Proposição de técnicas compensatórias como alternativa para controle das águas escoadas no empreendimento imobiliário Fashion City (Pedro Leopoldo/MG)

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Transcrição:

Proposição de técnicas compensatórias como alternativa para controle das águas escoadas no empreendimento imobiliário Fashion City (Pedro Leopoldo/MG) Felipe Miranda Souza Graduando em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix (CEUNIH), felipe_mirandasouza@hotmail.com Carlos Luciano Rodrigues Medeiros Graduando em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix (CEUNIH), carloslucianorm@yahoo.com.br Daniel Augusto de Miranda Mestre em Engenharia Civil pela Ecole Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL, Suíça), docente do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix (CEUNIH), daniel.miranda1@izabelahendrix.edu.br Resumo O uso de técnicas compensatórias em drenagem urbana tem como função principal minorar os níveis de inundações ocasionadas por chuvas intensas, por meio do emprego de soluções de engenharia voltadas, dentre outras finalidades, à infiltração da água pluvial no solo. O objetivo do presente artigo consistiu em propor um projeto alternativo de drenagem ao empreendimento imobiliário Fashion City, localizado na cidade de Pedro Leopoldo/MG, baseado na utilização de técnicas compensatórias com o emprego de trincheiras de infiltração e pavimentos permeáveis, visando reduzir a vazão de escoamento superficial. Tais medidas trouxeram redução de dispositivos superficiais e seção de tubos e galerias, resultando em uma redução estimada de orçamento de 710.326 reais em relação ao projeto. Palavras chave: Técnicas Compensatórias. Drenagem Urbana. Fashion City. 1 Introdução Em razão do crescimento do processo de urbanização das cidades, o sistema de drenagem com técnicas convencionais como, por exemplo, sarjetas de bordo de concreto, valetas de proteção, meios-fios, dentre outros, tem sido gradualmente substituído por outras técnicas 121

conhecidas como técnicas compensatórias ou não convencionais. A utilização de tais técnicas compensatórias beneficia o desenvolvimento sustentável e reproduz as condições de préurbanização, além de proporcionar outras vantagens, como, por exemplo, controlar o volume e a velocidade do escoamento superficial durante as precipitações. Dentre as técnicas compensatórias, destacam-se bacias de detenção, pavimentos porosos, trincheiras, poços de infiltração, telhados armazenadores e outros dispositivos, conforme afirma Brito (2006). No Brasil, entretanto, ainda é priorizado o uso de soluções localizadas e de aceleração dos escoamentos, sem considerar o aumento da impermeabilização dos solos ocasionado pela falta de controle sobre o uso e a ocupação do solo, levando a um aumento cada vez maior dos sistemas de drenagem como, por exemplo, galerias e tubos (BAHIENSE, 2013). Considerando os exemplos internacionais, verifica-se, num primeiro momento, que as técnicas compensatórias vêm apresentando como elementos satisfatórios no combate a inundações, pois mitigam os impactos no sistema; favorecem a melhoria da qualidade da água pluvial, o que permite menores gastos com o tratamento da água; estimulam a prevenção da poluição do solo e da água; e fomentam a construção de uma paisagem urbana mais natural e agradável, gerando uma melhor qualidade de vida, conforme menciona Tecedor et al. (2012). Diante do exposto, o trabalho em pauta propõe um projeto alternativo de drenagem ao empreendimento imobiliário Fashion City, localizado na cidade de Pedro Leopoldo/ MG, baseado na utilização de técnicas compensatórias com o emprego de trincheiras de infiltração e pavimentos permeáveis, visando à diminuição da vazão escoada superficialmente e redução do orçamento geral em relação ao projeto. 2 Técnicas convencionais x Técnicas não-convencionais Em relação a uma crescente urbanização, observa-se a obsolescência gradual e inexorável do emprego de sistemas de drenagem convencionais implantados segundo a ótica higienista, ocasionando inundações frequentes em áreas urbanas com importante implicação ambiental, social e econômica. Sendo cada vez maior o acontecimento de eventuais inundações, o método mais frequente são sistemas de drenagem como galerias, tubos, sarjeta de bordo, 122

valetas, cada vez mais robustos com orçamentos exorbitantes, conforme destaca Baptista (2011). Nesse sentido, o uso das técnicas compensatórias surge como uma alternativa para estimular o escoamento adequado das águas pluviais urbanas, pois leva em conta a possibilidade de introdução de alterações mínimas no ciclo hidrológico local, a fim de favorecer a manutenção das correntes de fluxo naturais, destaca Bahiense (2013). Batista, Nascimento e Barraud (2011) salientam que, quando bem concebidas, as técnicas compensatórias contribuem, efetivamente, para a melhoria da qualidade de vida nas cidades, com a recuperação e a preservação do meio ambiente e com a redução das cargas de poluição de origem pluvial. Seu uso vai, inquestionavelmente, ao encontro das condições necessárias para o desenvolvimento sustentável em áreas urbanas, diferentemente das práticas convencionais predominantemente adotadas no país. 3 Técnicas compensatórias aplicadas ao empreendimento imobiliário Fashion City 3.1 Trincheiras de infiltração 3.1.1 Generalidades Mikkelsen (1993) ressalta que as trincheiras de infiltração são dispositivos longitudinais, a fim de controlar o escoamento superficial e armazená-lo provisoriamente e que, com o aumento do tempo de concentração, a trincheira facilita a infiltração do volume de água no solo, proporcionando a diminuição da vazão e volume d água percolado na superfície. Para Nascimento (2011), as trincheiras podem ser superficiais ou subterrâneas, compostas por material granular graúdo, sendo bastante versátil e podendo ser executadas no bordo do sistema viário, em passeios e em canteiros centrais, conforme descrito nas Figuras 1, 2 e 3. 123

Figura 1- Trincheira intercalada com passeio Fonte: CIDADE DE PORTLAND, 2002. Figura 2 - Trincheira bordo Fonte: SOUZA, 2002. Figura 3- Trincheira de infiltração em segmento de jardim Fonte: SOUZA, 2002. 124

De acordo com Souza (2002), a trincheira de infiltração funciona como reservatório de amortecimento de cheias, apresentando desempenho melhorado pelo favorecimento da infiltração e, como consequência, reduz os volumes escoados e as vazões máximas de enchentes. De acordo com Azzout (1994), com o trabalho utilizando as funções de infiltração e detenção, as trincheiras proporcionam o controle temporal das vazões, reduzindo o escoamento à jusante. 3.1.2 Dimensionamento da trincheira O dimensionamento quanto ao funcionamento hidráulico da trincheira foi representado por um modelo de reservatório, ou seja, o armazenamento da trincheira, dado pela variação da lâmina d água, é igual à água que entra no sistema excluindo-se a porção que é perdida para o solo pelo processo de infiltração, destaca Baptista (2011). A seguir será apresentado o passo a passo para determinar o sistema de armazenamento da trincheira. 3.1.2.1 Superfície de infiltração A superfície de infiltração é expressamente definida em função do tipo de obra e do seu funcionamento. Será adotada a hipótese que o fundo irá colmatar e que somente as paredes irão trabalhar como superfície para infiltração, destaca Baptista (2011). Para calcular a superfície será utilizada a Equação 1. Equação 1 Onde: Ainf = Superfície de Infiltração, expressa em m²; L = Extensão longitudinal da trincheira, expressa em m; p = Profundidade da trincheira, expressa em m. 125

3.1.2.2 Vazão de saída A vazão de saída de uma obra depende do modo de descarga, que pode ser constante ou pode ser variável dependendo da altura de armazenamento. No caso de trincheiras, a vazão de saída é em função da capacidade de infiltração do solo, definida por ensaios in situ, da superfície de infiltração e da altura de água na trincheira. A vazão Qs é expressa pela Equação 2. Equação 2 Onde: Qs = Vazão de Saída, expressa em m³/s; α = Coeficiente de segurança; qas = Capacidade de absorção por unidade de superfície infiltrante, expressa em m³/s; S = Superfície de infiltração, expressa em m². 3.1.2.3 Capacidade de armazenamento Expressa pela Equação 3, a capacidade de armazenamento de água será em função das dimensões e da inclinação longitudinal da trincheira. Equação 3 Onde: Smax = Capacidade de armazenamento em função da declividade, expresso em m³; n = Porosidade útil; l = Largura da trincheira, expressa em m; p = Profundidade da trincheira, expressa em m; i = Declividade da trincheira, expressa em %. 126

3.1.2.4 Volume a armazenar O volume a armazenar este vinculado a função da vazão específica de saída e do período de retorno de projeto, que será expresso pela Equação 4. Equação 4 Onde: Vmax = Volume a armazenar, expresso em m³; DHmax.(qs,T) = Alturas específicas de água a armazenar; Aa = Superfície efetiva de contribuição da bacia que alimenta a estrutura, expressa em m². 3.1.2.5 Tempo de esvaziamento O tempo de funcionamento/esvaziamento corresponde ao intervalo de tempo que a água entra na estrutura e sofre o processo de infiltração no solo, podendo ser calculado pela Equação 5. Equação 5 Onde: Dv = Tempo de esvaziamento, expresso em horas; Smax = Volume a armazenar, expresso em m³; Qs = Vazão específica, expressa em mm/min. 127

3.2 Pavimentos permeáveis 3.2.1 Generalidades A utilização do pavimento permeável pode ser proposta em passeios, estacionamentos, quadras esportivas e ruas de pouco tráfego. Em ruas de grande tráfego, esse pavimento pode ser deformado e gradativamente colmatado, tornando-se impermeável com o passar do tempo. Podendo ser de concreto ou de asfalto, o pavimento é construído da mesma forma que os pavimentos tradicionais, com a diferença que o material fino é retirado da mistura (BAPTISTA, 2011). Em relação à infiltração de água precipitada, a norma NBR 16416:2015 destaca que o pavimento permeável pode ser executado de três maneiras. A escolha do sistema de infiltração vai depender das características do solo ou de condicionantes de projeto. As vantagens desse tipo de controle podem ser a redução do escoamento superficial previsto com relação à superfície impermeável, a redução das seções dos condutos da drenagem pluvial, a redução de custos do sistema de drenagem pluvial e da lâmina de água de estacionamentos e passeios. As desvantagens são a manutenção do sistema para evitar que fique colmatado com o tempo, o maior custo direto de construção e a contaminação dos aquíferos (TUCCI, 1995). As Figuras 4 e 5 apresentam exemplos de pavimentos permeáveis. Figura 4 - Exemplo 1 (Porto Alegre, RS) Fonte: SOUZA, 2002. 128

Figura 5 - Exemplo 2 (Belo Horizonte, MG) Fonte: EMPRESA SINDUSCON-MG, 2016. 3.2.1 Dimensionamento do pavimento O dimensionamento do pavimento, ensaios, execução, requisitos e procedimentos específicos, devem seguir as recomendações da norma de Pavimentos Permeáveis de Concreto NBR 16416:2015, juntamente com as equações e tabelas apresentadas nesse tópico. 3.2.1.1 Resistência mecânica e espessura do revestimento O tipo do revestimento e a espessura devem atender às especificações da Tabela 1. Tabela 1 Resistência Mecânica e Espessura Mínima Tipo de Revestimento Peça de Concreto Tipo de Solicitação TráfegoPedestres 60,00 TráfegoLeve 80,00 Espessura Mínima (mm) Resistência Mecânica Característica Método de Ensaio > 35,0 a ABNT NBR 9781 Peça de Concreto Permeável Placa de Concreto Permeável Concreto Permeável Moldado no Local TráfegoPedestres 60,00 TráfegoLeve 80,00 TráfegoPedestres 60,00 TráfegoLeve 80,00 > 20,0 a ABNT NBR 9781 > 2,0 b Tráfego Pedestres 60,00 > 1,0 c Tráfego Leve 100,00 > 2,0 c a = Determinação da resistência à compressão, conforme ABNT NBR 9781. b = Determinação da resistência à flexão, conforme ABNT NBR 15805. c = Determinação da resistência à tração na flexão, conforme ABNT NBR 12142. Fonte: ABNT NBR 16416,2015. ABNT 15805 ABNT 12142 NBR NBR 129

3.2.1.2 Cálculo do coeficiente de permeabilidade Segundo Pinto (2002), o coeficiente de permeabilidade do solo é o valor que representa a velocidade com que a água atravessa uma determinada amostra, sendo calculado pela Equação 6, (NBR 16416, 2015). Equação 6 Onde: k = Coeficiente de permeabilidade, expresso em milímetros por hora (mm/h); m = Massa de água infiltrada, expressa em quilogramas (kg); d = Diâmetro interno do cilindro de infiltração, expresso em milímetros (mm); t = Tempo necessário para toda a água percolar, expresso em milímetros (mm); C = Fator de conversão de unidade do sistema SI, com valor igual a 4583666000. O coeficiente de permeabilidade do pavimento recém-construído a ser adotado > 10-3. 3.2.1.3 Altura da Base O dimensionamento da altura da base do pavimento deve ser calculado pela Equação 7: Equação 7 Onde: Hmáx = Espessura total da camada reservatório, expressa em metros (m); ΔQc = Precipitação excedente da área de contribuição para uma dada chuva de projeto, expressa em metros (m); R = Relação entre a área de contribuição e a área de pavimento permeável (Ac/Ap); Ac = Área de contribuição, expressa em metros quadrados (m²); Ap = Área de pavimento permeável, expressa em metros quadrados (m²); 130

P = Precipitação de projeto, expressa em metros (m); f = Taxa de infiltração no solo, expressa em metros por hora (m/h); Te = Tempo efetivo de enchimento da camada reservatório, geralmente igual a 2 h, expresso em horas (h); Vr = Índice de vazios da camada. 4 Parâmetros hidrológicos 4.1 Equação de intensidade Para a intensidade de chuva foi utilizada a Equação 8, do tipo IDF da Região Metropolitana de Belo Horizonte proposta por Pinheiro (1997) descrita a seguir. Onde: Equação 8 IT,i = Estimativa da intensidade de chuva no local i associada ao período de retorno T, em mm/h; t = Duração da chuva, em horas; 0,7059 0,5360 I T, i 0, 76542 xt xp x T, d P = Precipitação média anual (mm) no local i, dentro da região metropolitana. T,d = Representa a quantidade adimensional de frequência de validade regional, associada à duração t e o período de retorno T. 4.2 Tempo de recorrência O Tempo de Recorrência (TR) refere-se ao espaço de tempo em anos onde provavelmente ocorrerá um fenômeno de grande magnitude, pelo menos uma vez. De acordo com a recomendação da Instrução de Serviço do DNIT - IS-203 Estudos Hidrológicos, o tempo de recorrência para drenagem superficial recomendável é de 10 anos. 131

4.3 Tempo de concentração O tempo de concentração pode ser calculado pela Equação 9 descrita por Kirpich, conforme sugere a Sudecap (2004). Equação 9 3 L Tc 57 H 0,385 Onde: Tc = Tempo de concentração, em minutos; L = Extensão do curso principal, em km; H = Desnível médio do curso, em m. 4.4 Coeficiente de escoamento superficial De acordo com a recomendação da Sudecap (2004), para estudos de drenagem em áreas restritas com uso e ocupação específicos, podem ser utilizados os valores do coeficiente de escoamento superficial ou de runoff, C, indicados na Tabela 2 a seguir: Tabela 2 - Valores de Runoff (C) Características da Área C Mínimo C Máximo Pátios e estacionamentos 0,90 0,95 Áreas cobertas 0,75 0,95 Lotes urbanos grandes 0,30 0,45 Parques e cemitérios 0,10 0,25 Terreno rochoso montanhoso 0,50 0,85 Relvado arenoso plano 0,05 0,10 Fonte: SUDECAP, 2004. 132

4.5 Vazões de projeto As vazões afluentes das estruturas de drenagem superficial podem ser calculadas pelo método racional, de acordo com a Equação 10, (DNIT, 2006). Equação 10 Qp = 0,00278 x C x I x A Onde: Qp = Descarga do projeto ou pico de vazão, em m³/s; C = Coeficiente adimensional de deflúvio ou escoamento superficial (TABELA 08); I = Intensidade média de precipitação, sobre toda a área drenada, de duração igual ao tempo de concentração, em mm/h; A = Área da bacia, em ha. 5 Materiais e métodos Para realização da pesquisa, foi definido como objeto de estudo o empreendimento imobiliário Fashion City Brasil, apresentado pela Figura 6, que será implantado em um terreno de 25,13 ha, com coordenadas geográficas 19 37'25.54"S de latitude e 44 0'11.87"O de longitude. O empreendimento estará localizado no entroncamento da rodovia estadual de ligação LMG-800 e a Estrada Lapa Vermelha, próximo às rodovias estaduais MG-424 e MG- 010 e Aeroporto Internacional Tancredo Neves, mais precisamente na porção sudeste da sede do município de Pedro Leopoldo/ MG, cujo projeto original de drenagem das águas pluviais foi inteiramente concebido por meio de técnicas convencionais. 133

Figura 6 Localização do Empreendimento Fonte: GOOGLE EARTH, 2015. 5.1 Parâmetros hidrológicos Para desenvolvimento dos estudos hidrológicos local, foram considerados alguns parâmetros. A primeira etapa foi definir o tempo de recorrência e tempo de concentração. Seguindo a recomendação da SUDECAP, foi definido TR = 10 anos e tc = 10 minutos. Com isso, foi calculada a intensidade de chuva, conforme metodologia proposta por Pinheiro (1997), tendo como resultado o valor de 194,481 mm/h. O coeficiente C foi a única diferença, tendo sido propostas três divisões de coeficiente, apresentados na Tabela 3: Tabela 3 Comparativo do Escoamento Superficial Áreas Projeto Estudo Pátios e estacionamentos 1,00 0,70 Taludes 0,70 0,70 Canteiros 0,50 0,50 Fonte: SUDECAP, 2004. 134

O presente estudo definiu para Áreas de Pátios e Estacionamentos um coeficiente C=0,70, pois foram inseridas no projeto trincheiras de infiltração e pavimentos permeáveis. Por fim, utilizando-se o método racional, foram calculadas as vazões de projeto. 5.2 Trincheiras e pavimentos permeáveis Para o cálculo das trincheiras foram consideradas as equações descritas no Tópico 03. O modelo de reservatório utilizado foi pelo volume a armazenar subtraindo a capacidade de armazenamento. O volume restante será conduzido para caixas coletoras e bocas-de-lobo do projeto. Para definição dos pavimentos permeáveis foram utilizadas as equações descritas no Tópico 04. É importante ressaltar que para execução e projeto dos pavimentos, existem vários coeficientes, testes in situ, ensaios e definições, que deverão seguir as recomendações e conceitos da Norma da ABNT NBR 16416:2015. 6 Resultados e discussão Baseando nas fórmulas apresentadas foi calculada a capacidade das trincheiras de infiltração e os resultados são apresentados na Tabela 4. Tabela 4 Capacidade das Trincheiras Trincheira n Área Pátio (ha) Área Talude (ha) Área Canteiro (ha) Extensão Trinch. (m) Superfície Infiltração (m²) Vazão Saída (m³/s) Vazão Espec. (mm/min) Capacidade Armaz. (m²) Volume a Armazenar (m³) 01 0,04 0,52 0,10 208,00 208,00 0,00208 0,020 62,40 152,46 02 0,05 0,49 0,17 147,00 147,00 0,00147 0,012 44,10 164,01 03 0,45 0,16 0,09 202,00 202,00 0,00202 0,048 60,60 161,70 04 0,63 0,00 0,40 184,00 184,00 0,00184 0,029 55,20 237,93 05 0,00 0,08 0,09 207,00 207,00 0,00207 0,022 62,10 36,96 06 0,00 0,00 0,59 194,00 194,00 0,00194 0,055 58,20 136,29 07 1,30 0,00 0,10 204,00 204,00 0,00204 0,240 61,20 323,40 08 0,36 0,00 0,62 65,00 65,00 0,00065 0,011 19,50 226,38 09 0,00 0,00 0,09 57,00 57,00 0,00057 0,011 17,10 20,79 10 1,02 0,00 0,12 168,00 168,00 0,00168 0,025 50,40 263,34 Fonte: BAPTISTA, 2011. 135

Após o dimensionamento das trincheiras, foram dimensionados pavimentos permeáveis em toda a área de estacionamento do empreendimento. A Tabela 5 apresenta as definições do pavimento permeável utilizado no estudo. Tabela 5 Definições do Pavimento Permeável Pavimento Área (m²) Tipo de Pavimento K Espessura Camada (mm) Espessura Base (mm) 1 17.131,71 2 18.822,88 3 15.005,08 4 18.079,85 Concreto Permeável Concreto Permeável Concreto Permeável Concreto Permeável Fonte: ABNT NBR 16416, 2015. 2,75x10 6 80,00 15,00 2,75x10 6 80,00 15,00 2,75x10 6 80,00 15,00 2,75x10 6 80,00 15,00 Com a inserção das trincheiras e pavimentos permeáveis, foi feita uma nova ponderação do coeficiente C e com isso, foi calculado novamente o sistema de redes e galerias do projeto. A Tabela 6 apresenta as bacias que sofreram alteração de seção dos dispositivos de drenagem. Tabela 6 Resultados com alteração do Coeficiente C Bacia n Área Total (ha) C Vazão Projeto 10 / 25 (m³/s) Vazão Estudo 10 / 25 (m³/s) Dimensão Projeto (m) Dimensão Estudo (m) Decliv. (m/m) Lâmina D água (m) Velocidade D água (m/s) 02 0,69 0,70 0,37/0,42 0,26/0,30 0,80 0,60 0,0030 0,42 1,24 11 1,58 0,70 0,80/0,91 0,60/0,68 1,00 0,80 0,0050 0,49 1,86 11 e 12 2,24 0,70 1,05/1,19 0,79/0,90 1,00 0,80 0,0050 0,60 1,96 1 a 12 9,63 0,63 3,60/4,09 2,87/3,25 1,50x1,50 1,20x1,20 0,0050 0,93 2,58 1 a 12+1.1 a 1.9 11,14 0,64 3,87/4,40 3,02/3,43 1,50x1,50 1,20x1,20 0,0050 0,97 2,60 16 a 18 1,53 0,70 0,74/0,84 0,54/0,62 1,00 0,80 0,0030 0,54 1,49 23 a 29 2,05 0,70 0,74/0,84 0,65/0,73 1,00 0,80 0,0030 0,63 1,52 10 / 25 = Tempo de Recorrência em anos. Fonte: SUDECAP, 2004. 136

Analisando a Tabela 6, foi identificada que a ponderação do coeficiente C, acarretou em uma redução de vazão Qestudo de 25% em relação à vazão Qprojeto. Outra observação foi que as lâminas d água reduziram de altura, possibilitando um nível de segurança maior em casos de recorrência de precipitações intensas. Devido à inserção de trincheiras, foram retiradas canaletas e sarjetas de bordo nesses locais. A fim de estimar um orçamento para as trincheiras, foi pesquisado com algumas empresas que trabalham no ramo de execução desses dispositivos, e foi constatado um preço médio de R$ 105,00 o metro de trincheira de infiltração. A Tabela 7 apresenta a redução quantitativa desses dispositivos superficiais: Tabela 7 Redução quantitativa de orçamento 01 Dispositivo Situação Extensão (m) Preço (R$/m) Valor Total (R$/m) Sarjeta de Bordo Retirar 827,00 18,64 15.415,28 Canaleta Retangular Retirar 1315,00 150,00 197.250,00 Trincheira de Infiltração Inserir 1636,00 105,00 171.780,00 Total Reduzido 40.885,28 Fonte: Elaborado pelos Autores, 2016. Outro fator de redução foram as seções das galerias e as redes do projeto, reduzidas pelo fato das trincheiras alterarem o coeficiente de escoamento superficial. A Tabela 8 apresenta a quantidade de seções reduzidas e o valor total dessa redução no projeto: 137

Tabela 8 Redução quantitativa de orçamento 02 Dispositivo Cenário Atual (Projeto) Extensão (m) Preço (R$/m) Valor Total (R$/m) Cenário com alteração do Coeficiente C (Estudo) Extensão (m) Preço (R$/m) Valor Total (R$/m) Tubo 600mm 274,00 141,34 38.727,16 307,00 141,34 43.491,38 Tubo 800mm 151,00 212,06 32.021,06 253,00 212,06 53.651,18 Tubo 1000mm 357,00 320,17 114.300,69 222,00 320,17 71.077,74 Tubo 1200mm 732,00 422,11 308.984,52 732,00 422,11 308.984,52 Galeria 1,20x1,20m 0,00 1186,95 0,00 105,00 1186,95 124.629,75 Galeria 1,50x1,50m 231,00 1483,69 342.732,39 126,00 1483,69 186.944,94 Galeria 2,00x2,00m 60,00 2140,91 128.454,60 60,00 2140,91 128.454,60 Total Geral (R$/m) 965.220,00 917.134,00 Fonte: Elaborado pelos Autores, 2016. Analisando os resultados apresentados na Tabela 08 visando o custo x benefício, é possível verificar que ocorreu uma diminuição nas extensões dos dispositivos mais caros e consequentemente um acréscimo nos dispositivos mais econômicos. Outra constatação benéfica é a diminuição do quantitativo das galerias, justamente pelo fato das mesmas serem de difícil execução. A Tabela 9 apresenta os valores de orçamento comparando o pavimento de concreto permeável e o pavimento com revestimento asfáltico. 138

Tabela 9 Redução quantitativa de orçamento 03 Dispositivo Pavimento Concreto Permeável Pavimento Revestimento Asfáltico Situação Área (m²) Preço (R$/m) Valor Total (R$/m) Inserir 69.039,52 30,00 2.071.185,60 Retirar 69.039,52 39,00 2.692.541,28 Total Reduzido 621.355,68 Fonte: Elaborado pelos Autores, 2016. Observando a Tabela 9, foi possível verificar que com a alteração do tipo de pavimento nas áreas dos estacionamentos, ocorreu uma redução de custo considerável no empreendimento. Como discursão final, foi observado nos resultados apresentados, que caso fossem previstas técnicas compensatórias no empreendimento imobiliário Fashion City Brasil, o mesmo teria uma redução de orçamento estimada em R$ 710.326,96. 6 Conclusão Com a inserção das técnicas compensatórias como alternativa no projeto de drenagem, foi observada uma redução de aproximadamente 25% na vazão a jusante do sistema, conforme apresentado na Tabela 06. Essa redução de vazão é devido às infiltrações das águas escoadas ao longo desses dispositivos. Com isso, ocorreu uma diminuição de volume d água trabalhando superficialmente, evitando possíveis problemas futuros como empoçamentos de água, erosões e até mesmo volumes na área das lojas, visto que se trata de um empreendimento comercial. Pelo ponto de vista técnico e econômico, o estudo viabilizou com as técnicas compensatórias uma redução de 710.326 reais em relação ao projeto, sem prejudicar e/ou alterar as condicionantes e normas técnicas para execução do empreendimento. A implantação destas técnicas surge, portanto, como uma alternativa para a diminuição dos elevados percentuais de impermeabilização do solo decorrentes do processo de urbanização das cidades, considerando além dos aspectos técnicos, principalmente os princípios para um desenvolvimento sustentável. 139

Proposition of compensatory techniques as an alternative for flow rate control of the Fashion City Enterprise (Pedro Leopoldo/MG) Abstract The use of compensatory techniques in urban drainage has its main function, decrease the level of water floods due to intense rainfall through engineering solutions that will allow the infiltration of the water into the soil. The objective of this article consists in an alternative drainage project proposal for the Fashion City Enterprise, located in the city of Pedro Leopoldo, MG, utilizing compensatory techniques such as waterproofing trenches and permeable paving, reducing the flow surface runoff. Such measures brought reduction of surface devices and pipe section and galleries, resulting in an estimated reduction of 710,326 reais budget for the project. Key-Words: Compensatory Techniques. Urban Drainage. Fashion City. Referências AGRA, S. G. Estudo experimental de micro reservatórios para controle do escoamento superficial. 2001. 105f. Dissertação (Mestrado em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental) Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, Rio Grande do Sul, 2001. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/3282>. Acesso em: 17 mar. 2016. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16416: Pavimentos Permeáveis de Concreto. São Paulo, 2015. AZZOUT, Y.; BARRAUD, Sylvie. Técnicas Alternativas em Drenagem Pluvial. Paris: Tec. Et, 1994. 372 p. BAHIENSE, Juliana. Avaliação de Técnicas Compensatórias de Drenagem Urbana Baseadas no Conceito de Desenvolvimento de Baixo Impacto, com o Apoio de Modelagem Matemática. 2013. 135 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: <http://www.coc.ufrj.br/index.php?option=com_docman&view=download&category_slug=2 013&alias=2518-juliana-martins-bahiense-mestrado&Itemid=428&lang=pt-br>. Acesso em: 11 abr. 2016. BAPTISTA, Márcio.; NASCIMENTO, Nilo.; BARRAUD, Sylvie. Técnicas Compensatórias em Drenagem Urbana. 2. ed. Porto Alegre: Associação Brasileira de Recursos Hídricos, 2011. 318 p. BELO HORIZONTE. Superintendência de desenvolvimento da capital. Sistema de Microdrenagem de Belo Horizonte. Belo Horizonte: PMBH, 2004. 53 p. BELO HORIZONTE. Lei n.7166, de 27 de agosto de 1996. Dispõe sobre o parcelamento, ocupação e uso do solo. Belo Horizonte, 1996. 61p. 140

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