Adsorção de Rodamina B em Argilas Montmorillonitas Paraibanas beneficiadas por moagem e peneiramento.

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Transcrição:

Adsorção de Rodamina B em Argilas Montmorillonitas Paraibanas beneficiadas por moagem e peneiramento. P. R. D. S. de Freitas 1*, M. P. Palmieri 1, A. Parodia 2, S.B.C. Pergher 2. 1-DIAREN Instituto Federal do Rio Grande do Norte IFRN. Av. Senador Salgado Filho, 1559 CEP: 59015-000 Natal- RN Brasil Email: paloma.russely@hotmail.com 2- LABPEMOL Instituto de Quimica Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN. Av. Senador Salgado Filho, 3000 CEP 59078-970 Natal RN Brasil Email: sibelepergher@gmail.com RESUMO: Argilas Bentonitas, essencialmente montmorillonitas, são materiais de grande interesse devido sua aplicação em vários setores e em especial para processos adsortivos. Uma argila muito empregada é a Bofe, entretanto sua jazida está se esgotando. Em vista disso, vários estudos de novas argilas vêm sendo realizados para ver a viabilidade de substituição da Bofe. Neste sentido, este trabalho visa caracterizar, beneficiar e avaliar as capacidades adsortivas de novas argilas montmorillonitas (FCN e CN Clara), provenientes de uma jazida ao norte da Paraíba. As argilas foram beneficiadas por processos de diminuição granulométrica (moinho de bolas e peneiramento) e caracterizadas por análises de composição química (FRX), fases cristalográficas (DRX) e testes de adsorção de rodamina B (empregando UV-Vis). Os resultados apontaram que as argilas apresentam boas propriedades adsortivas podendo ser empregadas industrialmente e que o processo de beneficiamento por moagem é eficiente para a separação de quartzo dos argilominerais. PALAVRAS-CHAVE: argila, montmorillonita, adsorção, Rodamina B, beneficiamento. ABSTRACT: Bentonites Clays, mainly montmorillonites, are materials of great interest due to their application in several sectors and especially for adsorptive processes. A very employed clay is Bofe, although its deposit is running out. In view of this, several studies of new clays have been carried out to see the feasibility of replacing Bofe. In this sense, this work aims to characterize, to benefit and to evaluate the adsorptive capacities of new montmorillonite clays (FCN and CN Clara) from a deposit in the north of Paraíba. The clays were characterized by chemical composition analysis (FRX), crystallographic phases (XRD) and adsorption tests of rhodamine B (using UV-Vis) by granulometric reduction processes (ball mill and sieving). The results indicated that the clays have good adsorptive properties and can be used industrially and that the milling process is efficient for the separation of quartz from the clay minerals. KEYWORDS: clay, montmorillonite, adsorption, Rhodamine B, Benefit 1. INTRODUÇÃO. As argilas são materiais naturais que apresentam algumas propriedades muito interessantes que possibilitam diversas aplicações industriais. Entre elas, estão as argilas Bentonitas, pertencentes a família das esmectitas, as quais apresentam em sua composição o argilomineral montmorillonita. Esse material pode ser aplicado como matéria-prima em massa cerâmica,

catalisadores, processos de adsorção, purificação da água, em novos setores industriais como na nanotecnologia, entre outros. No Brasil, existe uma ampla diversidade de jazidas de argilas com potencial de aplicação industrial, a Paraíba foi o estado que apresentou as primeiras reservas das argilas bentonitas, encontradas em 1961, no município de Boa Vista. (CUTRIM et al 2015) Dentro da classificação das argilas, pode-se denomina-las através do local de origem da mesma. No Brasil, uma das argilas mais utilizadas é a BOFE (bentonítica), também encontrada na Paraíba e muito utilizada na indústria brasileira. Porém, a disponibilidade dessa argila está em declínio, ou seja, suas reservas estão esgotando. Por isso, muitos estudos vêm sendo realizados com as argilas Bentonitas de novas jazidas com a finalidade de substituir a argila BOFE. As argilas estudadas nesse trabalho (denominadas CN-clara e FCN), foram retiradas de uma jazida ao norte da Paraíba. Elas foram submetidas a um processo de beneficiamento através de moagem e peneiramento. Durante cada etapa do processo, as argilas foram submetidas a uma análise de DRX e FRX, para observar as diferenças geradas em sua estrutura cristalina e composição química, respectivamente. Os materiais obtidos foram utilizados para adsorção do corante catiônico Rodamina B, para assim avaliar o processo de beneficiamento empregado. 2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL As argilas empregadas neste trabalho foram fornecidas pelo CETEM, no Rio de Janeiro, e provém do estado da Paraíba. 2.1. Beneficiamento As argilas foram moídas e depois separadas por uma série de peneiras com os seguintes mesh: #80, #100, #325, #635. A Figura 1 representa este processo. As amostras foram denominadas da seguinte forma: N X #n Onde: N =Nome da argila (FCN ou CNClara), X = Passante (fração que passou na peneira) ou Retido (fração que ficou retida na peneira), #n (número do mesh da peneira). Exemplo: FCN Passante#100 equivale a fração de argila FCN que passou pela peneira de 100 mesh. Passante #80 Passante #100 Passante #325 Argila Peneira de #80 Peneira de #100 Peneira de #325 Peneira de #635 Passante #625 Retido #80 Retido #100 Retido #325 Retido #635 Figura 1. Procedimento de Peneiramento das Argilas. 2.2. Caracterização. Os materiais foram caracterizados por Fluorescência de Raios X (FRX) e Difração de Raios X (DRX) para avaliar a composição química e fases cristalinas presentes nos materiais. 2.2.1 Fluorescência de raios X As análises de fluorescência de Raios X (FRX) foram realizadas num aparelho da Bruker, S2 Ranger, com radiação de Pd, ânodo de Ag e detector Xflash Silicon Drift. A potência mácima é de 50 W, a voltagem máxima de 50 kv e a intensidade máxima de de 2mA. 2.2.2 Difração de raios X Os difratogramas de raios X foram obtidos através do difratômetro Bruker D2 Phaser, empregando uma radiação Kα de cobre (λ=1,54 Å) com um filtro de Ni, com intervalo 2θ de 2 e 70º com passo de 0,02º, utilizando uma corrente de 10 ma, a uma voltagem de 30kV, utilizando um detector Lynxeye.

2.3. Teste de adsorção Os testes de adsorção foram realizados empregando 100 ml de uma solução de 50 ppm de rodamina B com 500 mg de cada fração de argila. Os mesmos foram conduzidos numa mesa orbital Solab modelo SL 180/DT, em tempos de 10 a 60 min. Após este tempo, o sobrenadante foi analisado em um espectroscópio de UV-Vis Hach modelo DR 5000, para avaliar a concentração de Rodamina B e consequentemente a adsorção pela fração de argila. Uma curva de calibração foi realizada para relacionar a absorbância do UV-Vis com a concentração das soluções de Rodamina B. Para tal, foram preparadas diferentes soluções de Rodaminda B com diferentes concentrações conhecidas e analisadas pelo UV-Vis no comprimento de onda 555nm. (b) (c) 3. RESULTADOS A Figura 2 apresenta os difratogramas de raios X para algumas amostras selecionadas das frações obtidas das argilas FCN e CN Clara. Observa-se na Figura 2 que através do peneiramento é possível separar uma parte do quartzo do argilomineral. O quarzto aparece como uma reflexão intensa em 2θ igual a 25 o e 27 o. Principalmente na CN Clara (Figura 2) conseguese separar o quartzo; constata-se que a fração passante #635 praticamente não possui quartzo. Além, é possível observar que na fração retida #325 da amostra FCN, há uma quantia maior de quartzo em relação as outras frações. Portanto, é possível, através da moagem e peneiramento, reduzir os teores de quartzo de frações de argilas. Vê-se também, em todas as frações a presença do argilomineral caulinita, presente nos difratogramas na posição 2θ entre 10 e 15. A Tabela 1 apresenta os resultados da análise química obtidos através da fluorescência de raios X para a amostra CN Clara. Figura 2. Difratograma de raios X das diferentes frações para amostras CN Clara e FCN. Tabela 1. Resultados da análise química para a amostra CN Clara (P = Passante ; R = Retido) CN-CLARA Na 2 O MgO Al 2 O 3 SiO 2 K 2 O CaO TiO 2 Fe 2 O 3 R#80 1,4 3,5 19,45 64,55 0,50 1,73 1,07 7,02 P#80 0,7 3,5 20,73 61,34 0,51 1,77 1,29 9,55 R#100 1,0 3,7 20,84 61,15 0,41 1,37 1,24 9.81 P#100 1,1 3,7 20,87 61,20 0,52 1,73 1,25 9,15 R#325 0,5 2,8 16,71 67,75 0,65 1,83 1,17 7,82 P#325 0,9 3,6 20,77 60,22 0,56 1,89 1,38 10,15 P#635 1,2 3,8 21,22 58,33 0,46 1,59 1,45 11,46 Observa-se na Tabela 1 que os resultados obtidos através da análise química por FRX também confirma os resultados apresentados na Figura 2, as frações retidas possuem maior teor de SiO 2 do que as passantes, comprovando que se está retendo preferencialmente quartzo. Isso se observa

principalmente na amostra retido #325 da CN Clara. A Tabela 2 apresenta os resultados da análise química obtidos através da fluorescência de raios X para a amostra FCN. Tabela 2. Resultados da análise química para a amostra FCN FCN Na 2 O MgO Al 2 O 3 SiO 2 K 2 O CaO TiO 2 Fe 2 O 3 R#80 0,3 3,0 24,30 59,31 0,87 0,72 1,49 8,71 P#80 1,3 3,4 24,87 57,30 1,11 0,74 1,65 8,42 R#100 1,3 3,5 25,30 55,82 0,97 0,85 1,67 9,41 P#100 1,2 3,2 24,37 57,09 1,27 0,83 1,79 9,02 R#325 0,9 3,2 24,02 59,28 1,38 0,70 1,58 8,12 P#635-3,1 25,23 56,81 1,10 1,0 1,91 9,74 Para estas soluções foi medida a Absorbância no UV-Vis e o valor obtido foi plotado (Figura 3). Observa-se que a resposta é linear e os dados seguem a equação da reta y = 0,0221x 0,0859 onde y é a absorbância observada no equipamento de UV-Vis e x é a concentração de Rodamina B em ppm na solução. Assim, uma solução de concentração desconhecida de rodamina B poderá ser medida usando o UV- Vis e calibrada através desta equação. Para os testes de adsorção, foram utilizadas as frações passante #80, e #635 e a fração retida #325 para ambas as amostras. A Figura 4 apresenta os resultados obtidos. Também verifica-se que as amostras são aluminossilicatos, como se esperava por serem argilas, e que possuem um teor elevado de Ferro, que pode ser impureza ou pode fazer parte da estrutura da argila. Tratamentos para a retirada desse ferro são necessários. Nos difratogramas observa-se a presença de Cálcio, Magnésio, Sódio e Potássio que estão na forma de cátions de compensação de cargas na região interlamelar das argilas. Observa-se também a presença de Titânio que provavelmente deve estar na forma de algum mineral. 3.1 Testes de adsorção Foram preparadas soluções de Rodamina B em diferentes concentrações 10 a 50 ppm. Para a análise no UV-vis, foi retirado 1 ml de cada concentração e diluído em 10 ml de água destilada. A Figura 3 apresenta esta curva. 1,5 1 y = 0,0221x - 0,0859 R² = 0,9921 0,5 0 0 20 40 60 Figura 3. Curva de calibração para determinação da concentração final. Figura 4. Resultados de adsorção de Rodamina B, amostras CN Clara e FCN, tempos de 10, 20, 30, 60 min.

Observa-se que a as amostras Passante #635 para ambas argilas apresentam maior capacidade de adsorção, isto se deve por que estas frações possuem maior quantidade de argila (menos quartzo) concordando com os resultados de DRX e FRX. 4. CONCLUSÕES As argilas CNClara e FCN são argilas essencialmente montmorillonitas possuindo um teor elevado de ferro e quartzo. O quartzo pode ser parcialmente e até totalmente eliminado através de beneficiamento por moagem e peneiramento. Os materiais (diferentes frações obtidas pela separação granulométrica) apresentaram boas propriedades adsortivas, assim como a argila BOFE, podendo ser bons candidatos para tratamento de efluentes aquosos. Os que apresentaram uma maior capacidade de adsorção, foram as frações passante #635 das duas argilas, por possuírem maior toer de argilomineral e menor quantidade de quartzo. REFERÊNCIAS CUTRIM, A.A.; MARTÍN-CORTÉS,G. R.; VALENZUELA-DIAZ, F. R. Bentonitas da Paraíba. Ediotra interciencia. 216p. RJ 2015.