ANATOMIA DA RAIZ, FOLHA E CAULE DE RUTA GRAVEOLENS L. (RUTACEAE) ANATOMY OF THE ROOT, LEAF AND STALK IN RUTA GRAVEOLENS L. (RUTACEAE) Introdução Apresentação: Pôster Joyce dos Santos Saraiva 1 ; Carina Chagas Madeira de Souza 2 ; Jessica Rayssa Reis da Costa 3 ; Deivison Rodrigues da Silva 4 ; Manoel Euclides do Nascimento 5 DOI: https://doi.org/10.31692/2526-7701.iiicointerpdvagro.2018.00285 A arruda pertence à classe Dicotyledoneae, ordem Rutales e família Rutaceae. Esta família engloba aproximadamente 150 gêneros e 1600 espécies, distribuídas principalmente na América Tropical, no sul da África, Austrália (ALBARICI et al. 2010; JOLY, 2002) e no Brasil, onde são descritas quase 200 espécies (PIRANI, 2010). Ruta graveolens L. é originária dos países mediterrâneos, e espalhada hoje por todo o mundo, sendo conhecida em seus nomes vulgares como arruda, arruda doméstica, arruda dos jardins, arruda fedorenta, ruda, ruta de cheiro forte e erva das bruxas (RIBEIRO, 2010). Com seu ciclo de vida perene, possui fácil adaptação a qualquer tipo de solo preferencialmente a solos secos e pobres, bem drenados. Sua floração ocorre entre junho e setembro. Seu aroma é muito intenso e seu sabor é amargo. Esta espécie possui uma grande importância para a medicina popular, tradicionalmente é utilizada através de sua infusão, com ação germinativa, anti-inflamatória, analgésica, antiasmática entre outros usos medicinais (GONÇALVES, 2011). Em alguns países é utilizada para dar aroma aos alimentos, o óleo essencial da folha também é utilizado na perfumaria. Devido à sua grande utilização medicinal na região Amazônica, torna-se interessante a caracterização anatômica dessa espécie, contribuindo para o seu estudo. 1 Agronomia, Universidade Federal Rural da Amazônia, joyce.saraiva77@gmail.com 2 Agronomia, Universidade Federal Rural da Amazônia, carina.madeira@live.com 3 Agronomia, Universidade Federal Rural da Amazônia, rayssacostaaa@gmail.com 4 Mestrando em Agronomia, Universidade Federal Rural da Amazônia, deivisonrodrigues01@live.com 5 Biólogo, Doutor, Universidade Federal Rural da Amazônia, manoel.nascimento@ufra.edu.br
Fundamentação Teórica Os estudos envolvendo plantas medicinais assumem grande importância para a medicina popular. Sendo assim, indispensáveis a preparação de lâminas objetivando a caracterização anatômica das espécies, haja vista que as mesmas são amplamente utilizadas na região amazônica. Portanto, pesquisas voltadas a compreensão da organização das estruturas biológicas e suas principais funções nestas espécies, são fundamentais para contribuir com os estudos farmacológicos no ramo das medicações fitoterápicas, contribuindo para o acervo de plantas medicinais (ROCHA et al. 2015). Metodologia Foram utilizados caule, folha, raiz, de R. graveolens, obtidas através de compra na feira livre de Belém, Pará e as análises foram realizadas no Laboratório de Botânica da Universidade Federal Rural da Amazônia. Para obtenção das amostras, foram realizados cortes transversais e longitudinais, fixadas em FAA50 por 48 horas e posteriormente, foram retiradas e estocadas em álcool 70%. Para análise anatômica foi escolhida a região mediana do limbo foliar e do pecíolo. As secções transversais e longitudinais foram obtidas a mão livre com o auxílio de uma lâmina de barbear, posteriormente sendo coradas com safrablau e montadas em lâminas histológicas permanentes. Para evidenciar e auxiliar na identificação das estruturas, foram utilizados também: azul de astra, safranina e azul de toluidina. Por fim, as lâminas com o material coletado foram analisadas em microscopia de luz e suas ilustrações anatômicas foram obtidas por meio do capturador de imagens. Resultados e Discussões Suas folhas são anfiestomáticas com predominância de estômatos na face abaxial. Os estômatos são anomociticos, com cerca de 5 a 6 células ao redor. Já na face adaxial, a presença de estômatos é rara (Figura 1-3). Para Cavalcante (2003), R. graveolens apresenta estômatos do tipo anomocíticos confirmando os dados aqui obtidos. Entretanto, o autor cita folhas hipoestomáticas, o que difere da observação aqui realizada. Nas rutáceas é comum a presença de cavidades secretoras (ROCHA, 2015) contendo óleos aromáticos voláteis no parênquima em ambas as folhas. Em corte longitudinal da folha,
verifica-se a presença de estruturas secretoras com lúmen isodiamétrico, fato confirmado através do corte transversal da mesma (Figura 1). Tais estruturas apresentam epitélio secretor com conteúdo evidente. A R. graveolens apresenta folhas pinatissectas e possui parênquima paliçádico biestratificado. A epiderme é uni estratificada com paredes externas ligeiramente côncavas. A cutícula que reveste a parede externa das células epidérmicas possuiu ambas as faces delgadas (Figura 4-5). Figura1-5. Aspectos anatômicos de Ruta graveolens em secções transversais. 1- Cavidade secretora(cs), Célula anfiestomáticas (Ce) e Estômatos anomocíticos (Ea). 2 e 3- Estômatos anomocíticos (Ea). 4- Epiderme (Ep), Parênquima paliçádico (Pp) e parênquima esponjoso (Pe). 5- Parênquima paliçádico (Pp) e parênquima esponjoso (Pe). Barra: 40μm. No caule observou-se a presença de idioblastos cristalíferos, uma camada fina de feleno (súber), parênquima medular, feixes vasculares, córtex, cavidades secretoras, epiderme e cutícula (Figura 6). No caule secundário, encontrou-se medula, xilema secundário (metaxilema), raios parenquimáticos, floema secundário, córtex e parênquima cortical (Figura 8). A raiz da espécie R.graveolens é do tipo adventícia e diarca, ou seja, apresenta dois pólos de protoxilema. O desenvolvimento estrutural da raiz segue o padrão normal descrito para as
Dicotyledoneae, onde, durante o crescimento secundário, um câmbio vascular circular se desenvolve e origina xilema e floema secundários, e, um felogênio, ou câmbio da casca, é formado no periciclo e produz a periderme (Figura 9). Figura 6-9. Aspecto geral da lâmina foliar. 6- Parênquima medular (Pm), Feixe vascular (Fv), Epiderme (Ep), Cavidade secretora (Cs), Cutícula. e Córtex 7- Dioblastos cristalíferos. 8- Medula, Metaxilema (Mx), Xilema secundário (Xs), Raio parenquimático (Rp), Parênquima cortical (Pc), Floema secundário (Fs) e Córtex. 9- Medula, Xilema (Xl), Floema (Fl), Células parenquimáticas (P), Eendoderme (En), Prócâmbio (Pc), Exoderme (Ex), Epiderme (Ed). Conclusões O estudo anatômico da R. graveolens é um campo vasto e complexo, ainda não tão explorado, devido a isto, a disponibilidade de estudos científicos sobre o tema ainda é raro. No entanto, o estudo anatômico feito no presente trabalho, possibilitou a visualização e identificação de vários caracteres anatômicos da espécie, podendo identificar estruturas como: cavidades secretoras, feixe vascular, parênquima, estômatos, xilema, mesofilo, feixes vasculares, entre outras estruturas descritas. No entanto é importante salientar, a presença da cavidade secretora característico da família. Referências
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