para capacitação está prevista no art. 95 da Lei nº 8.112/90, que Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal Federal. 1º A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida nova ausência. 2º Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular antes de decorrido

período igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu afastamento. 3º O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da carreira diplomática. 4º As hipóteses, condições e formas para a autorização de que trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas em regulamento. Art. 96º O afastamento de servidor para servir em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-se-á com perda total da remuneração. Mais adiante, em seu art. 102, a Lei em comento prevê que o afastamento para estudo contará como tempo de serviço, para todos os efeitos, senão vejamos: Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são considerados como de efetivo exercício os afastamentos em virtude de: (...) VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afastamento, conforme dispuser o regulamento; A partir dos dispositivos supratranscritos, verifica-se que a Lei nº 8.112/90, que dispõe sobre o regime jurídico único dos servidores civis da União, assegura o afastamento para estudo no exterior, mediante autorização, além de garantir a contagem desse tempo como de efetivo serviço público, para todos os efeitos. Neste ponto, vale lembrar que a expressa referência ao regulamento não autoriza à normativa de inferior hierarquia legal a criação de obstáculos e restrições que não constam do texto legal. O regulamento ao qual aludem os artigos legais cotejados jamais podem

criar restrições que não constam do texto legal, devendo limitar-se ao detalhamento e especificação de condições para a consecução da finalidade da lei, única e exclusivamente, sob pena de serem autônomos e ilegais. No caso dos docentes, a referida questão assume maior relevo em virtude do dever profissional constante atualização e permanente aperfeiçoamento técnico-científico, ínsito às carreiras de magistério. Nesse sentido, o afastamento para estudo mais que um dever institucional do docente, constitui o interesse da Administração, a saber, da Universidade na capacitação de seu corpo docente. Daí, inclusive, a normativa específica constante do inciso I do art. 47 do Decreto nº 94.664/87, que regulamenta a Lei 7596/87, que criou a carreira docente nas instituições federais de ensino: Art. 47 Além dos casos previstos na legislação vigente, o ocupante de cargo ou emprego das carreiras de Magistério e Técnico-Administrativo poderá afastar-se de suas funções, assegurados todos os direitos e vantagens a que fizer jus em razão da atividade docente: I para aperfeiçoar-se em instituição nacional ou estrangeira; Nesse mesmo sentido o art. 31 da Portaria 475 do MEC: Art. 31 Os afastamentos para os fins previstos no artigo 47 do Anexo ao decreto nº 94.664/87, serão concedidos à vista do parecer do departamento ou Unidade de Ensino correspondente, no caso do servidor docente, e da unidade de lotação no caso do servidor técnico- administrativo ou técnico-marítimo. (...) 3º - Durante os períodos de afastamentos de que trata este artigo e seu 2º, serão assegurados aos docentes e aos servidores técnico-administrativos ou técnicomarítimos todos os direitos e vantagens a que fizerem jus em razão do respectivo cargo ou emprego.

As férias, por sua vez, é um direito social constitucionalmente assegurado a todos os trabalhadores, nos termos do inc. XVII do art 7º e do 3º do art. 39 da Constituição Federal. Dada sua envergadura constitucional, bem como a sua função social, o direito às férias anuais com remuneração superior de pelo menos 1/3 (um terço) somente poderá ser restringido, nos limites constitucionais e mediante determinação legal, tudo no esteio do princípio da legalidade estrita que rege toda Administração Pública. A simples perspectiva legal ora delineada, verifica-se que qualquer regulamento que vise à restrição dos direitos assegurados na Lei nº 8.112/90 deverá ser declarado ilegal, em virtude de distanciar-se da norma que deveria, tão somente, regulamentar. Transpondo esse entendimento para o caso ora em exame, conclui-se pela impossibilidade de regulamentos limitarem direitos decorrentes do efetivo tempo de serviço, como, por exemplo, o direito às férias. Nesse turno, traz-se à colação o art. 4º da Portaria Normativa SRH nº 2/98, que tem servido de fundamento para os atos normativos das Instituições Federais de Ensino que restringem o exercício do direito às férias a partir do afastamento para estudo no exterior: Art. 4. O servidor licenciado ou afastado fará jus às férias relativas ao exercício em que retornar. 1 Na hipótese em que o período das férias programadas coincidir, parcial ou totalmente, com o período da licença ou afastamento, as férias do exercício correspondente serão reprogramadas, vedada a acumulação para o exercício seguinte em decorrência da licença ou afastamento. Na esteira do que foi até aqui exposto, a referida portaria é ilegal por impor restrição que não encontra fundamento na lei, possuindo, em função disso, caráter autônomo, o que a fulmina, de igual modo, de inconstitucionalidade. A partir da exegese dos comandos normativos, o afastamento para estudo no exterior deverá ser contado como tempo de efetivo serviço público, devendo os regulamentos acerca da matéria, limitarem-se a dispor acerca das condições e especificidades para que seja

autorizado o afastamento. Assim sendo, afigura-se ilegal qualquer ato regulamentar que restrinja o exercício do direito a férias em razão de afastamento para estudo no exterior. Sendo o que tínhamos para o momento e colocando-nos, desde já, ao seu inteiro dispor para eventuais esclarecimentos que se façam necessários, subscrevemos, Atenciosamente, Damares Medina Claudio Santos OAB/DF nº 14.489 OAB/DF nº 10.081 Assessoria Jurídica Nacional