O USO DE FLOTAÇÃO EM CASCATA PARA A RECUPERAÇÃO DE REJEITOS AURÍFEROS NA KINROSS BRASIL MINERAÇÃO

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Transcrição:

XXVI Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa Poços de Caldas-MG, 18 a 22 de Outubro 2015 O USO DE FLOTAÇÃO EM CASCATA PARA A RECUPERAÇÃO DE REJEITOS AURÍFEROS NA KINROSS BRASIL MINERAÇÃO JUNIOR, G.G.O. 1, JESUS, A.A. 2, GOMIDES, R.B. 3 1 Kinross Brasil Mineração SA., Gerência de Desenvolvimento Tecnológico. e-mail: getulio.junior@kinross.com 2 Kinross Brasil Mineração SA., Departamento de Desenvolvimento Tecnológico. e-mail: alair.jesus@kinross.com 3 Kinross Brasil Mineração SA., Gerência Sênior Processo e Manutenção. e-mail: rodrigo.gomides@kinross.com RESUMO Objetivando elevar a recuperação de ouro, a Kinross Brasil Mineração (KBM) vem estudando diferentes tecnologias que permitam aumentar a eficiência do seu processo produtivo. O estudo da utilização da flotação em cascata para processamento do rejeito final da planta de tratamento de minério, utiliza o gradiente natural entre a descarga do rejeito proveniente da flotação convencional até a sua disposição final na barragem. A aeração promovida através de caixas de passagem da polpa de um ponto a outro da descarga de rejeito, onde a espuma carregada é coletada por desviadores de espuma recuperando o ouro no rejeito da flotação. Os resultados dos testes obtiveram uma recuperação de 6,8% de ouro e 0,54% de recuperação mássica. Os testes indicaram que grande parte do ouro recuperado pelas cascatas se encontrava na fração fina abaixo de 38 micras. Os testes realizados na flotação em cascata mostraram alternativas viáveis para o tratamento do rejeito da planta de tratamento de minério recuperando o ouro fino que não é recuperado via processos de flotação convencional. PALAVRAS-CHAVE: recuperação; flotação em cascata; rejeito. ABSTRACT Aiming the gold recovery improvement, Kinross is studying different technologies that allows increase the productive process efficiency. The study of the usage of cascade flotation to treat the final tailings of the plant uses the natural gradient between the tailings discharge, from the conventional flotation, till its disposal at the tailings dam. The aeration is promoted trough the pulp passage boxes from one point to another of the tailings discharge, where the froth is collected by froth collectors, recovering the gold from flotation tailings. Test Results showed a 6,8% gold recovery and 0,54% mass recovery. The tests indicated that the most part of the gold recovered by cascade was found in the fines (<38 microns). Cascade flotation tests showed viable alternatives for tailings treatment, recovering fine gold, which is not recovered via conventional flotation processes. KEYWORDS: recovery; cascade flotation; tail.

Junior, G.G.O.; Jesus, A.A.; Gomides, R.B. 1. INTRODUÇÃO A Kinross Brasil Mineração (KBM) está localizada no município de Paracatu, região Noroeste do estado de Minas Gerais, distante cerca de 500 km de Belo Horizonte e 230 km de Brasília (figura 01). O controle acionário da KBM pertence ao grupo canadense Kinross Gold Corporation. O grupo Kinross é atualmente o 7º produtor de ouro no mundo com minas nos Estados Unidos, África, Canadá, Rússia, Chile e Brasil. Figura 1. Kinross Brasil Mineração Localização. A alimentação do circuito de flotação da KBM apresentado no fluxograma (figura 02) é constituída pelo overflow do hidrociclone (80% - 106 µm), que fecha o circuito de moagem. O produto flotado da etapa rougher é reprocessado no circuito cleaner. O afundado constitui o rejeito final, que segue diretamente para barragem de rejeitos. Pelo fato do teor médio do minério lavrado a cada ano vem caindo ao longo do tempo, tendendo a estabilizar-se em torno de 0,400 g/t de Au nos próximos anos. Isto faz com que a empresa trabalhe com o menor teor do mundo por tonelada lavrada. Os reagentes utilizados na flotação são os coletores aero promoter 3473 e isobutil xantato e o metil isobutil carbinol como espumante. Figura 2. Processo de flotação KBM.

XXVI Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa Poços de Caldas-MG, 18 a 22 de Outubro 2015 A introdução de uma etapa scavenger para recuperar o Au contido no rejeito da etapa rougher pode ser uma alternativa para o aumento da recuperação global de Au na usina de concentração. A busca de um circuito de beneficiamento de baixo custo levou à flotação de partículas finas com os reagentes residuais, aproveitando a energia cinética do fluxo de polpa descendente introduzido a aeração nas calhas (Valderrama,1997). O pioneiro em flotação em cascata, sendo que A Codelco, empresa de mineração de cobre situada na cidade de Chuquimata - Chile, tem em operação três usinas de tratamento de rejeitos de cobre que utilizam este tipo de flotação em associação à flotação convencional. A recuperação global da usina de beneficiamento de cobre da Codelco, é incrementada entre 1 e 4% pelo retratamento desses rejeitos. Estas plantas são formadas por 2 a 4 linhas em paralelo, sendo cada linha composta de 30 a 37 cascatas. O concentrado assim obtido é enviado à flotação rougher, remoagem do concentrado e limpeza em células convencionais ou colunas (MATIOLO, 2005 apud BURGOS, 1994). 2. MATERIAL E MÉTODOS Um circuito piloto (em três módulos de cascatas), vide figuras 03 a 07, para tratamento de 1.000 m³/h de polpa proveniente do rejeito de flotação. O sistema foi operado no período de 22/08/2013 a 04/10/2013. O procedimento da flotação é descrito na tabela 01. Os parâmetros utilizados para avaliação da implantação industrial do projeto de flotação em cascata foram a recuperação em massa e recuperação metalurgica; tomando-se como base os dados gerados na atual planta industrial de concentração. Figura 3. Flotação em Cascata Piloto. Figura 4. Calha da Flotação da Cascata Piloto.

Junior, G.G.O.; Jesus, A.A.; Gomides, R.B. Figura 5. Desviadores de espuma para descarrega na calha de concentrado. Figura 6. Passagens circulares em forma afunilada que promovem a sucção de ar. Figura 7. Calha de concentrado. Tabela 1. Procedimento de operação da flotação em cascata piloto. Nome Unidade Pontos Método Procedimento Materiais Vazão m³/h Alimentação Vazão m³/h Concentrado % Sólidos Teor de Au e S % Todos fluxos g/t e % Medição da altura da polpa e velocidade. Medição do volume da polpa em um intervalo de tempo. Utilização da balança Marcy. Todos fluxos Laboratório Químico. Medir a altura da polpa utilizando a trena métrica. Medir a velocidade da polpa através do tempo percorrido por uma boia flutuante numa distância conhecida. Dirigir o fluxo do concentrado no balde com o volume conhecido e medir o tempo. Coletar a amostra do fluxo desejado utilizando um amostrador e colocar a amostra no copo da balança Marcy. Coletar a amostra do fluxo desejado utilizando um amostrador e processar as amostras no Lab. de Processo e enviar para Lab. Químico. Trena métrica, cronometro e boia flutuante. Baldes de 20 litros e cronômetro. Balança Marcy e amostrador. Amostrador e baldes de 20 litros.

XXVI Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa Poços de Caldas-MG, 18 a 22 de Outubro 2015 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com a campanha dos testes foram obtidos resultados metalúrgicos que permitiram alcançar o fluxo de projeto de aproximadamente 1.000 m³/h e a recuperação de 6,8% de Au presente no rejeito e 0,54% de recuperação mássica (considerando apenas 03 cascatas), como mostra a tabela 02. Tabela 2. Balanço de massa. Vazão %Sólidos Vazão Minério Vazão Densidade Densidade Teor Au Polpa Polpa Água Polpa minério Au (m³/h) (%) (t/h) (t/h) (m³/h) (t/m³) (t/m³) (g/t) (g/h) Alimentação 800,0 30 991,6 297,5 694,1 1,24 2,81 0,040 11,9 Concentrado 1 1,8 25 2,1 0,5 1,6 1,19 2,81 0,667 0,4 Rejeito 1 798,2 30 989,5 297,0 692,5 1,24 2,81 0,039 11,5 Concentrado 2 1,8 25 2,1 0,5 1,6 1,19 2,81 0,432 0,2 Rejeito 2 796,4 30 987,3 296,4 690,9 1,24 2,81 0,038 11,3 Concentrado 3 1,8 25 2,1 0,5 1,6 1,19 2,81 0,424 0,2 Rejeito Final 794,6 30 985,2 295,9 689,3 1,24 2,81 0,037 11,1 Concentrado total 5,4 25 6,4 1,6 4,8 1,19 2,81 0,510 0,8 Com os resultados obtidos na planta piloto foi possível fazer uma projeção para um circuito industrial de flotação em cascata consistindo de quatro linhas paralelas com dez módulos cada linha e capacidade de 3.000m³/h cada. A recuperação metalúrgica projetada será maior que 15%, como mostra a figura 08. Au (g/t) Figura 8. Projeção para 10 flotações em cascatas (4 linhas). Importante ressaltar que os testes indicaram que grande parte do ouro recuperado pelas cascatas se encontrava na fração fina abaixo de 38 microns, fração esta que

Junior, G.G.O.; Jesus, A.A.; Gomides, R.B. normalmente não é recuperada via processos convencionais de flotação (flotação em tanques). (%) Distribuição do Au 100 92,00 90 80 Alimentação Conc. Final 70 60 50 40 33,00 30 25,00 20 19,00 20,00 10 2,00 4,00 2,00 4,00 0,00 0 150 106 75 38-38 Malha (µm) Figura 9. Distribuição do Au por faixa granulométrica. Figura 10. Disposição da flotação em cascata e a planta de limpeza. 4. AVALIAÇÃO ECONÔMICA Nas tabelas 03 e 04 tem-se a avaliação econômica para a implantação do projeto.

XXVI Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa Poços de Caldas-MG, 18 a 22 de Outubro 2015 Tabela 3. Dados da planta industrial. Planta de Concentração Industrial Alimentação (t/dia) 120.000 Teor Au Alimentado (g/t) 0,400 Recuperação de Massa (%) 2,00 Recuperação Metalúrgica (%) 84,00 Rejeito (t/dia) 117.600 Teor Au no Rejeito (g/t) 0,065 Concentrado (t/dia) 2.400 Concentrado (gau/dia) 40.320 Tabela 4. Dados da planta industrial de flotação em cascata. Planta de Flotação em Cascata Alimentação (t/dia) 117.600 Teor Au Alimentado (g/t) 0,065 Alimentação (gau/dia) 7.644 Recuperação de Massa (%) 2,00 Recuperação Metalúrgica (%) 16,00 Teor Au no Concentrado (g/t) 0,52 Concentrado (gau/dia) 1.223 Considerando uma recuperação final de 80% já que o concentrado gerado pela cascata deverá passar por um processo de enriquecimento para posterior processamento na etapa de lixiviação, ter-se-á uma produção anual estimada de 270 kg de Au. Há de ressaltar que esta margem de ganho pode ser aumentada conforme otimização do circuito de flotação em cascata e da planta de limpeza. 5. CONCLUSÕES Com o estudo da utilização da flotação em cascata para processamento do rejeito final, concluímos que os testes realizados mostraram que é possivel aumentar a recuperação de ouro da planta de benefiamento de Paracatu. Os resultados dos testes identificou que o ouro recuperado estava na fração fina que não é recuperado via processos de flotação convencional e a recuperação metalurgica de 15% projetada para um conjunto de flotação em cascata em escala industrial, mediante disto, se faz necessário que os testes continuem para validar os resultados obtidos até o momento e consequentemente viabilize a implantação de um projeto em escala industrial.

Junior, G.G.O.; Jesus, A.A.; Gomides, R.B. 6. REFERÊNCIAS MATIOLO, Elvis. Recuperação Otimizada de Finos de Minério de cobre Molibdênio por Flotação não Convencional. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/8298/000572874.pdf?sequence=1. Acesso dia: 11 de março de 2015. VALDERRAMA, L.C. Estudos de flotação não convencional para o tratamento de rejeito de ouro. Tese de Doutorado Escola de Engenharia, Programa Pós- Graduação em Engenharia de Minas, Metalurgia e de Materiais da UFRGS, 124 p, 1997.