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Transcrição:

NÚCLEO DE AÇÕES AFIRMATIVAS Levantamento junto à torcida feminina do Bahia sobre a sua vivência no estádio em jogos do clube Questionário disponibilizado pela ferramenta Google nas redes sociais do Esquadrão entre os dias 5 e 24 de março de 2018 Total de respostas: 1.276 Questionários válidos: 1.257

Trata-se de amostra espontânea, não-probabilística, que se aproxima das características da população baiana quanto a cor/etnia, porém com maior frequência de mulheres brancas e pretas em relação ao encontrado na população geral (IBGE, 2010). Participação diversificada quanto a cor/etnia INDÍGENA AMARELA 2,6% 1,4% OUTROS 0,2% Predomínio de mulheres que se autodeclararam: PRETA 25,4% Pardas: 44,3% Brancas: 26, 1% Pretas: 25,4% PARDA 44,3% Em menor número, mulheres de cor/etnia: BRANCA 26,1% Preta Branca Parda Amarela Indígena Amarela: 2,6% Indígena: 1,4% Outros Predomínio de torceras jovens (76,3% têm até 35 anos) 4% 6% 0,1% 12% 13% 26,8% 37,5% Menor de 18 46 a 55 18 a 25 56 a 70 26 a 35 Mais de 70 36 a 45 Não informado

A maioria tem vivência de estádio: 69% frequentam com regularidade Apenas 8,5% nunca foram ao estádio Frequência aos jogos do Bahia 8,5% 22,4% 38,5% 30,6% Vai frequentemente Vai ocasionalmente Vai raramente Nunca vai Ir ao estádio, ver o Bahia de perto: uma relação de amor e conflitos. 37,6% das torcedoras tricolores têm algum receio de ir ao estádio em jogos do Bahia 27,2% têm medo de violências e brigas de torcidas Cerca de 7% receiam sofrer assédio 2% acham que podem ser discriminadas apenas por ser mulher Receios de ir ao estádio 900 800 700 62.4% 600 500 400 300 27,2% 200 100 1,5% 2,0% 6,9% 0 Não, não tenho qualquer receio. Sim, acho um ambiente hostil à participação das mulheres Sim, tenho receio de brigas de torcidas e outras violências Sim, receio sofrer discriminação por ser mulher Sim, receio ser assediada

43% nunca foram sozinhas ao estádio, embora tenham vontade de experimentar. 29% jamais iriam sozinhas Apenas 8% das torcedoras costumam ir sozinhas. 5% das torcedoras não vão ao estádio por falta de companhia. Sobre ir sozinha ao estádio 29% 43% 20% 8% Jamais Sim, já fui algumas vezes Sim, vou frequentemente Nunca fui sozinha, mas gostaria de experimentar Pelo livre direito de torcer: as tricolores ainda são discriminadas no estádio. Já sofreu discriminação no estádio? NÃO RESPONDERAM NÃO SE APLICA, NÃO VOU AO ESTÁDIO 1% 7% SIM NÃO NÃO 69% 23% NÃO

É significativo que: 23% das torcedoras tenham dito: sim, fui discriminada, apenas por ser mulher. 19, 4% das torcedoras já ouviram piadinhas 5,2% tiveram a sexualidade questionada por estar no estádio 1,4 % foram ameaçadas 1% sofreram violência física por ser mulher Homem acha que mulher não entende de futebol. Aí já viu, por vezes, não respeita o nosso comentário (Participante da pesquisa). Torcer sem constrangimentos: o assédio sexual no estádio precisa ser combatido. Indagadas sobre ter sofrido assédio sexual no estádio: 28% das participantes da pesquisa disseram sim NÃO SE APLICA, NÃO ASSISTO AOS JOGOS NO ESTÁDIO 7,4% NÃO RESPONDEU 0,7% SIM, JÁ FUI ASSEDIADA NO ESTÁDIO 28,1% NUNCA FUI ASSEDIADA NO ESTÁDIO 63,8% Este percentual é bastante significativo porque o assédio sexual: Ainda é pouco discutido É difícil de ser reconhecido por quem vivenciou a situação. Gera um tipo de constrangimento/ vergonha para a própria vítima. Ainda predomina uma cultura machista que considera a vítima como culpada.

A invisibilidade do assédio sexual: O número de torcedoras, vítimas, é maior quando a questão é assinalar os tipos de assédio sofridos 40% das torcedoras assinalaram algum tipo de situação de assédio sexual no estádio em jogos do Bahêa (conceito ONU- Mulher). % de torcedoras que sofreram algum tipo de assédio sexual 5% 55% 40% Sofreram algum tipo Não se aplica/não sofreram assédio Não responderamv 12% das torcedoras não reconheceram a situação como assédio sexual. O assédio ocorreu em todas as faixas etárias, mas as principais vítimas são jovens: 57,4 % das vitimas têm até 25 anos de idade. O assédio é 25% maior para as mulheres entre 18-25 anos do que nas demais faixas etárias. O assédio sexual no estádio é 15% mais frequente entre as mulheres brancas (padrão diferente de outras estatísticas sobre assédio no Brasil).

A percepção do assédio sexual em outras mulheres, vítimas, é ainda maior. Questionadas se já viram outras mulheres serem assediadas no estádio: % Não responderam Não vou ao estádio assistir... Nunca vi mulheres sendo... Sim, já presenciei alguma vez Sim, já presenciei alguma vezes 0,0 50,0 100,0 42,8% das torcedoras já viram outras mulheres sofrerem assédio no estádio. 30,3% viram alguma vez 12,5% viram muitas vezes 48,4% nunca viram Nem paquera, nem elogio, assédio sexual é constrangimento: tipos de assédio mais frequentes no estádios. Xingamentos Tocaram no corpo sem o consentimento Comentários de cunho sexual Piadinhas de mau gosto Assovios Olhares insistentes 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 30% das torcedoras já foram olhadas de forma insistente 22% já ouviram assovios 17% piadinhas de mau gosto 16% comentários de cunho sexual 6% foram tocadas sem o seu consentimento 2,4% foram xingadas