ESTUDO 37 LIBERTAS QUAE SERÁ TAMEM ARRISCANDO O PESCOÇO Atos 4:1-31 INTRODUÇÃO Para o presente estudo, tomaremos de empréstimo o espírito libertário dos inconfidentes, como reflexão para Igreja. Tal como os inconfidentes desejavam libertar o Brasil do jugo português, a igreja deseja que todos sejam libertos do jugo do pecado e, para isso, anuncia Cristo, a verdade que liberta. Ora, todo aquele que tem convicção, sobretudo, relacionada ao ideal libertário, de alguma forma, se encontra na contramão dos sistemas vigentes, sejam eles terrenos ou espirituais (pecado) que são opressores e escravizantes. A religião propagada pelos líderes religiosos judeus escravizavam e oprimiam. Era legalista ao extremo. O Império Romano, por seu sistema de expansão e dominação, subjugava os povos e os oprimia, seja pela forma de governo quanto por impostos abusivos, para satisfazer os caprichos dos césares. Portugal, que colonizava o Brasil nos dias de Tiradentes, não fazia outra LEITURAS DIÁRIAS Segunda At. 4.1-15 Terça At. 4. 16-31 Quarta At. 6.8-15: Quinta At. 7.1-20 Sexta At. 7.21-40 Sábado At. 7.41-60 Domingo I Tm.1.11-12 coisa senão produzir e manter um sistema de opressão, fosse sobre os índios, os nativos, os escravos, sacados de sua terra natal, a África, que aqui eram tratados como coisa, produto. Os portugueses e seus descendentes, que aqui tentam a sorte, também eram oprimidos pela extração indiscriminada e irresponsável das riquezas da terra e por impostos abusivos, o que acabou fomentando a Inconfidência Mineira, liderada por José Joaquim da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes. Este foi executado por enforcamento, para servir de exemplo a quem quer que pensasse em se rebelar contra a coroa portuguesa A Inconfidência REFLEXÕES BÍBLICAS V 195
JACKSON MARTINS DE ANDRADE foi debelada em função da delação premiada feita por Joaquim Silvério dos Reis, para obter benefícios da mesma coroa. Você está disposto a se arriscar por sua fé? O que levou e leva pessoas a se arriscarem pelos seus ideais e crenças? Aplicação a sua vida: Algumas lideranças, em vez de trabalhar em favor do coletivo, o fazem em proveito próprio e assim oprimem a sociedade. A igreja está em posição de liderança. Ela proclama a verdade que liberta. Essa verdade pode suscitar perseguição. Você já experimentou alguma situação de perseguição? Como tem defendido e divulgado a sua fé? 1. QUANDO CONHECEMOS A JESUS DE FORMA PESSOAL NOS DISPOMOS A ARRISCAR Quando olhamos para homens como os apóstolos Pedro e João, conforme Atos 3 e 4, e também para a vida de Estevão, o primeiro mártir da fé cristã, Atos 7:1-60, sobre o modo como se arriscaram, enfrentando prisão e morte por causa do nome de Jesus, constatamos a opressão do sistema religioso judaico, pois tinham total comprometimento pessoal com Jesus. Eles conheciam a Jesus de forma pessoal - A experiência pessoal dos apóstolos com Jesus Cristo, como seu Salvador e Senhor, se deu no campo terreno, bem como no campo espiritual, quando participaram do seu ministério. Essa experiência, portanto, era o elemento fundamental da pregação, o que causava profundo impacto nos que ouviam o testemunho dos primeiros cristãos e, com certeza, o é hoje, causando o mesmo impacto. Além deste lado pessoal da experiência com Cristo, eles também apresentavam que Jesus se relacionava de forma pessoal com os que estavam sedentos da Palavra, ensinando não apenas conceitos doutrinários ou teológicos. Apresentava Jesus como o filho de Deus, terno e amoroso, pronto a receber os que estão cansados e sobrecarregados, e todos quantos estejam desejosos de se relacionar com Ele de forma pessoal. Eles estavam comprometidos em glorificá-lo, na vida e na morte - O que observamos a partir da experiência pessoal, que tanto os apóstolos como os demais seguidores tiveram com Cristo, é que eles estavam comprometidos a glorificá -lo em toda e qualquer situação, fosse na vida e mesmo na morte. Assim, podemos aprender com os apóstolos 196 REFLEXÕES BÍBLICAS V
e seguidores de Jesus do primeiro século que, quando conhecemos a Jesus de forma pessoal, nos tornando martyréo testemunhas de quem Ele é, do que fez e fará pelos que Nele creem, nos dispomos a dizer, como Pedro em Atos 4:19-20, Julguem os senhores mesmos se é justo aos olhos de Deus obedecer aos senhores e não a Deus. Pois não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos. Quando conhecemos a Jesus biblicamente, de forma pessoal, nos dispomos a arriscar, estando comprometidos em glorificá-lo na vida e na morte. Aplicação a sua vida: O conhecimento que você tem de Jesus deve ser pessoal e bíblico. Algo que o leve a se arriscar por Ele, pois o conhecendo, está comprometido em glorificá-lo na vida e na morte. Como você tem glorificado a Jesus? 2. QUANDO DESEJAMOS QUE VIDAS SEJAM SALVAS, NOS DISPOMOS A ARRISCAR - Atos 20:24 John Burke, em seu livro Proibida a entrada de pessoas perfeitas, diz algo de suma importância para a igreja em nossos dias, que sempre foi verdade para a igreja em todas as épocas, pois crendo nisto, cristãos de todas as épocas se lançaram ao mundo, para levar a mensagem de boas novas do evangelho. É tempo de [...] amarrados à corda salva-vidas do Espírito de Deus e a uma comunidade cristã, reunirem coragem e mergulharem no redemoinho sujo dessa onda cultural. Assim como Paulo afirmou ter feito em Corinto, também devemos nos tornar tudo para com todos, para de alguma forma salvar alguns. Devemos procurar imitar o Deus que mergulhou, ele mesmo, no esgoto da vida humana na pessoa de Jesus. Devemos reanimar o sonho de Deus em realizar essa missão de resgate por intermédio de um novo Corpo Corpo da sua Igreja o corpo de Cristo re-apresentado. Se como Paulo, crermos que o evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, não temos opção, temos que nos arriscar, para anunciar a salvação ao maior número possível de pessoas em nossa geração, pois só podemos ganhar nossa geração. Não podemos adotar o padrão da presente sociedade de egoísmo, pois isto vai contra um princípio cristão que é o altruísmo, que segundo Comte (1798-1857), filósofo positivista, trata-se da REFLEXÕES BÍBLICAS V 197
JACKSON MARTINS DE ANDRADE tendência ou inclinação de natureza instintiva que incita o ser humano à preocupação com o outro e que, não obstante sua atuação espontânea, deve ser aprimorada pela educação positivista, evitando-se assim a ação antagônica dos instintos naturais do egoísmo. Na concepção cristã, esta tendência só pode ser aprimorada mediante uma experiência com Cristo e vivendo na dependência do Espírito Santo. Aplicação a sua vida: A maravilha de termos sido alcançados pelas boas novas foi graças à convicção de alguém em proclamá-las. A beleza de influenciar nossa geração com essas mesmas boas novas é termos convicção do seu valor. Quanto você tem investido no propósito de anunciar as boas novas? 3. QUANDO PARTILHAMOS DA VISÃO DE DEUS, NOS DIS- POMOS A IR Ana Alzira, (missionária da Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira) fez uma excelente palestra na Faculdade Batista de Minas Gerais sobre a Missio Dei autorrevelação de Deus e gostaria de partilhar neste tópico alguns dos princípios por ela apresentados em sua palestra: Deus está fazendo uma grande obra no sentido de resgatar toda a criação e nos convida, como igreja, a fazer parte da mesma, conforme acentua Christopher Wright; A missio Dei ou autorrevelação de Deus nada mais é que sua demonstração de amor ao mundo através de seu envolvimento no e com o mundo, segundo David Bosch; Outro princípio é que a Missão, como ressalta John Stott, nada mais é que o serviço amoroso de Deus, manifesto no comissionamento de seu povo, para alcançar o mundo; O Pacto de Lausanne reconhece que a missio Dei nada mais é que convergir a Cristo todas as coisas, no céu e na terra, reconciliando-as por meio da cruz. Nesta missão, o propósito é transformar em uma nova criação aquela que foi destruída pelo pecado e pelo mal. Ora, uma vez que se tenha a compreensão exata do que seja 198 REFLEXÕES BÍBLICAS V
a Missio Dei ou a autorrevelação de Deus, através do Filho, do Espírito Santo e do Pai e que envolve a igreja, pois esta missão, na compreensão de Jürgen Moltamann, é primordialmente da Trindade, sendo a igreja envolvida pela graça e se disponha a participar, como demonstração de gratidão. Assim, quando compreendemos a visão de Deus quanto a missões, há disposição para arriscar o pescoço, como fizeram os cristãos ao longo da história. Aplicação a sua vida: Você tem arriscado seu status, emprego, conforto, comodismo, etc., para proclamar o evangelho? Comente. CONCLUSÃO: Quando conhecemos o Senhor de forma pessoal e bíblica, nos rendemos a Ele, recebendo a salvação e participando de Seus planos e propósitos para a humanidade. Quando compreendemos a extensão e grandeza da Missio Dei ou autorrevelação de Deus, aceitamos o desafio de participar da missão divina quanto à obra da redenção. Quando partilhamos da visão de Deus para a obra da redenção que se realizou, está sendo realizada e se realizará no mundo, não queremos ficar de fora. Que você possa se abrir para esta experiência que mudará sua vida para sempre e fará de você um instrumento poderoso nas mãos do Senhor, na presente geração. Certamente, você não terá medo de correr riscos em nome do Senhor. Suporte para Pequenos Grupos 1. Considerando o que você aprendeu nesta lição, por quais verdades você se arriscaria? 2. Em que estas verdades mudarão sua maneira de agir como servo de Deus? 3. Em que estas verdades vão torná-lo um cristão melhor? REFLEXÕES BÍBLICAS V 199