TEIXEIRA, Carine Andrade¹ ³; SANTOS, Salvio Oliveira¹ ²; OLIVEIRA, Joelson Ferreira¹; SANTOS, Solange Brito¹.

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Transcrição:

As Jornadas de Agroecologia da Bahia como importante instrumento no avanço do debate e prática da agroecologia no estado. The Jouneys of Agroecology of Bahia as an important instrument in advancing the debate and practice of agroecology in the state. TEIXEIRA, Carine Andrade¹ ³; SANTOS, Salvio Oliveira¹ ²; OLIVEIRA, Joelson Ferreira¹; SANTOS, Solange Brito¹. ¹TEIA dos Povos; ²Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano ³carine.andrade@hotmail.com. Tema gerador: Resumo Este trabalho teve por objetivo analisar o avanço do debate da agroecologia no estado da Bahia através das Jornadas de Agroecologia, experiência organizada pela Teia dos Povos. Nos últimos anos a Bahia vem ampliando o debate sobre a agroecologia, com isso a jornada se consolida como um dos principais espaços de discussão, e colabora para a implantação de ações que fomenta e fortalece a agroecologia no estado. E tem possibilitado mudanças e a celebração da unidade dos povos, contribuindo na transformação e transição agroecológica nos territórios, com diálogo constante, respeito às diferentes realidades e características dos povos, que compartilham entre si a busca pelo bem viver, que perpassa por uma educação alicerçada nos saberes ancestrais e da agroecologia, para uma ciência que seja a serviço do povo. Palavras chaves: Teia dos Povos; Saberes Ancestrais; práticas agroecológicas. Abstract The objective of this work was to analyze the advance of the agroecology debate in the State of Bahia through the Agroecology journey, an event organized by the Teia dos Povos. In recent years, Bahia has been expanding the debate on agroecology, and the journey is consolidating as one of the main spaces for discussion, which Collaborate the implementation of actions that foster and strengthen agroecology in the state. And has possible change and celebrates the unity of the peoples, contributing to the transformation and agro-ecological transition in the territories, with constant dialogue, and respect for the different realities and characteristics of the peoples, who share among themselves the search for theto live well, which passes through an education based on knowledge Ancestors of the peoples and agroecology, for a science that is at service of the people. Keywords: Teia dos Povos; Ancestral to know; Agroecological practices. Contexto O estado da Bahia nos últimos anos vem ampliando o debate e práticas sobre a agroecologia, a Jornada de agroecologia da Bahia foi inspirada na jornada do Paraná, e surge num cenário no qual, os debates sobre agroecologia no estado ainda era pouco expressivo, sendo uma ação pioneira, principalmente por se tratar de um espaço que não se restringe ao meio acadêmico, e inclui no debate povos indígenas, povos tradicionais e movimentos sociais.

A jornada de agroecologia da Bahia é organizada pela Teia dos Povos, uma articulação dos povos, movimentos sociais, trabalhadores do campo e da cidade, estudantes, professores e diversos setores da sociedade civil. Que desde 2012 busca fortalecer e fomentar ações, que promovam a agroecologia. Com isso se tornou um ambiente rico de debates e práticas agroecológicas, onde os diversos saberes tradicionais, ancestrais e científicos dialogam entre si, e traçam os caminhos para construção da agroecologia. Descrição da Experiência A jornada de agroecologia da Bahia é o encontro anual da Teia dos Povos, que por muitos anos foi realizada no Assentamento Terra Vista, no município de Arataca/BA, em 2016 surgiu a proposta de tornar-se itinerante a cada edição, e com isso, difundir cada vez mais a agroecologia pelo estado. E congregar diálogos, debates, formação, articulação política, troca de experiências e celebração entre os povos do campo, da floresta, das águas e da cidade. A cada ano o evento apresenta um novo tema, pautado na realidade e necessidade dos povos, comunidades tradicionais, camponeses, periferias e coletivos que lutam pelo direito a terra e pela Agroecologia. A primeira Jornada de Agroecologia da Bahia: Uma proposta de soberania de território baiano ocorreu no período de 26 de novembro a 1 de dezembro do ano de 2012. Com a presença de diferentes povos para dialogar e construir uma proposta agroecológica para suas comunidades e territórios. Com este intuito foi criado um espaço para a reflexão sobre a agroecologia e soberania dos povos e comunidades tradicionais do território baiano. Neste contexto, os diversos povos e movimentos sociais ali presentes, concretizaram a ideia de unidade tecendo a Teia dos Povos. Com o sucesso alcançado pela primeira jornada, é realizada a II Jornada de Agroecologia da Bahia: Unindo Povos e saberes, entre 12 a 15 de dezembro de 2013. consolida a Teia dos Povos enquanto uma rede de articulação e unificação dos povos e movimentos. E se faz de um encontro em que se discute a agroecologia no seu sentido mais amplo, indo na contramão do debate sobre agroecologia tão distorcido pelo excesso de academicismo, tecnicismo e tão pouca prática. A III Jornada de Agroecologia da Bahia se concretiza como um importante evento de discussão e diálogos sobre a agroecologia no cenário estadual e nacional. Com a temática Sementes, ciência, tecnologia, agroecologia para mudar a realidade das comunidades no campo e na cidade foi realizada nos dias 3 à 7 de dezembro 2014, e contou com a presença de mais de 2000 participantes. O evento enfocou a importância das sementes e o valor da ciência para o aprimoramento da agroecologia. Na busca por tecnologia as quais proporcione o empoderamento popular e ações de de-

senvolvimento centradas na agricultura familiar e nas diversas produções dos povos e comunidades tradicionais, e fortifique a identidade, saberes ancestrais, soberania alimentar, saúde familiar, entre outros. A IV Jornada de Agroecologia da Bahia: Terra, Território e Poder realizada no período de 29 de outubro a 1 de novembro de 2015, teve a participação de mais de três mil pessoas vindas de toda parte do país e também de outros países, com isso destaca-se a sua importância e força. Durante as jornadas criou-se momentos de celebração das culturas e conhecimentos tradicionais, com mulheres e homens indígenas, quilombolas, camponeses, população urbana, jovens, crianças e anciões, que culmina em ricas trocas de saberes. Não deixando de mencionar as discussões sobre o empoderamento dos territórios e a importância da união dos povos para conquista da autonomia e soberania. A V Jornada de Agroecologia da Bahia: Terra e Território: natureza, educação e bem viver diferente das outras edições, que sempre ocorrerá no Assentamento Terra Vista, em 2017 foi realizada em Porto Seguro de 19 a 23 de abril, em parceria com os Jogos Indígenas. Após 417 da invasão dos Portugueses os Povos originários, o Povo preto e o povo do campo, excluídos e marginalizados pela sociedade, a qual ainda possui fortes traços coloniais. Estes povos unidos num ato revolucionário retomou Porto Seguro e marcou seus passos na reocupação do Brasil dando inicio a busca pelo Bem viver de todos os Povos. Resultados Este processo de construção da agroecologia através da jornada possui um grande potencial de mudança nos contextos territoriais. E proporcionam debates e iniciativas que visam à criação de ações continuadas de formação política, ampliação do conhecimento sobre a agroecologia, sementes crioulas e territorialidade, pondo no mesmo espaço de discussão mestres, anciões, líderes e também acadêmicos. Diferentes saberes, que colaboram nas reflexões e críticas, e na autonomia, soberania, socialismo e bem viver, dos diferentes povos e territórios. (Ver figura1).

Figura 1: Ana Primavesi com representantes da TEIA dos Povos na I Jornada. Fonte: Acervo Teia dos Povos. Ao logo das edições o público presente nas jornadas aumenta a cada ano, a última ocorrida em Porto Seguro estiveram presentes mais de 5 mil pessoas. O público presente é rico e diverso, e possibilita uma troca de saberes, conhecimento e experiência de mulheres, homens, jovens, crianças e anciões do campo, da floresta e da cidade, raramente encontrado em eventos que se propõem a discutir a agroecologia. O evento não é apenas um espaço de debates, como também um encontro entre os povos, permitindo a auto-organização dos mesmos, e a discussão e reflexão sobre suas lutas e estratégias de resistências contra o capitalismo feroz, que ataca e tenta destruir os povos do campo, da floresta e da cidade. Além de traçar ações e práticas agroecológicas nas comunidades e territórios como, por exemplo, os mutirões e visitas solidárias á comunidades, que necessitam de apoio e solidariedade. A jornada não se limita apenas a discutir a temática do evento, mas também explanar sobre a conjuntura e contexto político a nível nacional e internacional.

Figura 2: V Jornada de Agroecologia da Bahia Fonte: Acervo Teia dos Povos Paralela à jornada ocorre à feira agroecológica, na qual agricultores, assentados, acampados, indígenas, quilombolas, pescadoras, artesãos, extrativistas, entre outros, expões e comercializam seus produtos agroecológicos, com objetivo de gerar renda e avigore a economia dos povos. A feira agrega também a troca de sementes crioulas, que possui extrema importância na transição e consolidação da agroecologia, pois elas carregam os conhecimentos dos nossos ancestrais. Outro ponto importante propiciado pelas jornadas é a discussão sobre criação das quatro escolas da Teia dos povos: Escola do Arco e da Flecha, Escola Quilombola, Terreiro e Tambor; Escola das águas e Mares, Escola da Floresta do cacau e do chocolate. Em razão de possibilitar o encontro dos que tecem a Teia, e com isso, o avanço dos debates entre os elos. Cabe ressaltar que a jornada possui importante papel na concepção da formação popular norteada pela agroecologia. Dessa maneira, um dos principais objetivos da jornada de agroecologia é celebrar a unidade dos povos, e contribuir na transformação e transição agroecológica nos territórios, com diálogo constante, respeitando as diferentes realidades e características dos povos, que compartilham entre si a busca pelo bem viver, que perpassa por uma educação alicerçada nos saberes ancestral e agroecologia, para uma ciência que seja a serviço do povo.