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Transcrição:

273 Processo: 0182982-18.2016.8.19.0001 Fls. Processo Eletrônico Classe/Assunto: Procedimento Comum - Dano Moral - Outros/ Indenização Por Dano Moral Autor: KARLA MORAIS DE SOUZA Réu: MRV MRL NOVOLAR L INCORPORAÇÕES SPE LTDA Réu: MRL ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS S/A, Nesta data, faço os autos conclusos ao MM. Dr. Juiz Daniella Correia da Silva Em 02/10/2017 I-Relatório Sentença Trata-se de ação de conhecimento proposta por KARLA MORAIS DE SOUZA em face de MRV MRL NOVOLAR l INCORPORAÇÕES SPE LTDA e MRL ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS S/A. A autora alega, em síntese, que celebrou contrato de compra e venda de imóvel com as rés. No entanto, afirma que o imóvel não foi entregue na data aprazada, além da cobrança de taxas que reputa indevidas. Pleiteia restituição de valores, indenização por danos morais, multa e juros pelo atraso na entrega do imóvel, além de lucros cessantes. A petição inicial e documentos encontram-se às fls. 03/141. Decisão de declínio de competência à fl. 220. À fl. 237 foi deferida gratuidade de justiça. Regularmente citadas as rés não apresentaram contestação, acarretando na declaração de revelia à fl. 256. Documento juntado pela autora à fl. 262. Saneador à fl. 267. II-Fundamentação Presentes os pressupostos de constituição e validade do processo, bem como as condições para o exercício regular do direito de ação. A relação entre as partes é relação de consumo, regulando-se pelo disposto na Lei 8078/90. Tenho por verdadeiros os fatos narrados na petição inicial, de que o imóvel foi entregue em 18/08/2015 e o "habite-se" obtido em 27/04/2016.

274 Conforme estipulado no contrato celebrado entre as partes, as rés dispunham do prazo de 23

275 meses da assinatura do contrato de financiamento para entrega do imóvel. A cláusula de prorrogação do prazo é válida, desde que expressamente prevista. Veja-se o teor da súmula 350 do Egrégio deste Estado: "Nos contratos de promessa de compra e venda decorrentes de incorporação imobiliária, é válida a cláusula de tolerância de prorrogação de 180 dias para a entrega do imóvel, pactuada expressamente pelas partes." Observa-se que, não obstante, o imóvel apenas foi entregue em 18/08/2015, ou seja, oito meses após o prazo final, sem o "habite-se", que foi obtido em 27/04/2016. Assim, o prazo total de atraso foi de aproximadamente 01 ano e 04 meses, sem que a autora tenha contribuído para o fato. Em relação à taxa de corretagem e de assessoria, cabe trazer à colação decisão proferida pelo Superior, em sede de recurso repetitivo: "RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. VENDA DE UNIDADES AUTÔNOMAS EM ESTANDE DE VENDAS. CORRETAGEM. CLÁUSULA DE TRANSFERÊNCIA DA OBRIGAÇÃO AO CONSUMIDOR. VALIDADE. PREÇO TOTAL. DEVER DE INFORMAÇÃO. SERVIÇO DE ASSESSORIA TÉCNICO-IMOBILIÁRIA (SATI). ABUSIVIDADE DA COBRANÇA. I - TESE PARA OS FINS DO ART. 1.040 DO CPC/2015: 1.1. Validade da cláusula contratual que transfere ao promitente-comprador a obrigação de pagar a comissão de corretagem nos contratos de promessa de compra e venda de unidade autônoma em regime de incorporação imobiliária, desde que previamente informado o preço total da aquisição da unidade autônoma, com o destaque do valor da comissão de corretagem. 1.2. Abusividade da cobrança pelo promitente-vendedor do serviço de assessoria técnicoimobiliária (SATI), ou atividade congênere, vinculado à celebração de promessa de compra e venda de imóvel..." (REsp 1599511 / SP - Tema 938) Assim, a cobrança de cláusula de comissão de corretagem, conforme fl. 32, teve previsão expressa e, portanto, se revela válida. O mesmo não se pode dizer em relação à taxa de assessoria e à taxa de administração, que não podem ser repassadas ao consumidor. Ademais, a diferença de financiamento, considerando os valores previstos à fl. 12, totaliza a quantia de R$1894,00, eis que não foi financiado R$113.894,00 e sim R$112.000,00, conforme fl. 45. Assim, as demandadas devem restituir o valor cobrado a maior. No tocante à taxa de obra, o valor pago a este título deve ser restituído pelas rés à demandante, uma vez que foram as demandadas que deram causa à cobrança, por conta do atraso na entrega do imóvel, impondo à consumidora situação de desvantagem excessiva, pois a autora além de não receber o bem no prazo prometido, ainda teve que suportar o pagamento da referida taxa, cujo valor não é abatido do valor do saldo devedor. O deste Estado já decidiu neste sentido, conforme seguinte ementa: "Promessa de compra e venda de imóvel. Atraso na entrega do imóvel após prazo prorrogado de 180 dias. Pedido restituição dos valores cobrados a título de taxa de evolução de obra; pesquisa cadastral; contrato; certidões e taxa de registro, além de indenização em dano moral. Sentença de procedência, condenando a empresa ré a restituir os valores das taxas indicadas e ao pagamento de R$ 10.000,00 em dano moral. Manutenção da Sentença. Preliminares de ilegitimidade passiva

276 e incompetência da Justiça Estadual para o julgamento da taxa de evolução de obra que se mantém afastadas. Taxa que se traduz no pagamento de juros cobrados pelo banco financiador da obra à construtora que realizou o empréstimo, impossibilitando o repasse a consumidora. Demais taxas que também se mantém a restituição, uma vez que no contrato de compra e venda as referidas taxas se mostraram absolutamente inócuas para a apelante, por tratar-se de repasse de custos administrativos das Instituições financeiras aos consumidores, fato que deve ser repudiado. Parte ré que não logrou êxito em comprovar a ocorrência de caso fortuito ou força maior, causa excludente de responsabilidade, tal como exigido pelo art. 373, II, do CPC e pelo art. 14, 3º, do CDC. Cláusula de tolerância licita. Aviso Conjunto 16/2015 - Enunciado 6 deste Tribunal. Dano moral configurado diante da frustração e os prejuízos oriundos do substancial atraso da parte ré são incontestes. A mora da demandada por cerca de seis meses acabou causando a demandante problemas que ultrapassaram o mero aborrecimento do quotidiano, lhe causando dano extrapatrimonial. Valor fixado que bem atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade. Impossibilidade de majoração dos honorários advocatícios em favor da parte autora, diante do limite estabelecido na parte final do 11 do artigo 85 do CPC. Conhecimento e não provimento do recurso.." (0037022-38.2015.8.19.0204 - APELAÇÃO - Des(a). JDS RICARDO ALBERTO PEREIRA - Julgamento: 31/08/2017 - VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL CONSUMIDOR) Saliente-se que somente cabe repetição em dobro quando há prova de má-fé. No caso, não há demonstração de má-fé do fornecedor de serviços, logo, a quantia paga pelo autor deve ser restituída de forma simples. Pertinente o pedido de indenização por lucros cessantes, considerando a impossibilidade de fruição do imóvel, valor que deve ser fixado em 1% sobre o valor do imóvel, que é o parâmetro normalmente utilizado para se aferir o valor de aluguel de imóveis. Não cabe condenação autônoma em multa e juros, eis que os danos decorrentes da mora serão indenizados, conforme a sua natureza. Resta perquirir se a situação vivenciada pela consumidora implicou em danos morais. Entendo que a resposta é positiva, pois os aborrecimentos experimentados por ela extrapolaram a normalidade, eis que ficou privada de utilizar o imóvel que adquiriu com intuito de estabelecer residência. O valor a ser arbitrado não deve ser ínfimo, para não estimular a prática de condutas ilícitas no mercado de consumo, nem exorbitante, para não acarretar enriquecimento sem causa à vítima. Essencial, portanto, a utilização do princípio da razoabilidade. Assim, considerando tais elementos, entendo razoável a quantia de R$8.000,00. Impõe-se, assim, a procedência parcial dos pedidos. III-DISPOSITIVO Diante do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO para o fim de condenar a ré a: a) pagar à autora a quantia de R$8.000,00 (oito mil reais), a título de danos morais, com juros de 1% ao mês desde a data da citação e correção monetária, a partir da data da prolação da presente; b)pagar à autora indenização por lucros cessantes, no valor equivalente a 1% sobre o valor do imóvel, por mês de atraso, considerando a mora de 30/12/2014 a 27/04/2016, com correção e juros de 1% ao mês desde a citação; c) restituir à demandante a quantia de R$33.533,83 (trinta e três mil, quinhentos e trinta e três reais e oitenta e três centavos) paga a título de "taxa de evolução de obra, diferença de financiamento cobrada a

277 maior, taxa de serviço de assessoria e taxa de administração", com correção e juros de 1% ao mês, desde a citação.

276 Julgo improcedentes os demais pedidos. Condeno a ré ao pagamento das custas e honorários advocatícios, estes fixados em 10% sobre o valor da condenação, tendo em vista que os autores decaíram de parte mínima. Certificado o trânsito em julgado, decorrido o prazo de quinze dias, sem manifestação das partes, remetam-se à Central de Arquivamento. Publique-se. Intimem-se. Rio de Janeiro, 07/10/2017. Daniella Correia da Silva - Juiz de Direito Autos recebidos do MM. Dr. Juiz Daniella Correia da Silva Em / / Código de Autenticação: 4RES.E5XM.VEMB.W82S Este código pode ser verificado em: www.tjrj.jus.br Serviços Validação de documentos DANIELLA CORREIA DA SILVA:33055 Assinado em 07/10/2017 00:44:26 Local: TJ-RJ