Aula 83 SERVIDOR PÚBLICO

Documentos relacionados
Aula nº. 27 GASTO COM SERVIDOR PÚBLICO PARTE III

QUESTÕES DE CONCURSOS PÚBLICOS 2016 CONTABILIDADE PÚBLICA. Desejo-lhe sucesso e sorte na conquista de seus sonhos e o pleno alcance de suas metas.

Aula 82 SERVIDOR PÚBLICO

Prefeitura Municipal de Cristópolis publica:

Modelo 9 - DEMONSTRATIVO DOS LIMITES - RGF

DIREITO FINANCEIRO. A Despesa Pública. Despesas com pessoal e as restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal Parte 2. Prof. Thamiris Felizardo

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO TOCANTINS

Sobre a recondução, começaremos destacando o art 41 2º da CRFB:

Aula 16 DESPESA PÚBLICA: DESPESA COM PESSOAL (ARTS. 18/23)

ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Assunto: Contabilidade Governamental-Tesouro Nacional - Entendimento sobre a aplicação das penalidades previstas na Lei Complementar nº 101, de 2000.

LIMITES DE GASTOS COM PESSOAL. Autor: Sidnei Di Bacco/Advogado

Agentes Públicos. Disposições Constitucionais. RAD Profa. Dra. Emanuele Seicenti de Brito

DIREITO ADMINISTRATIVO

Cargo: Efetivo (de carreira ou isolado) adquire estabilidade Em comissão livre exoneração Vitalício adquire vitaliciedade

DIREITO FINANCEIRO. A Lei de Responsabilidade Fiscal. Dívida e endividamento Parte 2. Prof. Thamiris Felizardo

Manual de Direito Administrativo I Gustavo Mello Knoplock

CApíTULO 4 CLASSiFiCAÇÃo DoS CArGoS 4.1. VITALíCIOS estabilidade três anos percurso para adquirir a estabilidade:

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 1988

Boletim de Indicadores Fiscais dos Estados e do Distrito Federal Poder Judiciário 2º Quadrimestre

Direito Financeiro Procurador Legislativo 2ª fase

Direito Administrativo

DIREITO ELEITORAL. Direitos Políticos Inelegibilidades: Lei Complementar 64/90. Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues

Boletim de Indicadores Fiscais dos Estados e do Distrito Federal. 3º Quadrimestre Poder Judiciário

Direito Constitucional Gran Dicas PM-SP. Professor Wellington Antunes

PRINCÍPIOS. Dica! A doutrina elenca uma serie de princípios. Aqui! Estudaremos introduzidos pela LRF-Lei de responsabilidade fiscal.

Direito Administrativo (Profª. Tatiana Marcello)

Perguntas de um turista ao Governador do Estado de Alagoas

DECISÃO. O relatório é dispensável. Inteligência do art. 165 do CPC.

Aula nº 04. Nesses casos o estágio probatório suspende a atividade. Só se concede essas licenças no estágio probatório, que ficará suspenso: Página1

DIREITO ADMINISTRATIVO

em sentido estrito Adm. Direta, autárquica e fundacional Servidor Público Empregado público em sentido amplo (regime celetista) Empresas estatais

Prof. Francisco Mariotti

Boletim de Indicadores Fiscais dos Estados e do Distrito Federal Poder Judiciário

Estágio Probatório - Legislação

NOTA DE ESCLARECIMENTO

SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS ESTADUAIS E A EXONERAÇÃO PARA AJUSTE FISCAL

operação de crédito estará proibida no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito Municipal.)

16 º CONGRESSO REGIONAL DA AMIPREM LRF E DESPESAS COM PESSOAL

DIREITO FINANCEIRO. A Despesa Pública. Despesas com pessoal e as restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal Parte 1. Prof. Thamiris Felizardo

A crise afeta o Servidor Público estável?

Boletim de Indicadores Fiscais dos Estados e do Distrito Federal 1º Quadrimestre Poder Executivo

AGENTES PÚBLICOS (Continuação)

TETO das REMUNERAÇÕES E SUBSÍDIOS REZA A CONSTITUIÇÃO FEDERAL, EM SEU ARTIGO 37, INCISO XI:

Aula nº. 87 APOSENTADORIA DO SERVIDOR. Na CF/88 é no art. 201 que encontramos a previdência social, regime de aposentadoria dos celetistas.

Direito Administrativo (Profª. Tatiana Marcello)

Prefeitura Municipal de Lagedo do Tabocal publica:

COORDENAÇÃO-GERAL DE NORMAS DE CONTABILIDADE APLICADAS À FEDERAÇÃO CCONF. Resultado Subgrupos. LRF Art. 21, Parágrafo Único

Funções Essenciais à Justiça Arts. 127 a 135, CF/88

Direito Administrativo

Direito Administrativo

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLOGIAS CAMPUS XIX CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Contabilidade Pública

Direito Administrativo (Profª. Tatiana Marcello)

LEI Nº 9.717, DE 27 DE NOVEMBRO DE Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte

Direito Administrativo

LEGISLAÇÃO DO MPE. Organização do Ministério Público. Lei Complementar 106/2003 Parte 13. Prof. Karina Jaques


Boletim de Indicadores Fiscais dos Estados e do Distrito Federal Poder Executivo

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Legislação Específica

Aula 03. Dessa forma, pelo artigo 9º da mesma Lei, temos:

SECRETARIA DA FAZENDA CONTROLADORIA GERAL DO MUNICÍPIO. Último Ano de Mandato: Principais Vedações da LRF e Lei Eleitoral

ART. 41. Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso públ

Funções Essenciais à Justiça Constituição Estadual RS

LEI MUNICIPAL Nº 1.652/2014 DE 27/01/2014.

DIREITO ADMINISTRATIVO

Boletim de Indicadores Fiscais dos Estados e do Distrito Federal Poder Judiciário

Aula 36 PRESCRIÇÃO. O art. 23 da LIA prevê dois termos a quo, um relacionado à cessação do vínculo e outro atinente à entrega da prestação de contas.

LEI Nº 9.717, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998.

Contabilidade Pública ACI DF/2013. Tópico 5. Prof. M. Sc. Giovanni Pacelli

Aula 02. A reintegração, a recondução e o aproveitamento são formas de provimento constitucionais e estão previstos no art. 41, 2º e 3º da CRFB/88.

DIREITO FINANCEIRO. A Lei de Responsabilidade Fiscal. As Resoluções 40, 43 e 19 do Senado federal. Prof. Thamiris Felizardo

LEI Nº 9.717, DE 27 DE NOVEMBRO DE Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Aula 80 SERVIDOR PÚBLICO. O Decreto 3.151/99 regulamenta a disponibilidade em âmbito federal (União).

DIREITO CONSTITUCIONAL

Administração Financeira e Orçamentária Prof. Evandro França

Direito Administra.vo

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Direito Administrativo (Profª. Tatiana Marcello)

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº, DE 20143

Direito Administrativo

PROPOSTA DE ALTERAÇÃO DA LEI Nº 4.787, DE 26 DE JUNHO DE DELIBERAÇÃO PLENÁRIA

-Transparência da Gestão Fiscal

Aula 05. COMENTÁRIOS SOBRE AS QUESTÕES: OBS: as questões se encontram no material disponibilizado pelo Professor.

Tribunal de Contas do Distrito Federal Luiz Genédio 5ª. Inspetoria de Controle Externo Maio de 2010

Aula 31. Crime de responsabilidade impróprio equipara-se ao crime comum (STF julga). I - a existência da União;

Dicas - 02 LEI N.º 6.174/70

Da Administração Pública na CFRB/88 Art. 37 ao 41

PROJETO DE LEI Nº /2015

Altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, e dá outras providências.

LRF faz 18 anos com estados acima do limite de alerta e 'regra de ouro' na berlinda

DIREITO ELEITORAL. Infidelidade Partidária. Coligações Partidárias. Cláusula de Desempenho. 1ª Parte. Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues

Direito Administrativo. Professor Marcelo Miranda facebook.com/professormarcelomiranda

ANÁLISE DAS CONTAS DE GOVERNO REGRAS DE FINAL DE MANDATO

LEI N.º , DE 5 DE OUTUBRO DE 2006

PROPOSTA DE ALTERAÇÃO DA LEI Nº 4.787, DE 26 DE JUNHO DE 2006.

Professora Claudete Pessôa

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 241-D, DE 2016

Transcrição:

Página1 Curso/Disciplina: Direito Administrativo Aula: Servidor Público: Exoneração por excesso de gasto. Demissão 83 Professor (a): Luiz Oliveira Castro Jungstedt Monitor (a): Luis Renato Ribeiro Pereira de Almeida Aula 83 SERVIDOR PÚBLICO 1. Exoneração por excesso de gasto orçamentário (continuação). Os arts. 169, 6.º, da CRFB/88, e 4.º, da Lei 9.801/99, preveem a extinção do cargo que fica vago pela exoneração do servidor pelo excesso de gasto orçamentário, vedada a criação de outro pelo prazo de 4 anos. CRFB/88. Art. 169. 6.º. O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. Lei 9.801/99. Art. 4.º. Art. 4º Os cargos vagos em decorrência da dispensa de servidores estáveis de que trata esta Lei serão declarados extintos, sendo vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. Costuma-se afirmar que essa regra temporal se justifica para evitar perseguições políticas, impedindo que os servidores sejam exonerados para que os cargos sejam providos por servidores do partido político do novo Chefe do Executivo. Isso seria evitado pois o mandato do Chefe do Executivo é de 4 anos. Assim, somente depois de 4 anos os cargos vagos poderão ser preenchidos. Afirma-se, portanto, que o prazo de 4 anos seria uma regra moralizadora para preencher novamente as vagas.

Página2 O 6.º também veda contratação temporária ( função ). A regra de exoneração por excesso de gasto orçamentário da EC 19 não atinge os membros vitalícios (Magistrado, membro do MP, Conselheiros e Ministros de Tribunais de Contas), apenas o servidor estável (flexibilização da estabilidade, não da vitalieciedade). O art. 247, acrescentado pela EC 19 no título das disposições constitucionais gerais (art. 233 e ss.), dispõe que a lei mencionada no art. 169, 7.º (Lei 9.801/99), que regulamenta a perda do cargo pelo servidor estável, estabelecerá critérios e garantias especiais para perda do cargo pelo servidor público estável que, em decorrência das atribuições de seu cargo efetivo, desenvolva atividades exclusivas de Estado. Art. 247. As leis previstas no inciso III do 1º do art. 41 e no 7º do art. 169 estabelecerão critérios e garantias especiais para a perda do cargo pelo servidor público estável que, em decorrência das atribuições de seu cargo efetivo, desenvolva atividades exclusivas de Estado. Esses servidores estáveis terão tratamento diferenciado. O art. 3.º, da Lei 9.801/99, traz esses critérios e garantias especiais. Assim, a exoneração de servidor estável que desenvolva atividade exclusiva de Estado deve observar duas condições: a) A exoneração de servidores dos demais cargos do órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal deve ter alcançado pelo menos 30%. Exemplo: pelo menos 30% do pessoal administrativo da Procuradoria do Estado deve ser exonerado antes do Procurador do Estado ser exonerado. b) Cada ato poderá reduzir até no máximo 30% o número de servidores que desenvolvam atividades exclusivas de Estado. Exemplo: depois de todas as providências anteriores para controlar os gastos, somente poderão ser exonerados no máximo 30% dos Procuradores. A LRF (LC 101/00), contudo, no art. 65, inc. I, dispõe que na hipótese de calamidade pública o prazo de 2 quadrimestres para o Estado ajustar o limite de pessoal fica suspenso. Assim, declarado estado de calamidade fiscal, por exemplo, esse prazo não correrá.

Página3 Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assembléias Legislativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquanto perdurar a situação: I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas nos arts. 23, 31 e 70; Extrapolado o limite de gasto, o Governo tem 8 meses para voltar ao limite de gasto com pessoal. Caso o limite não seja restabelecido no prazo definido, o 3.º do art. 23 prevê três sanções: Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos 3º e 4o do art. 169 da Constituição. 3.º. Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o excesso, o ente não poderá: I - receber transferências voluntárias; II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal. a) Proibição de receber transferência voluntária, com a ressalva do art. 25, 3.º. O art. 25 da LRF traz uma regra de transferência voluntária, e no 3.º excepciona aquelas relativas a educação, saúde e assistência social. Portanto, o Governo continuará a receber transferências voluntárias referentes a educação, saúde e assistência social (que em regra é o objeto da transferência voluntária) mesmo que vencidos os 2 quadrimestres, esgotado o prazo 8 meses e gastando mais do que previsto. Art. 25. 3.º. Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência social. b) Obter garantia direta ou indireta de outro ente. Se o Estado extrapola o limite de gasto com pessoal e deseja fazer uma operação de crédito (contrato de financiamento com o BIRD, BID ou Clube de Paris), sendo exigida uma garantia da União, como o limite de gasto foi ultrapassado a União não poderá dar a garantia. c) Contratar operações de crédito, salvo para refinanciamento da dívida mobiliária e para resolver o problema de gasto com pessoal.

Página4 A LRF consagra o princípio da prudência fiscal, buscando evitar o dano. Com isso, a Lei traz o limite de alerta (previsto no art. 59, 1.º, II, emitido pelos Tribunais de Contas) e o limite prudencial (definido pelo próprio ente da Federação), que traz restrições. O art. 22, parágrafo único, traz essas restrições, entre os quais o provimento de cargo público. Caso limite de gasto com pessoal seja extrapolado no primeiro quadrimestre do último ano de mandato, nos termos do art. 23, 4.º, as restrições do 3.º são aplicadas imediatamente, não se observa o prazo de 2 quadrimestres. Art. 23. 4.º. As restrições do 3o aplicam-se imediatamente se a despesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos no art. 20. A LRF, no art. 23, 2.º, prevê a possibilidade de redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária. Contudo, o STF, em liminar na ADI 2.238-5, suspendeu a eficácia do dispositivo, por ferir a irredutibilidade de vencimentos. Art. 23. 2.º. É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária. 2. Demissão (art. 41, 1.º, CRFB/88). A avaliação periódica de desempenho foi incluída pela EC 19, e prevê que Lei Complementar (que ainda não foi editada) deverá regulamentar a matéria. Portanto, a avaliação periódica de desempenho não é autoaplicável.

Página5 Art. 41. 1.º. O servidor público estável só perderá o cargo: I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. É possível que o servidor seja submetido a avaliação periódica, desde que seja para fins de promoção, remoção, adicional de produtividade etc., mas não para demissão, que depende de lei complementar. Esse mesmo dispositivo foi previsto no art. 247 da CRFB para tratamento diferenciado. Assim, atividades típicas de Estado terão tratamento diferenciado também na avaliação periódica de desempenho. A demissão feita administrativamente é instrumentalizada pelo processo administrativo disciplinar (PAD). Cada estatuto funcional regulamenta o seu PAD. Exemplo: cada ente pode estabelecer o prazo que achar necessário. Na União, o art. 152 da Lei 8.112/90 estabelece o prazo de 60 mais 60 dias; o Estado do Rio de Janeiro admite 3 prorrogações de 30 dias. Cada ente tem autonomia político-administrativa para regulamentar o seu processo administrativo disciplinar. A sequência de fases do PAD na União é definida nos arts. 143 e ss., da Lei 8.112/90: instauração, inquérito e julgamento.