Fórmula 1 Temporada arranca na Austrália 0 Mundial de Fórmula 1 arranca este fim-de-semana, uma vez mais, na Austrália. Saber se o campeão, Sebastian Vettel, terá mais oposição este ano é uma das grandes questões em aberto. Depois da corrida em Albert Park, Melbourne, seguir-se-ão outras 19, a disputar até Novembro. No calendário de provas, há duas estreias: Austin e Nova Deli.» Pedro Roriz, Sílvio Vieira e Rodrigo Machado A cidade australiana de Melbourne é, uma vez mais, palco da abertura do Mundial de Fl, com o Albert Park a poder permitir confirmar as indicações dadas pelas três sessões de testes que decorreram nos traçados espanhóis de Barcelona (duas vezes) e Jerez (uma vez). É que, por aquilo que se viu nas sessões de testes, a menos que a Red Buli tenha feito "bluff", o RBB não parece tão competitivo como os seus antecessores, o que, se se confirmar, poderá permitir uma luta mais duradoura pelo título, ao contrário do que sucedeu nos últimos dois anos, em que muito cedo se percebeu que Sebastien Vettel tinha o título na mão. Naturalmente que o alemão parte como o mais sério candidato ao título, mas a oposição encabeçada por cinco campeões do mundo - o espanhol Fernando Alonso (Ferrari), os ingleses Jenson Button e Lewis Hamilton (McLaren/Mercedes), o alemão Michael Schumacher (Mercedes GP) e o finlandês Kimi Raikkonen (Lotus/Renault), que está de regresso à Fl, depois de dois anos no Mundial de Ralis - promete dar luta, o que significa que estarão em pista todos aqueles que conquistaram o título, desde 2000. Raikkonen regressa a voar baixinho É grande a expectativa quanto ao regresso do finlandês, que mostrou nos testes de Inverno que, não só não perdeu a sua competitividade, como mostrou que os Lotus/Renault podem entrar na discussão das primeiras posições, se confirmarem as boas indicações dadas nos traçados espanhóis. Contudo, Red Buli/Renault (Sebastien Vettel e Mark Webber), McLaren/Mercedes (Jenson Button e Lewis
Hamilton) e Ferrari (Fernando Alonso e Felipe Massa) partem como favoritas face à superioridade que revelaram nos últimos anos. Na Red Buli/Renault, Sebastien Vettel aposta na reva lidação do ceptro, com o australiano Mark Webber, que poderá cumprir a última temporada na Fl, a poder ser um excelente segundo, capaz de suprir as "ausências" do alemão, caso isso suceda. Situação semelhante vive-se na Ferrari, onde Fernando Alonso é, claramente, o primeiro piloto, ante um brasileiro Felipe Massa que, depois do acidente de há dois anos, não mais mostrou o talento que o fez ser, por segundos, virtual campeão do mundo, e por vezes viu em risco o seu lugar. Competitividade do Ferrari questionada A maior dor de cabeça da marca italiana prende-se com a falta de competitividade do F2012, carro, aparentemente, mal nascido e que sofreu profundas remodelações, antes da prova australiana, onde os responsáveis terão oportunidade de constatar se estão no caminho certo ou se este é mais um ano perdido. E a situação é tão complicada que Fernando Alonso já declarou que a Ferrari não está em condições de lutar pelo título. Ambição da McLaren Na McLaren/Mercedes vive-se uma situação oposta, com dois campeões do mundo, ambos desejosos de reconquistar o ceptro e que têm uma relação difícil, como o demonstra o facto de terem por primeiro objectivo suplantar o companheiro de equipa. Mais talentoso, Lewis Hamilton "perde-se" com os problemas pessoais, e em particular com as relações amorosas, pois precisa de sentir que tudo está bem para demonstrar todo o seu talento, ao contrário do que sucede com Jenson Button, com menos talento natural, mas um mestre na gestão da corrida, em particular se as condições de aderência do asfalto se forem alterando, como o demonstram algumas das suas vitórias. E não deixa de ser curioso que a equipa tenha inver-
tido a numeração, com Jenson Button a passar a ser o número 3 e Lewis Hamilton o 4, ao contrário do que sucedeu o ano passado. Embora, os responsáveis possam sempre dizer que tal decisão é consequência do facto de Jenson Button ter sido vice-campeão mundial, não deixa de ser um indicativo do pensamento da equipa. Expectativa com Mercedes e Lotus Os alemães Michael Schumacher e Nico Rosberg mantêm-se fiéis à Mercedes, que ainda não conseguiu confirmar os resultados alcançados como Brawn, campeã do mundo em 2009, com Jenson Button. Apesar de contar com um dos "magos", Ross Brawn, a verdade é que a marca da estrela continua à procura da primeira vitória e da primeira "polé position". Grande expectativa ao redor daquilo que a Lotus/Renault poderá fazer, havendo mesmo quem aposte que será a surpresa do ano, depois dos excelentes desempenhos nos testes de Inverno, onde esteve de forma sustentada no topo da tabela de tempos, seja com Kimi Raikkonen seja com o francês Romain Grosjean, o campeão da GP2. O resto do pelotão As restantes equipas irão, a exemplo do que sucedeu em anos anteriores, lutar por um lugar na derradeira qualificação, o que este ano parece mais difícil de po der suceder, como consequência da evolução da Lotus, e pelos últimos lugares pontuáveis. Na Force índia, o escocês Paul di Resta permanece, com o alemão Nico Hulkenberg a render o seu compatriota Adrian Sutil, enquanto a Sauber conserva o japonês Kamui Kobayashi e o mexicano Sérgio Perez. Revolução na Toro Rosso, com o espanhol Jaime Alguersuari e o suíço Sebastien Buemi a serem substituídos pelo australiano Daniel Ricciardo e pelo francês Jean-Eric Vergne, um dos estreantes da temporada. Na Williams, longe dos fulgores doutros tempos e a atravessar sérias dificuldades financeiras, continua o venezuelano Pastor Maldonado, com o brasileiro Bruno Senna a render o seu compatriota Rubens Barri-
chello, o piloto com mais GP efectuados (322), que rumou à Fórmula Indy, com a promessa de não competir em ovais. A entrada de Bruno Senna na equipa permite reconstruir a trilogia Senna/Williams/Renault da qual muito se esperava, mas que teve um ponto final abrupto, como consequência da morte de Ayrton Senna, em Imola, em 1992. Na Caterham, o finlandês Heikki Kovalainen permanece, mas a entrada do russo Vitaly Petrov, para o lugar do italiano Jarno Trulli, faz com que não haja pilotos transalpinos na grelha de partida, o que não sucedia há décadas. A exemplo do que sucedeu o ano passado HRT, com o espanhol Pedro de Ia Rosa, outro regressado, e o indiano Narain Karthikeyan, e a Marussia, com o alemão Timo Glock e o francês Charles Pie, outro estreante, irão ocupar as derradeiras posições da grelha. Dois circuitos em estreia Em relação aos traçados, destaque para a estreia dos circuitos de Nova Deli (índia) e Austin (Estados Unidos) e a confirmação da não inclusão do Bahrein, como consequência dos problemas políticos que têm marcado os últimos tempos naquele país. Realce, ainda, para o facto de haver, apenas, oito provas na Europa, entre as 20 que compõem o calendário. A partir do próximo ano, Barcelona e Valência alternam na organização do GP de Espanha, com os catalães a organizarem a prova nos anos impares e os valencianos nos anos pares.