Boletim Informativo da Asflora 28 e 29 de agosto de 2013



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Transcrição:

Boletim Informativo da Asflora 28 e 29 de agosto de 2013 4º Seminário sobre Sistemas Agroflorestais de Tomé-Açu A Asflora (Instituto Amigos da Floresta Amazônica), que participa do projeto comunitário Plano de Divulgação e Certificação Agroflorestal do Tipo de Transição, realizado em parceria entre a JICA e a Universidade de Agricultura e Tecnologia de Tóquio, e de projetos subsidiados pelo Fundo Verde / EFF (Eco Future Fund), vem cooperando nas atividades de divulgação de Sistemas Agroflorestais no assentamento Expedito Ribeiro (a 55 km de Belém) no município de Santa Bárbara, no município de Igarapé-Açu (a 220 km de Belém) e em Abaitetuba (a 290km de Belém). Para disseminar sistemas agroflorestais para micro e pequenos agricultores familiares, há 4 anos a Associação Cultural de Tomé-Açu vem desempenhando o papel de secretaria executiva, reunindo os agricultores da área do projeto de divulgação e realizando seminários sobre sistemas agroflorestais. Há 3 anos a Asflora vem participando dessas atividades. Temos tido uma boa receptividade para aumentar a motivação dos agricultores da área do projeto. Este ano, também, o 4º Seminário ficou de ser realizado em dois dias, nos dias 28 e 29 de agosto, quando tivemos a oportunidade de participar com uma comitiva formada por 21 agricultores de comunidades que têm relação conosco, entidades relacionadas e 7 membros da Asflora / Universidade de Agricultura e Tecnologia de Tóquio. As pessoas que partiram de Santa Bárbara e Igarapé-Açu em uma van ao amanhecer, no dia 28 de agosto, chegaram às 08:30 horas à ACTA (Associação Cultural de Tomé-Açu), que fica na zona de cruzamento de Tomé-Açu. Eu (Sato) e os colegas da Asflora, num total de 4 pessoas, viemos de caminhonete. O número de participantes deste ano, constituído principalmente por cerca de 160 agricultores de diversas comunidades, totalizou 230 pessoas. Abaixo, apresento esse seminário por meio de fotos.

Foto Superior) Primeiro dia, dia 28, seminário no auditório da ACTA (Associação Cultural de Tomé-Açu), houve muitos comentários também pelos participantes. Este auditório antigamente já foi o cinema da colônia. Há 43 anos, embora o prédio seja um pouco diferente, no mesmo local assistiam-se a filmes japoneses sentados em longos bancos de madeira. O projetor usado na época está decorado no Museu. Foto) Apresentação pelo representante dos agricultores da área do. A foto da direita é da apresentação de slides do campo demonstrativo de Igarapé-Açu. Na manhã do dia 28, paralelamente ao Seminário, houve uma reunião para preparar a certificação de origem de cacau agroflorestal em Tomé-Açu. Estiveram presentes os representantes da Associação Cultural de Tomé-Açu, Cooperativa Agrícola, Empresa Cacaueira (CEPLAC), Prefeitura de Tomé-Açu, equipe do projeto da Universidade de Agricultura e Tecnologia de Tóquio, além do cônsul-geral do Japão em Belém, Sr. Numata. No segundo dia, dia 29, os participantes foram divididos em 3 grupos e houve excursões a sistemas agroflorestais. Eu peguei o ônibus do grupo de excursão à Fazenda Sakaguchi e à comunidade de Marupaúba.

Foto Superior) Dentro da Fazenda Sakaguchi, a castanheira do Brasil (árvore da castanha do Pará) mais antiga de Tomé-Açu, com mais de 80 anos. A Sociedade Colonizadora da América do Sul, que criou a colônia de Tomé-Açu, em seu estágio inicial fez daqui um local de pesquisa, quando foram plantadas diversas árvores como esta castanheira, mangueiras, puxuri e taperebá. Foto da Esquerda) Dentro da Fazenda Sakaguchi, a Estação Experimental Hideaki de Agricultura Natural (1 hectare), instalada em março de 2009. Mesmo o adubo, é produzido com materiais desta área. Dizem que é uma área experimental que o Grupo Hideaki de Agricultura Natural (com sede na província de Shiga), originado de Mokichi Okada, solicitou ao Sr. Wataru Sakaguchi, da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu. Embora pareça uma floresta, produz cupuaçu, cacau, açaí, café e outros. Entre os visitantes havia pessoas que, tendo problemas na própria saúde, praticavam a agricultura orgânica livre de agrotóxicos, de modo que vinham perguntas de todos os lados. A foto da direita é um cedro (família das meliáceas) bastante desenvolvido. É uma madeira de alta qualidade para móveis, resistente aos cupins, leve e de fácil processamento. Na época que trabalhei numa empresa madeireira, a fina madeira compensada feita com este material exalava uma fragrância refrescante e era a preferida para fabricar caixa de charutos de Havana de alta qualidade. Alguns participantes, tendo obtido a permissão do Sr. Sakaguchi, extraíram uma grande quantidade de mudas que estavam embaixo do cedro e levaram para casa. Na Fazenda Sakaguchi, graças ao seu antecessor, o já falecido Sr. Noboru Sakaguchi, que reuniu muitas culturas e árvores úteis inclusive do exterior, é possível ver muitas espécies de árvores, a

ponto de ser chamada de Jardim Botânico de Tomé-Açu. Dizem que, só de árvores para a exploração de madeira, foram plantadas 80 espécies. Depois de vermos a Fazenda Sakaguchi por 2 horas, seguimos de ônibus por 40 minutos aos solavancos por uma estrada secundária e visitamos uma comunidade que mora às margens do Rio Acará-Miri, no distrito de Tomé-Açu. É a comunidade Marupaúba, onde fica o local do projeto por meio do qual a organização sem fins lucrativos Grupo de Pesquisa da Vida Selvagem, da província de Hyogo, tendo obtido subsídios do Fundo Verde, vem há 3 anos prestando assistência à pequena e micro agricultura familiar e à Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (CAMTA). A foto abaixo é do viveiro comunitário de mudas da comunidade. Foto Superior) Campo demonstrativo (cerca de 1 hectare) dessa área, plantado há 2 anos e meio. O engenheiro Heraldo, da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (ao centro, na foto), tem dado seguimento às orientações. Este projeto ficou de receber assistência de forma contínua pela empresa HIDRO (empresa de mineração), a qual tem dado continuidade ao envio de orientadores e disponibilização de fertilizantes aos agricultores.

Foto Superior) Lavoura de uma pessoa da comunidade (a senhora à direita), plantada há 1 ano e meio (0,36 hectare). Nesta comunidade 22 famílias obtiveram orientação e se engajam no sistema agroflorestal. Com o aumento da renda, puderam comprar roçadeiras costais e búfalos, disseram, felizes. Foto Superior) O centro da comunidade de Marupaúba fica às margens do rio Acará-Miri. De barco, são 2 horas até a cidade de Acará e, se for até a cidade de Tomé-Açu, dizem que levam 4 horas. Na véspera houve um pequeno tornado e como caíram árvores na estrada e na fiação elétrica, haviam sido enviadas pela prefeitura máquinas para os trabalhos de recuperação. Vimos casas também que tiveram quebrados seus telhados e antenas parabólicas. Embora faltasse energia elétrica e estivessem ocupadas na recuperação, as senhoras da comunidade nos prepararam um caloroso almoço na creche para nós, visitantes. Dizem que esta comunidade foi criada antigamente por escravos fugidos (quilombola). Takushi Sato Representante da Asflora (Instituto Amigos da Floresta Amazônica) Professor Visitante da Universidade de Agricultura e Tecnologia de Tóquio Coordenador Local do Projeto Comunitário da JICA FIM