DIRECTIVA N 01/2009/CM/UEMOA Sobre o Código de Transparência na Gestão das Finanças Públicas NO SEIO DA UEMOA



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Transcrição:

UNIÃO ECONÓMICA E MONETÁRIA OESTE AFRICANA O Conselho de Ministros DIRECTIVA N 01/2009/CM/UEMOA Sobre o Código de Transparência na Gestão das Finanças Públicas NO SEIO DA UEMOA O CONSELHO DE MINISTROS DA UNIÃO ECONÓMICA E MONETÁRIA DA ÁFRICA OCIDENTAL (UEMOA) Tendo em conta Tendo em conta Tendo em conta o Tratado que institui a União Económica e Monetária da África Ocidental, nomeadamente nos seus artigos 16,20,21 e 67; a Declaração da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo, de 10 de Maio de 1996, relativa à implementação da UEMOA; a Declaração da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo, de 28 de Janeiro de 1999, sobre o reforço da convergência e a aceleração do crescimento económico nos Estados-membros da UEMOA; Tendo em conta a Directiva N 02/2000/CM/UEMOA de 29 de Junho de 2000, sobre o Código da transparência na gestão das finanças públicas no seio da UEMOA; Preocupado Sob Após com a necessidade de instaurar na União regras que permitam uma gestão transparente e rigorosa das finanças públicas, com o propósito de confortar o crescimento económico; proposta da Comissão, parecer do Comité de Peritos Estatutário, de 06 de Março de 2009; ADOPTA A PRESENTA DIRECTIVA COM O SEGUINTE TEOR: Artigo 1º (Objecto) É adoptado o Código de transparência na gestão das finanças públicas no seio da UEMOA tal como foi anexado à presente Directiva, da qual ela é parte integrante.

Artigo 2º (Conformaçao dasleis ao código) 1. A Comissão e os Estados-membros tomam disposições necessárias para estarem em conformidade com a preparação e a adopção de textos relacionados directa ou indirectamente com a gestão das finanças públicas, com os princípios e as regras definidos pelo referido Código. 2. As disposições do parágrafo 1 do presente artigo são aplicáveis nomeadamente na preparação e na adopção das directivas relativas: Às Leis de Enquadramento orçamental ; Ao Regulamento Geral da Contabilidade Pública; Ao Plano de Contas do Estado; À Nomenclatura Orçamental do Estado ; À Tabela das Operações Financeiras do Estado; Ao Plano de Contas e Nomenclatura Orçamental das Autarquias locais. Artigo 3º (Norma revogatória) A presente Directiva revoga a Directiva N 02/2000/CM/UEMOA de 29 de Junho de 2000 sobre o Código de transparência na gestão das finanças públicas no seio da UEMOA. Artigo 4º (Início de vigência) A Comissão da UEMOA é encarregue de fazer seguimento da execução da presente Directiva que será publicada no Boletim Oficial da União e entra em vigor a partir do dia 01 Janeiro de 2012. Feito em Abidjan, 27 de Março de 2009 Pelo Conselho de Ministros O Presidente, Charles Koffi DIBY

ANEXO CÓDIGO DE TRANSPARÊNCIA NA GESTÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS NO SEIO DA UEMOA Preâmbulo O dinheiro público está no coração do Estado de Direito e da democracia. A recolha e a utilização de fundos públicos respeitam os princípios de um Estado de Direito: a legalidade, a transparência, o controlo democrático e a responsabilidade. As instituições do Estado, protectoras deste bem comum têm, cada uma, missões e responsabilidades na sua preservação e no seu uso para o bem de todos. O impacto das finanças públicas na economia, a curto como a longo prazo, é posto em destaque de modo a que cada um possa ter a consciência dos desafios que representa. A opção das despesas e das receitas pelos poderes públicos é clara e intervém após um debate amplo e aberto. A organização e o procedimento de gestão dos fundos são claros e simples e dão garantias de seguranças absolutas. Os cidadãos, que ao mesmo tempo são contribuintes e utentes dos serviços públicos, são clara, regular e completamente informados de tudo o que se refere à governação e à gestão dos fundos públicos: são capacitados para exercer, no debate público, o seu direito de olhar sobre as finanças de todas as administrações públicas. Os actores públicos que pilotam e gerem os fundos públicos, eleitos ou funcionários, aceitam obrigações de integridade e de rectidão particularmente exigentes, à medida da confiança que lhes é acordada. As sanções previstas para o efeito são certamente aplicadas. Nesta perspectiva, o presente Código de transparência, define os princípios e as obrigações que os Estados-membros devem respeitar, na sua legislação como nas suas práticas, tanto para a gestão dos fundos do Estado como também para os fundos das outras administrações públicas. I- LEGALIDADE E PUBLICIDADE DAS OPERAÇÕES FINANCEIRAS PÚBLICAS 1.1 As regras relativas à base, a taxa e a cobrança das imposições de qualquer natureza são definidas pela lei. Os textos relativos à fiscalidade são lidos e compreendidos facilmente. Uma larga informação, regular e exaustiva sobre a fiscalidade e sua evolução é feita em benefício dos contribuintes. 1.2 As contestações relacionadas com as obrigações fiscais e não fiscais são examinadas dentro de prazos razoáveis. 1.3 Nenhuma despesa pública deve ser engajada e paga previamente, antes de ser definida por um texto, legislativo ou regulamentar, regularmente adoptado e publicado. A administração fixa explicitamente as regras e critérios que segue na escolha das despesas e na atribuição dos créditos. Estas regras são acessíveis ao público.

1.4 O regulamento aplicável a celebrações de contratos públicos e delegações de serviço público está em conformidade com o presente Código de transparência assim como com as normas e melhores práticas internacionais. 1.5 As vendas dos bens públicos efectuam-se de forma aberta, e as transacções importantes são objecto de uma informação específica. 1.6 Os contratos entre a administração pública e as empresas, públicas ou privadas, nomeadamente as empresas de exploração de recursos naturais e as empresas explorando concessões de serviço público, são claros e tornados públicos. Estes princípios valem tanto para o procedimento de atribuição do contrato quanto para o seu conteúdo. 1.7 As relações entre a administração pública e as empresas públicas são geridas por disposições claras e acessíveis ao público. 1.8 Qualquer concessão de direito de utilização ou exploração de activos públicos, como também as parcerias público-privado, apoiam-se em bases jurídicas formais e explícitas. 1.9 Quando as decisões governamentais são susceptíveis de ter um impacto financeiro, um cálculo do impacto orçamental completo destas decisões, tanto do lado das receitas como do das despesas, é tornado público. II ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES DAS INSTITUIÇÕES 2.1 A repartição das competências, dos encargos e dos recursos públicos entre os diferentes níveis de colectividades públicas, e as relações financeiras existentes entre elas, são claramente definidas e são regularmente objecto de uma informação geral, clara e coerente. 2.2 As competências e responsabilidades respectivas do Governo e do Parlamento em matéria de condução da política orçamental, escolhas das despesas e das receitas públicas, bem como em matéria de execução e controlo orçamental, são claramente definidas, em conformidade com a Constituição e a lei orgânica sobre as finanças públicas. 2.3 Em matéria orçamental, o Parlamento é solicitado a deliberar anualmente sobre o projecto do Orçamento Geral do Estado e sobre a sua execução. Os deputados dispõem de um direito de informação e de comunicação sem reserva sobre todos os aspectos relativos à gestão do dinheiro público. 2.4 É fixado e tornado público anualmente um calendário de preparação do orçamento. Este calendário prevê nomeadamente, num prazo razoável que precede à deposição dos projectos de lei de finanças, a publicação pelo Governo das suas hipóteses económicas, das suas grandes orientações orçamentais para o próximo ano e as principais medidas do próximo projecto de orçamento: este relatório é objecto de um debate no Parlamento.

2.5 No seio do Governo, o papel e as responsabilidades respectivas do Ministro responsável pelas finanças, dos outros ministros e do chefe do Governo são claramente definidos; as grandes opções de política orçamental são fixadas colegialmente pelo Governo. 2.6 Os órgãos jurisdicionais competentes para deliberar sobre os litígios e contenciosos em matéria de receitas fiscais e não fiscais, em matéria de despesas, do financiamento, da gestão das propriedades públicas, mercados públicos e delegação de serviço público estão claramente identificados. 2.7 Nos três meses consecutivos a cada alternância política, a situação global das finanças públicas, e em especial a situação do Orçamento Geral do Estado e a sua dívida, é objecto de um relatório preparado pelo Governo e examinado por um órgão público independente, e publicado. 2.8 Os princípios acima referidos são transpostos ao plano local, com as adaptações necessárias, para determinar em matéria de finanças públicas os respectivos poderes dos executivos locais e das assembleias que deliberam, bem como o procedimento orçamental local. III QUADRO ECONÓMICO 3.1 O Orçamento Geral do Estado insere-se num quadro global de política macroeconómica, financeira e orçamental a médio prazo que cobre o ano próximo e os dois anos seguintes. As hipóteses económicas retidas são explícitas e justificadas. Este quadro global é coerente com os compromissos assumidos, em conformidade com o Pacto de estabilidade da UEMOA, e comporta todas as informações necessárias para a aplicação dos dispositivos de vigilância associados a este pacto. 3.2 O Governo elabora e publica, pelo menos uma vez em cada cinco anos, um relatório sobre as perspectivas da evolução das finanças públicas a longo prazo, o que permite nomeadamente apreciar a sua sustentabilidade. 3.3. O saldo (défice, equilíbrio ou excedente) do Orçamento Geral do Estado é fixado por uma lei de finanças. O saldo global consolidado do conjunto das administrações públicas, incluindo as finanças do Estado, a das autarquias locais e a dos organismos de protecção social, é publicado em documentos adicionais às leis de finanças. 3.4. O Governo publica informações detalhadas sobre o nível e a composição da sua dívida, interna como externa, os seus activos financeiros e suas principais obrigações não relacionadas com a dívida (nomeadamente os direitos adquiridos relativos a reformas da função pública assim como as garantias concedidas/atribuídas a entidades públicas como privadas), como também os seus activos em recursos naturais. 3.5 O relatório do orçamento retrata a situação financeira consolidada das autarquias locais, dos organismos de protecção social e das finanças das sociedades e estabelecimentos públicos.

IV ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS ORÇAMENTOS PÚBLICOS 4.1 Os orçamentos anuais são realistas e sinceros nas previsões das despesas assim como nas receitas. 4.2 Os orçamentos e contas públicas, com a preocupação de exaustividade, cobrem o conjunto das operações orçamentais e extra orçamentais da administração pública. Nenhuma receita pode ser consignada a uma despesa predeterminada, salvo e por excepção, quando existe uma relação económica real entre uma determinada receita e a despesa que vai financiar. 4.3 Os dados financeiros são apresentados numa base bruta, distinguindo as receitas, as despesas e o financiamento da tesouraria. As despesas de funcionamento e de investimento são reunidas num mesmo orçamento e o procedimento de preparação e de adopção é único e comum para estas duas categorias de despesas. 4.4 Informações comparáveis aos do orçamento do ano são fornecidas sobre a execução do orçamento do ano precedente; as mudanças de regras e limitações de inscrição orçamental operadas de um ano para o outro são assinaladas de forma a poder dispor de séries homogéneas no tempo. 4.5 Com o apoio dos documentos orçamentais, uma descrição das principais medidas de despesas e receitas é fornecida, com base nos objectivos das missões das administrações públicas, precisando a sua contribuição para os objectivos de política económica e sua coerência com cada uma das grandes políticas públicas conduzidas pelo Governo. 4.6 Cada categoria de despesa é prevista e autorizada de acordo com uma nomenclatura estável e clara permitindo determinar a autoridade responsável pela gestão do crédito, a natureza económica da despesa e a política pública para a qual ela contribui. 4.7 É comunicado anualmente ao Parlamento uma comparação dos resultados e dos objectivos, tanto financeiros como físicos, dos principais programas orçamentais representativos das políticas públicas. 4.8 O produto de todas as fontes de receitas, incluindo as relacionadas com actividades de valorização dos recursos naturais e da assistência externa, aparece de maneira detalhada e justificada na apresentação do orçamento anual. 4.9 A natureza e o custo orçamental das isenções e derrogações fiscais assim como os empréstimos, adiantamentos e garantias são objectos de uma apresentação detalhada, pela ocasião da aprovação do orçamento anual. 4.10 Qualquer desvio significativo entre uma previsão orçamental e o resultado efectivo correspondente, assim como qualquer proposta de revisão da previsão e de autorização orçamentais são objecto de justificações detalhadas e explícitas.

V- APLICAÇÃO DAS RECEITAS E AS DESPESAS 5.1 As eventuais modificações necessárias dos orçamentos públicos no exercício corrente são apresentadas nas mesmas formas seguidas para o orçamento inicial. 5.2 No decurso do ano, a situação da execução orçamental é periodicamente objecto de relatórios públicos. 5.3 Cada etapa do processo de execução da despesa e receita é claramente definida, sem confusão, nem duplicação. As responsabilidades de cada um dos actores concernentes e as modalidades de controlo e sanções, negativas ou positivas, são formalmente explicitadas. 5.4 As contas definitivas, controladas e acompanhadas dos relatórios de controlo, permitem cada ano verificar o respeito das autorizações orçamentais assim como a evolução do património do Estado. São fixados, em obediência a princípios, regras e práticas contabilísticos internacionalmente reconhecidos. Estas contas são apresentadas ao Parlamento e publicadas antes da apresentação do orçamento seguinte. 5.5 As actividades e as finanças das administrações públicas estão sujeitas a um controlo interno. 5.6 As finanças públicas e as políticas por elas apoiadas estão sujeitas ao controlo externo do Tribunal de Contas, cuja criação é obrigatória em cada Estado- Membro. O programa e os métodos de trabalho do Tribunal de Contas, assim como as conclusões dos seus trabalhos, são realizados em total independência do poder executivo. 5.7 O Tribunal de Contas torna público todos os relatórios, que transmite ao Parlamento, ao Governo e ao Presidente da República. Publica igualmente as suas decisões específicas no seu sítio web, caso existe, e em pelo menos dois grandes jornais nacionais de grande divulgação. Um acompanhamento das suas recomendações é organizado e os resultados são regularmente postos ao conhecimento do público. 5.8 As administrações estatísticas podem recolher, tratar e difundir informações em total independência em relação às autoridades políticas. VI INFORMAÇÃO DO PÚBLICO 6.1 A publicação, em prazos adequados, de informações sobre as finanças públicas é definida como uma obrigação legal da administração pública. 6.2 O calendário da divulgação de informações sobre as finanças públicas é anunciado no início de cada ano e é respeitado.

6.3 A informação regular do público sobre as grandes etapas do processo orçamental, os desafios económicos, sociais e financeiros são organizados com uma preocupação pedagógica e objectiva; a imprensa, os parceiros sociais e geralmente todos os actores da sociedade civil são convidados a participar na divulgação das informações e no debate público sobre a governação e a gestão das finanças públicas. 6.4 O conjunto das informações e documentos relativos às finanças públicas, mencionados no presente Código de Transparência, é publicado pelas instituições competentes nos seus sítios WEB logo que estejam disponíveis. 6.5 Um guia sintético do orçamento, claro e simples, é difundido para o grande público, na altura da discussão do orçamento anual, para decompor as grandes massas das receitas e das despesas, bem como a sua evolução, de um ano para outro. VII INTEGRIDADE DOS ACTORES 7.1 Os detentores de qualquer autoridade pública, eleitos ou altos funcionários, fazem uma declaração do seu património no início e no fim de seu mandato ou função. Uma lei específica precisa as condições e o campo de aplicação deste princípio e define as infracções e sanções para qualquer enriquecimento ilícito. 7.2 O comportamento dos agentes do Estado é gerido por regras deontológicas claras e sobejamente conhecidas de todos. Um código de deontologia específico aos cargos eleitos, inspirado nos princípios do presente Código de transparência, é adoptado pelo Parlamento. As regras e procedimentos disciplinares da função pública são reforçados no que diz respeito às infracções em matéria de finanças públicas. 7.3 As Sanções, pronunciadas no respeito pelas regras do Estado de Direito, são previstas contra todos os que, eleitos ou funcionários, conhecem ou gerem dinheiros públicos. A não denúncia à justiça de qualquer infracção a estas regras por um agente público que teria tido conhecimento é sancionada penalmente. 7.4 Os procedimentos e as condições de emprego na função pública são fixados por lei. Ninguém pode ser nomeado ou afectado a um posto que comporta responsabilidades financeiras sem que sejam verificadas, de antemão, as suas competências técnicas, as suas aptidões profissionais e as garantias deontológicas que apresenta. Programas de formação adaptados mantêm e actualizam estas competências. 7.5 As administrações e serviços responsáveis pela gestão das finanças públicas dispõem de condições financeiras, materiais e morais necessárias para uma boa execução das suas missões. 7.6 As administrações financeiras, fiscais e aduaneiras são protegidas pela lei de qualquer influência política. Velam pelo respeito dos direitos dos contribuintes e a informação do público das suas actividades, em períodos regulares.

7.7 Todos os recursos de funcionamento das administrações, incluindo recursos específicos que provêm da sua própria actividade são integrados, inteiramente, nas contas públicas e recapitulados cada ano num documento transmitido ao Parlamento. 7.8 As condições, modalidades e fontes de financiamento dos partidos políticos são fixados numa lei específica. 7.9 Os orçamentos e contas das instituições e órgãos constitucionais são estabelecidos e geridos nas mesmas condições de transparência, seriedade e de controlo que aquelas que são definidas pelo presente Código para o conjunto das administrações.