A ovelhinha que veio para o jantar
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- Lídia Esther Bacelar Taveira
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Transcrição
1 A ovelhinha que veio para o jantar Oh não! OUTRA VEZ sopa de legumes! queixou-se o lobo, que já era velhinho. Quem me dera ter uma ovelhinha aqui à mesa. Fazia já um belo ensopado de borrego! Eis senão quando TRUZ! TRUZ! Quem batia à porta era uma linda ovelhinha! Posso entrar? perguntou ela. Claro, minha querida! A casa é tua! Vieste mesmo à hora do jantar disse o lobo que, para além de ser velhinho, também era muito matreiro A ovelhinha estava cheia de frio. BRRRR! BRRRR! fazia ela a tremer. Mas que azar o meu! sussurrou o lobo. Logo me calhou uma ovelhinha congelada! Não gosto de comida assim!... Então, o lobo lembrou-se de pôr a ovelhinha ao pé da lareira para ela se aquecer e, todo apressado, foi procurar a sua receita preferida de ensopado de borrego. Mnham mnham!... Já lhe crescia água na boca só de pensar no seu delicioso repasto. Mas não era só o lobo que estava com fome. A barriga da ovelhinha também já estava a dar horas Mas que azar o meu! pensou o lobo. Não posso comer uma ovelhinha toda esfomeada! Até me podia fazer mal ao estômago! Então o lobo ofereceu à ovelhinha uma cenoura. Assim, já tenho borrego recheado! A ovelhinha devorou a cenoura tão depressa que ficou com soluços. HIC, HIC, HIC! fazia ela sem parar. Ai, ai! Que azar o meu! lamentou-se o lobo. Quem é que come uma ovelhinha cheia de soluços? Até pode ser contagioso! O problema é que o lobo não percebia nada de soluços. Como é que se acabava com eles? E se eu atirasse a ovelhinha ao ar? HIC! Mas não resultou. E se eu a virasse ao contrário? HIC! Mas não resultou. E se eu a abanasse de um lado para o outro? Mas também não resultou.
2 Então o lobo pegou na ovelha ao colo e começou a dar-lhe palmadinhas nas costas com a sua pata enorme coberta de pêlos! Os soluços da ovelhinha não tardaram a passar e ela adormeceu num instante, enroscada no pescoço do lobo. O lobo, que já era velhinho, ficou muito embaraçado porque nunca tinha sido abraçado pelo seu futuro jantar. E como seria de esperar, a fome, afinal, já nem era tanta A ovelhinha ressonava baixinho encostada às orelhas do lobo. RRRROOONCHHH! RRRROOONCHHH! fazia ela. Que azar o meu! queixou-se o lobo. Como é que vou comer uma ovelha que está a ressonar? O lobo sentou-se na cadeira de balouço ao pé da lareira, com a ovelhinha nos braços. Já nem me lembro da última vez que alguém me fez uns mimos! reconheceu o lobo. Mas assim que o lobo começou a cheirar a ovelhinha, ficou deliciado com o seu perfume! OHHH! suspirou o lobo. Se eu a comesse depressa ela nem sequer dava por isso. E quando o lobo se preparava para engolir a ovelhinha ela acordou e deu-lhe um grande beijinho! CHUAC! NAÃOOO! gritou ele. Isso não vale! Eu sou um lobo mau e tu és um ensopado! Um enlatado? perguntou a ovelhinha a sorrir. E confessou: Eu sei lá o que é isso! Que é que eu faço à minha vida?! exclamou o lobo. Bom, vais mesmo ter de te ir embora! Muito decidido, o lobo pôs a ovelhinha na rua, mas primeiro deu-lhe um agasalho. SOME-TE DAQUI!!! gritou. Se ficares, como-te e depois já não te podes arrepender. E com um grande estrondo fechou a porta. BANG! Lá fora, a noite era escura e fria. E a ovelhinha não parava de bater à porta. Oh, Loobo! Looobo? suplicava ela. Deixa-me entrar! Mas o lobo, que já era velhinho, tapou as orelhas com as patas e pôs-se a cantar «LA, LA, LA, LA, LA, LA, LA!» até a ovelhinha se calar. Finalmente, tudo estava em silêncio. Ainda bem que ela já se foi embora! suspirou o lobo aliviado. Aqui ela não estava em segurança. Um lobo velho e esfomeado como eu é sempre capaz do pior! Mas pouco depois, o lobo começou a pensar na ovelhinha, sozinha e desamparada na escuridão da floresta.
3 Talvez ela se perca Talvez morra de frio. Talvez caia nas garras de um bicho OH, NÃO! O QUE É QUE EU FUI FAZER? perguntou ele arrependido. Sem querer perder tempo, o lobo pôs-se de pé e abriu a porta. Mas infelizmente não havia sinal da ovelhinha. O lobo, que já era velhinho, correu aos berros pela floresta fora: Ovelhinha, ovelhinha, volta, não tenhas medo! Prometo que não te como! Passado muito, muito tempo, o velho lobo, triste e encharcado, regressou sozinho à sua quinta. Estava mesmo desanimado. Abriu a porta e, qual não foi o seu espanto, quando viu a ovelhinha ao pé da lareira! VOLTASTE! És mesmo tu? Não tens outro sítio para onde ir? perguntou o lobo muito eufórico. E a ovelhinha abanou a cabeça, dizendo que não. Que que queres ficar aqui co comigo? convidou o lobo a gaguejar. A ovelhinha olhou para ele, olhos nos olhos. E tu prometes que não me comes? quis saber ela. NÃO! CLARO QUE NÃO! afirmou ele. Como é que eu podia comer uma ovelhinha que precisa de mim? Até podia ficar com o coração partido A ovelhinha sorriu e atirou-se para os braços do lobo, que já era velhinho. Estás com fome, enlatado? perguntou ele. Que tal uma sopinha de legumes? Steve Smallman A ovelhinha que veio para o jantar Lisboa, Dinalivro, 2006
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