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Transcrição:

1 1. [Nota da Editora] A publicação deste texto foi sugerida por Tiago Ribeiro Duarte, professor de sociologia de Universidade de Brasília, que participou com a autora de a mesa intitulada Conhecimentos Indígenas e Políticas Climáticas, realizada no 7º Simpósio Nacional de Ciência, Tecnologia e Sociedade, no dia 5 de Outubro de 2017. Trata-se de a fala, não previamente escrita, gravada na ocasião e transcrita para esta publicação por Luciana Campos. Depois de transcrita, correções gramaticais e pequenos ajustes foram feitos em parceria com a autora, bem como a escolha do título. Agradecemos Telma, Tiago e Luciana por participarem tão generosamente desta publicação. Telma Taurepang é coordenadora geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB) e membro do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas (CIMC).

1 Nós nos olhamos. E eu quero voltar lá naquela minha fala do início, que nós aqui precisamos do. Nós, mulheres, temos dever maior. Antes de eu cuidar de mim, eu estou cuidando de vocês. Antes de vocês me conhecerem, as minhas mulheres, as mulheres que nos antecederam, já estavam cuidando de vocês. E aí nós, mulheres, nesta atual vida estamos cuidando das próximas gerações. E eu convido vocês a terem, esse do cuidar do nosso próximo, das outras vidas que virão. Aquela mulher que me antecedeu há mais de quatro décadas, ela estava preocupada com a preservação lá do olho d água de que falamos. Preocupada em preservar aquela árvore que, se em momento acontecer a tragédia, o nosso povo sabe onde encontrar. E se tiver índio vivo, ele saberá pegar na mão de a branca e de branco e dizer: Vamos que eu vou lhe dar água. E assim nós precisamos ver. Vocês que têm esse, da tecnologia, da ciência, que vocês possam ter a outra visão. [Telma se dirige a senhor sentado à sua frente e diz:] Tire os óculos, por favor. Se ele me agora, ele vai me, dependendo do grau, não é como vocês falam?, ele não vai me enxergar muito bem [risos]. Mas, se ele pôr os óculos, ele vai me enxergar muito bem. Até porque eu não sou tão pequena [risos]. Mas é para esse que eu convido a todos: tirem os óculos! Não esse científico que vocês têm, mas mais hano para nós. Aqueles que nos antecederam tiveram esse cuidado com a nossa Mãe Terra, preservando-a para vocês. Devido à tecnologia, nós estamos aqui. Eu comecei a tossir pouco por causa do ar condicionado, que não é o ar puro que respiramos. E aí eu convido vocês a saírem desse comodismo. Que saiam dessas quatro paredes em que vocês vivem. Vocês, homens brancos e mulheres brancas, tenham. Esse de cuidar de nossa Mãe Terra, porque é esse que nós, mulheres indígenas, temos. O cuidar que vira para os brancos a rotina, mas que para nós não é rotina. É o cuidar. É ter a percepção que vocês falam, mas é ter para a nossa água, para o nosso alimento, porque vamos colher na mata. Porque quando a gente vai fazer o nosso artesanato com

2 esses coquinhos, a gente já observa que, no decorrer do tempo, tudo mudou. Como falou a nossa parente Sinéia, até o forró mudou, não é? [risos] Então é que nós, mulheres, temos; mas que, para vocês, é rotina. Nós temos, que é o cuidar de nossos filhos, do nosso próximo, da terra; como é que está a medida daquela água, se ela abaixou, se ela subiu, ao colher a semente, ao colher os nossos frutos. Houve a mudança geral, que muitas das vezes a gente precisa ver. Como nós iremos criar se o mundo mudou, se a mudança climática, que tanto é falada, mudou. Antes, nossa chuva começava em junho. Hoje, ela já não tem mais a data certa. Os frutos que a gente vai colher já não têm mais a data certa por conta da água. Quando vamos tirar nossa mandioca, nossa macaxeira para fazer a nossa farinha, o nosso beijú, a gente já não a encontra, porque a terra aqueceu e ela estragou. E aí, como nós iremos nos alimentar? Como nós iremos alimentar vocês? Porque vocês estão aqui, e o povo está lá na mata, está lá no seu lugar. Não é a grande escala de produção que alimenta vocês, são os pequenos produtores que trazem alimentos para as suas mesas. Mas nós precisamos de a alimentação de qualidade, porque senão nós vamos morrer cedo. O agrotóxico, que a grande indústria chama de remédio, eu não conheço como remédio. O remédio vem para curar. O agrotóxico vem para matar. E aí dizima nossa população, porque, ao jogar em larga escala aquele veneno, ele vai atingir, como vocês chamam, o lençol freático. Vai lá dentro, vai poluir o nosso ar. É esse cuidado que nós, mulheres indígenas, temos: ao colher, ao levar nossos filhos para participar da colheita, que eles possam entender como nós vamos preservar, como nós vamos cuidar. Vocês falam em preservar, nós falamos cuidar. Nós temos o carinho de cuidar da nossa Mãe Terra. Há momento certo de plantar, mas o povo vem com a ganância do capitalismo e joga agrotóxico. Eles vão nos matando aos poucos. Então eu chamo vocês aqui para essa rotina que nós falamos, que vocês falam. Mas é cuidar de nossa Mãe Terra. É a preservação de nossa Mãe Terra. É o cuidado na colheita, é o cuidado. Como nós iremos casar a ciência e a tecnologia com os conhecimentos tradicionais? Como é que nós, a sociedade em geral, estamos vendo isso? E vocês têm a outra percepção,, porque vocês estão dentro da academia. Mas vocês também têm

3 o poder de convencimento, de dizer a esse governo que está aqui, e para s governos que virão, o que nós queremos. Como é que a sociedade, a mulher e o homem precisam viver mais? Então, vocês precisam ter esse conhecimento científico e o conhecimento tradicional. Mas como vocês vão conhecer o conhecimento tradicional? Como é, me diga? [Telma novamente interpela o senhor que está à sua frente, o qual, a seguir, responde a ela:] Jalcione, como você poderia casar esse conhecimento científico, essa sua elegância, [risos] com o conhecimento tradicional? [Jalcione reponde:] [fragmento inaudível na gravação] Primeira coisa: estudando mais, dialogando mais. Vejam só, eu estou aqui nessa roupa porque aquele povo que vem lá da Europa disse que eu precisava vestir a roupa. Tem a palavra que diz que o grande criador dá o cobertor conforme o frio. E como nós, povos indígenas, vivemos tanto tempo sem roupa? Sem a coisa que aperta você, não é? Que não deixa você tão bem? E os povos indígenas viveram muito tempo e eles preservaram tudo isso para vocês. E a gente não precisava de roupa. Minhas mães que me antecederam, elas tinham o cuidado de tecer, de ir lá no buriti, lá na palmeira e usar o suficiente. E aí chegou o homem branco com sua ganância, não é? Vem desconstruir. Ontem eu dei a entrevista e depois fiquei pensando nela. Depois olhei, fui e falei: Eu não estou vendo o céu, se houver terremoto agora, eu vou morrer rapidinho. Isso aqui vai cair em cima de nós. Então, vocês têm o dever, a obrigação de ter esse conhecimento. Talvez não chegue ao conhecimento que nós temos, mas se vocês se doarem, se vocês buscarem, eu acredito que vocês terão esse conhecimento. Vocês chegaram até aqui com conhecimento, com, mas nos vejam com. Tirem os óculos. Um precisa do. Precisamos ouvir o conhecimento científico, o conhecimento tradicional. E é esse conhecimento tradicional que vai salvar a hanidade.

4 Prestem atenção no que eu estou falando, porque os povos indígenas detêm esse conhecimento. Não é qualquer conhecimento, é conhecimento que vem de si, que vem da alma, de cuidar do. E nós precisamos unir. Mas não é para destruir. É ver de que forma nós iremos salvar o nosso planeta. Isso me remete a a fala lá na Câmara, quando o deputado Nilton Pato falou que nós precisamos pensar em crescer. Um parente lá do Xingu foi e falou que se nós, povos indígenas, pensarmos na situação do capitalismo, nós vamos invadir a sua terra. Nós vamos querer plantar, nós vamos querer produzir, e aí só as nossas terras não vão ser o suficiente. Então, eu vou ter que invadir a sua terra. Eu vou ter que ir lá na sua casa e dizer: Kraioá, eu quero a sua casa. Então nós, povos indígenas, nós estamos aqui hoje falando com vocês, que têm esse conhecimento científico e tecnológico, que está na mão de vocês também para fazer justiça social. Cabe a vocês, porque vocês têm como chegar e falar, porque vocês estão dentro da academia. Vocês têm como mobilizar várias pessoas e dizer a elas como vocês querem. Vocês estão aqui dentro de Brasília. Para chegar até aqui, eu viajei seis horas de voo. Mas eu estou lá dentro da Amazônia brasileira cuidando de vocês. Cuidando da água e pedindo que o homem branco capitalista não nos massacre mais; que esse capitalismo desenfreado não chegue mais na nossa terra. Porque lá viverá até o último índio; lá viverá até a última índia, para que ela preserve, para que ela cuide, porque se ela não cuidar, vocês vão morrer aqui. Porque se nós, povos indígenas, não cuidarmos, vocês vão sucbir antes de nós. Porque vocês são os primeiros a serem massacrados aqui na cidade grande. Lá, a gente ainda vai poder se esconder debaixo das nossas grandes árvores, que estão lá para nos proteger, dentro do nosso grande rio, que está lá para entrarmos nele. Então eu chamo vocês, cada de vocês, que têm esse conhecimento científico e da tecnologia, que nós possamos nos unir e fazer com que essa rotina não vire a rotina, mas que assegure as nossas vidas futuras. Que nós continuemos firmes em a promessa de dia melhor. Não sei se vamos ter esse dia melhor, porque hoje o homem que está aqui na frente está muito bonito com essa camisa, mas amanhã ele já não a quer mais. Ele vai lá na loja, compra e daqui a uns dias joga essa camisa fora. E aí, ele vai poluindo o mundo.

5 Então, do que nós precisamos hoje? Dessa percepção de que está acontecendo a grande mudança climática e, se essa sociedade que eu acabei de mencionar não procurar a justiça, mas a justiça interior, nós também iremos sucbir. Todos nós e a Mãe Terra, cada vez mais. Ela, a cada estrondo que ela dá, a cada chacoalhada que ela dá, como vocês falam, terremoto, as inundações, ela está dizendo: Acorda, meu povo! Acorda! Porque senão, vocês vão junto, ela já não está mais aguentando. O homem branco vai lá e tira o petróleo. Ele quer tirar toda a água para vender e todo o ouro para usar. E a gente? O que restará dessa grande terra? Ele vai comer dinheiro? Ele vai tomar petróleo? Não, ele não vai conseguir. E aí, além de morrer, ele vai querer matar todos nós. Então nós precisamos de vocês, porque vocês têm o conhecimento científico. Vocês precisam se unir mais ainda e dizer como vocês querem. Mas que também nos vejam lá no cerrado, lá na caatinga, lá na floresta, de a outra forma. Tirem os óculos e nos vejam de a outra forma. Obrigada.

Este é o Caderno de Leituras n.88, publicado pelas Edições Chão da Feira em fevereiro de 2019. Composto em Maax 205TF. Projeto gráfico de Mateus Acioli. Esta e outras publicações da editora estão disponíveis em www.chaodafeira.com.