LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS

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Transcrição:

LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS LEI 11.101/2005 e LEI COMPLEMENTAR 118/05 Prof. Wagner Moreira 1

FALÊNCIA - ORIGEM O termo falência deriva do verbo latino fallere, que possui dois sentidos: coloquial e jurídico. Sentido coloquial significa ludibriar, iludir, fraudar, enganar, não cumprir com o prometido. Sentido jurídico significa insolvência. 2

CRISE DA EMPRESA PATRIMONIAL Ativo menor que o passivo ECONÔMICA Falta de faturamento em razão da retração nos negócios FINANCEIRA Falta de liquidez falta de montante em caixa para pagamento de obrigações imediatas 3

FALÊNCIA - CONCEITO L.11.101/05 Art. 75. É o processo de execução concursal que promove o afastamento do devedor de suas atividades, a fim de preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa Procedimento utilizado para os empresários e sociedades empresárias que não possuem modo de se recuperar É uma execução concursal que visa a liquidação do patrimônio do devedor 4

FALÊNCIA NATUREZA JURÍDICA CONTROVÉRSIA 1)A falência é um instituto de direito material - Carvalho de Mendonça 2)A falência é um instituto de direito processual Ulhoa OBS: Alexandre Câmara - instituto heterotrópico (hetero= diferente) a prevalência do cunho processual sobre o material 3) A falência é um instituto de natureza mista ou híbrida, não havendo prevalência de um instituto sobre outro - Manoel Justino Bezerra Filho e Waldo Fazzio Júnior 5

Dec. 7.661/45 x Lei 11.101/05 DIREITO INTERTEMPORAL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. NOVA CLASSIFICAÇÃO. FALÊNCIASEM CURSO. Como consabido, a Lei n. 11.101/2005 e a LC n. 118/2005 alteraram sensivelmente a classificação dos créditos tributários na falência, deixando eles de ocupar posição privilegiada em relação aos créditos com garantia real. Assim, no caso dos autos, a quaestio juris cinge-se à seguinte questão de direito intertemporal: no que tange à classificação dos créditos na falência, aplica-se o art. 186 do CTN (alterado pela LC n. 118/2005) a falências decretadas sob a égide da anterior Lei de Falências n. 7.661? 6

Dec. 7.661/45 x Lei 11.101/05 O tribunal a quo reconheceu a natureza processual da alteração do codex tributário, fazendo aplicá-la de imediato às falências já em curso. Nesse contexto, a Turma entendeu que o marco para incidência da Lei n. 11.101/2005 é a data da decretação da falência, ou seja, da constituição da sociedade empresária como falida. Consignou-se que a lei em comento (art. 192) deixa claro que, constituída a situação de falido antes da vigência do novo estatuto legal a disciplinar a falência, as normas que regerão o concurso serão aquelas constantes no DL n. 7.661/1945. Assim, visto que, no decreto em questão, o crédito tributário tem prevalência 7

Dec. 7.661/45 x Lei 11.101/05 sendo privilegiado em relação ao crédito com garantia real, não há falar em satisfazerem-se os credores com referidas garantias, antes de se esgotarem os créditos tributários. Ademais, destacou-se a natureza material contida na alteração do privilégio de pagamento do crédito tributário, ou seja, na ordem de classificação dos créditos na falência (novel redação do art. 186 do CTN, alterado pela LC n. 118/2005). Dessa forma, não há confundir a norma que disciplina o privilégio dos créditos, ou seja, que lhes agrega certa prerrogativa em face de outros, com norma procedimental, cuja aplicação alcança os processos em andamento. 8

Dec. 7.661/45 x Lei 11.101/05 Dessarte, com essas, entre outras considerações, a Turma, prosseguindo o julgamento, deu provimento ao recurso, declarando aplicável o DL n. 7.661/1945 no que tange à classificação dos créditos na falência, inclusive dos créditos fiscais.resp 1.096.674-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 13/12/2011. 9

PRINCÍPIOS 1) PRESERVAÇÃO DA EMPRESA e RECUPERAÇÃO DAS EMPRESAS VIÁVEIS 2) PROTEÇÃO AOS TRABALHADORES 3) PARTICIPAÇÃO ATIVA DOS CREDORES 4) MAXIMIZAÇÃO DO ATIVO FALIMENTAR 5) DESBUROCRATIZAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DO PEQUENO EMPRESÁRIO 10

PRINCÍPIOS Preserva-se a empresa que possa e deva ser preservada, e essa seleção implica um juízo de valor a priori. Para manter o equilíbrio social, econômico e político, indiscutivelmente é dever do Estado incentivar e empenhar-se em preservar as empresas, fontes geradoras de tributos e de empregos. A aplicação indiscriminada do princípio da preservação acabaria por permitir que a continuação de uma empresa economicamente inviável trouxesse prejuízos que refletiriam de forma desastrosa na coletividade, gerando instabilidade em vez de harmonia social Artigo publicado na Revista da EMERJ 11

PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS 1) Indivisibilidade do juízo da falência O juízo é indivisível e competente para conhecer todas as ações Exceções: a) ações trabalhistas; b) fiscais; c) ações não reguladas pela lei em que a massa falida for autora ou litis ativo art. 76, in fine 12