INTERAÇÃO HOMEM x ANIMAL ESTUDO PRELIMINAR Suelin Pesente GALON, su_elin@hotmail.com 1, Thomer DURMAN, thomerdurman@hotmail.com 1, Giovana Mayumi Wada COELHO, giovana.wada@gmail.com 1, Raphaéli Siqueira BAHLS, Raphabahls@hotmail.com 1, Luciano Augusto BENIN, Benin_luciano@hotmail.com 1, Felipe Lopes CAMPOS, campos.79@gmail.com 2 1 Discentes de Medicina Veterinária UNICENTRO, 2 Professor DEVET/ UNICENTRO Introdução: A relação entre o homem e os animais existe desde a domesticação dos mesmos para auxilio na caça, proteção e defesa do território. Desde então, o homem passou a interagir com esses animais de forma bastante intensa, ao passo que hoje os mesmos ocupam lugares diferentes do animal do passado, construindo um perfil de animal de companhia, que algumas vezes é considerado como uma pessoa da família. Porém esta grande aproximação de espécies exige do proprietário certos cuidados para que haja uma interação harmônica. Deve-se buscar o desenvolvimentos de medidas de bissegurança no que se refere aos cuidados com a sanidade do animal, do ambiente, evitando assim, a manifestação de doenças, que podem acometer os animais e algumas vezes o proprietário. Outro cuidado é o atendimento das necessidades básicas do animal, ou seja, mantê-lo livre de fome, sede, chuvas, ventos e do estresse, que são fatores nocivos ao seu bem estar (Molento et al., 2007). Os cães e os gatos compartilham o ambiente doméstico em diversos graus e, com isso, a possibilidade de infecção interespécies se torna possível de ocorrer (Ribeiro, et al., 2007). Os estudos sobre parasitismo em animais de estimação vêm despertando crescente interesse, frente à associação entre o homem e os animais e seu reflexo em saúde pública (Vasconcelhos, et. al., 2006). Dessa
forma, o presente trabalho tem por objetivo avaliar, através de inquérito epidemiológico, informações sobre a interação de proprietários e seus animais de estimação em Guarapuava, associando ao conhecimento das enfermidades possíveis de serem transmitidas por seus animais e o tipo de interação afetiva com os mesmos. Material e Métodos: Para o presente estudo foram confeccionadas fichas, totalizando 25 questões, contendo itens de identificação do proprietário, dos animais, aspectos relacionados com participação do animal na vida familiar e sanidade animal. Os dados foram obtidos através de um inquérito aplicado a 22 residências, na Vila Carli, nas ruas: Capitão Rocha, Sergio Gasparetto e Vicente Machado, no município de Guarapuava, Paraná. As questões abordavam sexo e faixa etária do entrevistado, assim como identificação do animal (raça, idade, sexo e nome) e seu manejo, como: freqüência de banhos, passeios, medicações e visitas ao veterinário, ambiente e alimentação. Outra análise feita foi o grau da relação entre proprietário e animal. Para isso os entrevistados responderam questões como motivo da posse, de que forma o adquiriu o animal, o grau de proximidade entre o animal e a família (atribuindo valores de 0 à 5), e qual posição que o animal ocupa na residência, onde foram estipulados três itens, um amigo, uma pessoa da família ou como um animal somente. Ainda foi abordado o conhecimento dos entrevistados sobre sanidade animal, doenças infecto-contagiosas de cães e gatos e se conheciam o serviço de atendimento da Clínica-Escola Veterinária da UNICENTRO CEDETEG. Resultados e Conclusões: No total de residências abordadas observou-se que 18,3% dos entrevistados eram jovens até 21 anos, 22,7% eram idosos com idade acima de 60 anos e na maioria, 59%, adultos compreendidos no intervalo de 22 a 59 anos. Dos entrevistados 59% eram homens e 41% mulheres. Quanto ao número de animais domésticos em cada residência, 40,9% das famílias possuíam 2 animais, seguido de 31,8% com mais de 4 animais, 13,7% com apenas 1 animal, 9,1% com 3 animais e 4,5% das casas entrevistadas não possuíam animais de estimação. No total de 53 animais, as espécies encontradas foram: cães (67,3%), gatos (10,4%),
galinhas (16, %), passarinhos (1,8%), porquinho-da-índia (1,8%), papagaio (1,8%) e coelho (1,8%). Desses animais 52,8% eram machos e 47,2% eram fêmeas. Ao se analisar as raças dos animais observou-se que todos os gatos eram S.R.D (Sem raça definida), já as raças caninas encontradas foram: S.R.D (40%), Boxer (14,4%), Poodle (11,5%), Pinscher (11,5%), Pastor Alemão (5, 8%), São Bernardo (2,8%), Pug (2,8%), Pit Bull (2,8%), Rotwailler (2,8%), Basset (2,8%) e Lhasa Apso (2,8%). Quando indagados sobre a idade de seus animais 04 proprietários não souberam informar. Do total dos animais 22,7% possuíam menos de um ano, 22,7% um ano, 11,3% dois anos, 11,3% possuem três anos, 9,2% possuem quatro anos, 18,3% tem idade entre cinco e dez anos e 4,5% possuem mais de onze anos de idade. Os nomes dos animais podem revelar muito sobre os hábitos do proprietário e a relação com seu animal. Nomes como Samurai, Charlie, Bandit, Sansão, Dara, Bidu, Biduzinho, Sherek, Scoob, Waleskinha, Baby, Naomi, Átila, Tayson, Chiquinha, Natasha, Wisky, Boris, Fredy, Lessie, Milk-Shake e Jadi mostram a influência dos meios de comunicação, em especial da televisão, sobre a vida dos entrevistados. Foram encontrados nomes costumeiramente de humanos como: Hugo, Anita, Sebastian, Ruan, Lili, Nana, Miréia, Leti, Dagoberto, Paloma e Astor. Ainda há nomes que demonstram afeto para com o animal: Ursinho, Neguinho, Charmosa, Meiga, Chuchu, Liquinha, Belinha, Bolinha, Princesa, Mel e Bolinha. Outros nomes percebidos foram Biscoito, Bubusca, Caruda, Menininha e Mojo. Quanto a origem foi percebido que a maioria dos animais (67,8%) eram provenientes de doação, 17,8 % foram comprados em petshops ou feiras de filhotes e 14,4% foram adotados da rua ou do canil municipal. O motivo da posse desses animais na maior parte dos entrevistados foi, como já era esperado, 72,7% para companhia e 27,3% para a guarda da residência. Quando questionados sobre o grau de sua relação com o animal (escala de 0 a 1), 4,5% responderam não ter relação afetiva com o animal, 4,5% responderam ter um grau de afetividade igual (1) a 4,5% afirmam grau (2), 13,6% dos entrevistados dizem ter grau (3), 9,1% possuem grau (4) com seu animal e a
maior parte, 63,8%, afirmou possuir grau (5). Ao responderem sobre a importância do animal no ambiente familiar 13,6% dos proprietários o consideram apenas um animal, 63,6% consideram seu animal como um amigo e 22,8% o consideram como um membro da família. Quanto ao ambiente em que o animal de estimação percebeu-se que grande parte dos animais (72%) ficam no quintal da residência, 24% possuem um canil próprio e apenas 4% ficam no interior da casa do proprietário. Sobre a alimentação os proprietários tiveram as opções: ração(40,9%), comida caseira (45,4%) e comida caseira e ração (23,7 %). Sobre os banhos alguns proprietários afirmaram não fazer essa prática com seus animais (20%), outros o dão semanalmente (40%), mensalmente (35%) e outros com intervalos maiores (5%). Quanto aos passeios, 59% disseram que seus animais não saiam do território residencial para passeios e 41% afirmaram que levavam seus bichos para passeios regulares. Em relação a saúde do animal 9,5% proprietários afirmaram que seus animais nunca tomaram qualquer tipo de medicamento, 47,6% tomaram vermífugo e 57,1% tomaram vacinas. Medicamentos de uso humano, como dipirona e paracetamol também foram mencionados além de soro caseiro. Também foi perguntado aos proprietários se alguma vez eles já levaram seus animais ao Médico Veterinário, 72,7% responderam que sim e 27,3% disseram nunca terem levado. Na questão a respeito de doenças de cães e gatos transmissíveis aos humanos 72,7% dos entrevistados tem o conhecimento dessa possibilidade de contato com agentes patogênicos através de seus animais de estimação, enquanto que 27,3% não sabiam o risco que corriam. As doenças consideradas pelos proprietários como transmissíveis, segundo seu linguajar, foram sarna ( rabuja, chopassa ), asma, micose, bronquite, raiva, tosse, fungo, alergia, toxoplasmose e verminoses. Os moradores entrevistados foram questionados sobre o conhecimento do atendimento da Clínica-Escola Veterinária da Unicentro, uma vez que a pesquisa foi realizada nas imediações do terreno da Universidade. De forma surpreendente a maioria das pessoas, 72,7%, responderam não saber deste serviço de atendimento clínico veterinário
e 27,3% já tiveram algum tipo de contato com o serviço oferecido pela universidade. Com esse trabalho podemos ter uma noção preliminar da temática interação homem X animal. Vale ressaltar que este é apenas um passo inicial que será desdobrado de forma a atingir áreas maiores de investigação, para em outro momento aplicar as informações colhidas através de educação sanitária nas comunidades investigadas.