Evolução na qualidade da água no Rio Paraíba do Sul



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Transcrição:

Evolução na qualidade da água no Rio Paraíba do Sul Beatriz Durazzo Ruiz CETESB bruiz@sp.gov.br Fábio Netto Moreno CETESB eqai_cetesb@sp.gov.br Nelson Menegon Jr CESTESB eqa_cetesb@sp.gov.br Resumo O monitoramento da qualidade das águas do Rio Paraiba do Sul, inserido no programa de monitoramento dos rios paulistas da CETESB, realizado sistematicamente em pontos desde a captação de Santa Branca até a cidade de Queluz, aponta a evolução da qualidade das águas ao longo dos anos. O IQA Índice de Qualidade das Águas, que engloba as principais variáveis de significado sanitário, como Escherichia coli, DBO e Oxigênio Dissolvido, é utilizado para avaliar as tendências de melhora ou piora da qualidade. Outro indicador utilizado pela CETESB, o ICTEM Índice de Coleta e Tratabilidade de Esgoto por município, pondera a situação de atual dos municípios em termos de coleta, tratamento e eficiência de remoção das ETEs. O cruzamento das informações de qualidade de água com os investimentos em saneamento na bacia do Rio Paraíba confirmam a melhora da qualidade da água vinculada ao aumento de coleta e tratamento de esgoto. Palavras-Chave: Qualidade da água. IQA. ICTEM. Introdução A rede básica de amostragem da CETESB tem o objetivo de fornecer uma visão geral do nível de qualidade das águas dos rios e reservatórios do Estado de São Paulo e através do acompanhamento permanente dessa qualidade nos pontos selecionados, observar a evolução ao longo dos anos. A rede básica teve início em 1974, com 47 pontos de amostragem, sendo 4 localizados no Rio Paraíba do Sul. Os resultados do monitoramento são publicados anualmente no Relatório de Qualidade das Águas Superficais do Estado de São Paulo desde 1978. Em 2012, foram monitorados 369 pontos, sendo 23 localizados na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) 2 Paraíba do Sul. Destes, 11 estão localizados ao longo do Rio Paraíba do Sul, descritos na Tabela 1.

Ponto Município Localização Captação de Santa Branca, no bairro PARB02050 Angola de Cima. Santa Branca Ponte na rodovia SP-77, no trecho que PARB02100 liga Jacareí a Santa Branca. PARB02200 Jacareí Junto à captação do município de Jacareí PARB02300 Ponte de acesso ao loteamento São José dos Urbanova, em São José dos Campos. PARB02310 Campos Na captação de São José dos Campos. PARB02400 Caçapava Ponte na rua do Porto, no trecho que liga Caçapava ao bairro Menino Jesus. PARB02490 Tremembé Na captação da SABESP em Taubaté que abastece Tremembé PARB02530 Na captação da SABESP de Pindamonhangaba Pindamonhangaba PARB02600 Aparecida Na captação de Aparecida PARB02700 Lorena Ponte na rodovia BR-459, no trecho que liga Lorena a Piquete. PARB02900 Queluz Ponte na cidade de Queluz. Tabela 1 Localização dos pontos de amostragem no Rio Paraíba do Sul Fonte: CETESB, 2013 Diversas são as fontes de poluição das águas, das quais se destacam: efluentes domésticos e industriais e a carga difusa urbana e agrícola. As fontes estão associadas ao uso e ocupação do solo e possuem características próprias quanto aos poluentes que carream. A rede básica possui frequência bimestral de coleta. São determinadas variáveis físicas, químicas, microbiológicas, ecotoxicológicas e hidrobiológicas. Os esgotos domésticos são ricos em matéria orgânica biodegradável, nutrientes e bactérias. Coliformes Termotolerantes/Escherichia coli é um dos principais indicadores de lançamentos de esgotos sem tratamento nos corpos hídricos. A quantidade de matéria orgânica é estimada pela variável DBO. O oxigênio dissolvido é consumido para degradação da matéria orgânica, podendo chegar a zero. Os nutrientes, nitrogênio e fósforo, em excesso, causam eutrofização dos corpos hídricos, ocasionando problemas de floração de algas e macrófitas aquáticas. Com o intuito de facilitar a interpretação das informações de qualidade de água de forma abrangente e útil, para especialistas ou não, é fundamental a utilização de

índices de qualidade. Desta forma, a CETESB, a partir de um estudo realizado em 1970 pela "National Sanitation Foundation" dos Estados Unidos, adaptou e desenvolveu o Índice de Qualidade das Águas IQA. Este índice vem sendo utilizado para avaliar a qualidade das águas do Estado. Outros índices para fins específicos foram desenvolvidos, mas o IQA continua sendo adotado em todos os pontos de monitoramento, pois representa a qualidade de forma geral, englobando variáveis sanitárias que indicam a presença de esgotos domésticos nos corpos hídricos. O aumento da porcentagem da população atendida pelos serviços de coleta e tratamento de esgotos é fundamental para a melhoria da qualidade das águas. Em 2008, a Diretoria de Controle e Licenciamento Ambiental desenvolveu o Índice de Coleta e Tratabilidade de Esgotos da População Urbana de Municípios (ICTEM) para avaliar a situação sanitária dos municípios paulistas. Este índice é composto pela porcentagem de coleta e tratamento de esgoto e pela eficiência de remoção da carga de DBO nas estações de tratamento. Este trabalho objetiva relacionar o aumento do tratamento de esgotos na bacia do Rio Paraíba do Sul, aferida pelos resultados do ICTEM com a melhoria na qualidade das águas do Rio Paraíba do Sul, observadas pela evolução do IQA. Ressalta-se que a disponibilidade hídrica na região do Vale do Paraíba tem influência na qualidade da água tanto em função da intensidade de chuvas que carream materiais oriundos da drenagem da água da bacia quanto das regras operacionais dos reservatórios de cabeceira, que garantindo a vazão mínima do rio, evitam a perda da qualidade da água, bem como liberam maior volume de água de boa qualidade. 1. Método 1.1 Índice de Qualidade da Água - IQA A qualidade da água é verificada por meio do IQA, que é determinado em função de um processo multiplicativo entre nove variáveis: Oxigênio Dissolvido DBO ph Temperatura

Coliformes Termotolerantes/ Escherichia coli Nitrogênio Total Fósforo Total Sólidos Totais Turbidez Para cada variável, desenvolveu-se uma curva de qualidade e um peso relativo. As curvas adotadas pela CETESB são mostradas na figura1 Figura 1 Curvas de qualidade das variáveis que compõem o IQA Fonte: CETESB, 2013 O IQA é calculado pela seguinte equação:

Onde: IQA: Índice de Qualidade das Águas, um número entre 0 e 100; qi: qualidade da i-ésimo variável, obtida da respectiva curva média de variação de qualidade wi: peso correspondente ao i-ésima variável, um número entre 0 e 1, atribuído em função da sua importância para a conformação global de qualidade n: número de variáveis que entram no cálculo do IQA. A qualidade das águas brutas é classificada conforme figura 2 Figura 2 Categorias do IQA - Fonte: CETESB, 2013 1.2 Índice de Coleta e Tratabilidade de Esgotos da População Urbana de Municípios (ICTEM) A situação sanitária dos municípios é avaliada ICTEM, que destaca o desempenho dos sistemas de tratamento de esgoto dos municípios. O indicador foi formado por cinco elementos: a ) Coleta; b) Existência e eficiência do sistema de tratamento do esgoto coletado; c) A efetiva remoção da carga orgânica em relação à carga potencial; d) A destinação adequada de lodos e resíduos gerados no tratamento; e) O não desenquadramento da classe do corpo receptor pelo efluente tratado e lançamento direto e indireto de esgotos não tratados. O ICTEM é calculado pela seguinte fórmula: Sendo: ICTEM = 0,015C + 0,015T + 0,065E + D + Q

C = % da população urbana atendida por rede de coleta de esgotos; T = % da população urbana com esgoto tratado; E = Eficiência global de remoção de carga orgânica, que é: (0,01C * 0,01T * 0,01N)*100; N = % de remoção da carga orgânica pelas ETEs; D = zero se destinação de lodos e resíduos de tratamento for inadequada e 0,2 se for adequada; Q = zero se efluente desenquadrar a classe do corpo receptor ou existir lançamento direto ou indireto de esgotos não tratados. Será atribuído o valor de 0,3 se o efluente não desenquadrar a classe do corpo receptor. Os dados das percentagens de população atendida pelos serviços de coleta e tratamento de esgotos são fornecidos pelos municípios ou pelas concessionárias. As eficiências são calculadas pelos resultados de DBO no efluente bruto e tratado ou, na ausência desses dados, são adotadas eficiências esperadas em função do tipo de tratamento. Considera-se para o cálculo da carga orgânica potencial o consumo de 54 g de DBO por dia e por habitante da zona urbana. Através desta carga e dos índices de coleta, tratamento e eficiência de remoção é obtida a carga remanescente, ou seja, a que será lançada nos corpos receptores. 2. Análise dos Resultados A qualidade da água no Rio Paraíba do Sul é avaliada desde o início da rede básica da CETESB e os resultados do IQA anual no período de 2003 a 2012 são apresentados na Tabela 2 Nos últimos dez anos, o IQA apresentou qualidade entre boa e regular, sendo possível identificar uma melhor qualidade nos pontos iniciais, de Santa Branca a Jacareí, havendo um decréscimo na qualidade nos pontos a jusante, principalmente pela carência de tratamento de esgoto. A recuperação é observada após Caçapava, porém interrompida no município de Aparecida, recuperando a qualidade até a cidade de Queluz.

Código Município Média Anual do IQA 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 PARB02050 72 72 69 72 75 78 76 72 69 Santa Branca PARB02100 74 73 72 73 73 76 77 75 72 72 PARB02200 Jacareí 65 62 69 66 67 68 69 66 67 66 PARB02300 São José dos 53 44 51 57 55 55 60 61 55 59 PARB02310 Campos 52 53 57 58 59 60 61 65 59 59 PARB02400 Caçapava 48 46 52 54 53 51 52 52 54 54 PARB02490 Tremembé 55 58 60 58 57 57 56 63 59 58 PARB02530 Pindamonhangaba 55 57 54 53 53 58 61 57 59 PARB02600 Aparecida 48 44 46 54 49 48 49 57 50 51 PARB02700 Lorena 51 51 54 55 59 53 51 60 54 56 PARB02900 Queluz 59 58 64 61 66 59 60 59 60 63 Tabela 2 Média Anual do IQA no Rio Paraíba do Sul no período de 2003 a 2012 A fim de quantificar o impacto do lançamento dos esgotos domésticos nos corpos hídricos do Estado de São Paulo, é apresentada na Figura 3 a evolução da carga anual remanescente de DBO. tdbo.dia -1 80 70 60 50 40 30 20 10 0 UGRHI 2 - Carga Remanescente 64 63 72 69 69 58 58 59 57 50 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Figura 3 Carga anual remanescente de DBO na UGRHI 2 Paraíba do Sul no período de 2003 a 2012 Fonte: CETESB, 2003 a 2012. Observam-se as maiores cargas remanescente no período de 2006 a 2008 seguida das menores cargas a partir de 2009.

Município ICTEM 2008 2009 2010 2011 2012 Aparecida 1,20 1,19 1,19 1,19 1,19 Arapeí 0,90 0,87 0,87 0,87 5,39 Areias 1,40 1,35 1,35 1,35 1,35 Bananal 9,50 9,46 9,46 9,46 9,46 Caçapava 8,20 8,36 8,38 8,35 9,91 Cachoeira Paulista 2,10 2,08 2,08 2,08 2,09 Canas 6,90 9,55 9,55 9,55 9,55 Cruzeiro 1,50 1,47 1,47 1,47 1,47 Cunha 2,00 1,96 1,96 1,96 1,96 Guararema 0,60 3,56 3,56 3,56 4,36 Guaratinguetá 2,80 2,75 2,75 2,75 2,75 Igaratá 4,00 4,09 4,17 6,15 5,78 Jacareí 3,30 3,16 3,16 2,80 3,05 Jambeiro 8,40 7,28 7,28 8,38 9,99 Lagoinha 9,90 10,00 10,00 10,00 10,00 Lavrinhas 0,80 0,78 0,78 0,78 0,89 Lorena 7,30 7,32 7,32 7,32 7,33 Monteiro Lobato 7,40 5,27 5,27 7,77 5,78 Natividade da Serra 7,80 7,78 7,78 7,78 5,19 Paraibuna 1,80 1,28 1,28 1,28 1,47 Pindamonhangaba 9,90 9,90 9,90 9,90 9,93 Piquete 1,10 1,14 1,14 1,14 1,14 Potim 2,30 2,28 2,28 2,11 2,11 Queluz 1,00 1,01 1,01 1,01 1,04 Redenção da Serra 6,50 6,64 6,64 6,88 6,88 Roseira 6,60 7,15 7,15 7,15 7,47 Santa Branca 2,00 1,72 1,72 1,51 1,67 Santa Isabel 1,20 1,17 1,17 1,17 1,17 São José do Barreiro 4,80 4,80 4,80 4,30 4,30 São José dos Campos 5,10 4,79 4,79 5,24 5,64 São Luís do Paraitinga 7,40 8,45 8,45 8,45 8,45 Silveiras 8,00 8,00 8,00 8,00 8,13 Taubaté 1,40 9,38 9,38 7,99 7,99 Tremembé 1,10 7,09 7,09 7,09 7,67 Tabela 3 Evolução do ICTEM dos municípios da UGRHI 02 no período de 2008 a 2012

O ICTEM foi elaborado em 2008 e, a partir da evolução deste índice, conforme Tabela 3, é possível identificar os municípios que contribuíram para a redução da carga remanescente através da melhoria no sistema de tratamento. Destacam-se os municípios de Guararema, Taubaté e Tremembé. Porém, ainda é preciso melhorias nos sistemas de tratamento de alguns municípios, como em Aparecida, que ainda não apresenta tratamento de esgoto. A melhora observada no ponto PARB 02300, em São José dos Campos é atribuída à melhora nos sistemas de tratamento de Guararema, Jacareí e do próprio município de São José dos Campos (CETESB, 2010) 3. Conclusão O IQA é um índice de qualidade da água que engloba variáveis que representam o lançamento de esgotos domésticos nos corpos hídricos. O Rio Paraíba apresenta qualidade regular e boa. O ICTEM, que avalia o sistema de tratamento dos municípios, demonstra uma melhora no sistema de tratamento da bacia do Rio Paraíba do Sul, mas ainda deficiente em alguns municípios. A melhora da qualidade no ponto PARB 02300, localizado em São José dos Campos, é atribuída à melhora nos sistemas de tratamento dos municípios a montante, como Guararema e do próprio São José dos Campos. A redução da carga remanescente é fundamental para melhoria da qualidade do Rio Paraíba da Sul. Ressalta-se que outros fatores também interferem na qualidade de suas águas, como regra operacional dos reservatórios de cabeceira e intensidade de chuvas. 4. Agradecimentos À toda equipe da CETESB envolvida no programa de monitoramento da qualidade dos rios e reservatórios do Estado de São Paulo, em especial aos membros do Setor de Águas Interiores e à equipe da Diretoria de Controle e

Licenciamento Ambiental que fornecem os dados de saneamento dos municípios paulistas. 5. Referências CETESB. Relatório de qualidade das águas interiores no estado de São Paulo 2012. São Paulo, 2013. (Série Relatórios). CETESB. Relatório de qualidade das águas interiores no estado de São Paulo 2009. São Paulo, 2010. (Série Relatórios).