INFORMATIVO DE JULHO/2017 APRESENTAÇÃO O informativo Meira Valente Advogados é um meio de comunicação pelo qual buscamos informar aos nossos clientes as principais notícias jurídicas nos ramos do direito tributário e do direito civil. Tem caráter apenas genérico e informativo, não constituindo opinião legal para qualquer operação ou negócio específico. NESTA EDIÇÃO LEGISLAÇÃO Programa de Parcelamento Incentivado (PPI) no Município de São Paulo...1/2 Declaração de atividades imobiliárias (DAI) no Município de São Paulo...2/3 Decreto nº 62.709/2017: Regulamenta o PEP no Estado de São Paulo...3/4 Lei nº 16.498/2017 do Estado de São Paulo...4/5 Instrução Normativa nº 1.719/2017 (IN): Investidor-anjo......5/6 Decreto nº 9.101/2017: Aumento da alíquota do PIS/COFINS para combustíveis...6 ARTIGO Acordo de acionistas em operações de M&As...6/7 PROGRAMA DE PARCELAMENTO INCENTIVADO (PPI) NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Foi publicada a Lei nº 16.680 de 2017, regulamentada pelo Decreto nº 57.772/2017, que trata do Programa de Parcelamento Incentivado do Município de São Paulo (PPI) para débitos de natureza tributária e não tributária, constituídos ou não, inclusive inscritos em dívida ativa, ajuizados ou a ajuizar, de fatos geradores ocorridos até 31 de dezembro de 2016. parcelamentos que não os decorrentes da Lei nº 14.256/2006; e (iv) os débitos relativos ao SIMPLES Nacional (vedação trazida pelo Decreto). A adesão ao PPI deve ser feita até 31 de outubro de 2017, sendo que o valor mínimo de cada parcela será de R$ 50,00 para a pessoa física e de R$ 300,00 para a pessoa jurídica. O contribuinte poderá liquidar débitos mediante as seguintes opções: Não poderão ser incluídos no PPI os débitos relativos: (i) infrações de trânsito; (ii) obrigações de natureza contratual; (iii) saldos de 1
OPÇÃO PARCELA Débito 1 2 Parcela única 120 parcelas mensais e sucessivas, Redução DOS 85% JUROS 75% MULTA não ajuizado, 75% 85% DOS não ajuizado, 75% 60% JUROS 50% MULTA não ajuizado, 50% 60% DOS não ajuizado, 50% Para incluir no PPI débitos que se encontrem em discussão administrativa ou judicial, o contribuinte deverá desistir previamente das impugnações ou dos recursos administrativos e das ações judiciais que tenham por objeto os débitos que serão quitados e renunciar a quaisquer alegações de direito. Os depósitos judiciais efetivados em garantia do juízo poderão ser levantados para pagamento do débito, calculado na conformidade das reduções cabíveis a cada opção. Não poderão ser incluídos no PPI os débitos relativos: (i) infrações de trânsito; (ii) obrigações de natureza contratual; (iii) saldos de parcelamentos que não os decorrentes da Lei nº 14.256/2006; e (iv) os débitos relativos ao SIMPLES Nacional (vedação trazida pelo Decreto). DECLARAÇÃO DE ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS (DAI) NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Em virtude da regulamentação da Lei nº 14.125/2005 pela Instrução Normativa nº 32/2016, a partir do mês de junho de 2017 tornou-se obrigatória a entrega da Declaração de Atividades Imobiliárias (DAI) no Município de São Paulo, para os seguintes responsáveis: 1) construtoras ou incorporadoras, que comercializarem unidades imobiliárias por conta própria; 2) imobiliárias e administradoras de imóveis, que realizarem intermediação de compra e venda e de aluguéis de imóveis (não é aplicável à administradora de bens próprios); 3) leiloeiros oficiais, no caso de arrematação de imóveis em hasta pública. Na DAI, são informados à Administração Tributária dados relativos a atividades de venda e locação de unidades imobiliárias localizadas em São Paulo, e a intermediação dessas atividades. A DAI do mês de junho deve ser entregue até 15 de agosto de 2017. A não apresentação da DAI no prazo estabelecido ou a ausência de sua apresentação, implicará a aplicação das penalidades pecuniárias legais, tais como a multa de R$ 117,60 por declaração aos que não apresentarem. Por fim, é importante mencionar que, por meio da Instrução Normativa nº 11/2017, a DAI tornou-se obrigatória também para agentes, corretores ou intermediários de bens imóveis, a partir da incidência do mês de agosto de 2017. 2
DECRETO Nº 62.709/2017: REGULAMENTA O PEP NO ESTADO DE SÃO PAULO Em 20 de julho de 2017, foi publicado o Decreto nº 62.709, que regulamenta o Convênio nº 54/2017, o qual autorizou o Estado de São Paulo a instituir o Programa Especial de Parcelamento (PEP) de Débitos Fiscais relacionados ao ICMS e dispensar ou reduzir suas multas e demais acréscimos legais, decorrentes de fatos geradores ocorridos até 31 de dezembro de 2016, constituídos ou não, inscritos ou não em dívida ativa, inclusive ajuizados. A adesão ao PEP deve ser feita até 15 de agosto de 2017, sendo que o valor mínimo de cada parcela será de R$ 500,00. Segundo o Regulamento, o pagamento para quem aderir ao referido Programa poderá ser feito de duas formas, sendo elas: 1) em parcela única, com redução de até 75% (setenta e cinco por cento) das multas punitivas e moratórias e de até 60% (sessenta por cento) dos demais acréscimos legais; ou 2) em até 60 (sessenta) parcelas mensais, iguais e sucessivas, com redução de até 50% (cinquenta por cento) das multas punitivas e moratórias e 40% (quarenta por cento) dos demais acréscimos legais. Uma novidade trazida pelo Decreto é que às reduções citadas acima aplicam-se cumulativamente descontos sobre a multa punitiva: 1) 70% em parcela única, mediante adesão em até 15 dias da data da notificação do Auto de Infração; 2) 60% em parcela única, mediante a adesão de 16 a 30 dias da data da notificação do Auto de Infração; 3) 25%, nos demais casos de ICMS exigido por meio de Auto de Infração. Segundo o Decreto, o PEP, com as reduções à vista e parcelado, poderá ser aplicado para débito fiscal de contribuinte que não esteja em situação cadastral regular, sendo que, para optar pela adesão no modo parcelado, é condição que o débito a ser parcelado esteja inscrito e ajuizado. Especificamente para os débitos decorrentes de substituição tributária (ICMS ST), o parcelamento poderá ser feito em até 06 parcelas mensais e consecutivas, com redução de até 50% (cinquenta por cento) das multas punitivas e moratórias e 40% (quarenta por cento) dos demais acréscimos legais, e acréscimos financeiros de 0,64% ao mês. O Decreto manteve os juros mensais de: 1) 0,64% para liquidação em até 12 (doze) parcelas; 2) 0,80% para liquidação de 13 (treze) a 30 (trinta) parcelas; 3) 1,00% para liquidação de 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) parcelas. Ao formalizar a adesão ao Programa, ficam reconhecidos os débitos tributários nele incluídos, sendo tal adesão condicionada à desistência de eventuais ações judiciais, com renúncia ao direito sobre o qual se fundam, e de eventuais impugnações, defesas e recursos apresentados no âmbito administrativo. Os depósitos judiciais efetivados em garantia do juízo poderão ser levantados para pagamento do débito, calculado na conformidade das reduções cabíveis a cada opção, desde que não tenha havido decisão favorável à Fazenda Pública com trânsito em julgado. 3
Por fim, o Decreto ainda estabelece que a Secretaria de Fazenda e a Procuradoria da Fazenda irão disciplinar a utilização de crédito acumulado e do valor do imposto a ser ressarcido para liquidação de débitos fiscais LEI Nº 16.498/2017 DO ESTADO DE SÃO PAULO OPÇÃO PARCELA Débito 1 2 Parcela única 18 parcelas mensais e sucessivas Redução DOS 75% JUROS 60% MULTA 75% DOS 50% JUROS 40% MULTA 50% DOS Foi publicada a Lei nº 16.498/2017, que (i) alterou a Lei de Processo Administrativo Estadual; e (ii) instituiu o Programa de Parcelamento (PDD), para débitos de ITCMD, IPVA, taxas e multas, inscritos em dívida ativa, ajuizados ou não, e vencidos até 31 de dezembro de 2016. Em relação ao Processo Administrativo Estadual, a referida lei traz, dentre outras, as seguintes disposições: 1) aumento do teto para a interposição de recurso direcionado ao Tribunal de Impostos e Taxas (TIT), que antes era de débitos maiores de 5.000 UFESP e agora é para débitos maiores de 20.000 UFESP; 2) deliberação de 2/3 do número total de juízes que integram a Câmara Superior, para a aprovação de Súmula, antes era de 3/4; 3) a redução ou relevação de multa só poderá ocorrer se houver voto de pelo menos 3 juízes presentes nesse sentido; 4) a decisão administrativa deverá ser proferida no prazo máximo de 360 dias a contar do protocolo de petições ou defesas. Em relação ao Parcelamento (PDD), este poderá ser feito: A adesão ao PPD deve ser feita até 15 de agosto de 2017, sendo o valor mínimo de cada parcela será de R$ 200,00 para a pessoa física e de R$ 500,00 para a pessoa jurídica. Para incluir no PDD débitos que se encontrem em discussão administrativa ou judicial, o contribuinte deverá desistir previamente das impugnações ou dos recursos administrativos e das ações judiciais que tenham por objeto os débitos que serão quitados e renunciar a quaisquer alegações de direito. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 1.719/2017 (IN): INVESTIDOR-ANJO Foi publicada a IN nº 1.719/2017, que trata sobre a tributação das operações de aporte de capital feitas pelos investidores-anjo, para incentivar as atividades de inovação e os investimentos produtivos em microempresa ou empresa de pequeno porte. A IN traz que não é condição, para o recebimento dos aportes, a microempresa ou empresa de pequeno porte estar enquadrada no regime de tributação do Simples Nacional. Na IN, a Receita Federal (RFB) trata o rendimento decorrente do aporte de capital efetuados pelos investidores-anjo como investimentos, e não como dividendos (o que era 4
o esperado pelos investidores), estabelecendo que esses rendimentos serão tributados pelo Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), nas seguintes alíquotas: 1) 22,5%, em contratos de participação com prazo de 180 dias; 2) 20%, em contratos de participação com prazo de 181 dias até 360 dias; 3) 17,5%, em contratos de participação com prazo de 361 dias até 720 dias; 4) 15%, em contratos de participação com prazo superior a 720 dias. Segundo a IN, entende-se por rendimento, para fins da tributação acima: (i) a remuneração periódica do investidor-anjo, relativa aos resultados distribuídos (não superior a 50% dos lucros da sociedade que receber o aporte de capital); e (ii) o ganho no resgate do aporte, sendo, neste caso, a base de cálculo do IRRF a diferença positiva entre valor do resgate e o valor do aporte de capital efetuado. No caso de alienação, pelo investidor-anjo, da titularidade dos direitos do contrato de participação, o ganho nessa transação (que corresponderá à diferença positiva entre o valor alienado e o aporte): 1) recebido por pessoa física ou pessoa jurídica isenta ou optante pelo Simples Nacional: terá a mesma tributação das alíquotas acima, calculado o prazo a partir da data do aporte; 2) pessoa jurídica tributada pelo lucro real, presumido ou arbitrado: esse ganho deverá ser computado no pagamento da estimativa mensal e na apuração do lucro real, bem como comporá o lucro presumido ou o lucro arbitrado, o que pode implicar uma tributação com alíquota de até 34% (IRPJ e CSLL). Para os fundos de investimentos, que aportem capital como investidor-anjo, há a dispensa da retenção do IRRF sobre os rendimentos e ganhos líquidos ou de capital auferidos pela carteira. Contudo, no resgate, os fundos de investimentos: (i) sujeitam-se à regra geral de tributação para fundos de investimentos; e (ii) se constituído sob a forma de condomínio fechado, que não admitem resgate de cotas durante o prazo de duração do fundo, devem observar as regras de tributação específicas para estes fundos. DECRETO Nº 9.101/2017: AUMENTO DO PIS/COFINS PARA COMBUSTÍVEIS Em 20/07/2017, foi publicado o Decreto nº 9.101/2017, que aumentou o coeficiente de redução da alíquotas de PIS e COFINS para combustíveis. Muito se discute sobre a inconstitucionalidade do referido Decreto, no que se refere à possibilidade desse tipo de instrumento normativo majorar as alíquotas do PIS e COFINS, por violação ao princípio da legalidade, na medida em que, pela Constituição Federal (CF), apenas lei pode instituir ou aumentar tributo. Todavia, a eventual discussão judicial sobre a inconstitucionalidade do Decreto nº 9.101/2017 pode trazer um cenário igual ou pior de tributação dos combustíveis, se considerarmos o percentual de coeficiente fixado, atualmente, pela Lei, no caso de se entender que para a redução de alíquota também se faz necessária lei. Um ponto que tem argumentos para discussão é a aplicação do princípio da anterioridade nonagesimal ao respectivo aumento da contribuição social, diante do art. 195, 6º, da CF, que estabelece que qualquer aumento de contribuição social só pode se dar se respeitado 5
o período de 90 (noventa) dias, a contar da publicação da Lei. Nessa linha, ainda que se considere que o Decreto em tela apenas revogou benefício fiscal, há decisões no Supremo Tribunal Federal (STF) no sentido de que a revogação de benefício fiscal seria aumento de tributo, para fins de aplicação do princípio da anterioridade. É bem verdade que a tese sobre a inconstitucionalidade de redução ou majoração de alíquota da contribuição ao PIS e COFINS por Decreto não é um tema novo. Há no STF recurso extraordinário tramitando, em sede de repercussão geral, para discussão do reestabelecimento de alíquotas do PIS nãocumulativo e da COFINS- não-cumulativa para receitas financeiras pelo Decreto nº 8.426/2015, ocasião em que o STF enfrentará o tema. ACORDO DE ACIONISTAS EM OPERAÇÕES DE M&A O acordo de acionistas é um contrato previsto no artigo 118 das Leis das S/A que, como o próprio nome diz, é celebrado entre os acionistas de uma empresa e que tem força entre os seus signatários, a empresa da qual fazem parte e até mesmo perante terceiros, desde que respeitadas todas as formalidades legais. pills, ou seja, cláusulas impeçam a transferência hostil de controle da companhia e as deadlock provisions, que criam limites e regulam a forma de solução de conflitos, por meio de cláusulas como, por exemplo, a tag e drag alongs, que versam sobre o direito/obrigação de vender/comprar participação societária dos acionistas minoritários pelo mesmo valor oferecido ao primeiro beneficiário. Além das deadlocks acima citadas, o acordo ainda poderá versar sobre o direito de preferência na compra e venda de ações, o que acaba por dificultar a compra das ações por terceiros alheios a esse acordo. Assim, não é difícil concluir que a existência de um acordo de acionistas mostra-se complemente necessário na operação de M&A (fusões e aquisições), já que neste tipo de negócio, estão envolvidas, pelo menos, duas empresas que têm visões, e objetivos, por vezes, muito distintos, cujos eventuais conflitos precisam ser regulados para que se propicie a viabilidade do novo negócio. Frise-se, por fim, que embora previsto na lei das S/A, o acordo de acionistas mostra-se imprescindível e é válido, também, para a operações que envolvam sociedades limitadas. O acordo de acionistas tem por finalidade regular toda a relação existente entre os seus signatários, cujo conteúdo pode versar sobre variados assuntos de cunho societário que vão desde a possibilidade de alinhamento de votos para eleição de membros do conselho administrativo e administradores da companhia, até a possibilidade de veto em determinadas matérias. Dentre os assuntos disciplinados num acordo de acionistas, existem aqueles relativos às poison 6