ANA FLÁVIA SOARES DINIZ MUDANÇA DA FEIRA-LIVRE



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Transcrição:

ANA FLÁVIA SOARES DINIZ MUDANÇA DA FEIRA-LIVRE Defensoria Pública - Comarca de Viçosa MG AGOSTO 2010

I. OBJETIVO DO PROJETO Na comarca de Viçosa, desde 1978 funciona a feira-livre, que funcionou, durante mais de 30 (trinta) anos, na principal avenida da cidade, aos sábados, no período de 07:00 às13:00 hs. A feira-livre sempre foi referência na cidade e faz parte da cultura da comarca, congregando os diversos trabalhadores rurais que ali expõem suas mercadorias, que lhes confere o sustento e a renda familiar, sendo importante fator de desenvolvimento econômico para o município. Não obstante a sedimentação da feira na principal avenida da cidade, o poder municipal local realizou uma audiência pública, com alguns poucos feirantes, que optaram, ainda em 2006, pela mudança do local da feira, de modo que a partir de então o Município realizou um convênio com o Estado de Minas Gerais, para angariar verbas para construir um espaço adequado para a feira, retirando-a do centro da cidade. Assim, após três anos de construção da obra, com a realização de licitação e dispêndio de dinheiro público, a obra foi concluída em 2009, ocasião em que os feirantes foram instados a mudar, em abril de 2009, sem qualquer participação no processo de mudança, sem a oitiva da associação e dos feirantes, principais interessados, vez que a alteração do lugar afetaria sobremaneira as condições de trabalho. A Defensoria Pública de Viçosa, então, foi procurada pela associação dos feirantes da Comarca para que atuasse em sua defesa, tendo em vista a iminência da mudança de local de realização da feira-livre. Partindo desse contexto, a Defensoria Pública buscou a interlocução com o Poder Executivo local, na intenção de sensibilizar o Poder Público acerca da necessidade de participação dos feirantes no processo de mudança, fazendo-os acreditar, ainda, que era preciso ouvir as reivindicações dos trabalhadores rurais que expunham seus produtos na feira.

Assim, após diálogo com as diversas instâncias do poder local, executivo, legislativo e judiciário, constatou-se pela inviabilidade de se propor ação judicial, para impedir a mudança, vez que o convênio firmado entre o Município e o Estado de Minas Gerais tinha objetivo específico e a obra já havia sido realizada, com dispêndio de dinheiro público. Buscou-se, a partir de então, buscar uma aproximação entre os feirantes e o poder local, na tentativa de se realizar uma conciliação, compatibilizando os interesses dos expositores da feira-livre e do poder público. Nesse sentido, a Defensoria Pública conseguiu realizar uma audiência pública, ocorrida aos 19 de junho de 2009, que adesão de mais de cem pessoas, durante a qual os feirantes, através de seus representantes, puderam manifestar suas opiniões e reivindicações. Constatou-se, naquele momento, que era inevitável a mudança, haja vista o dispêndio dos recursos públicos, mas a Defensoria Pública propôs a formação de uma comissão, que foi ali formada, para estudar o que poderia ser modificado no projeto original da feira, a fim de melhor adequar o espaço às necessidades dos feirantes. A comissão foi estabelecida por portaria e os Defensores Públicos da Comarca de Viçosa foram incluídos como membros, a fim de resguardar os direitos dos feirantes, vez que teve papel primordial nessa interlocução local. Foram realizadas cinco reuniões e a partir desses encontros foram ouvidas as propostas dos feirantes, acerca das melhorias que deveriam ser implementadas no novo local da feira, alocação dos feirantes e a necessidade de recadastramento dos produtores de Viçosa, tudo devidamente consignado em ata e levado ao conhecimento do poder público local. A partir daí as reivindicações foram atendidas pela municipalidade, os feirantes obtiveram um tempo maior para se adaptarem a mudança de local, e a transição se deu de forma pacífica e sem prejuízos aos expositores aos 23 de janeiro de 2010.

Nesse sentido, o papel da Defensoria Pública foi o de articular ações, assegurando, há um só tempo, os direitos dos feirantes em participar do processo de mudança da feira, bem como concretizando a paz social, através da transição gradativa e participativa de todos os interessados. II. BENEFICIÁRIOS DO PROJETO A conciliação realizada visou atender as reivindicações dos feirantes que expunham seus produtos na feira-livre e estavam na iminência de mudar de local, sem a possibilidade de qualquer participação prévia no processo de mudança. Assim, através da interlocução feita pela Defensoria Pública, foi viabilizada a participação dos feirantes nesse processo de alteração, que totalizam 350 expositores, que tiveram uma transição mais democrática e participativa. Através das reivindicações foram implementadas benfeitorias no local, com a construção de bancos e abrigos para os freqüentadores da feira-livre, a organização de estacionamento privativo para os veículos dos feirantes, bem como se estabeleceu um local, próximo à realização da feira, para que os produtores pudessem guardar suas barracas e demais instrumentos de trabalho, conferindo um ambiente mais adequado às necessidades dos expositores, melhorando a situação até então vivenciada. III. DIFICULDADES DO PROJETO A maior dificuldade encontrada, inicialmente, foi a resistência por parte dos feirantes em buscar um diálogo com o município, pois sentiam-se afastados do poder de decisão, já que desde o início da mudança não foram ouvidos e sequer queriam mudar de local. Além disso, mostrou-se difícil a sensibilização do Poder Público local, que entendia que a mudança da feira-livre era algo imutável e inadiável. Assim, após algumas reuniões da Defensoria Pública com os feirantes chegou-se a conclusão de que a mudança iria ocorrer, vez que o convênio

firmado entre o Município e o Estado já havia sido concretizado, as obras haviam sido finalizadas e o dinheiro público investido. Ademais, em 2006 houve uma audiência pública, em que os feirantes ali presentes votaram favoravelmente a mudança da feira, o que deu ensejo a atuação do Município, que acreditava estar atendendo as reivindicações dos feirantes. Após tal entendimento foi possível estabelecer uma atuação conjunta, na busca de melhorias das condições dos feirantes, bem como para se fazer a transição do local com maior segurança. A partir de então, buscamos informar o Poder Público local acerca da necessidade de participação efetiva dos feirantes na mudança proposta pelo município, deixando claro que a participação social é direito dos cidadãos no Estado Democrático de Direito, de tal sorte que impedir essa atuação poderia significar inúmeros prejuízos aos feirantes e a comunidade local. Ressalte-se, ainda, que em contato com o Ministério Público e o Poder Judiciário da Comarca, os agentes foram firmes na posição de que não seria possível reverter a mudança da feira, de modo que em nada contribuíram para melhoria das condições dos feirantes. Assim, somente com a atuação ativa da Defensoria Pública foi possível sensibilizar o Poder local, buscando uma composição entre as força que atuavam, fazendo-se uma transição da feira-livre de forma pacífica, tendo obtido êxito pela atuação mediadora, compondo os diversos interesses. IV. RECURSOS ENVOLVIDOS A conciliação realizada não contou com nenhuma verba, de modo que a atuação se deu nos diversos espaços públicos colocados à disposição para atender os feirantes e realizar as reuniões. Assim, foram realizadas reuniões na sede da Defensoria Pública de Viçosa, na Câmara Municipal, na Prefeitura local, dentre outros.

V. BENEFÍCIOS INSTITUCIONAIS Sabe-se que a Defensoria Pública tem por função a luta pelos direitos dos seres humanos como uma luta pela democracia, participação social, e compreensão das desigualdades políticas. Assim, não bastam ações sociais que não só evidenciem e/ou demonstrem como se experimentam essas diferenças, mas que proponham iniciativas que atuem no sentido de eliminá-las. Partindo dessa premissa, a Defensoria Pública, através da conciliação relativa à mudança da Feira-livre cumpriu sua função institucional de efetivar a participação dos feirantes no processo de mudança que estava por vir. Assim, deu voz aos trabalhadores rurais, em sua maioria pessoas carentes, que utilizam a feira como única fonte de renda familiar, assegurando o direito a uma transição segura e pacífica, tornando-os agentes de seu próprio destino, na tomada de decisões. Desse modo, a atuação institucional fez com que estabelecesse inúmeras parcerias no Município, conferindo maior visibilidade perante as Instituições e a comunidade local. Diante dessa atuação, a Defensoria Pública da Comarca de Viçosa passou a ter maior visibilidade local, modificando a visão da Instituição que passa a ser vista como parceira, não apenas em demandas repressivas, com a propositura de demandas judiciais, como também é reconhecida a necessidade de atuação preventiva e de conciliação nas diversas demandas sociais, na efetivação dos direitos humanos.