TOXICOVIGILÂNCIA DE DROGAS DE ABUSO EM ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DE JI-PARANÁ, RONDÔNIA

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Transcrição:

TOXICOVIGILÂNCIA DE DROGAS DE ABUSO EM ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DE JI-PARANÁ, RONDÔNIA DRUG ABUSE OF TOXICOLOGICAL AMONG HIGH SCHOOL STUDENTS FROM JI-PARANÁ, RONDÔNIA Romário Alves Mota 1, Tiago Barcelos Valiatti 1, Jeferson de Oliveira Salvi 1 1 - Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná (CEULJI/ULBRA) Brasil. RESUMO O presente estudo objetivou caracterizar as principais drogas de abuso utilizada por adolescentes em uma escola pública na cidade de Ji-Paraná, Rondônia. Para tanto, realizou-se um estudo descritivo e transversal, desenvolvido por meio do levantamento de dados aplicando-se o questionário validado de triagem do envolvimento com álcool, tabaco e outras substâncias (ASSIST). Considerou-se como critério de inclusão a concordância da participação por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido firmado pelo responsável legal, o que totalizou uma amostra de 154 alunos. Os dados evidenciaram que mais da metade (55%) já haviam consumido álcool ao menos uma vez na vida e 16% relataram o uso do tabaco, sendo que, aproximados 13% dos participantes declararam ter consumido ambos de maneira concomitante. A pesquisa possibilitou o estabelecimento de uma correlação entre o uso de drogas com problemas de saúde e influências nas atividades cotidianas. A cocaína foi a substância que apresentou a maior frequência relativa associada diretamente aos problemas de saúde. Infere-se que esses resultados possam contribuir para estudos futuros que busquem o entendimento do consumo de drogas nas escolas do município, bem como, o desenvolvimento de estratégias que visem identificar e caracterizar os fatores associados ao consumo de drogas lícitas ou ilícitas em algum momento da vida. PALAVRAS CHAVE: drogas, ASSIST, toxicovigilância, adictos. Página 1 Journal of Amazon Health Science Vol.2, n.2, 2016. 1

ABSTRACT - This study aimed to characterize the main drugs of abuse, used by teenagers in a public school in the city of Ji-Paraná / RO. This is a descriptive and cross-sectional study, developed through data collection by applying the involvement of the screening questionnaire with alcohol, tobacco, and other substances (ASSIST). Considering how inclusion criteria the presentation of Informed Consent and Informed with presentation of the legal guardian, totaling a sample of 154 students. The results were that more than half of 55% of the samples had consumed alcohol at least once in their lifetime, and 16% reported using tobacco, participants who said they had used both alcohol and tobacco were 12, 8%. In the research, it was possible to correlate the use of drugs with health problems influences in daily activities among others. The cocaine was the substance that had the highest relative frequency associated directly with health problems. It s possible to infer that these results can contribute to future studies that seek the understanding of drug consumption in schools of that county, as well as the development of strategies aimed at identifying and characterizing factors associated with the use of licit or illicit drugs at some point in the life. KEY WORDS: Drugs, ASSIST, toxicological addicts. Autor para correspondência: Romário Alves Mota, romario.farmacia.mota@gmail.com Página 2 Journal of Amazon Health Science Vol.2, n.2, 2016. 2

INTRODUÇÃO A história da produção e uso de drogas faz parte da própria humanidade, pois há milênios o homem faz uso de substâncias psicoativas por motivos religiosos ou culturais, facilitando a socialização e até mesmo para se isolar da sociedade. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), droga é qualquer substância natural ou sintética que administrada por qualquer via no organismo afeta sua estrutura ou função [1]. No Brasil, o uso de drogas lícitas e ilícitas estabelece uma dependência que leva as pessoas a usarem substâncias para obtenção de prazer. Tendo como padrão o uso do álcool e outras substâncias, como o tabaco, maconha e cocaína em populações específicas como a de estudantes. Neste contexto, a fabricação e a distribuição de drogas lícitas e ilícitas se diversificam, gerando a necessidade da tomada de providências que visem reduzir o impacto das consequências diretas e indiretas relacionadas ao uso abusivo [2,3,4]. Há uma crescente preocupação com o uso abusivo de substâncias químicas influenciando as dependências físicas e psicológicas, portanto, justificase o emprego de ferramentas epidemiológicas na busca do entendimento dos fatores complexos relacionados ao uso. A abordagem farmacoepidemiológica, por exemplo, considera a utilização de um banco de dados que oportunize a prática da farmacovigilância e da toxicovigilância, além disso, profissionais capacitados podem fazer uso de dados administrativos médicos [5]. O primeiro contato com a droga geralmente ocorre na adolescência e tem sido cada vez mais frequente nessa faixa etária, uma vez que, esse período é marcado por mudanças intensas e profundas, tanto no campo físico quanto no psíquico, tornando o adolescente mais vulnerável [6]. Entretanto, apesar dos adolescentes serem encarados como grupo de risco no que diz respeito ao uso de substâncias psicoativas, os estudos, de forma geral, apontam que os fatores que podem levá-los a utilizar drogas são diversificados. Os principais deles estão relacionados às características individuais e sociais, incluindo, nessa última, a sociedade como um todo e a família [6]. A adicção é um termo que se refere aos aspectos comportamentais, pois aborda a importância que uma substância ou comportamento na vida do indivíduo desde a simples exposição até Página 3 Journal of Amazon Health Science Vol.2, n.2, 2016. 3

o uso compulsivo. Tal conceito incorpora os fenômenos da tolerância, dependência e perda ou redução das atividades normais praticadas na sociedade [7]. Os adictos possuem características próprias que vão desde a preocupação com a aquisição da droga, uso compulsivo e até a perda do controle, devido à obsessão por usar a droga repetidas vezes contra a própria vontade do indivíduo. As drogas que mais possuem adictos são: os opióides, a cocaína, as anfetaminas, o álcool e a nicotina. Essas substâncias ativam um efeito chamado de efeito de recompensa do cérebro, induzindo ao desejo pela droga, estabelecendo o uso contínuo [8]. O consumo das drogas tornou-se motivos de preocupação da sociedade brasileira, devido o uso exacerbado das drogas, serviu de base para as pesquisas epidemiológicas sobre o consumo das substâncias psicoativas sendo de grande relevância a elaboração de políticas públicas adequadas e efetivas na prevenção do uso indevido destas substâncias [9]. O consumo de cocaína e álcool gera problemas à saúde pública, pois eleva a violência, desencadeia complicações médicas e psiquiátricas, aumentando os índices de morbidade e mortalidade. Sujeitos dependentes dessas substâncias tendem a apresentar importantes alterações cognitivas, principalmente nas funções mnemônicas, atencionais e executivas, como por exemplo, na memória de trabalho; controle e seleção de resposta (intenção); resolução de problemas e tomada de decisões [10]. O consumo de maconha é um problema de saúde pública difícil de ser controlado, pois se associa às características próprias da adolescência, na qual surgem conflitos com os pais e a sociedade, busca por liberdade individual e desejo por novas experiências. A maconha é a droga ilícita mais consumida no Brasil [11]. Devido a drogadição nas escolas, o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à violência (PROERD), atua com medidas educativas nas escolas públicas oportunizando palestras e intervenções com medidas preventivas em todo território brasileiro contra as drogas em distintas faixas etárias, por meio de palestras educacionais e intervenções administradas pela polícia militar, nas quais crianças e adolescentes têm a oportunidade de formular sua própria opinião a respeito das drogas [12]. As drogas ilícitas são regulamentadas pela lei nº 11.343, de 23 Página 4 Journal of Amazon Health Science Vol.2, n.2, 2016. 4

de agosto de 2006. O artigo 28 submete penalidades para quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar às seguintes penas, advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade e medidas educativas de comparecimento a programas ou cursos educativos [13]. Devido ao uso de drogas nas escolas, o estudo foi elaborado com o objetivo de caracterizar as principais drogas utilizadas pelos estudantes de determinada escola pública no município de Ji-Paraná, Rondônia. Confidenciando os dados obtidos através do anonimato dos estudantes e da escola. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo descritivo e transversal, desenvolvido por meio do levantamento de dados aplicando-se o questionário de triagem do envolvimento com álcool, tabaco, e outras substâncias (ASSIST) [14]. Participaram da pesquisa cento e cinquenta e quatro alunos dos 1º e 2º anos do ensino médio de uma escola pública de Ji-Paraná, estado de Rondônia. Aos quais se apresentou uma palestra intitulada: Principais drogas de abuso oportunidade em que se realizou a coleta dos dados para aqueles que trouxeram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado pelos responsáveis legais. O estudo foi previamente autorizado pelo Comitê de Ética do Centro Universitário Luterano de Ji- Paraná, (CEULJI/ULBRA), por meio do parecer nº 1.241.705 de 2015, em conformidade com os procedimentos metodológicos estabelecidos pela Resolução 466 de 2012, sobre as normas de Pesquisa envolvendo seres humanos [15]. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise dos tipos de substâncias consumidas, considerando a intencionalidade mínima da experiência (Gráfico 1), revelou que mais da metade dos participantes utilizaram bebidas alcoólicas ou tabaco. A utilização de substâncias ilícitas correspondeu a menos de um terço da amostra, considerando que um mesmo participante utilizou mais de uma droga. Página 5 Journal of Amazon Health Science Vol.2, n.2, 2016. 5

Outros; 1% Alucinógenos; 2% Opióides; 1% Hipnóticos; 1% Inalantes; 5% Anfetaminas; 1% Nenhuma; 12% Cocaína; 2% Maconha; 5% Álcool ; 55% Tabaco; 16% Gráfico 1. Frequência relativa das substâncias utilizadas pelo menos uma vez na vida. Assim como na presente pesquisa, dados obtidos em Florianópolis (SC) apontam que o álcool também foi à substância química mais consumida (30,1%), seguida pelo tabaco (20,1%). Todavia, o uso da maconha foi ligeiramente maior, representando 7% em relação aos 5% dos aqui registrados [16]. Segundo um estudo realizado pelo relatório de drogas do Brasil, o consumo de álcool por estudantes do ensino fundamental e médio, apresentou porcentagem de 58,2% de adolescentes da região norte que admitiram ter consumido o álcool [17]. Peuker et al. (2010), relatou em seu estudo que o uso do tabaco foi de 70%, resultado superior ao encontrado neste estudo. Comparando ainda com o trabalho de Peuker o percentual de adolescentes que admitiram ter experimentado ou que consomem bebidas alcoólicas foi semelhante, sendo que em seu estudo foi relatado 57,3% e 55% no estudo recente [18]. Considerando os participantes que responderam positivamente para a utilização ao menos uma vez na vida, nos últimos três meses (Tabela 1), evidenciou-se uma maior adesão às drogas ilícitas como a cocaína e inalantes, seguidas pelas naturalmente obtida sob restrição: anfetaminas e opióides, nesse caso provavelmente associadas a uma farmacoterapia. Página 6 Journal of Amazon Health Science Vol.2, n.2, 2016. 6

Tabela 1. Frequência de uso para os últimos três meses. Substância Frequência Absoluta (n) Frequência Relativa (%) Álcool 100 80 Tabaco 24 67 Maconha 8 75 Cocaína 3 100 Anfetamina 2 100 Inalantes 8 100 Hipnóticos 0 0 Alucinógenos 1 33 Opióides 1 100 Outros 1 50 Observou-se ainda a predominância do uso de álcool e tabaco, sendo que, os que declararam ter utilizado o álcool nos últimos três meses (22,5%) o fizeram mensalmente, 13% semanalmente e 7,5% diariamente. Para o tabaco, aproximados 20% utilizaram mensalmente e apenas um participante (4,16%) declarou ter utilizado semanalmente, 8,33% diariamente e 14,28% utilizaram tanto o tabaco e o álcool. Peuker et al. [18] explicam que as possibilidades que levam ao uso do álcool estão atribuídas às expectativas pessoais na busca por um efeito positivo, relacionado à fuga ou à sensação do desprazer, o que aumenta a predisposição aos fatores de risco para o comportamento compulsivo e à adicção. A utilização do tabaco é bastante frequente com equipamento empregado para resfriar a fumaça e adicionar aroma e gosto para os seus usuários. O uso do narguilé é bastante comum entre os adolescentes, muitas das vezes adicionando a maconha junto com a essência para mascarar o odor da mesma. O uso do narguilé ocorria com muita frequência em locais públicos como praças, quadras esportivas, calçadas, etc. sendo sancionado pelo prefeito do município o decreto nº 3221/GAB/PM/JP/2014, regulamentando a lei orgânica municipal nº 2.601 de 6 de janeiro de 2014 [19]. O decreto proíbe a venda de produtos utilizados no narguilé e a utilização em locais públicos por menores de 18 anos, onde o artigo 3 do decreto 3221/2014 relata que os menores flagrados fazendo o uso do cachimbo narguilé serão encaminhados ao conselho tutelar. Para a maconha, os resultados obtidos indicaram que esta foi a terceira Página 7 Journal of Amazon Health Science Vol.2, n.2, 2016. 7

substância mais utilizada pelos jovens, nos três últimos meses tendo percentual de 75%. Dois participantes relataram o uso semanalmente 25%, apenas um participante relatou o uso diário equivalendo a 12,5 % dos usuários da maconha (Cannabis Sativa). O uso da cocaína também foi relatado pelos participantes, do universo que admitiram fazer uso, 33% relataram o uso mensalmente de cocaína. Ressalta-se que o Crack e o Oxi, são drogas resultantes do cloridrato de cocaína, ambas as drogas não estavam no questionário por possuírem um alto índice de toxicomania explicada pelos critérios da dependência, dentre eles, a perda das funções sociais, como trabalho, escola etc. Entende-se que o aluno que faz o uso crônico do Crack ou Oxi, dificilmente exerceria sua função de estudante na sociedade. Um estudo realizado com acadêmicos de medicina em 2006, relatou que 70,45% dos participantes havia ingerido bebida alcoólica nos três últimos meses sendo inferior ao resultado do presente estudo onde 80% dos participantes relataram o uso do álcool, já para o tabaco apresentou diferença significativa quando comparados ao estudo recente onde o tabaco indicou percentual de 67%, sendo superior aos 27,27% do estudo com os acadêmicos[20]. Essa diferença pode ser justificada por diversos fatores como, classes sociais distintas, grau de instrução e faixa etária. O consumo de drogas opióides, apresentou diferença com o estudo anterior, na qual não houve relato do uso desse tipo de droga nos três últimos meses, entretanto o estudo recente apresentou percentual de 100%, sendo observado que somente um participante relatou o uso de opióides [20]. Página 8 Journal of Amazon Health Science Vol.2, n.2, 2016. 8

Tabela 2. Frequência relativa das influências de drogas por domínios específicos. Substância *PRS (%) # IAN (%) ǂ PPA (%) CDP Álcool 12 11 30 26 Tabaco 16 4 13 21 Maconha 13 25 50 50 Cocaína 67 0 33 33 Anfetamina 0 0 0 0 Inalantes 0 0 0 0 Hipnóticos 0 0 100 100 Alucinógenos 0 0 0 0 Opióides 0 0 100 100 Outros 0 0 0 0 *PRS = problemas relacionados à saúde (questão quatro), # IAN = Influencia nas atividades normais (questão cinco). ǂ PPA = preocupação de parentes e amigos (questão seis). CDP = tentou controlar, diminuir ou parar de usar a droga (questão sete). O uso das drogas influencia o cotidiano dos usuários. Com base no questionário ASSIST, foi possível obter resultados de problemas relacionados à saúde, família, amigos, atividades normais e autocontrole do próprio usuário. Conforme demonstrado na Tabela 2, os indivíduos que fizeram uso de bebidas alcoólicas apresentaram menor frequência de problemas relacionados à saúde quando comparados ao tabaco. Quatro indivíduos relataram problemas de saúde, por causa do tabaco. O álcool mesmo sendo uma droga lícita teve grande frequência relativa em comparação ao tabaco A maconha foi a substância com maior relato de influência nas atividades cotidianas, com frequência relativa de 25% em comparação com seu resultado de amostra que foi de oito usuários, sendo justificada pela ação do Δ9 Tetrahidrocanabinol. Os participantes que relataram o uso do ópio e dos hipnóticos, indicaram preocupação maior, por parentes e amigos em relação às outras drogas, a frequência relativa foi de 100% em comparação com a frequência absoluta do ópio e dos hipnóticos. A menor frequência relativa da preocupação de parentes e amigos, foi a do tabaco com frequência relativa de 13%, sendo justificado por ser droga lícita, e por não ter efeitos prejudiciais de imediato. As drogas que obtiveram frequência relativa de 100% foram os inalantes e hipnóticos devido a sua frequência absoluta ser menor que as outras drogas. Os participantes que tentaram parar ou controlar o uso das Página 9 Journal of Amazon Health Science Vol.2, n.2, 2016. 9

substâncias foram significativos para o uso do álcool, tabaco, cocaína, maconha, hipnóticos e opióides. A diferença da frequência da maconha em comparação com a cocaína foi de 17 % sendo que a maconha permaneceu com 50% e a cocaína 33%, com relatos de tentativas de parar ou controlar o uso das substâncias. Com a aplicação do questionário ASSIST é possível correlacionar o uso de drogas, nos últimos três meses, com fatores relacionados a saúde, aos aspectos sociais, legais e financeiros. No estudo, registrou-se que 12% dos alunos relataram que o consumo de bebidas alcoólicas lhes trouxe como consequência a manifestação de problemas de saúde. Na pesquisa realizada por Tockus e colaboradores[20] o álcool esteve associado com uma frequência relativamente menor, pois aproximados 6% dos estudantes universitários declararam o mesmo. Tal evidência sugere que possivelmente a graduação ou o contato com informações mais específicas podem influenciar positivamente na descontinuidade do uso abusivo desta substância. expressivamente a substância mais consumida em todos os domínios de períodos avaliados. O consumo de anfetaminas, comercializadas com prescrição médica, juntamente com drogas ilícitas correspondeu a menos de um terço das substâncias consumidas pelos adolescentes. A maconha apresentou frequência relativa superior ao tabaco, quando associada à preocupação de pessoas próximas e para os indivíduos que tentaram parar ou controlar o uso, e os problemas de saúde obtiveram uma maior associação com o uso da cocaína. Sugere-se novos levantamentos que considerem a caracterização do perfil dos participantes na busca por explorar os fatores relacionados ao uso das substâncias lícitas e ilícitas relatadas. Além disso, entende-se que os resultados apresentados devem ser considerados como parte de uma discussão que fomente estratégias preventivas e de redução de danos para os núcleos familiares e educacionais. CONCLUSÃO Observou-se que o uso de drogas lícitas predominou e o álcool foi Página 10 Journal of Amazon Health Science Vol.2, n.2, 2016. 10

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