REFLEXOS DO NOVO CPC NOS PROCESSOS COLETIVOS - PARTE

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Transcrição:

Curso/Disciplina: Processo Coletivo Aula: Processo Coletivo - 13 Professor : Fabrício Bastos Monitor : Virgilio Frederich Aula 13 REFLEXOS DO NOVO CPC NOS PROCESSOS COLETIVOS - PARTE 4. 1. Sistema de preclusão das decisões interlocutórias e sua recorribilidade dentro do panorama do processo individual. Trata-se de uma das principais alterações na teoria geral dos recursos. Com o advento do Código de Processo Civil de 2015 as decisões interlocutórias passam a ter um conceito legal obtido por exclusão. Conforme 203, parágrafo 2º do Código de Processo Civil 1 : Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. no 1o. 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre Tudo aquilo que não for sentença será decisão interlocutória. A decisão interlocutória Com o advento do Código de Processo Civil de 2015 as decisões interlocutórias tem um conceito obtido por exclusão. Podese ter uma decisão interlocutória com conteúdo de uma sentença, porém é importante que não gere efeitos típicos de uma sentença. Há duas categorias: decisões interlocutórias agraváveis decisões interlocutórias não agraváveis No caso das decisões interlocutórias agraváveis há seguinte divisão: - o processo de conhecimento; - o procedimento de inventário, execução, cumprimento de sentença e liquidação. No que tange o processo de conhecimento, as decisões interlocutórias serão agraváveis segundo um rol taxativo 2 previsto no artigo 1015 do Código de Processo Civil. Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: Página1 I - tutelas provisórias; 1 Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2 Há um movimento doutrinário que entende que esse rol também é exemplificativo.

II - mérito do processo; III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI - exibição ou posse de documento ou coisa; VII - exclusão de litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, 1o; XII - (VETADO); XIII - outros casos expressamente referidos em lei. No que diz respeito ao procedimento de inventário, execução, cumprimento de sentença e liquidação, as decisões interlocutórias serão agraváveis segundo um rol exemplificativo conforme parágrafo único do artigo 1015 do Código de Processo Civil. Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. Em se tratando de decisões interlocutórias agraváveis, tem-se o sistema de preclusão imediata. Página2 No caso das decisões interlocutórias não agraváveis, tem-se as: - recorríveis; - irrecorríveis; Nas decisões interlocutórias não agraváveis recorríveis, adota-se o sistema de preclusão diferido ou postecipado e não cabe agravo, porque estão fora das hipóteses do artigo 1015. Assim a recorribilidade se dará por meio do parágrafo 1º do artigo 1009 do Código de Processo Civil:

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. Se há a faculdade de recorrer da decisão e esta não é exercida, ocorre a preclusão. Agora, naquelas decisões interlocutórias não agraváveis irrecorríveis não há preclusão. Serão irrecorríveis nas hipóteses previstas em lei. Conforme, por exemplo, no artigo 138, no artigo 382, 4º, no artigo 950, 3º e no artigo 1007, todos do Código de Processo Civil. O que foi explicitado até agora é o panorama do processo individual, conforme quadro abaixo: Cabe agora estudar o panorama no processo coletivo. 2. Sistema de preclusão das decisões interlocutórias e sua recorribilidade dentro do panorama do processo coletivo. Conforme artigo 17, parágrafo 10 da Lei de Improbidade Administrativa 3 em combinação com artigo 1015, inciso XIII do Código de Processo Civil. Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar. Página3 3 Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm

10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento. Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: XIII - outros casos expressamente referidos em lei. Evidencia-se nesses artigos a recorribilidade do cite-se. O legislador expressamente declara que cabe recurso do ato judicial que ordena a citação. O artigo 19, parágrafo 1º da Lei de Ação Popular 4, traz expressamente a possibilidade de agravo de instrumento das decisões interlocutórias, ou seja, todas as decisões interlocutórias no processo coletivo são agraváveis, porque decorre da aplicação do microssistema da tutela coletiva. Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo. 1º Das decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento. Pode-se dizer, então, que as categorias que são estudadas no processo individual não são aplicáveis no processo coletivo. 3. Agravo interno. Página4 Dentro da esfera recursal, pode-se falar do agravo interno, que ganha uma nova feição com o novo Código de Processo Civil, que traz novidades. O agravo interno é o recurso cabível das decisões monocráticas e/ou unipessoais. 4 LEI Nº 4.717, DE 29 DE JUNHO DE 1965. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4717.htm

O novo Código de Processo Civil, em seus artigos 1003, parágrafo 5º e 1070, traz uma unificação de prazo. O agravo interno possui prazo de 15 dias. Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias. Art. 1.070. É de 15 (quinze) dias o prazo para a interposição de qualquer agravo, previsto em lei ou em regimento interno de tribunal, contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal. Após a vigência do Código de Processo Civil, surgiu a Lei do Mandado de Injunção 5. Em seu artigo 6º, parágrafo único trata especificamente de uma decisão unipessoal ou monocrática em sede do mandado de injunção e diz que cabe agravo interno e estipula um prazo de 5 dias. Isso confronta o prazo de 15 dias estipulado. A repercussão disso para o processo coletivo é, segundo alguns autores, que o prazo passar a ser de 5 dias para os processos coletivos. Essa afirmação é feita com base no microssistema da tutela coletiva. Art. 6o A petição inicial será desde logo indeferida quando a impetração for manifestamente incabível ou manifestamente improcedente. Parágrafo único. Da decisão de relator que indeferir a petição inicial, caberá agravo, em 5 (cinco) dias, para o órgão colegiado competente para o julgamento da impetração. A interpretação de maneira restritiva (prazo de 5 dias somente se for no mandado de injunção) significa aplicar o microssistema de maneira seletiva, que não convém. Uma terceira interpretação seria entender que o prazo de 5 dias somente se aplica ao mandado de injunção coletivo, mas também se trata de uma interpretação não harmônica do sistema. Página5 5 Lei nº 13.300, de 23 de junho de 2016. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13300.htm