Wagner de Souza Pereira 1, 2, Delcy de Azevedo Py Júnior 3, José Fernando Carrazedo Taddei 4, Pedro Luís dos Santos Dias 5, Antonio Iatesta 4

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Transcrição:

2005 International Nuclear Atlantic Conference - INAC 2005 Santos, SP, Brazil, August 28 to September 2, 2005 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA NUCLEAR - ABEN ISBN: 85-99141-01-5 Formação em radioproteção nas Indústrias Nucleares do Brasil Wagner de Souza Pereira 1, 2, Delcy de Azevedo Py Júnior 3, José Fernando Carrazedo Taddei 4, Pedro Luís dos Santos Dias 5, Antonio Iatesta 4 1 Gerencia de Licenciamento e Qualidade - GELIQ.M, Diretoria de Recursos Minerais, INB-Resende, C.P.83632, CEP. 27.580-970, Itatiaia, RJ wspereira@inb.gov.br 2 Doutorando em Biociências Nucleares - UERJ, Programa de pós-graduação em biologia. Av. 28 de setembro, 74 Fds - 4º Andar, Vila Isabel - Rio de janeiro - RJ 3 Coordenação de Proteção Radiologica de Buena- CPRAB.M. Unidade de Minerais Pesados UMP 2º distrito de São Francisco de Itabapoana. C.P. 123191, CEP. 28230-972, Buena, RJ 4 Coordenação de Proteção Radiologica de Caldas - CPRAP. M. Unidade de Tratamento de Minérios UTM, Rod. Poços Andradas Km 20,6, Caldas, MG, C.P. 961, CEP. 37.701-970 5 Coordenação de Proteção Radiologica de Caetité - CPRAC.M, Unidade de Concentrado de Urânio URA, Fazenda Cachoeira S/Nº C.P 7, CEP. 46.400-000, Caetité, Ba RESUMO Este trabalho descreve as concepções que nortearam o treinamento em radioproteção e os primeiros resultados obtidos no primeiro semestre de 2004. Os treinamentos aconteceram na Unidade de Concentrado de Urânio URA, em Caetité, Bahia e na Unidade de Tratamento de Minério, em Caldas, Minas Gerais. Na URA utilizou-se 9 dias. Foram treinados 79 alunos em 6 turmas (média de 13 alunos por turma). Cada turma utilizou 9 horas de treinamento, totalizando 54 horas de treinamentos ministrados. Não houve nenhuma reprovação e a média das avaliações dos alunos foi de 9,2, com a menor nota 7,5 e maior nota 10,0. Na UTM, Utilizou-se 9 dias. Foram treinados 200 alunos em 9 turmas (média de 22 alunos por turma). Cada turma utilizou 9 horas de treinamento, totalizando 81 horas. Ocorreram 18 reprovações, creditadas a falta de escolaridade dos alunos. A média geral das notas foi de 8,8, com menor nota zero e maior 10,0. Conclui-se que nas turmas com poucos alunos ( 7 à 12) ocorreram poucas as discussões paralelas. Nas com muitos alunos ( Acima de trinta) ocorreu uma dispersão de idéias, que prejudicou o andamento do treinamento. Como proposta para as próximas turmas, pode-se sugerir, como média, a presença de 20 pessoas por turma. A divisão das turmas em grupos que trabalham juntos foi benéfica, dando uma unidade, que propiciou uma maior liberdade nas perguntas realizadas, aumentando o conteúdo paralelo ministrado. As turmas avaliaram positivamente a iniciativa é o trabalho realizado, que será estendido às outras unidades da DRM, e posteriormente a toda a INB. 1 INTRODUÇÃO As atividades do ciclo do combustível nuclear estão entre as atividades humanas mais regulamentadas. Por serem atividades de grande componente tecnológico, necessitam de um constante programa de formação de recurso humanos. A Agencia internacional de energia atômica (International Atomic Energy Agency, IAEA), órgão ligado a Organização das Nações Unidas (ONU) que aponta a regulamentação da utilização da energia atômica a seus países membros, possui várias recomendações para o treinamento. A IAEA possui uma safety guide especifica sobre treinamento em usinas nucleares, que abrange o ciclo do combustível, a NS-G-2.8 (IAEA, 2002). Outros manuais técnicos apontam a importância do treinamento em áreas especificas, como no treinamento para evitar contaminação em locais de trabalhos (IAEA, 2004). Em alguns casos a IAEA se une a outros órgãos da ONU para emitir recomendação conjunta, como é o caso do safety guide emitido em conjunto com a International Labour Office (IAEA, 1999), onde um dos tópicos abordados no safety guide sobre radioproteção ocupacional é o treinamento dos funcionários. Na mesma linha, de recomentação conjunta outro safety guide, agora sobre avaliação de doses ocupacionais (IAEA, 1999 a), aponta o treinamento como uma das formas de se reduzir as doses a que os trabalhadores estão expostos. Safety standarts series emitidos só pela IAEA (IAEA, 1999 b), apontam o tereinamento como peça fundamental na radioproteção e com efeito de otimização das doses recebidas pelo trabalhador. Outras áreas que trabalham com fontes radioativas, o treinamento também e foco preponderante.(iaea, 2001) No Brasil, as Indústrias Nucleares do Brasil - S.A (INB) operam o ciclo do combustível nuclear, da mineração até a produção do Combustível Nuclear. Por ser um mercado restrito a uma única empresa, a formação técnica exigida para a

área do ciclo do combustível nuclear só é realizada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear ou pela Própria. Poucas iniciativas das universidades só contempla a formação, universitária a nível de pós-graduação, não servindo para o nível médio e de forma regular. Ciente de suas responsabilidades, no que se refere à segurança do trabalhador e da população, a INB iniciou um esforço de formação interna de recursos humanos e de capacitação do trabalhador em segurança radiológica, baseado em um programa de treinamento realizado de forma piloto na Diretoria de Recursos Minerais. Esse programa de treinamento é uma obrigatoriedade da norma nacional de radioproteção (CNEN, 1988, 1988 a) apenas para pessoas que trabalham em área restrita. A INB esta estendendo a todos os funcionários da empresa que possam ter contato com radionuclídeos. 2 - OBJETIVOS Os objetivos deste trabalho são descrever as concepções que nortearam os procedimentos (conteúdo, carga horária e freqüência) de treinamento dos empregados da DRM, e mostrar como estes procedimentos foram divididos, com relação ao treinamento. São objetivos, também, descrever, os níveis de treinamento, e as ementas dos treinamentos básicos. 3 - METODOLOGIA 3.1 -. Divisão dos empregados em grupos homogêneos para o treinamento: Visando facilitar a relação treinando - treinador, os empregados da DRM foram divididos em grupos distintos. A primeira divisão foi feita em relação à função. Os treinandos foram divididos em um grupo de empregados do Serviço de Radioproteção e em um grupo de outros empregados. Em cada uma dessas macro divisões foi feita uma nova divisão em função da formação acadêmica, de cargos de chefia e em função do nível de formação acadêmica. Esta divisão foi feita visando a adaptação da carga horária e do conteúdo às formações e necessidades de cada trabalhador. Esta divisão pode ser vista na figura 1. 3.2. - Nível dos treinamentos a serem desenvolvidos Consideram-se três níveis de treinamento: a) Adquirir competência; b) Manter a competência e c) Ampliar a competência. 3.3. - Freqüência de treinamento A divisão dos empregados em grupos diferentes permitiu a criação de freqüências diferentes para o treinamento. Os empregados do Serviço de Radioproteção têm freqüências semestrais, variando de 8 horas por semestre (nível elementar e técnico) a 16 horas semestrais (profissionais de nível superior). Já os empregados que não trabalham no Serviço de Radioproteção têm freqüências anuais variando de quatro horas anuais (nível elementar) a 16 horas anuais (nível superior). Considera-se, ainda, a freqüência de oito horas anuais (para o nível gerencial e técnico). Todas estas freqüências podem ser vistas na figura 01. 3.4. - Tipos de treinamentos a serem desenvolvidos Aulas teóricas: devem providenciar o embasamento teórico, necessário para o desenvolvimento das outras formas de treinamento. Devem contemplar os princípios de radioproteção, as instruções operacionais das áreas rotineiras dos empregados, e deve ser diferenciada por grupo de empregados. Devem, ainda, ser acompanhadas de recursos audiovisuais, tais como transparências, ou outros. Quando possível, devem ser acompanhadas de práticas, cuja carga horária tenha contagem diferenciada, de tal forma que cada duas horas de prática deve eqüivaler a uma hora de teoria. Devem ter de quatro a oito horas de duração. É recomendável que seja distribuído material impresso para o acompanhamento. Devem ser realizadas preferencialmente por profissionais da empresa.

Diretoria de recursos minerais empregados do Serviço de radioprotreção Outros empregados Nível gerencial 8h/semestral Nível gerencial 8h/anual Nível superior 16h/semestral Nível superior 16h/ anual Nível técnico 8h/semestral Nível técnico 8h/ anual nível elementar 8 h/semestral nível elementar 4 h/ anual Figura 01 Classificação dos empregados da DRM em função do nível hierárquico e local de trabalho e formação acadêmica utilizada no treinamento e suas respectivas freqüências. Aulas Práticas: devem providenciar a sedimentação do conhecimento adquirido nas aulas teóricas, e na medida do possível, trazer novas informações. Deve acontecer em laboratórios, visitas às áreas da instalação e de outras instalações da empresa ou de outras empresas, devendo ter, no mínimo, 4 horas de duração. Palestras: devem aprofundar questões teóricas e/ou práticas, focando um ou poucos tópicos. Devem ser feitas por profissionais da empresa ou convidados, com tempo máximo de 2 horas. "Workshop" internos: devem aprofundar questões teóricas e/ou práticas, focando um ou poucos tópicos. Devem ser feitas por profissionais da empresa ou convidados, com no mínimo 4 horas e no máximo 8 horas de duração. Cursos: devem aprofundar questões teóricas e/ou práticas, focando um ou poucos tópicos. Devem ser feitas por profissionais da empresa ou convidados, com tempo mínimo de 20 horas. Intercâmbios: devem ser organizado em diversos níveis, dentro da própria instalação, em áreas diferentes das rotineiras do funcionário, em outras instalações da empresa, na mesma área e em diferentes áreas e em instalações de outras empresas. Devem ser rápidos (no máximo uma semana) e direcionados (resolver problemas específicos), dando-se preferência para instalações da empresa. Este tipo de treinamento não tem freqüência definida. Estágios: devem ser organizado em diversos níveis dentro da própria instalação, em áreas diferentes das rotineiras do funcionário, em outras instalações da empresa, na mesma área e em diferentes áreas e em instalações de outras empresas. Devem ser mais longos que os intercâmbios (no mínimo duas semanas) e são utilizados para ganhar experiências diferentes da rotina (formação complementar), dando-se preferência para instalações fora da empresa. Este tipo de treinamento não tem freqüência definida. 3.5 - Formas de avaliação Todo treinamento deve ser avaliado por meio escrito, com no mínimo 5 questões discursivas ou dez de múltipla escolha. A nota mínima de aproveitamento é 7. O treinando que não obtiver nota mínima deverá apresentar um trabalho escrito ou oral no qual a nota mínima para a aprovação é 7. No caso de não aprovação, o treinando será considerado em processo de aprendizado, sendo novamente inscrito no próximo treinamento. Como suplementação do mecanismo de avaliação escrito, outras formas de avaliação podem ser utilizadas, tais como avaliações orais, trabalhos escritos. Apresentações orais podem ser usadas, devendo ser registradas. 3.6 - Registro dos treinamento

Todos os treinamentos devem ter registrados o nível de treinamento a que pertencem (item 6.2.2 deste programa) a carga horária, a ementa, os instrutores (com "curriculum vitae" resumido a uma página), os ouvintes, os métodos de avaliação e as notas. Um certificado de presença e aproveitamento deve ser entregue aos treinandos, ficando uma cópia com o Serviço de Radioproteção, e outra com o grupo de desenvolvimento de pessoal ("CODEP.F"). Os dados devem ficar disponíveis para auditoria externa, no Serviço de Radioproteção e na "CODEP.F". 3.7 - Perfil dos treinadores Os treinadores devem possuir experiência compatível com o treinamento. Devem ter no mínimo 5 anos de experiência na área, ou título de supervisor de radioproteção, ou formação equivalente a mestrado, com aderência ao treinamento, isto é, em área afim ao treinamento. Os empregados da empresa que contemplem as exigências acima são considerados treinadores natos. Instrutores não pertencentes ao quadro da empresa devem ter seu "curriculum vitae" aprovado pelo Supervisor de Radioproteção e devem passar por entrevista eliminatória, com algum instrutor nato, antes de assumirem a função de instrutor. Em casos excepcionais, instrutores que não contemplem as exigências acima podem assumir os treinamentos, desde que este seja aprovado pelo Serviço de Radioproteção, com justificativa, que deverá ficar disponível para auditoria. O supervisor de radioproteção, por ser um empregado com especificidade de formação, deve ter tratamento diferenciado e específico, sendo seu treinamento realizado junto a outro Supervisor de Radioproteção, ou junto a treinadores aprovados por, no mínimo, dois outros Supervisores de Radioproteção. 3.8 - Ementas do treinamento A ementa do treinamento básico em radioproteção, está mostrada no anexo deste trabalho. Essa ementa refere-se ao treinamento mínimo que os empregados devem ter, para garantir sua segurança e o bom desempenho de suas funções. As ementas dos treinamentos específicos devem estar disponíveis para auditoria externa nos Serviço de Radioproteção. 4 - RESULTADOS E CONCLUSÃO Na URA foram treinados 79 operadores de processo, que trabalham potencialmente expostos à radiação. Destes 79 operadores, 39 pertencem aos quadros da empresa e 40 são terceirizados, representando aproximadamente 50% dos operadores de processo da URA. A prioridade dada a esta função deve-se a seu maior potencial de risco de exposição a radionuclídeos e de exposição à radiação. Na URA, os treinandos foram divididos em seis turmas, com uma média de 13 operadores por turma. A turma menor teve 7 alunos e a turma maior teve 25 alunos. Dentre as seis turmas, a média global foi de 9,2, sendo a menor média igual a 8,66 e a maior média igual a 9,5. As médias e os números de alunos por turma estão mostrados na tabela 01. Na UTM, foram treinados 200 funcionários diversos (62 funcionários da INB e 134 terceirizados, dois alunos de Doutorado do IB da USP e dois funcionários da CNEN de Poços de Caldas) englobando operação, administração, horto, limpeza, restaurante, vigilância, manutenção e radioproteção. Os treinandos foram organizados em 9 turmas com média de 22 alunos. A menor teve 9 alunos e a maior 61 alunos Na UMP, foram treinados 157 funcionários (57 funcionários orgânicos e 100 terceirizados)cobrindo todas as operações da empresa. As turmas menores demostraram menor quantidade de questionamentos do que as turmas maiores, Nas turmas maiores, foi verificado um menor potencial de respostas individualizadas. Estes fatos apontam para a utilização de um número em torno de 20, como o de melhor número de alunos por turma. Os treinamentos foram compostos por aulas expositivas, de dois módulos de 4 horas cada, perfazendo 8 horas. Ao final, foi acrescentada mais uma hora de avaliação, totalizando 9 horas de treinamento. Foi realizada uma avaliação discursiva, individual, com consulta, na qual os operadores treinados desenvolveram tópicos de radioproteção, analisados nas aulas expositivas. As avaliações discursivas foram corrigidas segundo gabarito (respostas esperadas). Após a correção, foram dadas vistas às provas para todos os operadores treinados, para considerações sobre as respostas. Uma das questões foi considerada mal formulada e aceitou resposta do gabarito ou diferente deste. Na URA foi feito o treinamento fora do horário de trabalho, pagando-se hora extra aos participantes, já na UTM, por esta unidade estar parada o treinamento foi realizado no horário de trabalho. O modelo de URA foi considerado mais

produtivo, que o da UTM. O treinamento foi considerado satisfatório pelos funcionários treinados, pelos instrutores e pela direção da Instalação. Pequenas alterações na forma de conduzir o treinamento foram propostas e estão sendo incorporadas ao próximo treinamento. A média por turma está exposta na tabela 01, abaixo. URA UTM UMP Turma Número Número Média Número de Média Média de alunos de alunos alunos T01 9,36 7 8,59 17 9,00 24 T02 9,20 12 8,22 11 8,61 45 T03 8,66 9 8,00 13 8,90 33 T04 8,92 7 8,58 14 8,62 23 T05 9,08 19 8,66 21 8,58 32 T06 9,46 25 9,07 35 *** *** T07 *** *** 9,78 18 *** *** T08 *** *** 8,50 10 *** *** T09 *** *** 9,43 61 *** *** Média 9,18 13 8,98 22 8,71 31 *** turmas não realizadas. Tabela 01 distribuição de número de alunos e médias por turmas. Além dos funcionários da empresa e de terceirizados, foram treinados duas pessoas da Comissão nacional de energia nuclear e duas pessoas da comunidade, que são alunas de pós-graduação do Instituto de Biologia da USP, que pretendem desenvolver um projetos dentro das áreas da instalação.. 5 - BIBLIOGRAFIA IAEA, 2002, Recruitment, qualification and training of personnel for nuclear power plants: safety guide. Vienna : International Atomic Energy Agency,. Safety standards series, no. NS-G-2.8, 122 pp. IAEA, 2004, Workplace monitoring for radiation and contamination: Pratical Raiation techinical manual, Vienna, 61 pp. IAEA, 1999, Occupational radiation protection : safety guide / jointly sponsored by the International Atomic Energy Agency and the International Labour Office. Vienna : International Atomic Energy Agency, 88 pp. IAEA, 1999 a, Assessment of occupational exposure due to external sources of radiation: safety guide / jointly sponsored by the International Atomic Energy Agency and the International Labour Office. Vienna International Atomic Energy Agency, 96 pp. IAEA, 1999 b, Assessment of occupational exposure due to intakes of radionuclides : safety guide. Vienna : International Atomic Energy Agency, Safety Standards Series, no. RS-G-1.2, 92 pp. IAEA, Training in radiation protection and the safe use of radiation sources. Vienna :International Atomic Energy Agency, 2001. Safety reports series, no. 20, 78 pp. CNEN, 1988, CNEN NE-3.01 - Diretrizes básicas de radioproteção, Rio de Janeiro, 120pp. CNEN, 1988, CNEN NE-3.02 Serviço de radioproteção, Rio de Janeiro, 16pp.