ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL NO MUNICÍPIO DE SANTA ROSA/RS Analysis of the use of the sanitary depletion system in habitats of interest in the municipality of Santa Rosa - RS RESUMO BUENO, Bruna 1 ; HUPPES, Fabio 2 ; BARBOSA, Douglas 3; PEDROSO, Eder 4 Sabe-se que a habitação tem como sua principal função refugiar seus moradores. Sendo assim, o abrigo foi elaborado a partir do momento em que o homem começou a desenvolver suas habilidades, deixando de ser nômade e estabelecendo-se em um lugar fixo. Desta forma, com toda a evolução da tecnologia, a primordial função de proteger o ser humano dos intrusos, do sol, da chuva e de abrigar, é mantida até hoje. Visto que, as habitações passaram a ser lugares aonde seus ocupantes chegam após um dia de trabalho e desempenham tarefas de descanso, alimentação, convívio social e atividades fisiológicas. No entanto, para que essas atividades possam ser realizadas, n sistemas devem ser elaborados para que os usuários das habitações consigam desempenhar suas atividades primordiais. Um desses sistemas é o de esgotamento sanitário, responsável pelo controle de dejetos produzidos através das atividades cotidianas do ser humano. Sendo assim, a Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua saneamento como o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem estar físico, mental e social. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é analisar as intrínsecas relações entre a satisfação dos usuários de habitações de interesse social, bem como a verificação das instalações de esgotamento sanitário visando buscar soluções para proporcionar melhoria para estes moradores, tornando-se ponto de partida para estudos mais aprofundados sobre o tema, como forma de garantir melhores condições de vida e saúde para as populações. Palavras-chave: Saneamento Básico. Habitações de Interesse Social. População. ABSTRACT It is known that housing has as its main principal the function of sheltering its residents. Thus, the dress was drawn from the moment it began to be useful, failing to be done and establishing itself in a fixed place. In this way, with all the evolution of technology, the primordial function of protecting the human being from the intruders, the sun, the rain and the shelter, is maintained until today. The tasks went through a full day of work, occupied the work days and were subjected to tasks of rest, food, social interaction and physiological activities. However, in order for them to be executed, "n" systems must be designed so that the users of the dwellings can carry out their primary activities. One of the systems is the sewage system, responsible for the control of manure, framed, of the daily activities of the being. Thus, the World Health Organization (WHO) conceptualizes as the control of all factors of physical exercise, which exercise or can exercise physical, mental and social function. In this context, the objective of this study is to analyze the interrelations between the satisfaction of users of social housing, as well as the conditions of exhaustion and the need to find new solutions for these projects, becoming a starting point for more studies on the subject, as a way of preventing the living conditions and health for the populations. Keywords: Basic sanitation. Dwellings of Social Interest. Population. 1 Estudante de Engenharia Civil, Unijuí, Grupo de Estudos do Curso de Graduação em Engenharia Civil da Unijuí - Santa Rosa. E-mail: bru_gi_bueno@hotmail.com. 2 Estudante de Engenharia Civil, Unijuí, Grupo de Estudos do Curso de Graduação em Engenharia Civil da Unijuí - Santa Rosa. E-mail: fabio_huppes@hotmail.com. 3 Estudante de Engenharia Civil, Unijuí, Grupo de Estudos do Curso de Graduação em Engenharia Civil da Unijuí - Santa Rosa. E-mail: dodalan@hotmail.com. 4 Professor Orientador, Unijuí, Grupo de Estudos do Curso de Graduação em Engenharia Civil da Unijuí - Santa Rosa. E-mail: eder.pedrozo@unijui.edu.br.
1 INTRODUÇÃO De acordo com BILL ADIS (2009) o nomadismo era o estilo de vida dos primeiros povos da antiguidade, mas com a implantação da agricultura esse estilo de vida foi dando lugar a pontos físicos de morada, as habitações. Sendo assim surgiram as primeiras civilizações e formaram-se os primeiros centros populacionais da época. No entanto, mesmo com toda a evolução da tecnologia, a primordial função de abrigar, é mantida até hoje, já que habitações são lugares onde seus ocupantes desempenham tarefas de descanso, alimentação, convívio social e atividades fisiológicas (ABIKO,1995). Neste contexo, de acordo com SILVA (1989), sabe-se que mais de um bilhão de habitantes na Terra não têm acesso à habitação segura e a serviços básicos, embora todo ser humano tenha direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza. Logo, surge a necessidade da implantação de locais de abrigo às populações marginalizadas, visando diminuir o déficit habitacional nos dias atuais. Desta forma, surge o conceito de Habitação de Interesse Social, a qual é caracterizada por ser financiada pelo poder público, destinada a famílias de baixa renda, com até 3 salários mínimos e que correm situação de risco ambiental e/ou de preservação da sua cultura (LARCHER, 2005). Segundo LAGO (2010) qualquer forma de habitação, seja social ou não, representa a proteção de uma família, tanto como um abrigo preza com as necessidades básicas do ser humano. Sendo assim, para que as necessidades básicas do ser humano sejam contempladas e assim controle-se parte das insalubridades desencadeadas pelo descarte inadequado de suas ações fisiológicas aflora-se a ideia de saneamento. Visto que, para a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem estar físico, mental e social, objetivando alcançar salubridade ambiental. Um exemplo disso é a diarreia que, com mais de quatro bilhões de casos por ano, é uma das doenças que mais aflige a humanidade, pois causa 30% das mortes de crianças com menos de um ano de idade. Portanto, entre as causas dessa doença destacam-se as condições inadequadas de saneamento (GUIMARÃES, CARVALHO e SILVA, 2007). 317
Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é analisar as intrínsecas relações entre a satisfação dos usuários de habitações de interesse social, bem como a verificação do sistema de esgotamento visando buscar soluções para proporcionar melhoria para estes moradores, tornando-se ponto de partida para estudos mais aprofundados sobre o tema, como forma de garantir melhores condições de vida e saúde para as populações. 2 METODOLOGIA A metodologia utilizada no estudo baseia-se em uma revisão teórica dos principais conceitos da área de saneamento, em específico, do sistema de esgotamento residencial. Desta forma, a coleta de materiais utilizou-se de dados primários e secundários. Assim, os dados primários foram coletados em uma pesquisa bibliográfica em livros disponíveis na Biblioteca Universitária Mário Osório Marques campus da Unijuí e os dados secundários foram obtidos através de uma pesquisa de campo, realizada in loco, do tipo quantitativo-qualitativa avaliando assim a satisfação dos usuários do loteamento Auxiliadora II, na cidade de Santa Rosa - RS, em relação ao sistema de esgotamento instalado. Posteriormente, os dados primários e secundários foram analisados a fim de realizar uma análise cruzada das informações para propôr uma reflexão teórica no âmbito do sistema instalado, levando em consideração os principais apontamentos dos moradores em relação ao sistema de esgoto empregado em Habitações de Interesse Social no loteamento Auxiliadora II, no município de Santa Rosa, região Noroeste do Rio Grande do Sul. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES De acordo com a normativa NBR 7229, ABNT (1993), define-se como fossa um meio de tratamento primário essencial do esgoto doméstico no qual é feita a separação e transformação da matéria sólida contida no esgoto. Já que o sistema de fossa séptica é fundamental no combate a doenças, verminoses e endemias, como a cólera, por exemplo. No entanto, torna-se fundamental a instalação de fossas em unidades residenciais pois elas evitam o lançamento da poluição dos dejetos humanos no lençol freático, rios, lagos e nascentes. NR 7229 (ABNT, 1993). 318
Sendo assim, para a execução do projeto hidrossanitário das HIS do loteamento Auxiliadora II levou-se como premissa o cálculo de constribuição de despejos para que se fosse realizado o posterior projeto de volume necessário para a fossa séptica de cada unidade habitacional. Desta forma, a Equação 1 contida na NBR 7229, ABNT (1993) fora utilizada para uma prévia projeção do volume necessário, como pode-se observar a seguir. Equação 1. Volume da fossa séptica V 1000 N C T K Lf Fonte: NBR 7229 (ABNT, 1993) Sendo que para fins de cálculo do volume útil, estabeleceu-se um N, número de pessoas ou unidades de contribuição, de 4 pessoas por unidade habitacional. Já o coeficiente C, contribuição de despejos (L/pessoa.dia ou L/unidade.dia), foi adotado de acordo com tabela 1 contida na mesma normativa, considerando-se 100 L/pessoa.dia. De acordo com a tabela 2 da NBR 7229, ABNT (1993), adotou-se o valor de 1 dia para o coeficiente T, periodo de detenção de dejetos. Já, para o coefciente K, taxa de acumulação de lodo digerido (dias), equivalente ao tempo de acumulação de lodo fresco, adotou-se o valor de 174, sendo considerado um intervalo de limpeza de 3 anos em cada unidade. Para fins de cálculo ainda adotou-se um Lf, contribuição de lodo fresco (L/pessoa.dia ou L/unidade.dia), no valor de 1, em conformidade com a tabela 1 da normativa NBR 7229, ABNT (1993). Desta forma constatou-se através da Equação 1 que o volume útil do tanque séptico a ser considerado para cada unidade habitacional seria de 2096 litros, portanto através do volume encontrado pode-se projetar as dimensões do tanque. Sendo elas: 1,33 m de diâmetro e 1,50 m de altura, como pode-se observar na Figura 1, a seguir. 319
Figura 1 - Detalhamento do projeto de esgotamento sanitário. Fonte: Disponibilizado pela Prefeitura Municipal de Santa Rosa RS. Sendo assim, para a melhor compreensão da situação atual do sistema de esgotamento das moradias do Loteamento Auxiliadora II da cidade de Santa Rosa, executou-se no mês de abril/2018 a aplicação de um questionário em 33 moradias, onde foram abordadas perguntas fundamentais para a melhor análise das instalações e se suas funções estavam sendo executadas de forma satisfatória, sendo assim, pode-se verificar as respostas obtidas nos gráficos a seguir. De acordo com o Gráfico 1, confirmou-se a implantação do projeto sanitário, visto que todas as residências possuíam fossa séptica, sendo que o sumidouro não foi executado em nenhuma das moradias, mas foi deixada a conexão para que posteriormente a implantação pudesse ser desenvolvida. Desta forma foi constatado que 20 usuários estavam satisfeitos com o sistema, mas em contrapartida 13 entrevistados mostraram insatisfação. 320
Grágico 1 - Quastionamento 1. Fonte: autoria própria. Quando questionado se o sistema havia desenvolvido algum problema durante o período de utilização, de acordo com Gráfico 2, pode-se observar que 22 dos entrevistados afirmaram a não aparição de problemas, já 11 usuários apontaram o desenvolvimento de problemas em suas moradias. Gráfico 2 - Questionamento 2. Fonte: autoria própria. Ao questionar quais seriam os problemas observados pelos moradores, verificou-se que o mau odor seria um dos problemas mais atrelados a falha do sistema de esgotamento, sendo 321
assim perguntou-se em um terceiro questionamento qual a incidência de odor nas moradas abordadas, que pode ser observado no Gráfico 3, a seguir. Gráfico 3 - Questionamento 3. Fonte: autoria própria Sendo assim, um quarto questionamento foi realizado quanto ao período de intervalo de limpeza nas fossas sépticas, pois sua manutenção é de grande valia no que se refere a conservação do sistema e seu consequente funcionamento eficaz. De acordo com o Gráfico 4 pode-se analisar as respostas obtidas. Gráfico 4 - Questionamento 4. Fonte: autoria própria 322
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Levando em consideração a importância de se destinar os dejetos hidrossanitários de forma correta, devido à questão de saúde pública constatou-se que, de acordo com o estudo de caso realizado, existem falhas no que se diz respeito aos sistemas de esgotamentos implantados nas HIS do loteamento Auxiliadora II. No entanto, os lapsos diagnosticados não ocorrem somente a erros de projeto, mas sim devido a n fatores que estão interligados, já que tais problemas podem ser desencadeados pela má execução, devido a mão de obra desqualificada, pelo uso de materiais menos custosos e ao mesmo tempo menos duráveis, pela superlotação das unidades habitacionais, aumentando-se assim o volume de dejetos produzidos, além do descuido dos próprios moradores, no que se diz respeito à limpeza dos tanques sépticos. Desta forma, analisando as insatisfações dos usuários propõe-se como medida preventiva de futuros problemas do sistema, um maior grau de instrução aos usuários a cerca dos tanques sépticos, salientando a importância de se realizar a limpeza do conjunto instalado em cada unidade, em determinados períodos. Outra medida considerável seria a retificação do volume útil da fossa para unidades futuras, levando em consideração um maior número de usuários por habitação, fator N utilizado na equação, pois quanto maior o número de pessoas, maior será a produção de dejetos. Logo, a instrução dos usuários associada a uma análise do pré-projeto das instalações de esgotamento sanitário podem ser alternativas executáveis que não demandam altos custos e que consequentemente se tornariam satisfatórias aumentando-se a vida útil do sistema como um todo. REFERÊNCIAS ABIKO, A.K. Introdução à gestão habitacional. In: ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUTIVO, São Paulo, 1995. Anais. São Paulo, ANTAC, 1995. ADDIS, Bill. 2009. Edificação: 300 anos de projeto, engenharia e construção, Porto Alegre, Ed. Bookman. 323
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7229, 1993. Projeto, Construção e Operação de Sistemas de Tanques Sépticos. GUIMARÃES, A. J. A.; CARVALHO, D. F. de; SILVA, L. D. B. da. Saneamento básico. 2009. LAGO, Celina; ZUNINO, Lourdes. Habitação de interesse social. 2010. Disponível em < http://download.rj.gov.br/documentos/10112/1312245/dlfe56335.pdf/13_secaoiv_2_ha BITACAO_docfinal_rev.pdf >. Acesso em 15 agosto 2018. LARCHER, J. V. M. Diretrizes Visando a Expansão da Habitação de Interesse Social sob a Ótica do Sistema Construtivo. Mestrado (Construção Civil) - UFPR, Curitiba, 2005. SILVA, M.O.S. Política habitacional brasileira: verso e reverso. São Paulo, Cortez, 1989. 324