INCENTIVO AO ALEITAMENTO MATERNO POR MEIO DE AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UM RELATO EXPERIÊNCIA 1 NAIDON, Ângela Maria 2 ; NEVES, Eliane Tatsch 3 ; PIESZAK, Greice Machado 4 RESUMO O Aleitamento Materno (AM) é importante para a promoção da saúde do neonato e da criança, especialmente, nos primeiros anos de vida, repercutindo na redução da morbimortalidade infantil. Para melhoria destes índices, tem-se como estratégia o incentivo ao AM nas primeiras horas após o parto. Assim, este trabalho tem como objetivo descrever a vivência de atividades de educação em saúde acerca do incentivo ao aleitamento materno no alojamento conjunto de um hospital de ensino. Trata-se de um relato de experiência, o qual foi realizado em uma maternidade de um hospital de ensino em 2007. Foram desenvolvidas ações previstas pelo Ministério da saúde - os 10 passos para o sucesso do Aleitamento Materno, incluindo a capacitação dos profissionais que atuam junto a puérpera e o recem-nascido. A experiência de poder atuar junto a puérpera no pós parto imediato desenvolvendo ações de educação em saúde representam uma ferramenta transformadora do processo de trabalho do profissinal enfemeiro e podem impactar significativamente no incentivo, promoção, e manutenção do AM. Descritores: Aleitamento Materno; Educação em Saúde; Enfermagem. 1. INTRODUÇÃO O Aleitamento Materno (AM) é importante para a promoção da saúde do neonato e da criança, especialmente, nos primeiros anos de vida, devendo ser exclusivo até os seis 1 Relato de Experiência. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 2 Apresentadora: Enfermeira. Aluna do Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Materno-Infantil do Hospital Moinhos de Vento (POA). Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: angelanaidom@yahoo.com.br. 3 Enfermeira Pediatra. Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento e do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da UFSM. E-mail: elianeves03@gmail.com. 4 Enfermeira. Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSM. Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: greicepieszak@gmail.com. 1
meses conforme recomendação da OMS o que repercuta na redução da morbimortalidade infantil. Os benefícios da prática do aleitamento não se restringem apenas ao período da amamentação, com o fortalecimento do vínculo mãe e filho, mas estendem-se até a vida adulta, repercutindo na qualidade de vida do ser humano. 1 A prática da amamentação exclusiva, além de salvar vidas, também previne doenças, como a diarréia e infecções respiratórias agudas, e protege contra a morte súbita do lactente. Contudo, a amamentação não é vantajosa apenas para o bebê; ela protege a mãe contra o câncer de mama e de ovário, limita a fertilidade, propicia maior rapidez na involução uterina diminuindo o risco de sangramento após o parto e de anemia, e reduz o gasto mensal com a compra de leite. 2 Segundo pesquisas, amamentação precoce pode levar a uma redução considerável na mortalidade neonatal, podendo ser reduzida em 16, 3% se todas as crianças que iniciarem a amamentação na primeira hora após o nascimento. 3 Os profissionais de saúde, por meio de suas atitudes e práticas, podem influenciar positiva ou negativamente o início da amamentação e sua duração. É dever destes incentivar a amamentação e apoiar as mães, ajudando-as a iniciá-la precocemente e a adquirir autoconfiança em sua capacidade de amamentar. 4,5 A assistência integrada requer novos conhecimentos capazes de habilitar a enfermagem a trabalhar com aspectos emocionais da mãe, dos familiares e do recémnascido, bem como adaptá-las para os cuidados gerais de higiene, conforto e segurança da mãe e da criança, sendo o alojamento conjunto o local ideal para isto. Há ainda um vasto caminho a ser percorrido para otimizar esta assistência de enfermagem integral ao binômio mãe-filho e incluir nela o pai e a família. 6 Assim o enfermeiro tem papel fundamental na promoção, proteção e apoio ao AM. Para exercer esse papel ele precisa, além do conhecimento e de habilidades relacionados a aspectos técnicos da lactação, ter um olhar atento, abrangente, sempre levando em consideração os aspectos emocionais, a cultura familiar, a rede social de apoio à mulher, entre outros aspectos. Portanto, este relato tem como objetivo descrever a vivência de atividades de educação em saúde acerca do incentivo ao aleitamento materno no alojamento conjunto de um hospital de ensino. 2. METODOLOGIA 2
Trata-se de um relato de experiência, acerca das práticas educativas desenvolvidas no alojamento conjunto em um hospital de ensino no período de de janeiro a março de 2007. Este hospital é conhecido por ser um hospital de referência da região central do Rio Grande do Sul, no qual atende pacientes do SUS. O alojamento conjunto possui 31 leitos que são divididos em 20 leitos para a obstetrícia e 11 leitos para a ginecologia, tendo leitos individuais e alojamento conjunto. As atividades desenvolvidas foi a realização de grupos com as gestantes e as puérperas. A abordagem educacional utilizada foi a participativa, o qual julgamos ser o mais adequado para esse tipo de atividade. A metodologia participativa facilita a integração entre o educador e o educando, permitindo a participação de todos, consequentemente com melhor aproveitamento do aprendizado, além de incentivar a comunicação e os questionamentos, fazendo com que os componentes do grupo se sintam seguros e acolhidos. 7 A técnica de dinâmica de grupo oportuniza o incentivar o aleitamento materno de uma forma diferente, descontraída e integrativa. Além disso, facilita a demonstração prática de alguns cuidados com o bebê e com a puérpera, utilizando recursos como: cartazes, desenhos, mama, bonecos demostrativos. As dinâmicas grupais eram realizadas diariamente, em uma sala do alojamento conjunto, na qual as cadeiras eram dispostas em círculo, favorecendo um ambiente em que as nutrizes se sentissem mais a vontade para realizar perguntas, bem como relatar suas experiências. Os principais tópicos abordados foram a importância do aleitamento materno exclusivo, os benefícios do leite materno, vantagens do aleitamento materno para as mães, técnica correta de aleitamento, praticas comuns que prejudicam a amamentação, queixas e problemas comuns de nutrizes. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES A experiência de proporcionar um espaço de educação em saúde às puérperas no alojamento conjunto ajudavam a quebrar a rotina hospitalar, trazendo resultado positivo acerca do incentivo ao aleitamento materno. Esta atividade educativa, além de auxiliar na adesão ao aleitamento materno e nos cuidados com o RN, também proporcionou momentos de descontração entre as mesmas e demonstração de satisfação ao realizar atividades 3
como estas. Ficou evidenciado após a realização dos grupos, que as mesmas apresentaram maior segurança na amamentação, e nos cuidados com os RNs. Surgiram várias dúvidas e questionamentos, sobre os assuntos abordados, que foram gradativamente trabalhados. Segundo minha percepção, algumas puérperas apresentaram maior dificuldade de entendimento e relacionamento, principalmente devido a fatores como condições sócioeconômica-culturais, traços da personalidade (introversão), vivência de sentimentos dolorosos e conflituosos, faixa etária, sexo, entre outros, que influenciavam no nível de participação. Outro aspecto enfatizado nos relatos da nutrizes foi o quanto à melhora do vínculo afetivo com seus bebês por meio do aleitamento materno. Tanto a mãe como o bebê tem necessidade de contato um com o outro, e a amamentação produz na mãe hormônios que induz na mulher o comportamento de uma mãe cuidadosa e satisfeita. 8 Dentro deste contexto, sabe-se que é por meio da amamentação que se estabelece uma profunda relação entre o binômio mãe/filho, determinada por um processo de interação e fortes estímulos táteis, auditivos, visuais e emocionais. 9 Observou-se também uma limitação na prática para o enfoque de trabalho em equipe, embora haja vários profissionais de saúde de diferentes áreas atuando, estes não trabalham efetivamente em conjunto. Consequentemente, a mãe e o recém-nascido são assistidos por profissionais distintos, evidenciando-se uma dicotomia nestes cuidados. Nas enfermarias de alojamento conjunto, é de vital importância à criação de um grupo de apoio multiprofissional, que realmente desempenhe um trabalho em equipe, visando discutir aspectos bio-psico-sociais, e propor novas formas de atuação, objetivando uma melhor interação binômio mãe e filho. Logo se deve destacar a importância dos profissionais de enfermagem, bem como a necessidade destes proporcionar momentos de educação em saúde. 4. CONCLUSÃO Ao finalizar as atividades de educação em saúde, por meio de atividades grupais, é possível evidenciar a importância do papel do enfermeiro nas ações de incentivo ao aleitamento materno e a repercussão destas, para a saúde da criança. Conclui-se que a vivência no alojamento conjunto foi válida e extremamente enriquecedora, tanto em nível pessoal, como em nível profissional, e serviu para mostrar a 4
relevância da utilização da criatividade e da renovação por parte do enfermeiro e da equipe de saúde no planejamento de uma assistência de saúde integral entre mãe e filho. REFERÊNCIAS 1 Ministério da Saúde (BR). Atenção à saúde do recém-nascido (guia para profissionais de saúde). Brasília (DF): MS; 2011; 1. 2 Giugliani ERJ. O aleitamento materno na prática clínica. J Pediatr. 2000;76(Supl 3):S238- S52. 3 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica, Saúde da criança. Nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília (DF): MS; 2009. 4 Winikoof B, Baer EC. The obstetrician s opportunity: translating breast is best from theory to practice. Am J Obstet Gynecol.1980;138:105-17. 5 Patton CB, Beaman M, Sarn C, Lewinski C. Nurses attitudes and behaviors that promote breast-feeding. J Hum Lact 1996; 12:111-5. 6 Rocha SMM et al. Assistência de Enfermagem à criança no Brasil: estudo histórico e reflexões sobre as tendências atuais. Ribeirão Preto, s/d. (mimeo). 7 Milet ME, Marconi R. Metodologia participativa na criação de material educativo com adolescentes. Salvador: Paulo Dourado; 1992.11p. 8 Murahovschi J, Nascimento ET, Teruya KM, Bueno LGS, Kabbach SC. Cartilha de amamentação: doando amor. São Paulo: ALMED; 1997. 9 Schimitz E, Cols A. A enfermagem em pediatria e puericultura. São Paulo: Ed. Atheneu; 1995. 5