Saúde Mental e Atenção Básica: Oficinas Terapêuticas como um dispositivo potente de cuidado em Saúde Mental na Região de Saúde

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Transcrição:

como um dispositivo potente de cuidado em

AUTORES Ariane Jacques Arenhart Coordenadora Regional de Saúde Mental Jessica da Silveira Heimann Coordenadora Regional de Saúde Bucal- Atenção Básica Magali Kuri Nardini Coordenadora Regional da Atenção Básica 16ª COORDENADORIA REGIONAL DE SAÚDE SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE - RS

A 16ª CRS/RS abrange 37 municípios, em 2 regiões de saúde, onde cerca de 70% destes possuem uma população inferior a 10.000 habitantes Nestes a Atenção Básica é a responsável pelas ações de cuidado em Saúde Mental no território.

A Atenção Básica é a principal estratégia de mudança dentro do território, é a ordenadora do cuidado integral e universal, sendo um dispositivo importante e estratégico para um novo modelo no cuidado em Saúde Mental.

A Rede de Atenção Psicossocial vem sendo organizada regionalmente respeitando os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) e a Lei Estadual (nº 9716\1992) e Federal (nº 10216\2001) A região possui um Fórum Regional de Saúde Mental, desde o ano 2000. A demanda a dos pequenos municípios era sempre a falta de financiamento para ações de Saúde Mental

A Política Estadual de Atenção Integral em Saúde Mental e de Atenção Básica- SES-RS aprovou Resolução CIB-RS Nº 404/2011, com financiamento para implantação nos municípios de atividades educativas: Oficina Terapêutica do tipo I -para as comunidades que tenham um CAPS ou um ambulatório, com equipe de profissionais da Saúde Mental Oficina Terapêutica do tipo II para os municípios com população de até 20.000 habitantes

Foram habilitadas nas regiões de saúde 29 e 30: 28 oficinas terapêuticas na atenção básica 23 do tipo II 5 do tipo I Em 25 municípios Nestas oficinas são atendidos em torno de 750 usuários semanalmente, o que representa um grande número de pessoas sendo acompanhadas sistematicamente com olhar da Atenção Básica e da Saúde Mental

2013- Encontros Regionais de Oficinas Terapêuticas, anuais, itinerantes, em cidades que possuem estes dispositivos. A proposta é de reunir o conjunto de trabalhadores que realizam o cuidado em Saúde Mental na Atenção Básica, sendo um momento de Educação Permanente 2015 encontros, a cada dois meses, com os trabalhadores de saúde/oficineiros que atuam nas OT, com o objetivo de troca de saberes e do aprofundamento do conhecimento sobre o seu fazer profissional.

Monitoramento, avaliação e acompanhamento das ações: Reuniões sistemáticas com estas equipes Supervisões no território, com visitas de apoio e acompanhamento as Oficinas Terapêuticas Em visitas e diálogo com os usuários ouvimos os relatos de vida, o cotidiano das pessoas e o quanto este espaço de escuta e cuidado modificou suas vidas, reduziu internações e criou laços de afeto.

É na troca de suas vivências que os trabalhadores se sentem mais fortalecidos, diminuem suas dúvidas e ansiedades e apresentam novas ideias que compartilhadas podem ser potentes no fazer do outro.

No Encontro Regional de Oficinas Terapêuticas e nos Encontros do Fórum Regional de Saúde Mental estas ações são debatidas e ocorrem trocas de experiências Nos espaços de encontros de formação com os trabalhadores o objetivo é sempre instrumentalizá-los e fortalecê-los para que o conhecimento compartilhado e as experiências exitosas em suas práticas se reflitam no cuidado do profissional das equipes

Os resultados se confirmam com a manutenção das ações, sendo que alguns municípios ampliaram o número de Oficinas Terapêuticas, com financiamento próprio, envolvidas com as ações e com a grande demanda de usuários para acessarem este dispositivo. Implantar e fortalecer as Oficinas Terapêuticas vem sendo um desafio em especial para os trabalhadores da CRS da região envolvidos com este trabalho.

As oficinas terapêuticas tornaram-se: Espaços de criação, de ampliação de habilidades, de produção da autonomia dos usuários, de valorização do potencial criativo, de efetivação de projetos de vida e de trabalho Muitos usuários passam a ter a possibilidade de romper com o isolamento e se sentirem como parte integrante no mundo social. Um espaço de encontro de vida das pessoas, de convivência com as diferenças, de exercício de cidadania e de expressão de liberdade

Construímos os dispositivos das oficinas terapêuticas nas regiões de saúde operando na inclusão social, considerando a Reforma Psiquiátrica, sendo um espaço de grande potencial de cuidado e diversidade, mudando os processos de cuidado em saúde mental na atenção básica A potência destas ações passaram a fazer diferença junto aos usuários de saúde mental desde 2012 quando este trabalho foi iniciado

OBRIGADA! ariane-arenhart@saude.rs.gov.br