A Sociedade do Telejornalismo 1

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Transcrição:

A Sociedade do Telejornalismo 1 Coordenação: Prof. Dr. Flávio Antônio Camargo Porcello (UFRGS) 2 Participantes: Alfredo Eurico Vizeu Pereira Junior 3, docente, Univ. Fed. de Pernambuco UFPE Aline Maria Grego Lins 4, docente, Univ. Católica de Pernambuco UNICAP Yluska Coutinho 5, docente, Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF RESUMO Muito mais do que pautar assuntos entre as pessoas, as notícias dos telejornais têm influência determinante nos hábitos de consumo, nos comportamentos sociais, na linguagem e nas escolhas que os indivíduos farão em suas vidas. As narrativas que a TV adota, a linguagem verbal e não-verbal de suas mensagens, as cores, luzes, formas, sons e silêncios são alguns dos elementos que compõem o mosaico luminoso que brilha dia e noite nas telas de todos os tamanhos e modelos que estão ao alcance do olhar de milhões de telespectadores no mundo inteiro. PALAVRAS-CHAVE Telejornalismo; Identidade; Poder; Lugar de referência. 1 Mesa apresentada no III Colóquio Multitemáticos em Comunicação - Multicom, evento componente do XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Flávio Antônio Camargo Porcello é jornalista, mestre e doutor em Comunicação, professor nos cursos de graduação e pós-graduação da UFRGS. 3 Alfredo Eurico Vizeu Pereira Junior é jornalista, mestre e doutor em Comunicação, professor de telejornalismo e vice-coordenador do programa de pós-graduação em Comunicação da UFPE. 4 Aline Maria Grego Lins é jornalista, doutora em Comunicação e Semiótica, professora de telejornalismo na UNICAP. 5 Iluska Coutinho é jornalista, mestre e doutora em Comunicação, professora do Departamento de Jornalismo e Mestrado em Comunicação da UFJF. 1

PROPOSTA DA MESA A mídia hoje é essencial para a vida em sociedade. Os telejornais cumprem uma função de sistematizar, organizar, classificar e hierarquizar a realidade. Dessa forma contribuem para uma organização do mundo circundante. É o lugar em que os grandes temas nacionais e internacionais ganham visibilidade, convertendo o exercício de publicização dos fatos como a possibilidade prática da democracia. Todo esse processo se produz num campo complexo de construção, desconstrução, significação e ressignificação de sentidos. O telejornal é hoje a grande praça pública do Brasil. Dando continuidade às pesquisas que estamos desenvolvendo há três anos, consideramos que a reflexão sobre o campo do telejornalismo como um lugar de construções simbólicas é de fundamental importância para a compreensão da produção, circulação e consumo de sentidos da sociedade. Consideramos ainda que a reflexão sobre o campo do telejornalismo seus processos, métodos e estratégias é de fundamental importância quanto à sua relevância, significado e eficácia para a compreensão da experiência nas sociedades democráticas. É dentro desse contexto que nos propomos a discutir o que denominamos A Sociedade do Telejornalismo. Entendemos que é possível falar de telejornalismo como um lugar de referência. Diante do que amídia denominou de cultura do medo, as cidades e a sociedade torna-se reféns de facções criminosas e a televisão funciona como uma espécie de lugar de referência para as pessoas buscarem informações para tentar entender o que acontece. O noticiário de TV funciona como laço social. Para Wolton, os laços primários que dizem respeito à família, à vizinhança, à solidariedade de classe, à pertinência religiosa tornam-se cada vez mais distantes, resultando numa fragilidade nas relações entre a massa e o indivíduo, entre a massa e as pessoas. É nessa ausência de um espaço sociocultural entre a experiência do individuo e o coletivo que se situa o interesse pela televisão. Ela funcionaria como um laço estruturante. É o que de certa forma acontece no país nas transmissões de eventos como a Copa do Mundo ou as eleições. Milhões de brasileiros e brasileiras que acompanharam a cobertura pela televisão estabeleceram, de certa forma, uma relação de pertencimento a uma comunidade, a uma nação chamada Brasil. Eles sabiam que naquele instante, em outras cidades, e em outros estados, cidadãos que eles 2

provavelmente nunca encontrarão são brasileiros que nem ele. O telejornalismo funcionaria como um lugar de referência (VIZEU, 2006). Mas, indiscutivelmente, há relação de Poder neste envolvimento. O Poder é exercido através da influência política da TV. A necessária isenção para a cobertura jornalística desaparece por completo dos noticiários e entrevistas, especialmente em períodos politicamente agudos, como o das eleições presidenciais. As emissoras escolhem um lado e um candidato e, cada uma a seu modo, fazem valer a influência do prestígio e da audiência para influir na decisão dos eleitores. A política, o jornalismo, e dentro deste, a Televisão em particular, parecem todos fazer parte de uma mesma unidade. A política se faz pela TV e a TV faz política, impondo suas afinidades e preferências (PORCELLO, 2006). O desafio aqui proposto será dimensionar essa influência, analisando as formas, cores, sons, palavras, gestos e interpretações, entre outros recursos de áudio e vídeo utilizados para transmissão de mensagens e conteúdos. A TV tem peculiaridades próprias mas com níveis discursivos diferenciados. As cores, formas, palavras e sons que, através da TV, ajudam a compor e construir a cultura brasileira também são dispostas diante dos olhos de quem as vê de maneira subjetiva. E há ideosfera, nos níveis verbal e não-verbal, por trás do mosaico que brilha luminosamente nas telas da TV. A relação entre mídia e Poder deve ser profundamente analisada pois o papel do jornalismo é exercer o espírito crítico e fiscalizar o Poder. A mídia brasileira e sua intricada e nem sempre clara relação com o Poder constituem tema desafiador para a pesquisa em comunicação. Afinal, a concessão de serviços públicos de rádio e teledifusão não pode ser usada como moeda política. Pelas características da TV aberta no Brasil e da distribuição de seu sinal, a maioria das emissoras poderia ser caracterizada como TV regional, uma vez que ainda que tendo sede em um município que costuma funcionar como cidade-pólo (econômico ou de serviços), sua área de abrangência compreende uma região sociocultural. A chamada regionalização da produção das emissoras de TV, com destaque para os telejornais locais, se configura como tendência a partir da década de 1980, quando também o modelo de redes se torna hegemônico. É, a partir dos contratos de afiliação, os chamados telejornais regionais se tornam realidade, quer por estratégia comercial, quer como espaço para afirmação política. Além dos encontros entre emissora e população local, que ocorrem em edições de telejornais produzidos de acordo com o interesse público e a utilização de 3

critérios de noticiabilidade, há outras estratégias utilizas para a constituição da relação de proximidade entre e TV e comunidade. É o caso das campanhas e apoios da emissora, especialmente a eventos de caráter esportivo, e que são sempre notícia nos telejornais locais, em um discurso auto-referencial que não é prerrogativa da afiliadas, mas recursos comumente usado mesmo pelas redes nacionais de TV (COUTINHO, 2003). TÍTULOS E RESUMOS DOS PARTICIPANTES DA MESA (todas) Resumo 1 Mídia e Poder: os dois lados de uma mesma moeda A influência política da TV no Brasil Flávio Antônio Camargo Porcello docente, Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS A televisão dá prioridade ao componente visual, de maneira a causar fascinação ao público. Ela aumenta o peso da imagem em relação ao valor da palavra. E o telespectador decodifica, mais facilmente, os códigos visuais do que os verbais. Mas ela não é mera observadora dos fatos. Por trás de uma câmera está o olhar de um cinegrafista. A matéria jornalística é uma história contada pela ótica do repórter, com as imagens captadas pelo cinegrafista. Na edição, o jornalista faz escolhas, optando por uma e não por outra cena, por este e não por aquele trecho da resposta do entrevistado. TV é edição, é recorte, é fragmento. O desafio de quem trabalha nela é escolher certo, com responsabilidade, critério, ética, e, principalmente, honestidade. Existe imparcialidade jornalística? É claro que não. A ótica do jornalista, do cinegrafista, do fotógrafo, do diretor da empresa e dos interesses que ela representa, sempre estarão de algum lado. Resumo 2 A construção do real no telejornalismo: do lugar de segurança ao lugar de referência Alfredo Eurico Vizeu Pereira Junior docente, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE João Carlos Correia docente, Universidade da Beira Interior, Covilhã Portugal 4

Os brasileiros acreditam mais na mídia do que no Governo. A informação, resultado de uma pesquisa da agência de notícias Reuters, da Rede Britânica BBC e dos Media Centre Poll da Globescan realizada em dez países mostra a centalidade e importância da televisão na sociedade brasileira. Dentro deste contexto, o campo do telejornalismo que ocupa um lugar de destaque como a principal fonte de informação para 56% dos entrevistados é a televisão. Ao conceito provisório do telejornalismo como um lugar de segurança nas sociedades complexas propomos o conceito de lugar de referência. A defesa de que os telejornais funcionam como uma espécie de lugar de segurança no mundo da vida, tendo por base que a televisão se constitui num lugar de familiaridade e tranqüilidade no dia-a-dia acabou se mostrando insuficiente para dar conta da relevância dos noticiários como um lugar de mediação entre o mundo dos fatos, dos acontecimentos e a sociedade. Resumo 3 Falibilismo: incertezas na construção do telejornalismo Aline Maria Grego Lins docente, Universidade Católica de Pernambuco UNICAP A possibilidade do erro presente num processo de semiose, o falibilismo, é condição inevitável para a oxigenação desse processo, mas, ao mesmo tempo, a capacidade para a autocorreção na semiose é a maravilhosa propriedade autocorretiva da razão, que pertence a todas as ciências. O reconhecimento da falibilidade, sob a ótica de Peirce, nção engessa uma mente, pelo contrário, ela promove (re)análises, comparações, idas e vindas capazes de redimir-se e onstruir um percurso em busca do signo ideal. O erro ou mesmo a dúvida não tem, assim, conotação negativa. Ao invés diso, eles tronam-se construtores de semioses, propulsores do pensamento. Esse saber é construído com momentos de avanços e recuos, quer em termos de pensamento, quer em termos de pesquisas (científicas ou artísticas);é um processo de maturação, em que idéias podem ser confirmadas, rechaçadas ou, apenas, redimensionadas. 5

Resumo 4 Telejornalismo e identidade em emissoras locais: a construção de contratos de pertencimento Iluska Coutinho docente, Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF Em 1969 entrava no ar o Jornal Nacional e com ele o modelo de transmissões de programas em rede e a perspectiva de integração nacional via telinha, instaurando no campo das telecomunicações a ideologia de segurança nacional. O aceso à tecnologia de transmissão, inclusive, foi viabilizado com a utilização de orçamento público, opção dos militares para garantir a difusão do sinal de televisão e da ideologia de segurança nacional por todo o território brasileiro: (...)a TV realizou o sonho de integração nacional, agindo como ponta-de-lança na implantação de uma mentalidade modernizadora do Brasil (GLEISER, 1983:19). A proposta do presente artigo é refletir sobre as possibilidades de veiculação e/ou construção de uma identidade de caráter reginal em uma emissora de TV local, com destaque para seus telejornais. REFERÊNCIAS COUTINHO, Iluska. Dramaturgia do telejornalismo brasileiro: a estrutura narrativa das notícas em TV. São Bernardo do Campo: Univ. Metodista de S.Paulo, 2003. (Tese de Doutorado) GLEISER, Luiz. Além da notícia: o Jornal Nacional e a televisão brasileira. Rio de Janeiro: UFRJ, 1983, 84 p. (Dissertação de Mestrado) PORCELLO, Flávio; MOTA, Célia e VIZEU, Alfredo. Telejornalismo: a nova praça pública. Florianópois: Insular, 2006. VIZEU, Alfredo. O lado oculto do telejornalismo. Florianópolis: Calandra, 2006. SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1996 6