PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

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São Paulo, 13 de dezembro de 2017.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

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PODER JUDICIÁRIO. 33ª Câmara de Direito Privado TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Apelação nº

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Botucatu, em que é apelante REINALDO

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MIGUEL BRANDI (Presidente sem voto), LUIS MARIO GALBETTI E MARY GRÜN.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores SÁ DUARTE (Presidente sem voto), MARIO A. SILVEIRA E SÁ MOREIRA DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GILBERTO LEME (Presidente) e ARTUR MARQUES. São Paulo, 14 de agosto de 2017.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MARY GRÜN (Presidente) e LUIZ ANTONIO COSTA. São Paulo, 24 de julho de 2018.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANTONIO CELSO AGUILAR CORTEZ (Presidente) e TORRES DE CARVALHO.

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GILBERTO DOS SANTOS (Presidente), WALTER FONSECA E GIL COELHO.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores SALLES ROSSI (Presidente sem voto), MOREIRA VIEGAS E LUIS MARIO GALBETTI.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 10ª Câmara de Direito Privado

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores LUCILA TOLEDO (Presidente) e MENDES PEREIRA. São Paulo, 30 de maio de 2019.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação / Reexame Necessário nº

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores HERALDO DE OLIVEIRA (Presidente), JACOB VALENTE E TASSO DUARTE DE MELO.

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores RUI CASCALDI (Presidente sem voto), AUGUSTO REZENDE E LUIZ ANTONIO DE GODOY.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MARIA LAURA TAVARES (Presidente sem voto), NOGUEIRA DIEFENTHALER E MARCELO BERTHE.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente), EGIDIO GIACOIA E VIVIANI NICOLAU.

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores SILVIA ROCHA (Presidente), FABIO TABOSA E CARLOS HENRIQUE MIGUEL TREVISAN.

ACÓRDÃO I iniii mil mil um um um um um mi nu

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANDRADE NETO (Presidente) e MARIA LÚCIA PIZZOTTI.

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANDRADE NETO (Presidente) e MARIA LÚCIA PIZZOTTI.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores COSTA NETTO (Presidente) e ALEXANDRE LAZZARINI.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores RUI CASCALDI (Presidente sem voto), CLAUDIO GODOY E AUGUSTO REZENDE.

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RELATÓRIO. O apelado apresentou intempestivamente as suas. contrarrazões. Rio de Janeiro, 14 de julho de 2009.

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores CLAUDIO GODOY (Presidente), ALCIDES LEOPOLDO E SILVA JÚNIOR E AUGUSTO REZENDE.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 37ª Câmara de Direito Privado

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANDRADE NETO (Presidente) e MARIA LÚCIA PIZZOTTI.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MIGUEL BRANDI (Presidente sem voto), RÔMOLO RUSSO E LUIZ ANTONIO COSTA.

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANDRADE NETO (Presidente) e MARCOS RAMOS. São Paulo, 20 de junho de 2018.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO 31ª Câmara de Direito Privado ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANDRADE NETO (Presidente) e MARIA LÚCIA PIZZOTTI.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MAGALHÃES COELHO (Presidente) e COIMBRA SCHMIDT.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores BERETTA DA SILVEIRA (Presidente sem voto), VIVIANI NICOLAU E CARLOS ALBERTO DE SALLES.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº

SEGUNDA CÂMARA CÍVEL RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL Nº 8785/2004 CLASSE II COMARCA DE SINOP APELANTE: BRASIL TELECOM S. A.

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CLEVERSON AUGUSTO FLORES BRUM. Vistos, relatados e discutidos os autos.

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MIGUEL BRANDI (Presidente) e MARY GRÜN. São Paulo, 4 de outubro de 2017.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GILBERTO LEME (Presidente), MORAIS PUCCI E CLAUDIO HAMILTON.

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. 31ª Câmara Extraordinária de Direito Privado ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MIGUEL PETRONI NETO (Presidente) e SIMÕES DE VERGUEIRO.

Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Vigésima Câmara Cível A C Ó R D Ã O

Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Cotia, em que é apelante VIAÇÃO MIRACATIBA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO AMAZONAS Gabinete da Desa. Maria das Graças Pessôa Figueiredo

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos do Agravo de Instrumento nº , da Comarca de Americana, em que é agravante

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Tribunal de Justiça 1ª Câmara Especial

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 11ª Câmara de Direito Público

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OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS DAS OPERADORAS DE PLANOS DE SAÚDE

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MOREIRA VIEGAS (Presidente sem voto), FERNANDA GOMES CAMACHO E A.C.MATHIAS COLTRO.

Voto nº Apelação n Comarca: Mauá Apelante/Apelado: F.A.D.P.L.; Crefisa S/A Crédito Financiamento e Investimento

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de São Paulo, em que é apelante é apelada.

Transcrição:

Registro: 2017.0000972714 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1021953-12.2014.8.26.0002, da Comarca de São Paulo, em que é apelante ELISANGELA MARQUES DE OLIVEIRA (JUSTIÇA GRATUITA), são apelados IVAN DUNSHEE DE ABRANCHES OLIVEIRA SANTOS FILHO, HOSPITAL E MATERNIDADE VIDA'S LTDA. e AMEPLAN ASSISTÊNCIA MÉDICA PLANEJADA SC LTDA. ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 7ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram provimento em parte ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MIGUEL BRANDI (Presidente sem voto), MARY GRÜN E RÔMOLO RUSSO. São Paulo, 14 de dezembro de 2017. Luis Mario Galbetti Relator Assinatura Eletrônica

VOTO Nº 16446 Apelação com Revisão nº 1021953-12.2014.8.26.0002 Apelante: Elisangela Marques de Oliveira Apelados: Ivan Dunshee de Abranches Oliveira Santos Filho; Ameplan Assistência Médica Planejada S/C Ltda Hospital e Maternidade Vida's S/C Ltda Origem: 7ª Vara Cível de Santo Amaro Juíza: Adriana Borges de Carvalho Responsabilidade civil Cirurgia plástica que resultou cicatrizes alargadas e pontos de sutura com processos inflamatórios Alegação de imprudência, negligência e imperícia médica Laudo pericial que afastou irregularidade no procedimento Responsabilidade do médico e do hospital afastada Culpa que deve recair sobre a operadora de plano de saúde que não deu oportunidade à autora de se manter no contrato após o fim da relação empregatícia, prejudicando o pós operatório, conforme revelou o laudo pericial - Violação às regras do artigo 30 da Lei nº 9.656/98 e da Resolução 19 do CONSU, que garantem ao exfuncionário a continuidade do plano Danos materiais no valor de R$ 19.000,00 e danos morais fixados em R$ 10.000,00 Recurso parcialmente provido. 1. Trata-se de apelação interposta contra sentença que julgou improcedente ação de reparação de danos, condenada a autora no pagamento das custas e despesas processuais, Apelação nº 1021953-12.2014.8.26.0002 -Voto nº 2

fixados os honorários advocatícios em 10% do valor atribuído à causa, observados os termos do art. 98, parágrafo 2º e 3º do Novo Código de Processo Civil. Apela a autora para busca a inversão do julgado. Diz que se submeteu a cirurgia de abdominoplastia e teve complicações. Sentiu fortes dores, os pontos abriram, a região apodreceu e ficou com mau cheiro. Sofreu prejuízo moral, estético e precisa se submeter a novo procedimento para reparar as cicatrizes defeituosas. Foi vítima de erro médico. A obrigação é de resultado. Diz que a culpa está evidenciada. A operadora do plano de saúde também deve responder, pois negou a continuidade do plano de saúde na ocasião em que se desligou da empresa que trabalhava. O juízo apresentou proposta de conciliação para que a reparação fosse realizada pelo mesmo médico. Recebeu telegrama com a data da cirurgia e nenhum exame prévio foi exigido. Desistiu do acordo. Tem o direito de ter o corpo reparado por outro profissional. Recurso respondido. 2. Consta dos autos que a autora se submeteu a cirurgia plástica para correção de excesso de pele na região do abdômen (abdominoplastia em âncora), em 09.03.2013, que resultou em cicatrizações inestéticas alargadas em 10 e 04 centímetros acima e abaixo do umbigo, além de três pontos de sutura com processos Apelação nº 1021953-12.2014.8.26.0002 -Voto nº 3

inflamatórios, conforme revelou o laudo pericial de fls. 247/262 e as fotografias de fls. 46/50. A necessidade do reparo cirúrgico foi reconhecida pelos réus no 27º dia após o procedimento, quando o processo inflamatório estava se iniciando, mas havia necessidade de se aguardar o tempo de maturação da cicatriz para que novo procedimento fosse realizado (fls. 105/106 e 249). Ocorre que a autora não retornou mais ao consultório do médico e passou a se tratar no SUS (que não dispunha de cirurgião plástico), em razão do plano de saúde negar a continuidade do contrato na ocasião em que ela se desligou da empresa que trabalhava - Viação Miracatiba Ltda (fl. 39). A operadora afirmou na contestação que a possibilidade de migração foi oferecida, mas não comprovou minimamente o alegado (fl. 115), infringindo duas normas do ordenamento jurídico. A primeira é a do artigo 30 da Lei 9.656/98 que assegura ao beneficiário o direito de se manter no contrato nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, pelo período de um terço de permanência no plano ou seguro, com tempo mínimo a de seis meses e Apelação nº 1021953-12.2014.8.26.0002 -Voto nº 4

um máximo de vinte e quatro meses. Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam o inciso I e o 1 o do art. 1 o desta Lei, em decorrência de vínculo empregatício, no caso de rescisão ou exoneração do contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua condição de beneficiário, nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral. 1 o O período de manutenção da condição de beneficiário a que se refere o caput será de um terço do tempo de permanência nos produtos de que tratam o inciso I e o 1 o do art. 1 o, ou sucessores, com um mínimo assegurado de seis meses e um máximo de vinte e quatro meses. No caso a autora trabalhou na empresa Viação Miracatiba Ltda no período de 13.01.2011 até 18.02.2013, sendo certo que possuía o direito de permanecer por no mínimo mais seis meses, mas a operadora a excluiu em 22.03.2013, ou seja, pouco mais de um mês após a rescisão contratual (fls. 39 e 150). E nem se diga que logo em seguida ela passou a trabalhar em outra empresa, porque o desemprego foi comprovado na ocasião em que apresentou contestação ao incidente de impugnação à assistência judiciária, em agosto de 2014 9 (autos em apenso). A segunda violação é da Resolução 19 do Apelação nº 1021953-12.2014.8.26.0002 -Voto nº 5

CONSU, de 25.03.1999, que estabelece: Art. 1º - As operadoras de planos ou seguros de assistência à saúde, que administram ou operam planos coletivos empresariais ou por adesão para empresas que concedem esse benefício a seus empregados, ou ex-empregados, deverão disponibilizar plano ou seguro de assistência à saúde na modalidade individual ou familiar ao universo de beneficiários, no caso de cancelamento desse benefício, sem necessidade de cumprimento de novos prazos de carência. (grifei) O Conselho de Saúde Suplementar estabeleceu que o beneficiário de plano coletivo tem o direito à contratação de plano individual ou familiar, em caso de rescisão do contrato coletivo. A falta de cumprimento das normas jurídicas prejudicou a continuidade do trabalho pós-cirúrgico com a mesma equipe médica, sendo intuitivo que causou prejuízo à autora que agora terá que se submeter a nova, dolorosa e extensa cirurgia. Até mesmo o perito apontou que a falta de continuidade do tratamento com o profissional adequado contribuiu para Apelação nº 1021953-12.2014.8.26.0002 -Voto nº 6

a formação do problema na cicatriz e nos pontos de sutura (fl. 258). Assim, dada a abusividade da conduta, deve ser reconhecida a responsabilidade da operadora de plano de saúde Ameplan Assistência Médica Planejada SC Ltda pelos danos morais na quantia de R$ 10.000,00, por ter retirado a chance da autora cuidar da saúde da melhor forma, corrigidos da data da publicação do acórdão pela Tabela Prática do Tribunal de Justiça, com juros desde a data da exclusão do contrato (22.3.2013 fl. 150). Os danos materiais consubstanciados no valor de um novo procedimento cirúrgico reparador também são devidos, adotando-se a quantia pretendida na inicial de R$ 19.000,00, com juros e correção monetária pela Tabela Prática do Tribunal de Justiça a contar da citação. Não se vislumbra responsabilidade do Hospital e do médico pelos danos, porque o laudo pericial concluiu pela inexistência de falha na prestação dos serviços. Os danos estéticos também não são devidos, uma vez que a cicatriz é inerente ao procedimento cirúrgico. 3. Diante do exposto e por tudo mais que dos autos consta DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para Apelação nº 1021953-12.2014.8.26.0002 -Voto nº 7

condenar a operadora de plano de saúde, Ameplan Assistência Médica Planejada SC Ltda, a pagar à autora indenização por danos materiais no valor de R$ 19.000,00, com juros e correção monetária pela Tabela Prática do Tribunal de Justiça a partir da citação, além de danos morais na quantia de R$ 10.000,00, com juros a partir do término do contrato (22.03.2013 evento danoso) e correção monetária a partir da publicação deste acórdão. A operadora também fica condenada a pagar metade das custas e despesas processuais fixados os honorários advocatícios em 15% do valor da condenação, mantida a sucumbência da autora quanto aos demais réus, devendo o valor decair pela metade, dado o desfecho dado à lide, observada a justiça gratuita. LUÍS MÁRIO GALBETTI RELATOR Apelação nº 1021953-12.2014.8.26.0002 -Voto nº 8