ASSOCIAÇÕES ENTRE OS COMPONENTES DE RENDIMENTO DE MAMONEIRA PARA AMBIENTE DE BAIXAS ALTITUTES Adilson Nunes da Silva¹, Cássia da Silva Sousa¹, Simone Alves Silva¹, Orlando Melo Sampaio Filho¹, Edna Lobo Machado¹, Adriana Rodrigues Passos¹, Diego dos Santos Carvalho¹ 1 UFRB, nunesadil@yahoo.com.br, agrocal2004@yahoo.com.br, simonealves22@gmail.com, nandaoagrufba@yahoo.com.br, ednalobo@ufrb.edu.br, adrianarpassos@yahoo.com.br, diego carvalh@hotmail.com RESUMO - O objetivo deste trabalho foi avaliar as associações fenotípicas dos caracteres relacionados aos componentes de rendimento da mamoneira em ambiente de baixa altitude (220m). O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com cinco repetições e cinco tratamentos, constituídos pelas cultivares BRS 149 Nordestina, BRS 188 Paraguaçu, EBDA MPA 17, EBDA MPA 18 e Sipeal 28. Ocorreram diferenças significativas entre as cultivares para a maioria dos caracteres testados, com exceção do caráter número de frutos por racemo (NFR) demonstrando haver presença de variabilidade entre as constituições genéticas avaliadas e possível seleção para estes caracteres. As estimativas dos coeficientes de correlação fenotípica apresentaram valores significativos em nível de 5% de probabilidade, indicando associações entre esses caracteres. A maior correlação encontrada foi entre os caracteres peso de racemo (PR) e peso de frutos por racemo pa (0,95). Palavras-chave: ricinus communis L., cultivares, caracteres fenotípicos, produtividade. INTRODUÇÃO A mamoneira (Ricinus communis L.), é uma oleaginosa de destaque como alternativa para a indústria do Biodiesel, além de largamente adaptada às condições edafoclimáticas do Estado da Bahia, seu maior produtor nacional, com área de 2.825.249 hectares plantados em 2005 (BAHIAINVEST, 2007). É uma planta de hábito arbustivo, com diversas colorações de caule, folhas e racemos (cachos), podendo ou não possuir cera no caule e no pecíolo. Os frutos, em geral, possuem espinhos e, em alguns casos, são inermes. As sementes apresentam-se com diferentes tamanhos, formatos e grande variabilidade de coloração, e delas se extrai industrialmente um óleo de excelentes propriedades, de largo uso como insumo industrial (RODRIGUES FILHO, 2000). Uma demanda atual do melhoramento genético da mamoneira inclui a adaptação de genótipos a regiões de baixas altitudes, permitindo a inclusão sustentável de muitos municípios onde o cultivo não é recomendado pelo risco de baixas produtividades (SEVERINO et al., 2006). O conhecimento prévio das relações existentes entre caracteres de planta, como estimados pelas correlações, tem sido de grande importância nos trabalhos de melhoramento genético (CRUZ;
REGAZZI, 1997). A correlação existente entre os caracteres permite uma orientação na seleção, tanto como objetiva o aprimoramento dos genótipos para um conjunto de caracteres e não para os mesmos de forma isolada, tornando possível a seleção indireta de caracteres desejáveis correlacionados positivamente (VENCOVSKY; BARRIGA, 1992). Quando as correlações são positivas e de alta magnitude, os caracteres podem ser considerados uma única unidade de seleção. Por sua vez, as correlações negativas geralmente dificultam a seleção simultânea dos caracteres superiores nos programas de melhoramento. Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar as associações existentes entre os caracteres de rendimento, através das estimativas de correlação de Pearson. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado no Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, em Cruz das Almas. O município está situado na região fisiográfica do Recôncavo Baiano, apresentando as coordenadas geográficas de 12º40 19 latitude sul, 39º06 23 de longitude oeste de Greenwich e altitude média de 220 m. O clima é do tipo subúmido, com pluviosidade média anual de 1.170 mm, com variações entre 900 e 1.300 mm, sendo os meses de março a agosto os mais chuvosos e de setembro a fevereiro os mais secos. A temperatura média anual é de 24,1 ºC e o solo é classificado como Latossolo Amarelo Álico Coeso, de textura argilosa e relevo plano. As sementes de mamoneira utilizadas foram obtidas pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), na Estação Experimental de Iraquara BA. Estas foram colhidas, beneficiadas e armazenadas em sacos de alinhagem na Estação Experimental de Itaberaba BA (EBDA) até o plantio no campo experimental do CCAAB. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com cinco repetições e cinco tratamentos, constituídos pelas cultivares BRS 149 Nordestina, BRS 188 Paraguaçu, EBDA MPA 17, EBDA MPA 18 e Sipeal 28. Cada parcela teve as dimensões 12,0 m x 15,0 m, com as linhas laterais constituindo as bordaduras, e a área útil abrangendo as dimensões de 9,0 m x 10,0 m. O espaçamento entre fileiras foi de 3,0 m e entre covas de 1,0 m, resultando em cinco fileiras com 12 covas e 30 covas na área útil do experimento. Foram semeadas três sementes por cova e o desbaste foi realizado aos 25 dias após o plantio, deixando uma planta por cova. Foram analisados os seguintes caracteres: estatura de planta (EP), peso de racemo (PR), peso de frutos por racemo (PFR), número de frutos por racemo (NFR), peso de frutos por planta (PFPL). Os dados foram submetidos à análise de variância e para avaliar a magnitude de associação entre os caracteres utilizou-se o método de correlação de Pearson ao nível de 5% de probabilidade (α=0,05). As análises foram conduzidas com auxílio do programa SAS.
RESULTADOS E DISCUSSÕES A análise de variância permite verificar valores dos quadrados médios, coeficiente de variação e a média observados dos caracteres estudados, conforme a tabela 1. Ocorreram diferenças significativas entre as cultivares para a maioria dos caracteres testados, com exceção do caráter número de frutos por racemo (NFR) demonstrando haver presença de variabilidade entre as constituições genéticas avaliadas. As estimativas dos coeficientes de correlação fenotípica para os caracteres avaliados estão apresentadas na Tabela 2. Foram observados coeficientes significativos em nível de 5% de probabilidade, indicando associações entre esses caracteres. A maior correlação encontrada foi entre os caracteres peso de racemo (PR), peso de frutos por racemo pa (0,95) associação semelhante à observada por Bahia (2007). Tal associação já era esperada, pois a medida em que se seleciona racemos mais pesados conseqüentemente se obtém frutos com maior massa. Foi verificada correlação não significativa para os caracteres estatura de planta e número de frutos por racemo assim como número de frutos por racemo e peso de frutos por planta dando um indicativo que não existe uma correlação direta entre tais caracteres sendo, possivelmente selecionados independentemente durante os processos evolutivos da espécie, impossibilitando obter progresso na seleção. Desta forma, segundo Santos e Vencovsky (1986) o conhecimento da correlação entre caracteres pode ser primordial para a seleção simultânea de caracteres, ou quando um caráter de interesse revela dificuldade de seleção e resposta para obter ganho genético, ou mesmo quando, segundo Carvalho et al., (2001), ao selecionar outro caráter de alta herdabilidade, de fácil aferição e identificação e que evidencie alta correlação com o caráter desejado, o melhorista poderá obter progressos mais rápidos em relação ao uso de seleção direta.
CONCLUSÕES A maior correlação encontrada foi entre os caracteres peso de racemo (PR), peso de frutos por racemo (0,95); Existem correlações significativas entre os caracteres avaliados, sendo o peso do racemo o caráter que deverá ser priorizado para a seleção de genótipos superiores para maior peso e número de frutos em plantas de mamona; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAHIA, H. F. Avaliação e seleção de genótipos de mamoneira (Ricinus communis L.) para fins de melhoramento genético no Recôncavo Baiano. 2007. 123 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Agrária: Fitotecnia) - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas. BAHIAINVEST. Grãos: Área, produção, rendimento médio e variação percentual Bahia, 2004-2005. Disponível em: <http://www.bahiainvest.com.br/port/segmentos/> Acesso em: 28 ago. 2007. CRUZ, C. D; REGAZZI, A. J. Métodos biométricos aplicados ao melhoramento genético. 2. ed. Viçosa: UFV, 1997. 390 p. RODRIGUES FILHO, A. A cultura da mamona. Belo Horizonte: EMATER-MG, 2000. 20 p. (Boletim técnico). VENCOVSKY, R.; BARRIGA, P. Genética biométrica no fitomelhoramento. Ribeirão Preto : Sociedade Brasileira de Genética, 1992. 496 p. SANTOS, J.; VENCOVSKY, R. Correlações fenotípicas e genéticas entre alguns caracteres agronômicas do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.). Ciência e Prática, Lavras, v. 10, n. 3, p. 265-272, 1986. SEVERINO, L. S.; MILANI, M.; MORAES, C. R. de A.; GONDIM, T. M. de S.; CARDOSO, G. D. Avaliação da produtividade e teor de óleo de dez genótipos de mamoneira cultivados em altitude inferior a 300 metros. Revista Ciência Agronômica, Fortaleza, v. 37, n. 2, p. 188-194, 2006.
Tabela 1. Médias, coeficientes de variação e quadrados médios da análise de variância dos caracteres estatura de planta (EP), peso de racemo (PR), peso de frutos por racemo (PFR), número de frutos por racemo (NFR), peso de frutos por planta (PFPL), CCAAB, Cruz das Almas BA, 2008. Quadrado Médio Fontes de G.L Variação EP PR PFR NFR PFPL (cm) (g) (g) (und.) (g) Bloco 4 651,73 134,22 118,45 4,18 7142,50 Genótipo 4 1946,39* 1171,06* 1155,40* 41,13 37194,25* Resíduo 16 429,22 271,47 267,50 22,43 9511,15 Média 115,12 85,62 78,78 28,97 306,62 CV (%) 18 19,24 20,76 16,35 31,81 *significativo a 5% de probabilidade de erro pelo teste F. Tabela 2. Coeficientes de correlação fenotípica entre os caracteres: caracteres estatura de planta (EP), peso de racemo (PR), peso de frutos por racemo (PFR), número de frutos por racemo (NFR), peso de frutos por planta (PFPL), CCAAB, Cruz das Almas BA, 2008. EP PR PFR NFR PFPL EP 1 PR 0,61* 1 PFR 0,59* 0,95* 1 NFR 0,21 ns 0,64* 0,71* 1 PFPL 0,73* 0,89* 0,93* 0,57 ns 1 * = significativo em nível de 5% de probabilidade.