UFPB PRG X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA 4CFTDCBSPLIC02 VERIFICAÇÃO DA APRENDIZAGEM DE QUÍMICA ATRAVÉS DE AULAS EXPERIMENTAIS Edino Cezar Ferreira Lima (1) ; Emanuel Régis da Silva (2) ; Luan Cardoso de Menezes (2) ; Max Rocha Quirino (3) ; Vênia Camelo de Souza (4) ; Ademir Guilherme (4) ; Yuri Montenegro Ishihara (4) Centro de Formação de Tecnólogos/ Departamento de Ciências Básicas e Sociais RESUMO Nos últimos anos, o ensino de Química tem se reduzido à transmissão de informações e definições de leis isoladas, sem qualquer relação com a vida do aluno, exigindo deste, quase sempre, a pura memorização, restrita a baixos níveis cognitivos, geralmente consolidados por exames de vestibulares e em livros textos amoldados com esta situação. Enfatizam se muitos tipos de classificações, como tipos de reações, ácidos, soluções e outros temas, que não representam aprendizagens significativas. Uma preocupação constante dos educadores na atualidade é a priorização de metodologias aptas a tornar o processo ensino aprendizagem mais produtivo (HERRON; NURRENBERN, 1999). O objetivo deste trabalho foi verificar o aprendizado de duas turmas do ensino médio quando submetidas a sete aulas práticas diferentes na área de química. Esta verificação da aprendizagem foi feita através de testes de sondagem (pré testes e pós testes). Inicialmente foi realizada a aplicação de um pré teste com o intuito de diagnosticar os conhecimentos pré existentes e em seguida foi ministrada uma aula experimental de química e depois foi aplicado um pós teste para verificar a aprendizagem dos alunos após a realização do experimento. Posteriormente, com todos os dados colhidos, foram calculadas as médias dos pré e pós testes para confecção de tabelas e para verificar ao processo de aprendizagem. Este trabalho foi feito em duas turmas; onde uma pertencente ao Colégio Agrícola Vidal de Negreiros e outra à Escola Estadual de Ensino Médio José Rocha Sobrinho, ambas localizadas no município de Bananeiras PB. As práticas realizadas foram as seguintes: (I) Normas de Segurança em um laboratório de química, (II) Equipamento de laboratório, (III) Medidas de Volumes, (IV) Fenômenos físicos e químicos, (V) Separação de misturas, (VI) Destilação simples e (VII) Determinação da densidade de um sólido. Foi observado durante as aulas práticas um grande interesse por parte dos alunos, onde uma tempestade de dúvidas foi esclarecida. As médias dos pós testes de todas as turmas foram maiores que as dos pré testes em todas as práticas realizadas e nos faz concluir que realmente ocorreu uma aprendizagem significativa destes temas abordados. Palavras chave: Ensino de Química. Aulas experimentais. Pré testes e pós testes. Introdução Ao analisarmos o plano geral do ensino de química das principais escolas de ensino médio, observamos que o conteúdo programático tem sido trabalhado com rituais mecânicos de definições e nomenclaturas, restando aos alunos a memorização e o estudo de conteúdos não correlacionados com o cotidiano (RODRIGUES; AGUIAR; SANTA MARIA, 2000). Freqüentemente é feito um questionamento por parte dos alunos acerca do motivo pelo qual estudam química, visto que nem sempre este conhecimento será necessário na futura profissão (RODRIGUES; AGUIAR; SANTA MARIA, 2000). Segundo Chassot (1990), alguns professores também não sabem responder a esta questão, pois nunca pensaram no assunto ou responde de forma simplista. O estudo da química deve se principalmente ao fato de possibilitar ao homem o desenvolvimento de uma visão crítica do mundo que o cerca, podendo analisar, compreender, utilizar este conhecimento no cotidiano, tendo condições de perceber e interferir em situações que contribuem para a deterioração de sua qualidade de vida, como por exemplo, o impacto ambiental provocado pelos rejeitos industriais e domésticos que poluem o ar, a água e o solo. Cabe assinalar que o entendimento das razões e objetivos que justificam e motivam o ensino desta disciplina, poderá ser alcançado abandonando se as aulas baseadas (1) Bolsista; (2) Voluntário(a); (3) Prof(a) Orientador(a)/Coordenador(a); (4) Prof(a) Colaborador(a); (5) Servidor Técnico Administrativo 1
na simples memorização de nomes e fórmulas, tornando as vinculadas ao conhecimento do dia a dia do alunado (RODRIGUES; AGUIAR; SANTA MARIA, 2000). Nos últimos anos, o ensino de química tem se reduzido à transmissão de informações e definições de leis isoladas, sem qualquer relação com a vida do aluno, exigindo deste, quase sempre, a pura memorização, restrita a baixos níveis cognitivos, geralmente consolidados por exames de vestibulares e em livros textos amoldados com esta situação. Enfatizam se muitos tipos de classificações, como tipos de reações, ácidos, soluções e outros temas, que não representam aprendizagens significativas (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS,1999). Uma preocupação constante dos educadores na atualidade é a priorização de metodologias aptas a tornar o processo ensino aprendizagem mais produtivo (HERRON; NURRENBERN, 1999). Neste contexto, deve se considerar que a Química é uma ciência eminentemente prática e, portanto, sem aulas laboratoriais os alunos ficam distanciados da parte fundamental dessa ciência no que diz respeito ao ensino e a aprendizagem. Deste modo o ensino dessas ciências é realizado de forma monótona, expositiva e livresca (BARRETO, 1996). As aulas práticas dessas disciplinas, apesar de indispensáveis, não ocorrem, na maioria ou em quase todas as escolas públicas do Estado, devido à ausência de laboratórios adequados, ou de professores treinados (KRASILCHIK, 1987). Então, o principal objetivo deste trabalho foi utilizar experimentos na área de química como recurso instrucional em duas escolas públicas localizadas na cidade de Bananeiras PB e assim poder verificar através de testes de sondagens (pré testes e pós testes) o aprendizado dos discentes submetidos à pesquisa. Descrição Metodológica Visando acessar um universo amplo de estudantes, estas aulas práticas foram realizadas em duas turmas do 2 o ano, onde uma pertencente ao Colégio Agrícola Vidal de Negreiros (CAVN) e a outra a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio José Rocha Sobrinho ambas localizadas na cidade de Bananeiras PB. As aulas experimentais estudadas e avaliadas foram as seguintes: (1) Normas de segurança: procedimentos corretos na utilização dos equipamentos de laboratório; (2) Equipamentos básicos de laboratório: conhecendo os equipamentos utilizados no laboratório; (3) Medida de volumes: mostrando os materiais corretos para obter diferentes medidas de volumes de líquidos; (4) Fenômenos físicos e químicos: capacitando os alunos e professores para diferenciar esses dois tipos de fenômenos; (5) Separação de misturas: tornando o aluno capaz de separar misturas simples. (6) Determinação da densidade de um sólido: comparação das densidades de vários sólidos e conceitos de densidade absoluta e relativa, assim como de que material é confeccionado o objeto de estudo; (7) Destilação simples e fracionada: diferenciando um aparelho para realização de uma destilação simples de um aparelho de destilação fracionada, assim como montar um com material alternativo. O procedimento do trabalho para todos os experimentos isoladamente trabalhados foi realizado através das seguintes etapas: aplicação de um Préteste (teste de sondagem) para cada componente do grupo, com questões referentes à aula prática que seria estudada naquele dia, preestabelecendo 15 minutos para que os alunos discutissem as questões e as respondessem. Cada Pré teste era correspondente ao assunto de cada experimento, como exemplo, para o experimento (5) que tinha como tema separação de misturas, foi feito um único Pré teste aplicado individualmente. Os Pré testes eram recolhidos e em seguida distribuídos um roteiro de aula prática que deveria ser seguido pelos alunos durante a exposição da aula experimental; durante o decorres da experiência, os alunos participavam ativamente das aulas através de questionamentos que eram respondidos pelo aluno bolsista; ao término da aula, os roteiros eram recolhidos e era aplicado um pós teste, também determinado um tempo de 15 minutos para os discentes responderem a fim de avaliar o nível de compreensão dos alunos após a aplicação de uma aula experimental; os pré e póstestes eram corrigidos pelo bolsista e só as notas dos Pós testes eram entregues ao professor das turmas as quais serviram como notas referentes a uma avaliação dos alunos na disciplina de química. Corrigidos todos os testes (pré testes e pós testes) relativos a cada aula separadamente, foram calculadas as médias destes por turma e por escola e os dados obtidos foram computados em duas tabelas. 2
Resultados Os resultados de todos os experimentos realizados foram expressos nas tabelas 01 e 02 mostradas a seguir: Tabela 01 Médias dos pré e pós testes correspondentes aos assuntos das aulas experimentais realizadas pelos alunos do 1 o ano do Colégio Agrícola Vidal de Negreiros CAVN. Aula prática Média dos pré testes Média dos póstestes 1 Normas de segurança 5,0 8,6 2 Equipamentos básicos de laboratório 4,5 7,5 3 Medida de volumes 6,0 8,8 4 Fenômenos físicos e químicos 4,2 6,13 5 Separação de misturas 2,9 7,43 6 Determinação da densidade de um sólido 3,8 6,25 7 Destilação simples e fracionada 1,05 6,55 Fonte: Dados da pesquisa. Foi observado que em todas as aulas práticas realizadas as médias das notas dos póstestes foram superiores as dos pré testes. Na experiência sobre destilação simples e fracionada houve realmente um aumento da média, pois a média do pré teste da turma do 2 o ano do CAVN foi muito baixa. Assim também foi observado na prática de separação de misturas. Os alunos do colégio supracitado evidenciaram um interesse maior nas quatro últimas experiências, pois são experiências que chamam bastante atenção dos discentes, mas as notas não foram tão boas quantos as notas das três primeiras. A maior média da turma no pós teste foi em normas de segurança de laboratório de química. Tabela 02 Médias dos pré e pós testes correspondentes aos assuntos das aulas experimentais realizadas pelos alunos do 1 o ano da Escola Estadual de Ensino Médio José Rocha Sobrinho. Aula prática Média dos pré testes Média dos póstestes 1 Normas de segurança 5,5 7,0 2 Equipamentos básicos de laboratório 4,5 7,0 3 Medida de volumes 5,0 8,5 4 Fenômenos físicos e químicos 5,6 6,4 5 Separação de misturas 4,9 7,4 6 Determinação da densidade de um sólido 3,7 6,7 7 Destilação simples e fracionada 3,7 6,2 Fonte: Dados da pesquisa. No Colégio Estadual José Rocha Sobrinho foi observado que as notas dos pós testes foram maior que as dos pré testes, o que também foi evidenciado pela Escola agrícola Vidal de Negreiros, esta última sendo uma escola técnica vinculada a Universidade Federal da Paraíba/UFPB. Foi observado que das quatro últimas aulas experimentais apenas uma média do pós teste foi acima de sete, isto ocorreu na experiência Separação de misturas. O interessante foi que o mesmo ocorreu com a média dos pós testes dos alunos pertencentes à Escola Agrícola Vidal de Negreiros. Com este dado pode se supor que esta aula prática deve ser reformulada, objetivando um melhor entendimento do discente, assim, favorecendo o processo de ensino aprendizagem de fenômenos físicos e químicos. Mas, temos que salientar que é apenas uma média da turma, e através deste resultado, onde a média do pré teste é menor do que a do pós teste, podemos supor que houve um acréscimo de aprendizado. 3
Como afirma Leach (1998) o conhecimento sobre a natureza da ciência, influencia a aprendizagem dos estudantes na atividade experimental, com isso podemos supor que na aula de fenômenos físicos e químicos em ambas as instituições de ensino, os alunos não apresentaram conhecimento sobre este tópico, o que já tinha sido lecionado pelo professor em aula teórica anterior, ou seja, não houve um aprendizado por parte dos discentes. Então, depois de realizada uma aula experimental, foi observado através da média da turma que a aula prática é fundamental quando utilizada como recurso instrucional. Também foi notado que nas três primeiras aulas experimentais, todas as médias dos pós testes foram superiores a sete. Foto 01 Aula prática de Destilação Simples Foto 02 Aula prática de fenômenos físicos e químicos realizadas em ambas escolas. Foto 03 Aula prática de determinação da densidade realizada no CAVN Foto 04 Aula prática realizada na Escola José Rocha Sobrinho Conclusão Através dos dados expostos nos resultados podemos concluir que as aulas experimentais são importantes para a contribuição de uma melhora no processo ensinoaprendizagem, a qual serve como recurso instrucional que desperta bastante a curiosidade destes discentes, promovendo um aprendizado de acordo com os parâmetros curriculares nacionais. O pré teste serviu como uma avaliação diagnóstica e o pós teste serviu para verificar o aprendizado de química diante de uma aula prática, o que notamos que esta aula foi fundamental para uma aprendizagem significativa. A aula prática é um recurso instrucional importante, mas quando é antecipada por uma aula teórica sobre a natureza científica do assunto a ser abordado. Referências Bibliográficas BARRETO, A. L. P.; PEREIRA, M. G.; RODRIGUES, M. F. E; RAMOS, M. G. M. Revelando o ensino público Ensino de Biologia. IN: Pinheiro, A. C. F. (Org.). Revelando o Ensino Público: o entendimento de professores e alunos sobre o ensino de Biologia, Geografia, História e Psicologia. João Pessoa: A União, 1996. 4
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO MÉDIA E TECNOLÓGICA. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio: Ciências da Natureza, matemática e suas tecnologias / Ministério da Educação Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Média e Tecnológica. v.3, p.67, 1999. CHASSOT, A. I. A Educação no Ensino de Química. Livaria Injuí Editora; Rio Grande do Sul, 1990. HERRON, J.D.; NURRENBERN, S.C. Chemical Education research. Journal of Chemical Education, v.76, p. 1354 1361,1999. KRASILCHIK, M. O professor e o currículo das ciências. São Paulo: EPU Editora Pedagógica e Universitária LTDA, 1987. LEACH, J. Em Pratical work in school science: Which way now?; Wellington, J., ed.; Routledge: London, 1998, cap. 4. RODRIGUES, J.R.; AGUIAR, M.R.P; SANTA MARIA, L.C.; SANTOS, Z.A.M. Uma Abordagem Alternativa para o Ensino da Função Álcool. Química Nova na Escola, N o 12, p.20 23. 2000. 5