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AO LEITOR: Amigo leitor, ainda é tempo de evitar a leitura. Nada encontrará que justifique a perda de tempo ou mesmo o investimento. Só o incauto ignoraria oportuna advertência. Curioso? Fica o alerta! O Autor. O TERCEIRO ITEM Agora eu sabia de onde vinha toda aquela inspiração. Não era inspiração, era mesmo necessidade. O cérebro, preso, maior que a caixa craniana, reclamava alguma sorte de iniciativa. Não lhos direi de

quem falo. Se perscrutarem a minha história talvez encontrem os vultos. Uma pista darei: busquem na geografia e na arte das palavras. Outra pista: um homem calculava num sítio. E sobre mim? No futuro, quem reclamará os créditos? O berço ou a fonte da oportunidade? O tempo o dirá. Ou será muita pretensão? Agora só posso rir disso. Senhores, o tempo é oportuno. Não sei se reclamo ou agradeço. Os conselheiros preguiçosos e são muitos me invejam. Outros, mais preocupados, vislumbram a oportunidade. Talvez estejam com estes a sensatez. Por hora, atendo-nos escrevendo. Mas o que? Qualquer coisa, mesmo que desconexa e ininteligível. Se respondo à algum estilo, não o sei. Os acadêmicos que se ocupem disso, se a empreitada se lhes convier. Senhoras, como saber se realmente é um prêmio quando o espírito está confuso? Melhor contemplar a rua, que nesses dias de junho anda especialmente agitada. Os sons se misturam. Uma música

chata e o choro de uma criança disputam o ar. As pessoas vêm e vão. Por um momento parecem nos visitar. Mas a vida flui, manifesta-se em cores e formas que ainda tento assimilar. À que sorte de rotina seguem presas essas almas? Senhores, do que tratar? Qualquer coisa talvez. Só escrever. Escrever. Escrever. Quem lerá? Quem? Os amigos talvez. Bom tê-los. Senhoras, acredito que seria capaz de falar de banalidades sem nada dizer. Talvez contassem as palavras e nenhuma mensagem encontrassem. Ainda assim talvez os curiosos as buscassem. Melhor escrever só por escrever. Ocupar o cérebro e encontrar no barulho das teclas um lenitivo. Abafar o tic-tac do relógio talvez. Ao menos o frio no estômago ficaria esquecido. Senhores, o que dizer? Contar alguma história? E teria imaginação para tanto? A experiência de quatro décadas

ajudaria? Não creio. O cérebro dá voltas em torno de si. Senhoras, descobri que há um dicionário ao alcance das mãos. Talvez um jogo de palavras. Já escrevi tantas bobagens antes. Talvez me torne célebre como o homem das obras inacabadas. Da última vez perdi os escritos numa pane do computador. Só Jesus salva! Senhores, por um momento lembrei-me de Eda. Pude ouvir o seu apelo: Vá direto ao assunto. Não seja tão prolixo. Não lhos direi de quem falo. Não porque ofereça qualquer risco, tão somente para que encontrem graça na leitura. Eda me fez descer das palavras quando me perdia em rodeios. Uma pequena pista: era um dia de trabalho. Eda ficaria envaidecida se soubesse da lembrança. Mas já não sei por onde anda. Senhoras, talvez lhes revele o meu diário. Ou talvez lhes fale de um monte de coisas sem nada dizer. Seria engraçado, ao menos pra mim. Lembrei-me

por um instante da minha primeira semente. Na sua inocência quis saber porque a gente não para de pensar. Talvez seja mesmo só existência. Talvez só exercício da loucura. Ainda bem que a bela semente insiste em existir. Espero que tenha longa existência e que possa baixar-me ao túmulo. É a ordem natural das coisas. Mas devo preveni-las: quero durar um século, como tenho pedido a DEUS! Senhores, acho que escrevo uma carta. Mas não consigo definir o assunto. Paciência! Enquanto isso, escrevo, sem qualquer compromisso. Não lamentem se lhes imponho a perda do tempo. Eu não lamento. Antes me divirto com a só possibilidade de imaginá-los procurando algum sentido nestes escritos. Alguns talvez estejam a dizer: Enlouqueceu!. Outros talvez simplesmente concluam: Eu já sabia!. Senhoras, os temas palpitam: a política, o meio ambiente, a religião, etc. Mas a ignorância pulsa. E eu não sei nada

de nada. Certa vez um ancião me disse que o nosso conhecimento é oco. Agora, eu que quase nada li, brinco de escrever. Perdoemme. Se não puderem, riam, de mim e de si mesmas. E se isso lhes tiver custado mais que tempo (R$), relevem. As armadilhas estão mesmo por toda parte. Senhores, quantas personagens poderiam desfilar diante dos vossos olhos? Mas o que vejo fecha as portas da imaginação. Um vidro limpo. Alguém que se esforça para fazê-lo brilhar sob o sol das treze horas. A cena é real mas é só minha. Não creio que mais alguém se ocupe dela. É banal. Senhoras, o sol parece sentar-se à porta. Ignora que é inverno. Se eu fosse poeta inspiraria um poema. Mas a cena é só minha. Apesar da beleza, também não acredito que alguém se ocupe dela. Quem sabe outros sóis? Aqui tudo lembra um pequeno quadro.

Senhores, como posso prendêlos? É tudo quanto quero nessa hora. Acho que escrevendo. Quem chegará ao fim da leitura sem rasgar estes escritos? Os amigos talvez suportem esse arrobo de insanidade. Os inimigos, sinto que não os tenho. A certa altura alguém quis este posto. Mas rendeu-se a sensatez e me descobriu melhor na lista de amigos. Senhoras, poderia contar as formigas. Mas não há formigas por aqui. Aliás, aqui sequer parece haver cheiro. Tudo parece inodoro. Há só um incessante vai-vém. Mas as pessoas por aqui não se contam. Todas já se conhecem. De tanto que andei, aqui cheguei. Agora não sei se descanso ou se retomo a marcha. Os conselheiros preguiçosos me apontam a rede. Os outros me apontam o caminho. Que devo fazer? Por hora, escrever. Senhores, algumas páginas já se foram. E o que ficou? O espanto talvez. Nem todo gato alcança o rato. Só o rio é obvio. Nessa encruzilhada me inclino para

o diário mas me contenho. Da outra trilha não sou capaz. Junto palavras. Escrevo por escrever. Senhoras, se já não há paciência para ler, devo adverti-las de que ainda há muito fôlego para escrever. Aliás, como poderia batizar estes escritos? Melhor deixá-los sem título. Ou não? algo genérico talvez. Qualquer título. Quem se importa? O poeta talvez se importe. Diz que eu divago. Por hora vejo as moças que cruzam o caminho. Moças? Acho que não são assim tão moças. A idéia da festa afetou meus sentidos. Senhores, talvez seja de grande valia o auxílio de um psiquiatra na leitura. O dicionário? Podem guardá-lo. Nem eu me sabia louco. A tarja negra na caixa não deixa dúvidas. A criança agora cruza o meu caminho e sorri com inocência. Vocês não poderão vê-la. Mas não se inquietem, ela é real. A loucura ainda é social. Fulguram no quadro outras cores.

Senhoras, o que procuram? O amigo? O louco? Acho que já fui mais uma coisa e outra quando suplicava. As minhas súplicas deixaram profundas marcas. Depois de uma delas quase tingi o rio de vermelho. Valeu a pena! Há um riso que ecoa enchendo um pequeno quarto. Quem é flamenguista sabe! Senhores, não sei se já cansei as senhoras. Talvez permaneçam firmes na fé. Procurei o vento mas ele não está por aqui. Aliás, ele raramente aparece. Mas para que falar do vento? Melhor escrever só por escrever. Por um momento lembrei-me da dona lá de casa. Talvez me traga a camisa de força. Senhoras, o assunto é rico. O conto é pobre. Eles acharam o caminho da riqueza. Também, calculavam num sítio. Eu, pobre viajante, só calculo os grãos de feijão que rodeiam o prato. Ao menos a carne é boa e tem sabor. Mas o discípulo de Hipócrates me impõe penas e escamas.

Senhores, isso já parece um discurso. Então posso falar dos carros que me tomam os olhos. São poucos mas são muitos. Lembrei-me dos meus. Eu os tenho tantos. Me transportam nas madrugadas e me levam adiante. O cinza é real. O ronco dos motores também. Senhoras, permitam-me que lhes ofereça as flores que colho da praça. Nem todos os namorados ousaram roubá-las no doze de junho. Prefiro as vermelhas. As gregas ou seriam romanas? - vigiam os canteiros mas creio que possa despistá-las. Enfeitemo-nos e a conversa ficará mais bonita. Falaremos das flores? Melhor deixálas sem máculas. Senhores, vi aquele corte e tive a visão da morte. Ele já não estaria mais aqui. Chorei comigo. Era um filme antes visto. Mas por um milagre do destino o curso da história foi subitamente modificado. Lembrei-me daquele que já se foi. Não teve a mesma sorte. Que doce lembrança! Como pôde ter partido tão cedo? Tanto faríamos

se tivesse podido esperar. Mas eles eram muitos, apesar de miúdos. Consola saber que ficou em mim, no meu DNA. Era bondoso demais! Senhoras, de nada queria falar mas acabei lhes revelando tanto. Quem é de perto talvez descubra. Os de longe não sei. Por um breve momento lembrei-me daquele desvelo materno. Me compadeci de tanta dor. Quis a Providência tornar-me instrumento da ajuda. Sorte minha! Ganhei um sorriso que teima em não se apagar. Agora um anjo me vigia! Senhores, não quero que notem as emendas. Elas poderiam denunciar o meu estado de espírito. Prefiro pensar que a tampa permanece aberta e que as palavras fogem descontroladas. Melhor não contar as luas. Assim continuaremos conversando. Simplesmente conversando. Senhoras, as palavras já não parecem tão à vontade. Talvez não me tenha feito bem a precipitação da crítica.

Esforço-me para continuar. Não é fácil. Cada nova palavra mais se assemelha a um parto. Enganei-me ao pensar que seria fácil falar de nada. Mesmo assim teimo. Escrevo. Perdoem-me se a essa altura já não entusiasmo. Senhores, o barulho incomoda. O ruído é real. Os dentes brigam com as fibras. A lembrança da seiva é tudo o que ainda resta. Já não dá pra saber o que pretendem. Não se conformaram só em riscar o verde. Aqui o verde sepulta o verde. Aliás, o verde daqui tem uma extraordinária escuridão. Aqui o verde é só verde. Verde e pronto. Aqui o verde não verdeja como no berço. Senhoras, o que ainda nos contém? Não é qualquer genialidade. Também não posso e não quero crê-las imbecis. O tempo talvez. Senhores, do que tratamos? De mim? De vocês? Acho que falamos dos quadros. Atrás do quadro há outro quadro.

A poeira teima em emoldurá-lo. Há ainda um terceiro quadro. Este é tingido de azul. As vezes é bom contemplá-lo. Quase sempre é bom. Quem saberá do que falo? Posso dizer que o quadro não é só meu. Outros se encontram compelidos a observálo. Atrás dos óculos a professora dá um sorriso discreto ao ver o azul. O jovem se esconde do frio sob a toca já surrada. Quando estamos juntos o quadro é nosso. Embarquemo-nos! Senhoras, desejei não enlouquecer. Só queria descarregar o cérebro. A pressão incomoda. Se enlouqueci, não sei. Digam-me. A tríade que vejo não empolga. Parecem imóveis os seres. Cansados talvez. Pesam sobre os bancos da praça. Senhores, o sino dobra perto de onde ele calculava. No berço nunca notei o badalo. Daqui até posso parafrasear não sei quem: por quem os sinos dobram? No mais das vezes dobram pelas horas. Também não entendo de sinos. Aliás,

porque falar de sinos? Acho que não seria bom sinal. Senhoras, já lhes ocorreu o sorriso de um anjo? Tenho as portas do céu abertas diante de mim. Tropeço nos querubins e serafins. Só não posso desbaratar aqueles novelos. O riso de um é interrompido pelo barulho do ar comprimido. Mas o riso é teimoso, apesar dos pesares. Quem é flamenguista sabe! Quem é de casa também sabe. Quem chegou bem perto também deve saber. Senhores, onde vai terminar esta história? Quem sabe? No lixo talvez. O teclado é suave e o barulho que produz me deixa aceso. Talvez se perguntem pelas horas. Dia? Noite? Madrugada? Não importa. Sigo quase monossilábico. Não é fácil falar do nada. É grande o risco de desdizê-lo. Senhoras, por um instante fascina-me a idéia de ver essas palavras impressas. Dariam forma ao terceiro item.

O poeta ficaria satisfeito e eu não me sentiria menor. Tantas vezes bati palma. Os itens precedentes já os concebi. Fui abundantemente abençoado num deles. Sabem do que falo? Perdoem-me se me tornei óbvio demais. Tentarei preservar a graça. Senhores, quando devo parar? Breve talvez. A essa altura já não sei onde comecei. Só tenho certo que de nada queria falar. Consegui? Não sei. Digam-me por favor. Toquem-me o ombro na fila e saberei. Por hora sigo com as visões. Definitivamente enlouqueci. Talvez seja só pretensão. Só tenho medo de divagar. Que me perdoe o poeta! Senhoras, notei que há alguém aqui. Não saberão de quem falo. Não sou contador de histórias. Não calculo num sítio. Sou pobre demais pra isso. Antes, cambaleio sobre as palavras como uma espécie de bêbado. Aliás, o malte ainda circula. Quem gosta de chapéu sabe do que