Artista. criação. Por Débora de Aquino Fotos Divulgação. Leo Gandelman SAX & METAIS. julho / 2007



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Transcrição:

Artista da criação Por Débora de Aquino Fotos Divulgação Leo Gandelman 20

O que dizer de um músico que, até 2007, já vendeu mais de 90 mil cópias de seu terceiro disco-solo? Estamos falando de Solar, de 1990, que rendeu a Leo Gandelman cinco indicações para o Prêmio Sharp, marca histórica em se tratando de música instrumental. Mas, para chegar aonde chegou, o saxofonista trilhou um longo caminho. Saxofonista, compositor, arranjador e produtor, iniciou os estudos como a maioria dos músicos, ainda criança, e tudo começou dentro de casa. mãe, Saloméa Gandelman, pianista, diretora e fundadora da Pró Arte, escola A de música no Rio de Janeiro, foi a primeira professora. Aos 5 anos de idade, Leo começou a tocar piano e flauta doce. Seu pai, maestro e produtor, também exerceu forte influência, quando mais tarde o saxofonista enveredou para o mundo da produção musical. Mas acredite: este músico que hoje soma 30 anos de carreira 20 de carreira-solo não tinha em mente seguir profissionalmente na música. Apesar de ter começado bem cedo e de ter freqüentado as aulas na Pró Arte, Gandelman não via um futuro na música erudita. Por volta dos 12 anos, montou um conjunto instrumental na escola, batizado de Pró Arte Antiqua, que se apresentava semanalmente. Tocava flauta doce, viola da gamba e krumhorn (instrumentos antigos, de época). Desenvolvi-me muito bem na flauta doce, chegando a ser solista da Orquestra Sinfônica Brasileira, na ocasião dos Concertos para a Juventude, quando fui convidado pelo maestro Isaac Karabtchevsky para tocar o Concerto de Brandenburgo, de J. S. Bach, ele relembra. Passado o entusiasmo de adolescente com a música, decidiu seguir profissionalmente como fotógrafo, e até fez alguns trabalhos importantes nessa área. Mas, quando foi apresentado ao saxofone por um 21

Leo Gandelman Teste CAPA estúdio tecnologia review Live! Leo Gandelman Artista da criação A r t i s t a d a c r i a ç ã o amigo, o lado musical falou mais alto. Conheceu o jazz e suas artimanhas, foi estudar na Berklee College of Music e, quando voltou, definitivamente iniciou sua carreira. Sua primeira idéia era trabalhar como músico de estúdio, e foi assim que permaneceu por dez anos, período em que participou de mais de 800 gravações com a maioria dos grandes músicos e cantores brasileiros Milton Nascimento, Toninho Horta, Ricardo Silveira, Djavan, Rita Lee, Lulu Santos, Guilherme Arantes. Em 1987, gravou seu primeiro disco-solo, Leo Gandelman, e fez grande sucesso com a música A Ilha. Mostrando a que veio como solista, o sucesso foi se fazendo à medida que novos trabalhos eram lançados. Hoje já são dez discos-solo. A carreira de produtor também seguiu de vento em popa, e o saxofonista ganhou diversos prêmios nessa área: disco de ouro com o CD Virgem, de Marina Lima, Prêmio APCA de melhor produtor do ano de 1991, além de assinar as produções de Plural, de Gal Costa, e de Berimbau, de Jacques Morelembaum. Foto Luiz Garrido > Sax & Metais Você começou como flautista no Grupo Pró Antiqua e da Orquestra Sinfônica Brasileira. Como foi essa época? Era bem bacana, eu fazia música barroca com minhas irmãs e colegas da Pró Arte e nos apresentávamos semanalmente no Rio. Também faziam parte do conjunto Jacques Morelembaum, Helder Parente e Marcelo Madeira, entre outros. A música barroca me ensinou a prática de tocar em grupo e sempre variando de instrumentos, já que eu tocava flauta doce, violas da gamba e krumhorn (tipo de instrumento de sopro da era medieval). Desenvolvime muito bem na flauta doce, chegando a ser solista da OSB. Já a flauta transversal veio bem mais tarde. Hoje ainda toco flauta, tenho todas elas, mas não me considero um flautista. Toco mais em estúdios para gravações, às vezes faço um solo, até desenvolvo algumas coisas nesse instrumento, mas não é o trabalho principal. > Mas você quase não seguiu na carreira de música e foi ser fotógrafo. A idéia não era ser músico profissional, eu não via um futuro para mim na música clássica. Por volta dos 15, 16 anos, parei com a música justamente por isso. Passei a gostar muito de fotografia e comecei a trabalhar. Fui still do filme Dona Flor e seus Dois Maridos, atuei na revista Manchete, fiz vários trabalhos profissionais. A fotografia foi muito importante por ter sido meu primeiro contato com o mundo profissional. Também aprendi sobre a questão da criação, do papel em branco. Como estudei muito esse aspecto, do desenvolver idéias próprias por meio da fotografia, quando conheci o saxofone, a arte da criação no jazz foi o que me encantou. > Como se interessou pelo sax? Certo dia um amigo apareceu com um sax, e só de experimentar o instrumento foi o suficiente para perceber as possibilidades que teria pela frente. Foi amor à primeira vista! Como influências poderia citar Paulo Moura, Nivaldo Ornelas, Oberdan Magalhães, David Sanborn e mais tarde John Coltrane. > Foi aí que você conheceu o jazz? Quando comecei a tocar sax e descobri o jazz, o improviso, isso me fez retornar à música. A idéia de criar o meu estilo e o meu som foi o que mais me cativou no saxofone. Hoje posso observar que consegui isso. Fico muito recompensado quando viajo pelo Brasil e encontro toda uma nova geração que se espelha no meu trabalho, que estudou minhas músicas, transcreveu meus solos. Acho que eu 22

CAPA Leo Gandelman estava no lugar certo na hora certa. Já encontrei muita gente que se considera influenciada pelo meu trabalho e isso é uma grande recompensa para mim. > Como foi sua trajetória até a gravação do primeiro disco-solo em 1987, Leo Gandelman? Em 1977 fui estudar sax, arranjo e composição na Berklee College of Music, em Boston. Retornei ao Brasil em 1979, quando iniciei minha carreira profissional. Como a maioria dos músicos, comecei em bailes na noite e depois acompanhando diversos artistas em gravações e ao vivo. Tive a chance de trabalhar com estilos musicais variados e observar o funcionamento do meio. Trabalhei em naipe de sopros com Serginho Trombone, Márcio Montarroyos, Zé Carlos Bigorna, Bidinho e Oberdan. Mais tarde trabalhei também como solista, depois arranjador e produtor. Como produtor, fiz o disco Plural, da Gal Costa, Virgem, de Marina Lima, Jogo de ilusões, de Nico Rezende, além de todos os meus discos. > Solar foi o seu terceiro disco e obteve muito sucesso, rendeu prêmios e o projetou nos Estados Unidos, onde fez várias temporadas. Como foi essa repercussão? Esse disco foi, sem dúvida, o meu trabalho de maior sucesso comercial e me ajudou a abrir portas. Foi muito executado pelas rádios americanas e mais tarde, em 1995, assinei contrato com a gravadora americana Verve e fui morar por um período nos Estados Unidos. Fiquei por lá quase sete anos, mas sempre vindo ao Brasil para cumprir a minha agenda. Toquei em vários clubes e festivais de jazz, de costa a costa, com direito a seis temporadas no Blue Note, de Nova York, onde tive a chance de dividir o palco por dois anos consecutivos com o grande violonista Baden Powell! > Qual é a sua visão do saxofone na música erudita? O sax é um instrumento moderno dentro da música erudita, e o repertório que existe não é muito extenso, principalmente o repertório com orquestra. É um instrumento solista por excelência e os concertos que existem para ele são lindíssimos. Eu não tenho condições de manter embaixo do dedo todo o repertório que existe. Aos poucos vou desenvolvendo concertos e incorporando-os ao meu repertório. Hoje tenho a Fantasia para Saxofone e Orquestra, do Villa-Lobos, a Rapsódia para Orquestra e Sax Alto, de Claude Debussy, o Concertino para Sax Alto e Orquestra, do Radamés Gnattali que, aliás, foi gravado com a Orquestra da Petrobras, sob regência de Isaac Karabtchevsky e lançado esse ano pelo selo Rádio MEC. Saiu em CD comercialmente em homenagem ao centenário do Radamés e fizeram um DVD também. Esse disco é composto por quatro concertos realizados no Teatro Municipal do Rio de Janeiro: tem a Sinfonia Popular, o Concertino para Sax Alto e Orquestra de Câmara, que eu gravei como solista, o Concerto para Violino e Orquestra gravado pela Antonella Pareschi, e o Concerto para Orquestra de Cordas. > A partir desses trabalhos surgiu a idéia de gravar Radamés e o Sax, seu mais recente CD? O projeto surgiu por ocasião da comemoração do centenário do nosso grande maestro Radamés Gnattali. O Henrique Cazes, diretor musical do projeto, me apresentou uma série de > Depois de todo o sucesso com música popular, a partir de 2001 você fez trabalhos na música erudita com a Orquestra Sinfônica Brasileira no Lincoln Center e no Central Park, depois com a Orquestra Sinfônica de Brasília e da Bahia. Como foi esse retorno à música erudita? Têm sido belos momentos de encontro com a grande música, em que tenho o privilégio de entrar em contato e interpretar obras maravilhosas de grandes mestres. Um verdadeiro enriquecimento e crescimento musical no sentido técnico e interpretativo, em que cada vez me sinto mais seguro. SETUP Instrumentos Saxofones Selmer Mark VI (todos) Acessórios Sax alto: boquilha B&N, palheta Vandorem Jumbo Java #3 Sax tenor: boquilha Otto Link Metal #6, palheta Vandorem Jumbo Java #3 Sax soprano: boquilha Bar i#68, palheta La Voz Medium Shows Microfone Shure Beta 58 Efeito TC Electronics M_One 23

Leo Gandelman Teste CAPA estúdio tecnologia review Live! Leo Gandelman Artista da criação A r t i s t a d a c r i a ç ã o idéias e a partir daí fomos chegando às conclusões. Os arranjos são todos praticamente originais, com pequenas adaptações o Radamés já dizia tudo! Foi um trabalho muito feliz. Ganhamos o Prêmio Tim 2007 de Melhor Disco Instrumental e foi gravado no meu estúdio. É um disco dividido em três momentos: sax alto, sax tenor e naipes. Fizemos um levantamento das obras mais marcantes do Radamés escritas para sax. No disco gravamos pela primeira vez a Brasiliana #7 com quinteto, porque até hoje só existiam duas gravações feitas em duo de sax e piano. Essa peça é muito importante para qualquer saxofonista, é muito bem escrita, além de ser um estudo espetacular para sax tenor. > Além de todos os seus trabalhos, você ainda tem um estúdio? Tenho um estúdio muito legal no Rio, o Zaga Music. É um estúdio comercial, com cinco salas. No site www.zagamusic.com.br dá para fazer um tour virtual bem completo, com a descrição dos equipamentos. Tem um piano Yamaha C2, de cauda, três baterias, vários instrumentos. É mais voltado para a música acústica. As salas são interligadas e a idéia é fazer gravações ao vivo. Há poucos estúdios assim. As pessoas estão cada vez mais limitadas a essa coisa de computador, eu vou no sentido contrário. Acredito que o ao vivo é o presente e o futuro da música, o trabalho fica pronto mais rápido, e isso ajuda muito, já que os orçamentos não são elevados. Então, quanto mais rápido um disco for gravado, melhor. > O que o levou a trabalhar com produção musical? Isso foi algo natural. Comecei tocando em naipes de sopro, depois fui me destacando como solista, depois como arranjador para sopros e finalmente entrei para a produção. Meu pai era produtor de discos, tinha uma orquestra, a Serenata Tropical, gravou também um disco chamado Saxambistas Brasileiros, era um conjunto de sax. Desde pequeno convivo muito com essa questão da produção. Quando comecei a tocar, em 1987, o que eu queria era ser músico de estúdio. Meus primeiros dez anos de carreira foram voltados a isso. Fazia shows ao vivo também, mas não era a principal atividade, o foco era o estúdio. Tenho participações em mais de 800 CDs, parei até de fazer contas. Discografia Leo Gandelman (Polygram, 1987) Ocidente-Western World (Polygram, 1989) Solar (Polygram, 1990) Visões (Polygram, 1991) Made in Rio (Polygram, 1993) Pérolas Negras (1997) Brazilian Soul (Dubas/Universal, 1999) Leo Gandelman Ao Vivo CD e DVD (EMI, 2002/2003) Lounjazz (Saxsamba, 2005) Radamés e o Sax (2006) > Você ainda tem uma rotina de estudo? Infelizmente não, porque viajo muito e não tenho muita regra em minha vida. Vou estudando de acordo com a necessidade, com os compromissos, concertos, projetos, shows. Então, ora estou estudando um concerto, ora jazz. Procuro me desenvolver o máximo possível. Também estou estudando harmonia, tendo aulas particulares com o Vittor Santos para melhorar esse aspecto, que é fundamental para quem quer conhecer a música por inteiro. Não tenho uma agenda muito metódica, não sou muito disciplinado, mas procuro estar sempre estudando e me desenvolvendo. No momento estou me fixando mais na questão harmônica para poder ampliar meu espectro de possibilidades. > Em se tratando de estilo, como é o seu processo de trabalho como compositor e como arranjador? Não existe uma regra. Em composição, podese começar por meio de uma levada rítmica, uma idéia harmônica ou uma melodia. A composição é trabalho, exercício. Como disse Stravinsky, 90% transpiração e 10% inspiração! > Você também trabalha com aulas e workshops? Faço workshops sempre que possível, é uma coisa de que gosto muito. Poder entrar em contato com os alunos, falar das minhas experiências e da carreira. Também penso em dar aulas, estou me organizando para isso. Quero desenvolver meu próprio método, mas isso é uma coisa que ainda estou internalizando. > No momento está trabalhando em algum novo projeto? Tenho feito concertos clássicos divulgando Radamés e o Sax. Com o meu trio, shows do repertório do CD Lounjazz, meu primeiro independente. Estou fazendo também a trilha incidental da novela Vidas Opostas, trilhas para o programa Globo Ciência e produzindo algumas faixas para o disco Berimbaum, da cantora Paula Morelembaum. > Apesar do caos cultural que vivemos no País, como você avalia o espaço para a música instrumental brasileira? Acho que o público não agüenta mais a mesmice e precisa de variedade. O Brasil é um país continental de cultura pluralista. Existe lugar para tudo e a prova disso são os festivais que estão acontecendo até durante o Carnaval, como o Goyaz Jazz Festival, em Goiânia, do qual participei este ano, e o Guaramiranga Jazz&Blues, em Fortaleza. Nem todos querem a mesma coisa. Sou a favor da democratização e da segmentação do espaço cultural, bem como da valorização da produção local. 24

Solar Leo gandelman / William Magalhães 25