Prof. Dr. Vander Ferreira de Andrade

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CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RESOLUÇÃO Nº 77, DE 14 DE SETEMBRO DE 2004

Transcrição:

Prof. Dr. Vander Ferreira de Andrade

Sistema Constitucional de Segurança Pública (art. 144 CF) A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Órgãos da Segurança Pública Polícia Federal Polícia Rodoviária Federal Polícia Ferroviária Federal Polícia Civil Polícia Militar Corpo de Bombeiro Militar Guardas Civis Municipais?

Polícia Judiciária e Polícia Administrativa Polícia Administrativa e Polícia Judiciária

Polícia Federal Apuração de infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo a lei.

Polícia Federal Prevenção e repressão do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência.

Polícia Federal Polícia Marítima, Aérea e de Fronteiras Polícia Judiciária da União (com exclusividade)

Polícia Rodoviária Federal A Polícia Rodoviária Federal órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.

Polícia Ferroviária Federal A polícia ferroviária federal, órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.

Polícia Civil As polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.

Guardas Civis Municipais Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.

Inquérito Policial: Conceito e Natureza Jurídica Procedimento administrativo pré-processual. Não se trata de atividade judicial ou processual, até porque não possui a estrutura dialética do processo.

Órgão Encarregado pelo IP O IP é realizado pela Polícia Judiciária (art. 4º do CPP) Opção do legislador de 1941 (Exposição de Motivos)> Modelo mais adequado à realidade social e jurídica daquele momento.

Caráter de não Exclusividade É possível que a autoridade administrativa (sindicâncias e processos administrativos contra agentes públicos) realize a averiguação de fatos e com base nesses dados, seja oferecida a denúncia pelo MP.

Caráter de não Exclusividade Um delito praticado por militar será objeto de IPM, e, ao final, concluindo a autoridade militar que o fato não é crime militar, mas sim comum, deverá remeter os autos do IPM ao Ministério Público, que poderá diretamente oferecer a denúncia.

Comissões Parlamentares de Inquérito. (art. 58, 4º, da CF) A investigação pode ser realizada pelo Legislativo, nas CPI. Estas têm poderes de investigação para apurar de fato determinado e por prazo certo; uma vez concluídas são remetidas ao MP para que promova diretamente se entender viável a respectiva ação penal.

Restrição de Direitos Fundamentais O IP depende da intervenção judicial para a adoção de medidas restritivas de direitos fundamentais. Não há nulidade caso a polícia civil estadual investigar um delito de competência da Justiça Federal.

O Ministério Público e o IP O MP está legalmente autorizado a requerer abertura e acompanhar a atividade policial no curso do inquérito. Contudo. Lacuna normativa: controle externo da atividade policial (não há subordinação ou dependência funcional da polícia em relação ao MP) O MP não pode assumir o mando do IP, mas sim participar ativamente, requerendo diligências e acompanhando a atividade policial.

O Ministério Público e o IP O MP pode requisitar a instauração do IP e/ou acompanhar a sua realização. A presença do MP é secundária, acessória e contingente, pois o órgão encarregado de dirigir o IP é a polícia judiciária.

Poderes Investigatórios do MP A questão ainda é bastante discutida, não havendo paz conceitual sobre sua constitucionalidade. O STF jádecidiu algumas vezes sobre o tema e sinaliza no sentido de sua possibilidade (não houve manifestação do órgão plenário sobre a constitucionalidade).

A Posição do Juiz Frente ao IP: O Juiz como Garantidor e não como Instrutor O juiz assume uma relevante função de garantidor, que não pode ficar inerte ante violações ou ameaças de lesão aos direitos fundamentais constitucionalmente consagrados. O juiz assume uma nova posição no Estado Democrático de Direito e a legitimidade de sua atuação não é política, mas constitucional, consubstanciada na função de proteção dos direitos fundamentais de todos e de cada um.

A Posição do Juiz Frente ao IP: O Juiz como Garantidor e não como Instrutor O alheamento é uma importante garantia de imparcialidade e, apesar de existir alguns dispositivos que permitem a atuação de ofício, os juízes devem condicionar sua atuação à prévia invocação do MP, da polícia ou do sujeito passivo. O juiz não orienta a investigação policial e não presencia seus atos, mantendo uma postura totalmente suprapartes e alheia à atividade policial.

Objeto e Limitação do IP O objeto da investigação preliminar é o fato constante na notitia criminis. A investigação deve esclarecer, em grau de verossimilitude, o fato e a autoria, sendo que a autoria é um elemento subjetivo acidental da notícia-crime. Não é necessário que seja previamente atribuída a uma pessoa determinada. A atividade de identificação e individualização da participação será realizada no curso da investigação.

Repetição na Produção da Prova Exceção feita às provas periciais, outras provas como o depoimento de testemunhas e produção do interrogatório deve ser repetido em juízo, desta feita, sob o crivo do contraditório.

Limitação Temporal do IP: Prazo Razoável O IP deve ser concluído com a maior brevidade possível, dentro do prazo legal: 10 dias indiciado preso ou 30 dias indiciado solto (art. 10 do CPP). Direito de ser julgado no prazo razoável (art. 5º, LXXVIII, CF).

Prorrogação do Prazo do IP A lei exige a concorrência de dois fatores: fato de difícil elucidação + indiciado solto. A complexidade do fato não justifica a prorrogação do IP quando o indiciado estiver preso.

Prazos Especiais Nos processos de competência da Justiça Federal, o prazo de conclusão do IP (sujeito passivo preso) é de 15 dias prorrogável por mais 15, e de 30 dias quando o sujeito passivo estiver em liberdade. Nos delitos de tráfico de entorpecentes, o IP deve ser concluído no prazo de 30 dias (indiciado preso) e de 90 dias (se solto). Esses prazos, substancialmente maiores do que aqueles previstos no CPP, podem ser duplicados pelo juiz.

Atos de Iniciação Art. 5º do CPP Requisição do Ministério Público Remessa do Órgão Jurisdicional ao MP Requerimento do Ofendido (Delitos de Ação Penal Pública Incondicionada) Comunicação Oral ou Escrita de Delito de Ação Penal de Iniciativa Pública Representação do Ofendido nos crimes de Ação Penal Pública Condicionada Requerimento do Ofendido nos crimes de Ação Penal Privada

Conclusão do IP O procedimento finaliza com o relatório (art. 10, 1º e 2º), através do qual o Del Pol faz exposição objetiva e impessoal do que foi investigado, remetendo-o ao foro para ser distribuído. Acompanham o IP os instrumentos usados para cometer o delito e os demais objetos que possam servir para a instrução processual e o julgamento.

Conclusão do IP Recebido o IP pelo juiz, dará este vista ao MP. Recebendo o IP, o promotor pode: oferecer a denúncia; pedir o arquivamento; solicitar diligências ou realizar diligências. No relatório, não é necessário que a autoridade policial tipifique o delito apontado, mas, se o fizer, essa classificação legal não vincula o MP.

Impossibilidade de Arquivamento pela Polícia Uma vez iniciado o IP (art. 17 CPP), não pode o Del Pol arquivá-lo, pois não possui competência para isso. O arquivamento somente será decretado por decisão do juiz a pedido do MP. Não concordando com o pedido de arquivamento, caberá ao juiz aplicar o art. 28, enviando os autos ao Procurador Geral.