Acidentes de Trânsito Perfil geral Caracterização dos pacientes Os Acidentes de Trânsito foram responsáveis por um total de 741 internações nos hospitais SARAH-Brasília, SARAH-Salvador, SARAH-Belo Horizonte, SARAH-São Luís e SARAH- Fortaleza no período de 01/01/2013 a 30/06/2013 correspondendo a 44,8% do total de internações por Causas Externas. Do total de pacientes que sofreram Acidente de Trânsito, 37,0% foram internados no hospital SARAH-Brasília, 17,9% no Hospital SARAH-Salvador, 23,1% no Hospital SARAH-Belo Horizonte, 11,1% no Hospital SARAH-São Luís e 10,9% em Fortaleza. Dos pacientes admitidos pelo SARAH-Brasília, 22,3% foram provenientes do Distrito Federal e 11,7% do Estado de Goias. Dos pacientes admitidos pelo SARAH-Salvador, 76,7% foram provenientes do Estado da Bahia. 71,9% dos pacientes admitidos pelo SARAH-Belo Horizonte foram provenientes do Estado de Minas Gerais. Dos pacientes admitidos pelo SARAH-São Luís, 67,1% foram provenientes do Estado do Maranhão e 59,3% dos pacientes admitidos pelo SARAH-Fortaleza foram provenientes do Estado do Ceará. Os pacientes investigados caracterizaram-se por serem, em sua maioria, jovens e adultos jovens, homens (76,2%), solteiros (58,3%), com escolaridade até o ensino fundamental (41,7%) e residentes em área urbana (87,2%). O predomínio do sexo masculino entre as vítimas de Acidente de Trânsito é um traço fortemente característico desse tipo de acidente 1. A proporção de 6 homens para cada mulher ferida pôde ser verificada na faixa etária de 20 a 24 anos. Essa proporção na distribuição das vítimas de Acidentes de Trânsito por sexo é corroborada por estatísticas internacionais e nacionais: em 1998, 73,2% do total de vítimas de acidente de trânsito no Brasil eram de sexo masculino 2. Distribuição dos pacientes vítimas de Acidente de Trânsito, segundo faixa etária na ocasião do acidente (%) 19,6 21,3 18,5 13,4 12,0 2,2 2,8 3,2 5,7 0,9 0,4 0-4 5-9 10-14 15-19 20-24 25-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-99 1
A maior incidência isolada de casos de lesões decorrentes de Acidentes de Trânsito ocorreu na faixa de 25 a 29 anos e de 20 a 24 anos, sendo que a maioria dos pacientes investigados feriu-se entre os 15 e os 39 anos (72,7% dos casos), faixa etária que engloba adolescentes e adultos jovens. A idade que os pacientes possuíam na ocasião da lesão variou de 1 a 78 anos, tendo-se registrado a idade média de 28,4 anos (desvio padrão de 12,7 anos). A distribuição etária dos pacientes é muito semelhante à distribuição etária das vítimas de Acidentes de Trânsito no Brasil, publicada pelo Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) 3. A faixa etária de 15 a 24 anos concentrou a maior incidência isolada de vítimas desse tipo de acidente em ambas estatísticas, podendo-se verificar que mais da metade das vítimas de acidentes de trânsito possuíam entre 15 e 34 anos. Distribuição comparativa entre os pacientes vítimas de Acidente de Trânsito, segundo faixa etária na ocasião do acidente, e o total de vítimas de Acidente de Trânsito no Brasil, segundo faixa etária (%) 32,9 30,5 31,6 25,9 25,9 25,0 2,2 3,4 6,1 8,3 1,3 6,9 0-4 5-14 15-24 25-34 35-59 60 e mais Sarah - Acidentes de Trânsito Brasil - Acidentes de Trânsito 2
Caracterização das lesões Os Acidentes de Trânsito investigados produziram, predominantemente, lesões medulares e lesões cerebrais, representadas, em sua totalidade por traumatismos crânio encefálicos. Os neurotraumas consubstanciam, portanto, o padrão das lesões verificadas entre as vítimas desse tipo de acidente: somadas, as lesões medulares e as lesões cerebrais foram responsáveis por 88,9% das internações registradas. Distribuição dos pacientes vítimas de Acidentes de Trânsito por causa de internação (%) 67,5 21,5 6,6 4,5 Lesão Medular Lesão Cerebral Lesão Ortopédica Lesão Neurológica As paraplegias foram responsáveis por 69,0% do total de casos registrados de lesão medular, que foram classificadas, predominantemente, como lesões medulares completas (ASIA A = 62,0% dos casos). As lesões ortopédicas constituíram a terceira causa de internação mais freqüente dentre os pacientes vítimas de Acidentes de Trânsito, concentrando-se a maioria (61,2% dos casos) dessas lesões na região dos membros inferiores, particularmente na perna. Vale destacar que 97,0% das lesões neurológicas observadas nesse tipo de acidente referiram-se a lesões do plexo braquial. Distribuição dos pacientes por classificação da lesão medular (%) Tetraplegia 31,0 Paraplegia Paraplegia 66,8 % 69,0 3
Distribuição dos pacientes por causa de internação, segundo meio/modo de locomoção no acidente (%) 81,8 48,4 44,2 44,9 52,2 34,7 3,2 3,8 12,1 6,1 0,0 2,0 16,3 23,9 6,3 17,6 Lesão Medular Lesão Neurológica Lesão Ortopédica Lesão Cerebral Automóvel/Cam inhão/ônibus Motocicleta Bicicleta A pé Os acidentes envolvendo automóveis, utilitários e caminhonetes foram os eventos geradores da maior parte das lesões medulares verificadas (48,4%). Os acidentes envolvendo motocicletas tiveram participação percentual importante nos quatro tipos de lesão (44,2% das lesões medulares, 81,8% das lesões neurológicas, 34,7% das lesões ortopédicas e 52,2%, das lesões cerebrais). Distribuição dos pacientes por tipo de resgate (%) Nãoespecializado 37,2 Entre os pacientes admitidos para internação pelos hospitais da Rede SARAH 61,3% foram resgatados no local do acidente por equipes especializadas. Os resgates não-especializados tiveram como padrão, de acordo com o relato dos pacientes, o socorro por transeuntes ou outras pessoas envolvidas no mesmo acidente. Não Sabe 1,5 Especializado 61,3 4
Caracterização dos acidentes Os Acidentes de Trânsito investigados envolveram seis categorias de meios/modos de locomoção: 1) Automóvel, Utilitário ou Caminhonete; 2) Caminhão ou Ônibus; 3) Motocicletas; 4) Bicicletas; 5) A pé; e 6) Outros meios/modos. 47,0 Distribuição dos pacientes segundo meio/modo de locomoção utilizado na ocasião do acidente (%) 37,8 7,4 3,9 3,5 0,4 Motocicleta Automóvel, Utilitário A pé Bicicleta Caminhão ou ônibus Outros O crescente aumento da frota nacional de motocicletas e o aumento do envolvimento dessa categoria em Acidentes de Trânsito fizeram com que a maioria (47,0%) dos pacientes internados na Rede SARAH fosse de usuários (condutores ou passageiros) de Motocicletas, seguidos pelos usuários de Automóveis, Utilitários ou Caminhonetes (37,8%). A maioria dos Acidentes de Trânsito investigados ocorreu em rodovias (50,1%), seguidos por aqueles que aconteceram em vias urbanas (incluindo-se nesta classificação as rodovias em perímetro urbano). A maioria dos acidentes (75,7%) envolvendo Automóveis, Utilitários ou Caminhonetes ocorreu em rodovias. Nas vias urbanas, os pacientes se feriram, majoritariamente, enquanto eram condutores ou passageiros de motocicletas (47,4% dos casos) e bicicletas (48,3%). Como era de se esperar, a maioria (72,7%) de pacientes que se locomoviam A pé foi atropelada em vias urbanas. Distribuição dos pacientes por tipo de via em que ocorreu o acidente (%) Via urbana 35,4 Estrada de terra 14,0 Outra 0,5 Rodovia 50,1 A maioria (54,1%) dos Acidentes de Trânsito ocorreu no período diurno. Observam-se picos nos horários entre 15:00 e 19:00. 5
Distribuição dos pacientes por horário em que ocorreu o acidente (%) 00:00 01:00 02:00 03:00 04:00 05:00 06:00 07:00 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00 3,1 2,0 2,4 2,4 2,2 3,6 3,2 4,0 3,1 4,2 3,5 3,6 4,7 2,6 4,6 4,6 4,2 4,6 4,6 6,3 6,3 6,0 7,0 7,3 A maior incidência dos acidentes foi registrada em torno de 17:00 e 18:00, horário no qual se verifica um grande volume de veículos e pedestres em trânsito e, também, quando a iluminação natural começa a diminuir. Vale destacar que esse período de cinco horas (de 14:00 a 19:00 horas) manteve-se como preponderante, no que diz respeito à ocorrência de acidentes, independentemente do dia da semana em que esses ocorreram. Essa constatação é consistente, ainda, com o verificado nacionalmente em 1998, quando 56,8% dos acidentes registrados ocorreram de dia, segundo a classificação do Departamento Nacional de Trânsito (DENA- TRAN) 2. Distribuição dos pacientes por dia da semana em que ocorreu o acidente (%) 26,4 21,2 13,2 10,2 9,6 10,0 9,3 Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Quase a metade (47,6%) dos acidentes em análise ocorreu no sábado e domingo, distribuindo-se os acidentes restantes de modo equiparado pelos demais dias da semana. 6
Quando analisados segundo o tipo de via, nota-se que os Acidentes de Trânsito ocorridos em rodovias prevalecem em quase todos os dias da semana. Distribuição dos pacientes por dia da semana, segundo tipo de via em que ocorreu o acidente (%) 18,9 7,0 8,1 18,3 9,9 17,3 14,9 31,1 48,6 33,8 33,8 42,3 39,4 38,6 50,5 35,3 46,8 34,0 50,5 59,2 58,1 Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Via urbana Rodovia Estrada de terra O principal motivo do deslocamento dos pacientes na ocasião em que ocorreram os acidentes foi o lazer (53,3% dos casos). Deslocamentos motivados pelo trabalho foram verificados nos acidentes de 31,2% dos pacientes admitidos pela Rede SARAH. 53,3 Distribuição dos pacientes por motivo de deslocamento na ocasião do acidente (%) 31,2 10,0 2,2 3,4 Lazer Trabalho Consumo bens/serviços Estudo Outro Pouco mais da metade dos acidentes cuja motivação de deslocamento foi o lazer e por trabalho ocorreram em rodovias, o que pode manter relação com o fato de que as rodovias são, muitas vezes, trajeto obrigatório de ligação entre o local de residência e o local de trabalho - como é o caso, por exemplo, daqueles pacientes que residiam nos municípios de Lauro de Freitas ou Camaçari e que trabalhavam na cidade de Salvador; ou ainda o caso dos pacientes que 7
residiam em alguma das cidades-satélites de Brasília e que precisavam transitar por rodovias até chegarem ao Plano-Piloto da Capital Federal. Distribuição dos pacientes por motivo de deslocamento, segundo tipo de via em que ocorreu o acidente (%) 29,9 52,4 51,1 39,0 56,3 37,5 44,6 43,2 48,0 32,0 16,7 10,0 6,3 12,2 20,0 Lazer Trabalho Estudo Consumo bens/serviços Outro Via urbana Rodovia Estrada de terra Solicitados a identificar a(s) causa(s) do acidente sofrido, a maioria dos pacientes (76,2%) atribuiu aos comportamentos e/ou atitudes humanas a causa de origem do evento - isto é, atribuiu-se majoritariamente ao condutor do veículo em que se encontrava o paciente, ou a si mesmo (quando o paciente era condutor ou pedestre), ou ainda ao condutor de outro veículo envolvido no acidente, a causa primária do acidente. Apenas 13,9% das respostas indicaram algum aspecto da via como causa do acidente, e um número ainda menor (5,5%) alguma deficiência mecânica do veículo (como estouro de pneus, perda de freios etc.). De acordo com os pacientes, em 67,6% dos acidentes verificados não houve consumo de bebida alcoólica, em qualquer quantidade, por nenhum dos envolvidos. O consumo de álcool antes do acidente foi admitido por 32,4% dos condutores ou pedestres. 1 SUSAN P. Baker et. al. The Injury Fact Book. New York, Oxford University Press, 1992, p. 216. 2 MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. DENATRAN. Informe Estatístico, 1998. Brasília, DENATRAN, 1998. 3 IBGE. Anuário Estatístico do Brasil, 1996. RJ, IBGE, 1996. 8