O reino por detrás do espelho de ouro 1
A chuva estava forte. Era quase impossível ver além dos cavalos, que em galope cortavam a estrada para Navarh. A carruagem balançava de um lado para o outro como se tudo fosse desmontar à qualquer momento. Dentro, Senhor Randolfh e Madmosele Rinana seguravam-se aprenssivos com a chegada. A noite estava tenebrosa. Várias tempestades seguidas haviam danificado pontes e atalhos. Muitas árvores caiam pelo caminho. Mas era imprescindível chegar a Navarh antes do amanhecer. Força Meredith! Força! Sussurrava Anatólia, segurando suas mãos. Na mansão de inverno na província de Navarh, presente de casamento de Duque de Jarrel, Meredith suava e se contorcia de dor. O parto estava acontecendo. Algo sem explicações. Foram doze meses de gestação. Como uma criança poderia sobreviver dentro do ventre por tanto tempo? Perguntava baixinho, Latifa à Madalene, enquanto preparavam tigelas e mais tigelas de água quente. Madadme está muito fraca! Acho que não sobreviverá à este parto! Não fale assim! Ela é uma pessoa muito boa. Para onde será que foi o Duque? Ninguém sabe dizer na província! Dizem que ele era muito estranho! Alguns de seus empregados dizem que ele enlouqueceu de vez e que nunca sai de dentro dos porões. Vive como um rato no subterrâneo do castelo. Eu já ouvi histórias a seu respeito! Ninguém sabe dizer quantos anos ele tem. Ele me dava arrepios! Como madame se apaixonou por um homem tão estranho e rude? Coisas do coração que não podemos explicar! Vamos subir logo. Madame precisa da água quente. Será que esta criança nascerá normal? 2
Não pense em nada ruim! Deus vai cuidar do resto. Bem pensado! Vou pegar meu crucifixo. Nos porões de seu castelo, no alto da montanha de Navarh, Sir Duque de Jarrel escava apressadamente seus últimos centímetros de terra. Há vinte anos viera procurando aquele artefato. Nos últimos anos virou uma séria obsessão. Quase não comia e nem tomava banho. Ficara recluso no fundo da caverna que cavara. A porta! Consegui! Chegara à um pequeno portal com inscrições antigas. Onde estão minhas anotações? Apalpou suas roupas rasgadas e sua bolsa a tira colo e não achou. Lembrou-se que tirara seu bloco pela última vez, para decifrar uma tabuleta com inscrições à meio caminho da saída do buraco. Estava quase se arrastando. Era estreito e faltava-lhe forças para regressar. Preciso lembrar dos detalhes da tradução! Pensava. Mas seus sentidos estavam confusos pelo tempo que passara sem comer e pelo pouco ar que restava naquele lugar. As inscrições eram especificas. O espelho de ouro estava do outro lado daquele pequeno portal. Mas um erro na sua abertura poderia ativá-lo para dimensões perigosas. Preciso lembrar! Preciso me lembrar! Continuava ele. Eram doze signos que precisavam ser alinhados em forma de constelações definidas. O poder do espelho trazia poderes de outras eras e maldições de outros mundos. O suor descia-lhe pela testa e as poeiras somadas à fumaça do pequeno lampião segavam lhe e intoxicavam seus pulmões, além de acabar rapidamente com o oxigênio que restava. Arriscou sem pensar mais tempo. Alinhou os signos que lembrava aos que achou lembrar. A pequena porta se abriu e lá estava o pequeno espelho de ouro. Antes de perder os sentidos, segurou 3
aquele artefato em forma de cálice feito em ouro polido e polido pelo melhor artesão da terra. Era magnífico. Fantástico! Exclamou. Sua imagem era perfeita. Não havia nenhuma distorção. Era possível se ver nitidamente até mesmo ali dentro daquele buraco enfumaçado. Ficou fascinado com seu rosto refletido. Mas estava fraco. Preciso sair daqui! Exclamou, frente ao espelho. Ao dizer algo aconteceu. Numa fração de segundos estava fora da caverna. Ao sair sentou-se em uma pedra retirou um trapo limpo que estava dentro de sua bolsa e começou a limpar aquele objeto. Não era necessário. Era tão liso e polido que nada agarrava sobre ele. Era de um puro ouro, divino e dourado. No cabo tinha uma pequenina inscrição em sânscrito. Ele pegou suas anotações e começou a decifrá-la. Estava escrito. Aquele que quer viver para sempre, reflita-se. Sir Jarrel subiu rapidamente as escadas dos porões do castleo. Chegando à grande dispensa. Há muitos anos não chegava tão longe. Só subia até aquele salão para buscar proventos que levava imediatamente para o interior das escavações. Não deixava ninguém ir além daquele lugar o que lhe rendeu a fama de defunto vivo. Ficou como um animal do subterrâneo. Os servos do castelo passavam a evita-lo devido ao seu mal cheiro e seu semblante desgrenhado e sujo. Após ajudar a levar a água, Latifa corre até seus aposentos para pegar seu crucifixo. Ao chegar às escadas, dois enormes cães, negros como a noite, a esperavam ao pé do primeiro degrau. Eles avançam sobre ela como se estivessem famintos. Não houve tempo para gritos. Sua garganta foi o primeiro alvo das feras. Fora feitas em pedaços e devorada como uma ave. Após algum tempo Madalene semte falta de Latifa. Latifa! Latifa! Grita pelo roll. Embaixo as toxas estavam todas apagadas. 4
Latifa porque apagou as toxas,! Preciso descer para pegar mais água! Acriança já está quase nascendo. Não ouvindo respostas Madalene desce para ver o que estava acontecendo. Quando chega próxima a cozinha as portas se abrem e uma ventania entra inesperadamente. Madalenne solta um grito ensurdecedor. Além do vento havia uma figura dantesca com os cabelos desgrenhados em contraste com a lua alta no céu. Madalene! Sou eu! Duque de Jarrel! Gritou, antes que ela desmaiasse. Duque! Pensamos que nunca mais fossemos ver o senhor! Não! felizmente estou aqui! Onde está minha esposa? Está lá em cima pronta para dar a luz! Respondeu ela com a mão ainda sobre o peito, recuperando do susto que levara. Sir Duque de Jarrel atravessa a cozinha e a sala de estar subindo as escadas como um menino. Chegando às portas do aposento de Meredith. Você não pode entrar aqui meu senhor! Estás muito sujo! Poderá trazer problemas para a criança ou para a mãe. O que faz aqui Jarrel? Pensei que nunca mais fosse lhe ver? Eu consegui! Tentou aproximar, mas Anatólia novamente o impediu. Não vou deixa-lo entrar senhor! Pelo bem de sua família! Vá tomar um banho Jarrel! Quantos anos você não vê agua? Eu consegui o espelho! Quando disse as janelas se abriram de uma só vez e a pequena criança nasceu. Uéh...Uéh...Uéh...Gritou o bebê. É saudável senhor! Ele tentou aproximar pela terceira vez para ver o rosto da criança, mas foi mais uma vez impedido por Anatólia. Ela levantou-o em direção aos raios do luar que ilumonavam o quarto. O vento apagara as velas. 5
Jarrel pode ver seu rostinho perfeito e seus olhos, que por algum milagre já estavam abertos e o olhava fixo. Uma criança nascer de dose meses senhor, é algo difícil de acontecer! Mas nascer de dose meses e com vida, é algo que nunca presenciei em minha vida. É algo mágico. Você tem razão Anatólia! Ele é filho da profecia dos dose signos do tempo. Você não deveria ter perceguido este espelho Jarrel! Ele nunca deveria ter sido encontrado. Você não entende Meredith! Ele pertence a mim! Voce não sabe em que se meteu, Jarrel! Sua alma ficará presa a ele. Meredith estava muito cansada. Ao colocar a pequena Àbinar sobre seu colo para mamar ela desmaiou. 6