Comunidade Energética Sustentável CULATRA André Pacheco Albufeira, 14 de novembro de 2018

Documentos relacionados
As políticas e prioridades para a Eficiência Energética e para as Energias Renováveis em Portugal Isabel Soares Diretora de Serviços

Novos desafios para a participação dos consumidores no mercado de energia. Eduardo Teixeira Lisboa, 11 de novembro de 2016

ALGARVE 2030 Desafiar o Futuro

Energia, Mobilidade e Alterações Climáticas José Manuel Melim Mendes

ANEXO. Proposta de Regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho. que cria o programa InvestEU

Os fundos e o Desenvolvimento Sustentável. Maria da Graça Carvalho

GREEN BUSINESS WEEK 2017 O solar fotovoltaico na transição para uma economia de baixo carbono

PLANO NOVAS ENERGIAS (ENE 2020)

ÁGUA E ENERGIA. João Nuno Mendes. Workshop LIFE Smart Water Supply System 15 março 2017

ROTEIRO PARA A NEUTRALIDADE CARBÓNICA 2050

As prioridades nacionais para a Eficiência Energética. Cristina Cardoso, DGEG

O Autoconsumo e a sua Envolvente

FINANCIAMENTO DA MITIGAÇÃO E DA ADAPTAÇÃO

Alterações Climáticas, Energia e Eficiência Energética no Alto Minho Balanço, Principais Prioridades & Projetos Âncora 2030

Energia a partir de resíduos provenientes de biomassa

Plano e Orçamento da Região Autónoma dos Açores Intervenção deputada Bárbara Chaves -

João Bernardo. Direção Geral de Energia e Geologia

Desafios e Desenvolvimentos nos Enquadramentos Legais dos Sectores Energéticos

SOBRE ENERGIAS RENOVÁVEIS

O Mar no próximo QFP

Cliente, fornecedor ou agente do mercado : o consumidor de eletricidade em 2050

EDP - Motor de arrastamento para projetos internacionais

Plano de Energia e Mudanças Climáticas de Minas Gerais

PROTOCOLO DE QUIOTO, UM DESAFIO NA UTILIZAÇÃO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS

O PAPEL DA REDE RURAL NACIONAL

Energias Renováveis em São Tomé e Príncipe

mar 2020: Fazer acontecer o MAR

ENERGIA LIMPA PARA TODOS OS EUROPEUS

Por um Alto Minho mais Verde Perspetiva Territorial

Sofia Santos BCSD-Portugal

O Mar nos Programas Temáticos Regionais João Fonseca Ribeiro Diretor Geral de Politica do Mar

Transição energética nas empresas

OPORTUNIDADES DE FINANCIAMENTO

Compromissso Documento de Orientação Estratégica. António Oliveira das Neves Funchal, 09 de Julho 2013

AcquaLiveExpo Inovação e Oportunidades no Sector Hidroeléctrico

Juntos com Energia Ideias, Projetos, Sinergias com Energia

A importância da descentralização da produção de energia elétrica no âmbito da descarbonização da economia.

Mobilidade elétrica: novos desafios para a Regulação. Vitor Santos Rio de Janeiro, 25 de outubro de 2013

Bruxelas, COM(2016) 763 final ANNEX 1 ANEXO

Programa Operacional Regional Alentejo 2014/2020. Identidade, Competitividade, Responsabilidade

No Plano Intermunicipal de Alinhamento com a Estratégia. Regional , os municípios identificaram como primeira

GESTAO DE ÁGUAS URBANAS NO SECTOR TURÍSTICO

Programa Energia Inteligente Europa (EIE)

Nuno Brito Jorge 10 de Março de 2015 CIUL Lisboa E-Nova

A situação atual das renováveis na política energética nacional

Ganhe eficiência nas soluções de energia.

e Tecnologia da Energia O ENERGYIN e a aposta portuguesa na Energia Offshore Lisboa 14 de Maio de 2010

Contribuições Setoriais para a Descarbonização da Economia Transportes

Políticas e Experiências em. Eficiência Energética

POSICIONAMENTO ESFORÇO COMPARTILHADO PARA AÇÃO CLIMÁTICA. Direção Geral de Negócios / Direção Global de Regulação

Programa Energia Inteligente Europa (EIE)

Portugal 2020: Objetivos e Desafios António Dieb

Chegou a vez das Empresas - Mini Geração -

O FUTURO DO SETOR EÓLICO EXTENSÃO DE VIDA E REPOWERING DAS CENTRAIS EÓLICAS. Lisboa 7 de Dezembro Lisboa

Plano de Energia e Mudanças Climáticas de Minas Gerais

A Rede como a Plataforma Integradora para as Cidades Inteligentes

ESTRATÉGIAS REGIONAIS PARA POLÍTICAS ENERGÉTICAS SUSTENTÁVEIS 23.JANEIRO.2013

PORTUGAL Faça clique para editar o estilo apresentação. Não podemos prever o futuro mas podemos construí-lo!

1 Segurança energética e redução da dependência das importações; 4 Eficiência no fornecimento, distribuição e consumo

Eletricidade e Energias Renováveis em Portugal

Direito de Energia Professora Responsável: Doutora Suzana Tavares da Silva. Andréa Farias Cavalcanti

ecomar GRUPO DE AÇÃO LOCAL

Aspectos económicos e ambientais das grandes infraestruturas

O setor fotovoltaico em Portugal

02 julho 2018 Sistemas Sustentáveis de Energia

WORKSHOP MODELAGEM CLIMÁTICA E A TERCEIRA COMUNICAÇÃO NACIONAL. Experiências de Estudos de Impactos das Mudanças de Clima nas Energias Renováveis

Álvaro Rodrigues. Mai11 AR

Energias Renováveis em São Tomé e Príncipe

Espaço Atlântico 2020

RESULTADOS DO PO SEUR

Projeto de Ampliação do Aproveitamento Hidroelétrico da Calheta

SOLUÇÕES INTEGRADAS PARA O ECOSSISTEMA DA MOBILIDADE.

Transportes e Alterações Climáticas

As barragens e a gestão de recursos hídricos

PROGRAMA. 14h30_ Apresentação Rexel Energy Solutions. 14h45_ Balanço de potências nas Instalações com Autoconsumo Fotovoltaico

3. CONTRIBUIÇÃO DAS RENOVÁVEIS PARA O DESENVOLVIMENTO NACIONAL 4. PERSPECTIVAS PARA A EVOLUÇÃO DAS RENOVÁVEIS

Animation: Florian Geyer. Economia CRIA CCDR, Faro, 06 de Dezembro 2018

Sumário POLÍTICA ENERGÉTICA DE CABO VERDE... 2 PRODUTORES DE ENERGIA... 3 TARIFAS DE ENERGIA EM VIGOR... 5 ELECTRICIDADE ENTREGUE À REDE...

Projeto NetEffiCity. Fev 2017

Iniciativa para avaliação do potencial e impacto do hidrogénio em Portugal

Algarve Plano de Ação Regional. Os Desafios Regionais de uma Estratégia Europeia

PREPARAÇÃO DO CONTRIBUTO REGIONAL PARA A ESTRATÉGIA NACIONAL PORTUGAL 2030

Apresentação Grupo Ação Local Pesca Ericeira-Cascais Novembro, 2017

A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA EM PORTUGAL E A CONTRIBUIÇÃO PARA A NEUTRALIDADE CARBÓNICA

PROGRAMA NACIONAL DE REFORMAS 20 20

GRUPO 4 MARIA DINO MARIA Dir. Geral das Alfândegas e dos Direcção-Geral do Tesouro Instituto Superior Técnico Impostos Especiais sobre o Consumo

MOBILIDADE - MODOS SUAVES NO CONTEXTO DO PO NORTE DE ABRIL DE2017

Mais valias do ciclo de vida e da economia circular para o desempenho e negócio das empresas. Sofia Santos 24 novembro 2015

Portugal 2020 Apresentação

Seminário de abertura do Projeto AdaPT AC: T. Método para integração às Alterações Climáticas no Setor do Turismo

Sessão de Esclarecimento Póvoa de Lanhoso. 07 de Fevereiro de 2014

Envia-se em anexo, à atenção das delegações, o documento COM(2018) 439 final ANEXO 2.

Compras Públicas Ecológicas: o papel do consumidor Estado. Paula Trindade LNEG

atores e fomentando parcerias.

PT Unida na diversidade PT A8-0409/11. Alteração. Angelo Ciocca em nome do Grupo ENF

ABRANTES... 4 COMPROMISSOS Governança Pacto de Autarcas Referências de Excelência Transporte urbano coletivo "abusa...

Portugal 2020 Apresentação

Transcrição:

Comunidade Energética Sustentável CULATRA 2030 André Pacheco ampacheco@ualg.pt Albufeira, 14 de novembro de 2018

Como se caracteriza o setor energético no Algarve? Quais são os problemas e oportunidades da região? O que é a Estratégia do Algarve 2030 para a Energia Inteligente? Porquê evoluir para comunidades energéticas sustentáveis? O que é a iniciativa da CE Energia Limpas para as Ilhas Europeias? O que é o projeto Culatra 2030? Como o podemos implementar?

Como se caracteriza o setor energético no Algarve? Tabela 1. Energia Eólica Nº de Horas de Produção Equivalente *Ano móvel Maio de 2017 a Abril de 2018, adaptado de dados da Direção Geral de Energia e Geologia (2018) Fator de Carga [%] Nº Horas de Prod. Equival. [nºh] Eólica 2018* Potência Instalada [MW] Nº de Parques Produção [GWh] Continente 27,96 2.449 5.236 237 12.963 Norte 26,14 2.290 2.169 99 5.022 Centro 28,46 2.493 2.518 102 6.345 Lisboa 32,27 2.827 103 17 294 Alentejo 33,16 2.905 222 7 651 Algarve 32,68 2.863 225 12 650 *Ano móvel Maio de 2017 a Abril de 2018 Adaptado de dados da Direção Geral de Energia e Geologia (2018) Tabela 2. Energia Fotovoltaica Nº de Horas de Produção Equivalente *Ano móvel: Maio de 2017 a Abril de 2018, adaptado de dados da Direção Geral de Energia e Geologia (2018) Coeficiente de Potência [%] Solar Fotovoltaico 2018* Nº Horas de Prod. Potência Instalada Equival. [nº horas] [MW] em 2017 Produção [GWh] Continente 530 894 Norte 18,15 1590 82 111 Centro 21,46 1.880 94 154 Lisboa 20,43 1.790 104 174 Alentejo 22,72 1.990 189 348 Algarve 21,76 1.906 60 106 *Ano móvel Maio de 2017 a Abril de 2018 Adaptado de dados da Direção Geral de Energia e Geologia (2018) Energia eólica - principal fonte de energia renovável no Algarve, principalmente através dos parques eólicos instalados no Barlavento, mais concretamente na Costa Vicentina. Apenas representa 4.3% da potência eólica instalada e uma produção de 4.9% Energia solar - a irradiação solar na região, em particular no Sotavento, está entre as melhores da Europa o que, aliado ao avanço da tecnologia solar e da evolução decrescente do seu custo, representa uma oportunidade estratégica para a região, podendo tornar-se mais um motor do seu futuro crescimento económico. Apenas representa 11.3% da potência fotovoltaica e uma produção de 11.9%.

Quais são os problemas e oportunidades da região? Problemas A consolidação do setor estratégico das Energias Renováveis para o Algarve carece do necessário desenvolvimento de tecnologias e da realização de testes demonstradores na região; A maioria das tecnologias utilizadas não são aqui desenvolvidas e a região é carente de meios para o seu desenvolvimento; Oportunidades Condições climáticas adequadas para o aproveitamento da energia solar, eólica e marinha; biocombustíveis; Existência de centros de investigação académica e experiência de cooperação com empresas e entidades públicas; Experiência de cooperação em projetos-piloto e parcerias públicoprivadas.

O que é a Estratégia do Algarve 2030 para a Energia Inteligente? Cabe aos decisores, investigadores e investidores promover uma estratégia concertada que conduza a um sistema mais sustentável para as gerações futuras Descarbonização dos sistemas de Energia Prioridade para todos os Países Europeus Transição Energética Apostar fortemente nas energias renováveis para a produção de eletricidade (e eventualmente hidrogénio) Estimular a eficiência energética Desenvolver micro-redes elétricas, com produção descentralizada e um sistema adequado de gestão Estimular a digitalização dos sistemas de energia, permitindo maior envolvimento do consumidor Promover uma colaboração ativa com agentes de setores relacionados como a Pesca, Turismo, Agricultura, IT Procurar colaboração inter-regional Promover a eletrificação dos transportes e reduzir a dependência de combustíveis fósseis

Porquê evoluir para comunidades energéticas sustentáveis? Comunidades energéticas sistemas urbanos locais, organizados por exemplo em cooperativas, com a instalação de sistemas de produção de energia, em geral inferiores a 200 KW de potência. Geração de eletricidade de forma descentralizada Um sistema descentralizado de produção de eletricidade que apenas pretende dar resposta ao consumo para o qual foi dimensionado. Estruturado de forma que possa ter um grau de autonomia relativamente ao sistema centralizado, apesar de manter a sua ligação a este último. Suficientemente flexível para poder compatibilizar diferentes tecnologias e fontes de produção de eletricidade.

O que é a iniciativa da CE Energia Limpas para as Ilhas Europeias? O Acordo de Paris reconhece que as ilhas são particularmente vulneráveis às alterações climáticas e extremamente dependentes dos combustíveis fósseis e das importações de ENERGIA. Muitas destas ilhas são pequenos sistemas isolados e pequenos mercados. Têm potencial para serem precursoras na transição para energias limpas ao adotarem novas tecnologias e aplicarem soluções inovadoras. 1. Promover a autossuficiência energética das ilhas; 2. Incentivar a redução da dependência de importação de combustíveis fósseis, aliviando a pressão exercida nos orçamentos públicos; 3. Oferecer as melhores soluções disponíveis e adaptadas caso a caso com vista a promover as energias renováveis nas ilhas.

O que é o projeto Culatra 2030? Objetivos O projeto Culatra 2030 pretende criar uma comunidade piloto em energias renováveis na Ilha da Culatra, Ria Formosa. A Culatra é o local ideal para testar um novo modelo económico que funcione em circuito fechado, minimizando consumos de materiais e perdas de energia. Posicionar a região do Algarve como centro de excelência em investigação e formação em energias renováveis; Criar pontes efetivas entre a comunidade local, a investigação no sector renovável e o setor empresarial; Promover a sustentabilidade ambiental, a adaptação da ilha às alterações climáticas e contribuir para o aparecimento de projetos dinamizadores da economia circular.

O que é o projeto Culatra 2030? Desafio Todas as estruturas da ilha devem ser energeticamente eficientes e ter consumos mínimos de energia. A comunidade deverá produzir energia por fontes exclusivamente renováveis, gerido numa microrede inteligente, privilegiar a mobilidade elétrica ou biocombustíveis e possuir hábitos e práticas de vida sustentáveis. A comunidade deverá gerir o seu sistema energético, produção de água para autoconsumo e valorizar os seus resíduos.

Como podemos implementar? Stakeholders a envolver: Autoridade regional: CCDR Algarve A concretização do projeto passa por uma mobilização dos agentes na região Entidade de intervenção local: Associação de Moradores da Ilha da Culatra Entidade de intervenção municipal: AMAL Associação empresarial: NERA Entidades gestoras de Fundos: Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), POSEUR, Fundo Português do Carbono, FAI Fundo de Apoio à Inovação, Portugal Ventures,

Como podemos implementar? 1ª Reunião de mobilização de parceiros estratégicos Estabelecer um compromisso com a comunidade local Consultar as entidades reguladoras (ambiente e energia) e associar outros parceiros estratégicos Diagnóstico do sistema energético, de água e de resíduos, e dimensionar os equipamentos de produção, armazenamento e valorização à realidade da ilha Agregar competências dos diversos parceiros e elaborar propostas de financiamento para as diferentes etapas Apostar na capacitação, formação e sensibilização